AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NO ENSINO DA CULTURA ESPANHOLA



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Transcrição:

1 AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NO ENSINO DA CULTURA ESPANHOLA Maria Aucilene Leite Monte-PIBID/UERN Maria de Lourdes Jácome Monte-PIBID/IFRN 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) tem proporcionado uma experiência impar para os educadores que ainda estão em processo de formação acadêmica, uma vez que, este é inserido no âmbito escolar auxiliado por um professor supervisor, presenciando assim o dia a dia e a interação professor/aluno no âmbito escolar. Atualmente, muitos estudiosos têm dado ênfases e discorrido acerca do ensino de Espanhol nas escolas, sobre tudo de como ensinar o espanhol para os alunos aprenderem e fixarem estes conhecimentos por prazer e não por obrigação, o que exige que o professor tenha jogo de cintura para elaborar um ensino dinâmico e motivador, a fim de fazer com que os alunos participem das aulas de Espanhol e se sintam atraídos a participarem também das atividades propostas pelo docente, para que o ensino desta disciplina não se torne exausto e cansativo, caindo no anonimato e causando a evasão destes discentes. Assim sendo, como forma de motivar os alunos, alguns grupos de pibidianos tem desenvolvido projetos voltados para participação dos mesmos em atividades que os conduzam a elaboração e participação em representações culturais, motivando-os ao aprendizado do Espanhol a partir do ensino da cultura dos países de língua espanhola. Portanto, o presente trabalho objetiva analisar as contribuições do PIBID de Espanhol na Escola Dr. José Fernandes de Melo-RN, no que diz respeito à disseminação cultural da língua objeto, como forma de dinamizar as aulas de Espanhol. Nessa perspectiva, propomo-nos, por meio de questionários respondidos pelos alunos e pelo professor supervisor do PIBID, investigar como pontos inerentes à cultura espanhola como músicas, danças, comidas crenças e outras curiosidades que já foram desenvolvidas em projetos na escola pelos pibidianos, contribuem para propagação do conhecimento. Por conseguinte, tomamos como fundamentação teórica os estudos de Laraia (2001) que discorre sobre cultura e seu conceito antropológico, Oliveira (2014) que

2 articula sobre as representações culturais no livro didático de língua estrangeira e faz uma síntese sobre as representações culturais, as concepções de cultura, e língua e cultura, Santos (1996) que fala sobre o que é cultura e Nardi (2007) que reflete com um olhar discursivo sobre língua, cultura e identidade no livro didático de língua estrangeira, entre outros. Nestes termos concluímos que o ensino de língua espanhola torna-se mais dinâmico quando tomamos como ponto de partida a cultura dos países hispano falantes, uma vez que desperta a curiosidade do aluno fazendo com que ele tenha interesse por aprender a língua meta. 2 ALGUMAS DEFINIÇÕE SOBRE O SIGNIFICADO DA PALAVRA CULTURA O ensino de uma língua estrangeira está intimamente ligado ao ensino das manifestações culturais as quais tomam parte essa língua, para melhor dizer, língua e cultura são duas palavras indissociáveis, de modo que, nenhum aprendiz pode aprender totalmente uma língua estrangeira sem que para este processo não concorram conteúdos ou aspectos culturais inerentes a esta língua. Ao discutirmos sobre cultura temos de estar abertos a compreender que cada povo tem seu modo de vida, de crença, de pensar e de agir, uma vez que, a cultura expressa às realidades dos múltiplos agrupamentos humanos e das formas de existência desses povos, bem como seus respectivos meios físicos, que por sua vez são bastante complexos. Segundo os estudos de Laraia (2001) o conceito da palavra cultura, tal qual utilizamos atualmente foi definido pela primeira vez por Edward Tylor, que surgiu da sintetização das palavras germânica Kultur e da palavra francesa Civilization conforme afirma Laraia (2001, p. 14): No final do século XVIII e no princípio do seguinte, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. De acorde com Laraia (2001), da junção feita por Tylor das palavras Kultur, palavra germânica, e Civilization, palavra francesa, surgiu um novo vocábulo de origem

