FACULDADE DE LETRAS Universidade de Lisboa REGULAMENTO DO APOIO AO ESTUDANTE COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS DA FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA PREÂMBULO A existência de estudantes com necessidades educativas especiais a frequentar cursos da Faculdade Letras da Universidade de Lisboa é, de há muito, uma realidade. Desde 1988, a Faculdade de Letras tem procurado responder às necessidades destes estudantes através do que então se designava por Serviço de Apoio a Alunos Deficientes, bem como de um regulamento que previa medidas fundamentais para que estes estudantes pudessem ter condições propícias a um bom desempenho em igualdade de oportunidades. O regulamento referido sofreu alterações ao longo do tempo em função da diversidade das necessidades específicas dos estudantes que têm frequentado a FLUL. Deste modo, o regulamento adoptado em 1988, que apenas abrangia as medidas destinadas aos estudantes com deficiências visuais, foi alterado em 1999 e o seu âmbito alargado aos alunos com outras deficiências. Contudo, actualmente, estudantes com necessidades educativas específicas derivadas da sua condição de saúde, temporária ou prolongada, não são abrangidos pelo regulamento, colocando-os em manifesta situação de desvantagem em relação aos seus colegas. Face a esta realidade, assim como à experiência acumulada durante estes anos, impõe-se a revisão do regulamento existente, considerando-se para o efeito a substituição do conceito de estudante com deficiência, baseado em critérios clínicos, por estudante com necessidades educativas especiais, baseado em critérios pedagógicos. CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 1º (Âmbito) As disposições constantes no presente regulamento aplicam-se aos estudantes com necessidades educativas especiais que frequentam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Artigo 2º (Estudantes com Necessidades Educativas Especiais) 1. Para efeitos do presente regulamento, consideram-se Estudantes com Necessidades Educativas Especiais (NEE) os que experienciam dificuldades no processo de aprendizagem e participação no contexto académico, decorrentes da interacção dinâmica entre factores ambientais (físicos, sociais e atitudinais) e/ou limitações do estudante nos domínios:
2 a) Da audição pela apresentação de surdez moderada, severa ou profunda. b) Da visão pela apresentação de cegueira ou baixa visão. c) Motor pela apresentação de deficiências motoras que comprometem acentuadamente o seu desempenho académico e a sua participação. d) Da comunicação, linguagem e fala pela apresentação de problemas de comunicação, linguagem (oral e escrita) e/ou fala que comprometem acentuadamente o desempenho e participação académicos. e) Emocional / da personalidade pela apresentação de perturbações a nível da personalidade ou da conduta que comprometem acentuadamente a adaptação e aprendizagem académicas. f) Da saúde física enquadram-se neste domínio os estudantes que por motivos graves de saúde física, apresentam uma baixa assiduidade ou necessitam de adaptações ou medidas terapêuticas regulares e sistemáticas. 2. A atribuição do estatuto de Estudante com NEE depende do preenchimento dos pressupostos referidos nas alíneas do número anterior e requerimento instruído pela respectiva prova documental (relatório clínico e/ou outro que ateste a sua condição e as consequências desta no seu desempenho académico). 3. Para efeitos do número anterior, o interessado deverá entregar a documentação no Serviço de Apoio ao Aluno (SAA) para emissão de parecer fundamentado, que o remeterá ao Chefe de Divisão dos Serviços Académicos para submissão a decisão final. 4. Compete ao dirigente máximo do serviço da FLUL, ou a quem este delegar, a decisão de atribuição do estatuto de Estudante com NEE. CAPÍTULO II REGIME DE FREQUÊNCIA Artigo 3º (Prioridade no atendimento) Os estudantes com deficiência motora e sensorial terão prioridade no atendimento dos Serviços da FLUL. Artigo 4º (Salas de Aula) 1. A atribuição de salas terá em conta aspectos de acessibilidade de turmas que incluam estudantes com deficiência. 2. Em caso de necessidade justificada, o SAA reservará na sala de aula lugares cativos para estudantes com NEE. Artigo 5º (Informação aos Docentes) Até ao início de cada semestre lectivo, o SAA promoverá uma sessão de esclarecimento sobre o regime específico do estudante NEE aos docentes das disciplinas em que existem Estudantes abrangidos por esse regime.
