QUALIDADE DE VIDA DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

Documentos relacionados
SINTOMAS DE DEPRESSÃO EM ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

SINTOMAS ANSIOSOS EM ESTUDANTES DE MEDICINA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

25/10 a 22/11 de 2017 Câmpus de Gurupi, Araguaína e Palmas

MOTIVAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA EM CORREDORES AMADORES DE RUA NA REGIÃO DO ALTO TIETÊ

CONHECIMENTO E VISÃO DOS ALUNOS SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PALMAS/TO

A MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Perfil epidemiológico do consumo de álcool entre os estudantes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

HIV/AIDS E QUALIDADE DE VIDA: ESTUDO COMPARATIVO EM PESSOAS ACIMA DE 50 ANOS

DESCRIÇÃO DO PERFILVOCAL DE PROFESSORES ASSISTIDOS POR UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ

UMA ANÁLISE DO BEM-ESTAR SUBJETIVO EM IDOSOS

THAMIRES DE PAULA FELIPE PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS RELACIONADAS À FUNCIONALIDADE E FATORES ASSOCIADOS

PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS ESCOLAS: NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS PARA PROFESSORES

O USO DE SOFTWARE LIVRE PELOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DO IFSULDEMINAS CAMPUS MACHADO

SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS ACERCA DAS EQUIPES MÉDICA E ENFERMAGEM DE UM PRONTO ATENDIMENTO MUNICIPAL

ATRIBUTOS GERAIS DE UM SERVIÇO DE SAÚDE AMBULATORIAL EM MARINGÁ-PR: OPINIÃO DE USUÁRIOS

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA GLOBAL DE USUÁRIOS DE UM AMBULATÓRIO DE FONOAUDIOLOGIA

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do Curso de Medicina

II ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA PERCEPÇÃO DOS ACADEMICOS QUANTO AO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOOLICAS DURANTE PROCESSO DE GRADUAÇÃO EM UMA FACULDADE

EDITAL PIBITI

ENVELHECIMENTO E QUALIDADE DE VIDA NOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS PARTICIPANTES DO PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA MAIS VIDA NA CIDADE DO CRATO CE

RESUMO DOS 120 ANOS DA EEAP SATISFAÇÃO NO PROCESSO PRODUTIVO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP LEVI DE OLIVEIRA SOUZA

4. RESULTADOS Características da amostra

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso Superior de Tecnologia em Recursos Humanos

Questionário de Percepção discente Sobre a Disciplina, o Desempenho Docente e as Condições de Oferta

Avaliação da Imagem Corporal de adolescentes estudantes do IF Sudeste MG - Câmpus Juiz de Fora

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso de Odontologia

ESGOTAMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA CIDADE DE MONTES CLAROS

RESULTADOS DA CONSULTA À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA 2016

RELATÓRIO DE ATIVIDADES TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS COLETADOS JUNTO AOS EGRESSOS DO PERÍODO DE

Caracterização e prevalência de aleitamento materno na população materno-infatil, atendida na rede pública de saúde de Palmas TO

O propósito geral do trabalho é investigar a percepção de professores - estudantes do curso de Pedagogia do PARFOR / UFPI com relação à contribuição

APLICAÇÃO DA ESCALA DE VALORES MILOV NO CONTEXTO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 1

Ministério da Educação Universidade Federal de São Paulo Serviço Público Federal

Julho de Relatório de Avaliação da Formação Inteligência Emocional II. Ano Letivo 2012/2013. Gabinete de Apoio ao Tutorado

Palavras-chave: Ensino em inclusão escolar, Educação especial, Formação dos professores.