3 inglesa, Culture, que Tylor (1871, apud Laraia 2001, p. 14) atribuiu o seguinte significado: Tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Assim, Tylor deu um novo e amplo significado para a palavra cultura, que representa todo modo de agir de um povo. Todavia, o que um signo e/ou uma representação cultural do modo de agir de um povo representa em uma dada cultura, em outra pode representar algo totalmente distinto, o que exige um respeito mútuo entre os indivíduos sobre as diversidades culturais, uma vez que, o homem é o único ser possuidor de cultura (LARAIA, 2001, p.16) que tem capacidade de se adaptar a diversos hábitats e mudar seu modo de ser e de agir de acordo com suas necessidades. Entretanto, Oliveira (2014, p.41) argumenta que: A natureza do construto cultura é muito complexa e defini-la não é uma tarefa simples, visto que - por seu caráter transversal, que, perpassa diferentes campos da vida cotidiana remete a interesses multidisciplinares. Pode-se dizer, que tanta complexidade relacionada a sua ligação à vida social, à arte, à forma de pensar, à politica e a vários outros aspectos que envolvem a vida do ser humano, constitui a natureza dinâmica do tempo, que se apresenta em mudança contínua. Em síntese, o conceito adotado por Oliveira (2014), é similar ao conceito dado por Tylor sobre o significado da palavra cultura. O mundo é formado por grupos humanos, uns mais populosos que outros, que por sua vez, se distinguem por serem diversos e variáveis. Portanto Cada realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais estas passam (SANTOS, 1996, p.8), por isso, devemos estudar as culturas afins e as distintas e de igual modo respeitar e compreender sua dinamicidade, pois, Santos (2001, p.8) adianta que, o estudo da cultura contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma plataforma firme para o respeito e a dignidade nas relações humanas e ainda acrescenta que, cada cultura é o resultado de uma história particular, e isso inclui

4 também suas relações com outras culturas, as quais podem ter características bem diferentes (SANTOS, 1996, p.12). O ensino da cultura nas escolas, atrelado ao estudo de línguas estrangeiras traz uma gama de novos conhecimentos para os nossos educandos, e a disseminação dos processos pelos quais passaram e/ou passam essas culturas contribuem para uma melhor compreensão e aceitação do fenômeno da diversidade cultural. Desde modo, os pibidianos de espanhol procuram desenvolver atividades direcionadas as diversidades culturais, inserindo outros conhecimentos como meio de ensinar o idioma Espanhol de uma forma mais dinâmica e descontraída, a fim de diversificar do antigo método Gramática e Tradução. Como se pode depreender do que foi discutido sobre a amplitude do significado da palavra cultura, pode-se afirmar que a cultura atravessa, portanto, os processos identificatórios por que, passa o sujeito já que constitui o cerne da organização de sua relação com o outro (NARDI, 2007, p.52). Desta feita, as manifestações culturais representadas por um povo, expressam um processo de organização coletiva, uma vez que, esta é construída em grupos e não isoladamente, assim, uma visão antropológica de cultura obriga-nos a aceitação de que não há sujeito sem cultura e, portanto, todas as manifestações culturais, dentro de seu sistema, têm um valor que lhe é inerente (NARDI, 2007, p.60). Deste modo, cada individuo manifesta sua cultura conforme sua inserção na mesma, tomando partido nos aspectos mais relevantes que, contribuem para a distinção entre uma forma cultural da outra e faz com que cada pessoa tenha uma forma própria de se manifestar culturalmente. Por conseguinte, no próximo capítulo apresentamos uma análise sucinta de alguns dados coletados na Escola Estadual Dr. José Fernandes de Melo-Pau dos Ferros, sobre algunas atividades e atuações dos alunos pibidianos no que diz respeito ao ensino da cultura espanhola. 3 AS CONTRIBUIÇÕES DOS PIBIDIANOS DE ESPANHOL EM PROL DO MELHOR APRENDIZADO DA LÍNGUA META Neste capítulo, será apresentada a análise da entrevista feita com os alunos do terceiro ano do ensino médio e o professor supervisor beneficiados com o programa