FACULDADE DE TECNOLOGIA INTENSIVA LIGA ACADÊMICA CUIDADOS EM ENFERMAGEM CURSO DE ENFERMAGEM

FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS - FAMETRO NÚCLEO DE PESQUISA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NOPI PROGRAMA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - PROMICT

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE

GRAU DE SATISFAÇÃO DO ATENDIMENTO AO CLIENTE NO COMÉRCIO DE VESTUÁRIO DE SÃO FRANCISCO DO SUL - SC

RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2013

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO DE QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-TESTE

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do Curso de Superior de Tecnologia em Redes de Computadores

Auto avaliação dos Estudantes de Graduação

Ministério da Educação Universidade Federal de São Paulo CAMPUS SÃO PAULO Núcleo de Apoio ao Estudante - NAE

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DOS CURSOS DE LICENCIATURAS EM ARTES/TATRO E FILOSOFIA: limites e possibilidades para permanência estudantil

RELATÓRIO 1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Título RELATÓRIO DA COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO 2013/2. Entidade Promotora Faculdade IDEAU

UMA ANÁLISE DESCRITIVA PARA MENSURAR AS AÇÕES DO SUBPROJETO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DO PIBID/UFCG

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

Acácio Lustosa Dantas Graduanda em Educação Física pelo PARFOR da Universidade Federal do Piauí

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso superior de Tecnologia em Logística

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso superior de Tecnologia em Logística

CPA RESULTADOS ESTATÍSTICOS Autoavaliação do Desempenho Discente da FACENE

APRESENTAÇÃO. 3 PARTE 1. 4 PERFIL DISCENTE - GERAL. 4 PARTE PERFIL DISCENTE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS. 22 PARTE PERFIL DISCENTE DIREITO.

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso superior de Tecnologia em Logística

EDITAL DE MONITORIA Nº 05, de 25 de Julho de INSCRIÇÕES PARA PROJETOS DE MONITORIA (2019/2 o semestre)

EDITAL PIBITI

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL EDITAL PET / PEDAGOGIA - PROGRAD Nº.83/2013

Relatório da Comissão Própria de Avaliação (CPA) da Pesquisa com os Estudantes do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética 2010

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

DAS PRÁTICAS DE ENSINO NA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE LICENCIATURAS DA UFSJ

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

A formação e atuação dos egressos do curso de Licenciatura em Matemática do IFPI Campus Floriano

Auto-Avaliação do Desempenho Sistêmico da FACENE 2012 Funcionários

EDITAL 01/2017 Programa de Monitoria Voluntária discente do Curso de Medicina 1. DO OBJETO 2. DAS NORMAS GERAIS

Avaliação do suporte familiar, qualidade de vida e funcionalidade do idoso em tratamento fisioterapêutico

II CONGRESSO DE INOVAÇÃO E METODOLOGIAS DE ENSINO

SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA REDENTOR DE ITAPERUNA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO DE AVALIÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO DE USUÁRIOS ATENDIDOS EM CLINICAS-ESCOLAS DE FISIOTERAPIA

PERCEPÇÃO ACERCA DO CONSUMO DE PRODUTOS HORTIFRUTÍCOLAS PELOS ACADÊMICOS DA UFFS CAMPUS CERRO LARGO

DISCENTES PRESENCIAIS (Número de matriculados = ) (Percentual de participação = 19.1) Sem condições de opinar (%) Não existe (%) Desvio padrão

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso superior de Engenharia de Petróleo e Gás

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE DIABÉTICOS PARTICIPANTES DE UM PSF DE GURUPI TO 1

NÍVEL DE MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA ESPORTIVA DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do curso de Educação Física

MANUAL DE ATIVIDADES INTEGRADORAS DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA UTFPR CURITIBA

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS EM DUPLA-TAREFA SOBRE O EQUILÍBRIO E A COGNIÇÃO DE MULHERES IDOSAS

A ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA DO COMPLEXO AQUÁTICO E DO GINÁSIO DIDÁTICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CAMPUS JOÃO PESSOA

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira

Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO Câmpus Itapetininga

REGULAMENTO DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES

ANÁLISE DOS CASOS DE CÂNCER NOS ANOS DE 2005 A 2013 NA ASSOCIAÇÃO DONOS DO AMANHÃ, PARAÍBA.

RELATÓRIO DE RESULTADOS DA AUTOAVALIAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 2016/2 Este relatório objetiva publicitar os resultados da auto avaliação do

Unidade Acadêmica de Gestão e Negócios UAG Curso Superior de Bacharelado em Administração Pública BAP. Relatório de Avaliação Discente 2015.

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do Curso de Enfermagem

O ESTILO DE VIDA E A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA DOS FUNCIONÁRIOS DA REITORIA / UFAL PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL

A PEDAGOGIA DO ESPORTE NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

COORDENAÇÃO DE PESQUISA E EXTENSÃO CONEX PROGRAMA DE MONITORIA ACADÊMICA TERMO DE COMPROMISSO MONITOR VOLUNTÁRIO

Pesquisa de Opinião Pública: Nível de Satisfação 2º Naviraí Motorcycle

Relatório da CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Pesquisa com os Estudantes do Curso de Gestão Ambiental

CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO / CEUNI- FAMETRO COORDENAÇÃO DE PESQUISA COORDENAÇÃO DE ENSINO PROGRAMA DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - PROMICT

PESQUISA DE OPNIÃO COM OS POSSÍVEIS CONCLUDENTES DE DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

SERVIÇOS DE DOCUMENTAÇÃO DO IPL

Auna do curso de Educação Física, Bacharelado e Licenciatura da Unijui 3

Transcrição:

QUALIDADE DE VIDA DOS ESTUDANTES DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS Nome dos autores: Lucas Pereira Lima 1,Talita Buttarello Mucari 2. 1 Aluno do Curso de Medicina da Universidade Federal do Tocantins; Campus de Palmas; e-mail: lucaslima1507@mail.uft.edu.br, PIVIC/UFT 2 Orientadora do Curso de Medicina da Universidade Federal do Tocantins; Campus de Palmas; e-mail: tmucari@mail.uft.edu.br RESUMO O termo qualidade de vida está relacionado não apenas aos aspectos físicos, mas também às percepções do indivíduo acerca de sua realidade, seus sentimentos e comportamentos. A qualidade de vida do estudante de medicina é de difícil mensuração, por envolver a inter-relação de fatores internos e externos ao indivíduo (FIEDLER, 2008). Esse estudo visou traçar o perfil sociocultural dos estudantes de medicina da Universidade Federal do Tocantins e avaliar sua qualidade de vida, bem como investigar possíveis determinantes relacionados a mesma. O estudo se configurou como quantitativo, analítico e transversal e os instrumentos de avaliação utilizados para coleta dos dados foram: Questionário Sociocultural e Escala de Qualidade de Vida de Flanagan. Compuseram a amostra 366 alunos. Como resultado da Escala de Qualidade de Vida de Flanagan, obteve-se média de 78,80±0,46. Tal valor encontra-se acima do ponto médio, ao se tomar como referência os resultados extremos da escala, o que indica percepção satisfatória com a qualidade de vida. Dentre as dimensões de qualidade de vida da escala, a maior satisfação está na de relações com outras pessoas, o que demonstra que tal determinante é relevante para boa qualidade de vida dos sujeitos. Entretanto, fatores determinantes para a redução dessa qualidade de vida relacionam-se com o desenvolvimento pessoal e realização, sugerindo que uma das limitações para melhor qualidade de vida pode estar vinculada à falta de tempo. São importantes novos estudos para aprofundamento das dimensões contidas na escala, possibilitando maior especificidade dos fatores de qualidade de vida. Palavras-chave: Estudantes de Medicina; Qualidade de Vida; Saúde Mental. INTRODUÇÃO Os avanços na compreensão da qualidade de vida alteraram os aspectos de avaliação tornando-os mais subjetivo. Os primeiros instrumentos construídos traziam Página 1