5 PIBID da escola Dr. José Fernando de Melo, Ensino Médio, localizada na Travessa Joaquim Torquato, S/N, bairro Paraíso, cidade de Pau dos Ferros-RN. Para a escolha da turma, o critério foi considerar os alunos com mais tempo de experiências vivenciadas no PIBID, e por serem alunos pré-vestibulandos que tem interesse em aprimorar os aprendizados vindouros da sala de aula, como também do programa PIBID. Para tanto, aplicamos dois questionários distintos com seis questões para os alunos e cinco questões para o professor. O questionário era composto por questões subjetivas e de múltiplas escolhas. Buscando verificar as contribuições do PIBID de Espanhol no que diz respeito à disseminação cultural da língua objeto, a pesquisa buscou verificar a relação de coerência das respostas apresentadas pelos sujeitos envolvidos na entrevista, a fim de constatar a funcionalidade do programa na escola. Gráfico 1 Gráfico representativo de como os alunos avaliam as atividades propostas pelos pibidianos. Diante das repostas dos alunos, reitera-se de que as atividades propostas pelos pibidianos têm contribuído de forma positiva para o aprendizado dos mesmos, desempenhando de forma satisfatória seus objetivos, uma vez que, 18% dos alunos as consideraram ótimas, 53% boas, 18% regulares e apenas 11% consideram as atividades ruins.

6 Gráfico 2 Gráfico representativo de inclusão da cultura espanhola entre as atividades desenvolvidas pelos pibidianos. O número de alunos que confessaram terem visto a inserção da cultura espanhola nas atividades propostas pelos pibidianos revelam o quanto é pertinente o estudo sobre as diversidades culturais, pois, favorecem positivamente para o desenvolvimento da aprendizagem, uma vez que, levamos em consideração a satisfatória respostas dos alunos mostrada no gráfico 1. Porém vem ao caso o questionamento da relevante porcentagem de 36%, gráfico 2, afirmarem que não identificam a inserção cultural nas atividades realizadas pelos pibidianos. Para essa divergência, levantamos duas possibilidades para a resposta destes alunos, que são: primeiro, o descaso dos alunos com a disciplina de Espanhol, por não a darem a ela a importância cabível, muito embora a mesma tenha pouquíssimo espaço na grade curricular, o que justifica a possível evacuação dos mesmos nas aulas. E segunda, o desconhecimento do real significado da palavra cultura, o que conduziu aos alunos responderem que não presenciaram o ensino da cultura espanhola nas atividades realizadas pelos pibidianos. GRÁFICO 3 Gráfico representativo do número de alunos que já elaboraram ou apresentaram alguma atividade referente à cultura espanhola.

7 O referido gráfico mostra que as atividades envolvendo cultura são bastante atraentes, pois, 75% dos alunos afirmaram já terem se envolvidos em elaboração ou apresentação de atividades inerentes a aspectos culturais. Isso demonstra sim, que a dinamicidade que engloba as diversidades culturais enriquece e facilita a aprendizagem. GRÁFICO 4 Gráficos representativos de como os alunos se sentem atraídos em aprender mais sobre língua, cultura, gramática ou as três alternativas.

8 Indagados sobre as preferências dos métodos utilizados no processo de aquisição da língua estrangeira, no caso espanhol, 50% dos alunos responderam que gostam mais do ensino direcionado para a cultura, eles alegaram que, estudo sobre cultura torna tudo mais interessante e dinâmico. 30% dos alunos responderam que gostam mais de línguas, ou seja, da oralidade, a alegação é que desejam falar a língua espanhola fluentemente e que para isso é necessário muita prática. 10% responderam que preferem à gramática, pois consideram que só se aprende qualquer língua dominando a gramática. E os outros 10% acham que os três são importantes pelo conjunto. GRÁFICO 5 Gráfico representativo dos alunos que reproduzem em seu cotidiano atividades referentes à cultura espanhola e as utilizam em seu dia a dia, como: danças músicas, comidas, provérbios entre outras, vivenciadas no círculo escolar ou no PIBID. A eficácia da cultura espanhola no aprendizado do espanhol como língua objeto se revela nos alunos que reproduzem em seu cotidiano as práticas obtidas nas atividades do PIBID, pois 54% dos alunos confessaram serem favoráveis a praticar o que aprenderam a respeito das culturas. GRÁFICO 6 Gráfico representativo de como os alunos avaliam o aprendizado intra e extraescolar com os pibidianos.