uma verificação objetiva das condições físicas, de moradia e renda mensal. Atualmente, os instrumentos baseiam-se na percepção subjetiva das condições física, psicológica e social do entrevistado e da satisfação quanto a outros aspectos de vida, conferindo caráter multidimensional a esses instrumentos (BULLINGER, 1997; FIEDLER, 2008). Fiedler (2008) afirmou que o curso de medicina provoca mudanças no estilo de vida do estudante, que na maioria das vezes diminui sua qualidade de vida. Tais mudanças são experimentadas de modo diferente por cada indivíduo, dependendo de sua personalidade, história prévia, relacionamentos, cultura e condições sociais e econômicas. Revisão de literatura, realizada por Feodrippe et al. (2013), mostrou que a qualidade de vida influencia diretamente o comportamento pessoal e profissional do estudante. Segundo os autores, não é mais aceitável que a escola médica não a utilize como uma variável a ser considerada na proposta de um currículo adequado (FEODRIPPE et al.,2013, p.426). Em vista disso, justifica-se a necessidade desse estudo, que visa traçar o perfil sociocultural dos estudantes de medicina da Universidade Federal do Tocantins e avaliar sua qualidade de vida, bem como investigar possíveis determinantes relacionados a mesma. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada no Curso de Medicina da Universidade Federal do Tocantins no Campus de Palmas, durante o período de agosto de 2016 a julho de 2017, com alunos matriculados do 1 ao 12 períodos do curso. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Tocantins sob o protocolo 042/2015. O estudo se configurou como quantitativo, analítico e transversal. A amostra de 366 alunos foi selecionada aleatoriamente, estratificada por período do curso e calculada segundo Barbetta (2003). Os instrumentos de avaliação utilizados foram: Questionário Sociocultural e Escala de Qualidade de Vida de Flanagan. O questionário sociocultural teve como objetivo traçar perfil da situação social e cultural dos discentes do curso de medicina da Universidade Federal do Tocantins. Interrogaram-se aspectos como: idade, sexo e período. Página 2

Para este estudo utilizou-se a Escala de Qualidade de Vida (EQV) de Flanagan com a pontuação adotada por Burckhardt et al. (1994), cujas respostas variam de muito insatisfeito com valor um até muito satisfeito com valor sete. Dessa forma, a pontuação máxima que pode ser alcançada na EQV é de 105, representando o escore total de mais alta qualidade de vida, e a pontuação mínima de 15, representando o escore de mais baixa qualidade de vida. Os dados foram tabulados e analisados estatisticamente com o auxílio do software EPI-INFO (versão 7). As variáveis foram sumarizadas em distribuição de frequências e por meio de medidas descritivas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram da pesquisa 366 alunos do curso de medicina da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o que corresponde a 77% da população estudada. Na amostra, a idade variou de 17 a 43 anos, com média de 23 anos e 3 meses e desvio padrão de 3 anos e 3 meses. Constatou-se também que a frequência do sexo masculino é maior que do sexo feminino, representando 54,53% da amostra. A maior parte dos estudantes era advinda de outros estados, predominantemente solteiros, não realizava atividade remunerada e praticavam atividades de lazer, além nunca terem feito nenhum tratamento psicológico. No que se refere aos resultados obtidos com a Escala de Qualidade de Vida (EQV) de Flanagan, em um intervalo de 15 a 105 pontos, no qual quanto maior o valor maior a satisfação do indivíduo, obteve-se como média das respostas o valor de 78,80±0,46. Tal valor encontra-se acima do ponto médio, ao se tomar como referência os resultados extremos da escala, o que indica percepção satisfatória com a qualidade de vida. Na Tabela 01 estão listadas as médias das cinco dimensões de análise da Escala de Qualidade de Vida de Flanagan e de suas respectivas questões para os estudantes do curso de medicina da Universidade Federal do Tocantins. A média das 15 questões foi de 5,23 em uma escala com valor máximo de 7. Ao se considerar as médias de 78,80 (média total do instrumento) e 5,23 (média por questões), verificou-se que ambas refletem certo grau de satisfação com os aspectos abordados pelo instrumento, estando os participantes entre os níveis pouco satisfeito e Página 3

satisfeito com a qualidade de suas vidas de acordo com os níveis da escala adotada. Os itens levantados como fontes de maior satisfação entre os participantes foram: relacionamento com pais, irmãos e outros parentes (6,56) e relacionamento com os amigos (5,59). Os de menor satisfação foram: aprendizagem (4,51), participação de recreação ativa (4,80) e de associações e atividades de interesse público (4,83). TABELA 01- Médias por dimensões de análise e por questões da Escala de Qualidade de Vida de Flanagan em estudantes de medicina da Universidade Federal do Tocantins, Palmas-TO, 2016. Dimensões da EQVF Questão Média 1. Bem estar físico e material. 2. Relações com outras pessoas. 3. Atividades sociais, comunitárias e cívicas. 4. Desenvolvimento pessoal e realização 5. Recreação Conforto material: Casa, alimentação, situação 5,50 financeira Saúde: fisicamente e bem vigorosa 5,12 5,31 Relacionamento com pais, irmãos e outros 6,56 parentes: comunicação, visita e ajuda. Construir família: ter e criar filhos. 5,29 Relacionamento íntimo com esposo (a), 5,29 namorado(a) ou outra pessoa relevante Amigos próximos: compartilhas interesses, 5,59 atividades e opiniões 5,68 Voluntariamente, ajuda e apoiar outras pessoas 5,55 Participação em associações e atividades de interesse público. 4,83 5,19 Aprendizagem: frequentar outros cursos para 4,51 conhecimentos gerais. Autoconhecimento: reconhecer seus potenciais e 5,09 limitações; Trabalho (emprego ou em casa): atividade 5,06 interessante, gratificante que vale a pena. Comunicação criativa 4,94 Participação em recreação ativa 4,80 4,88 Ouvir música, assistir TV ou cinema, leitura ou 5,39 outros entretenimentos. Socialização: fazer amigos 5,28 5,33 Quanto às médias das dimensões de análise da escala, averiguou-se que a menor média foi atribuída ao item relacionado ao desenvolvimento pessoal e realização (4,88), que engloba aprendizagem, autoconhecimento, trabalho, comunicação criativa e Página 4

participação em recreação ativa. Já a maior média foi a da dimensão que envolve relações com outras pessoas (5,68), como pais, irmãos, filhos, companheiros e amigos. O maior grau de satisfação apresentado na dimensão da EQV de Flanagan relações com outras pessoas demonstra que tal fator é determinante relevante para boa qualidade de vida dos sujeitos da pesquisa. Entretanto, fatores determinantes para a redução dessa qualidade de vida relacionam-se com a dimensão desenvolvimento pessoal e realização, sugerindo que uma das limitações para melhor qualidade de vida pode estar vinculada à falta de tempo. Destaca-se que os currículos médicos são estruturados de forma que o estudante, em geral, permaneça em dedicação exclusiva ao curso. Algumas escolas chegam a oferecer 35 horas de aula semanais ou mais, não prevendo tempo para estudo. Somamse a isso atividades complementares, monitorias, ligas acadêmicas, congressos, projetos de extensão e iniciação científica (FIEDLER, 2008). Nesse aspecto, relacionam-se as menores pontuações obtidas às privações das oportunidades de lazer, de participar de outras atividades e cursos de interesse do aluno, o que afeta sua qualidade de vida. Isso expressa uma característica marcante e tradicional desta área de formação, não apenas na instituição estudada, mas em outras instituições no Brasil. LITERATURA CITADA BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianopolis: Editora da UFSC, 2003. BULLINGER, M. ; Generic quality of life assessment in psychiartry Pottencial and limitations. Eur Psychiatry. v. 12, p.203-209, 1997. BURCKHARDT, C.S.; MANNERKORPII, K.; HEDENBERG, L.; BJELLE, A. A randomized, controlled clinical trial of education and physical training for women with fibromyalgia. J Rheumatol. v. 21, n. 4, p. 714-20, 1994. FEODRIPPE, A. L. O.; BRANDÃO, M. C. F.; VALENTE, T. C. O. Qualidade de vida de estudantes de Medicina: uma revisão. Rev Bras Educ Med, v. 37, n. 3, p. 418-28, 2013. FIEDLER, P. T. Avaliação da qualidade de vida do estudante de medicina e da influência exercida pela formação acadêmica. 2008. Tese (Doutorado em Medicina Preventiva) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-10072008-161825/pt-br.php Acesso em: 01.04.2015. Página 5

AGRADECIMENTOS A esta universidade, sеu corpo docente, direção е administração quе oportunizaram а realização desse trabalho. À Profa. Dra. Talita Buttarello Mucari, Profa. Dra. Leila Rute Oliveira Gurgel do Amaral e a Profa. Msc. Maria Sortênia Alves Guimarães pela oportunidade е apoio nа elaboração deste trabalho. Não obstante, agradecer aos companheiros do grupo de pesquisa Simone Kitamura Moura e Virgílio Augusto Deodato Gonçalves pela parceria e companheirismo no desenvolvimento do mesmo. Página 6