9 O gráfico acima comprova o quanto o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência (PIBID) é um sucesso na construção dos conhecimentos inerentes a língua estrangeira. No caso do Espanhol, isso se comprova nas respostas dos alunos, quando avaliaram o aprendizado intra e extraescolar com os pibidianos, pois 57% confessaram o aprendizado sendo bons, 18% ótimo, 18% regular, e uma pequena parcela de 7% avaliaram como ruim. Quanto ao professor, o mesmo está construindo uma vasta experiência na atuação com o PIBID, pois esta é a terceira etapa que supervisiona alunos do programa. Indagado sobre a avaliação das atividades propostas pelos pibidianos, ele avalia como sendo ótimas, reitera que os universitários têm muitas ideias novas, dominam perfeitamente os métodos de ensino de língua estrangeira, além de disporem de muita energia. Afirmou que em todas as etapas passadas houve inserção de cultura espanhola nas atividades elaboradas na escola. Questionado sobre a aceitação dos alunos em atividades culturais, o professor avaliou essa aceitação como sendo excelente. Também perguntamos como ele ver a atração dos alunos em relação a aprender cultura, língua ou gramática, a resposta dele foi a seguinte, Cultura, porque aprender cultura implica ao mesmo tempo aprender a língua e sua estrutura. A quinta e última pergunta foi se ele, como professor efetivo, do quadro de funcionários da escola, convivendo com os alunos diariamente, observou mudanças no comportamento dos alunos em relação à língua espanhola, se houve um avanço significativo no aprendizado da língua, e se os alunos tem conhecimento da

10 língua espanhola? A resposta foi a seguinte Através da cultura o aluno interage com o tempo, faz viagens ao passado, entendem o passado para compreender o presente. Sentem parte do meio ao qual está sendo apresentado. A história, os costumes, hábitos e lugares despertam no aluno a curiosidade que é o combustível para ativar os conhecimentos e adquirir novos. Como se pode depreender do que foi discutido, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID), foi favorável em todos os questionamentos respondidos pelos alunos e pelo professor supervisor, mostrando nitidamente que a inserção da cultura no processo de ensino aprendizagem é favorável à construção dos conhecimentos da língua meta. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo teve por objetivo geral analisar as contribuições do PIBID no ensino da cultura espanhola como ferramenta para dinamizar o ensino da língua estrangeira, porquanto, o ensino voltado para as articulações culturais tem ganhado espaço na academia e nas escolas e atualmente é tratado como tema transversal, e como tal, o tema transversal pluralidade cultural merece um tratamento especial devido ao fato de o ensino de Línguas Estrangeiras se prestar, sobremodo, ao enfoque dessa questão (BRASIL, 1998, p. 48). Para nortear nosso objetivo foi feita uma pesquisa de campo para coletar informações inerentes que justificassem a importância da inserção da cultura no processo de ensino e aprendizagem. Para isso, a exemplo de estudos dos autores que argumentam acerca do significado e da importância do ensino de cultura de diversos países como forma de respeitar distintas culturas. Por conseguinte, foram analisados os questionários respondidos por alunos e pelo professor supervisor, que teve caráter investigativo, os quais deram respaldo às informações contidas neste trabalho, onde, permite entender que a cultura espanhola favorece positivamente no aprendizado dos alunos. Assim sendo, neste artigo, foi dado prioridade aos trabalhos desenvolvidos pelos pibidianos relacionados ao ensino da cultura. Porém, em outra oportunidade, nos comprometemos em abordar outros temas de trabalhos realizados por pibidianos, que, não se delimitam apenas ao ensino da cultura.

11 Nestes termos concluímos que o ensino de língua espanhola torna-se mais dinâmico quando tomamos como ponto de partida a cultura dos países hispano-falantes, uma vez que, desperta a curiosidade do aluno fazendo com que ele tenha interesse por aprender a língua meta. REFERENCIAS BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira/ secretaria de educação fundamental. Brasília: MEC/SEF,1998. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. NARDI, Fabiele Stockmans de. Um olhar discursivo sobre língua, cultura e identidade Reflexões sobre o livro didático para o ensino de espanhol como língua estrangeira. Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ppgletras/defesas/2007/fabielestockmansnardi.pdf>, acesso em: 03/08/2014. OLIVEIRA, Bábara Caroline. Representações Culturais no Livro Didático de Língua Estrangeira (Espanhol). Brasília, 2014. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/15928/1/2014_barbaracarolinedeoliveira.pd f>, acesso em 02/08/2014. SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. (Coleção primeiros passos; 110). São Paulo: Brasiliense, 2006.