3 Artigo 6º (Adaptação dos planos de Estudo) 1. Poderão ser introduzidas alterações pontuais aos planos de estudos das disciplinas e/ou actividades neles incluídos em matérias consideradas não nucleares para o curso. 2. A adaptação dos planos de estudos não deverá prejudicar o cumprimento dos objectivos curriculares, sendo apenas considerada quando o recurso a equipamentos especiais de compensação não for suficiente ou quando a actividade se revele impossível de executar em função da deficiência motora ou sensorial. 3. A adaptação dos planos de estudos deverá ser fundamentada pelos docentes e sujeita a aprovação pela coordenação científica das disciplinas respectivas. Artigo 7º (Apoio Documental e/ou Bibliográfico) 1. No início de cada semestre lectivo, os docentes deverão fornecer ao Estudante com NEE ou ao SAA os programas das cadeiras e respectivas bibliografias e demais elementos de trabalho que considerem necessários. 2. Os docentes de estudantes com deficiência visual deverão indicar ao Estudante com NEE ou ao SAA as obras de leitura obrigatória até ao início de cada semestre lectivo. Artigo 8º (Apoio suplementar) 1. Os docentes deverão conceder apoio suplementar aos estudantes cujas NEE dificultem o regular acompanhamento dos conteúdos programáticos. 2. O apoio suplementar decorrerá em horário destinado ao atendimento a estudantes ou, não sendo possível, em horário a acordar em função das necessidades do estudante. Artigo 9º (Gravação de Aulas) 1. Será concedido aos estudantes com deficiência e disléxicos a possibilidade de gravarem as aulas apenas para fins exclusivamente escolares. 2. O docente que não concorde com a gravação das suas aulas deverá fornecer atempadamente ao estudante ou ao SAA os elementos referentes ao conteúdo de cada aula.
4 CAPÍTULO III REGIME DE AVALIAÇÃO Artigo 10º (Critérios e métodos) 1. É conferido aos estudantes com NEE a possibilidade de serem avaliados sob formas ou condições adequadas à sua situação. 2. As alternativas a considerar deverão incidir sobretudo na forma e método de avaliação, não devendo desvirtuar o essencial do conteúdo da prova. 3. As formas e métodos de avaliação devem ser estabelecidos por mútuo acordo entre o docente e o estudante, recorrendo se necessário a parecer do SAA. 4. Os docentes deverão possibilitar aos estudantes cujo estado de saúde requeira sucessivos internamentos hospitalares ou ausências prolongadas para tratamento / medicação a realização dos elementos de avaliação em datas alternativas. 5. Para efeitos do número anterior o estudante deverá apresentar ao docente prova documental. Artigo 11º (Provas escritas presenciais) 1. Os enunciados das provas deverão ter uma apresentação adequada ao tipo de deficiência (informatizado, ampliado, registo áudio, caracteres Braille) e as respostas poderão ser dadas sob forma não convencional (por registo áudio, em Braille, por ditado, registo informático). 2. O docente deverá adequar os enunciados ao estudante com NEE. 3. No caso de deficiência que implique maior morosidade de leitura e/ou escrita, será concedido aos estudantes um período complementar de no mínimo 30 minutos. 4. Sempre que a prova escrita implique um grande esforço para o estudante, o docente deverá possibilitar o desdobramento da prova. 5. O docente proporcionará apoio especial aos estudantes com deficiência na consulta de dicionários, tabelas ou de outros materiais. 6. Sempre que se justifique, o estudante com NEE poderá realizar a prova em local separado dos restantes estudantes. Artigo 12º (Provas escritas não presenciais) Os prazos de entrega de provas escritas não presenciais deverão ser alargados nos termos definidos pelo docente, caso os condicionalismos específicos do Estudante com NEE o recomendem.
5 CAPÍTULO IV SERVIÇO DE APOIO AO ALUNO Artigo 13º (Competência) 1. Compete ao SAA a responsabilidade de centralizar a informação, promover a comunicação entre estudantes, docentes e serviços, podendo ainda ser ouvido em assuntos que respeitem a Estudantes com NEE. 2. Ao SAA compete ainda, de acordo com os seus meios, a adaptação ou aquisição dos elementos necessários à boa concretização do processo ensino aprendizagem dos Estudantes com NEE. Artigo 14º (Apoio à avaliação) 1. O SAA disponibilizará aos estudantes com deficiência equipamento específico para a realização de provas escritas presenciais e não presenciais. 2. A vigilância das provas escritas presenciais na sala do SAA, bem como a recolha das respostas, será da responsabilidade dos docentes. 3. No caso de provas escritas para estudantes com deficiência visual, serão observados os seguintes procedimentos: a) Os enunciados a negro deverão ser entregues pelo docente no SAA com uma antecedência mínima de 3 (três) dias úteis e com a indicação do dia, hora e local de entrega do enunciado e da realização da prova, bem como de condições especiais, se aplicáveis. b) Os enunciados em formato digital, poderão ser entregues no SAA em suporte informático ou enviados por e-mail, com uma antecedência mínima de 48 horas com a indicação do dia, hora e local de entrega do enunciado e da realização da prova, bem como de condições especiais, se aplicáveis. c) A transcrição em Braille ou ampliação do enunciado estará à disposição do docente na véspera da realização da prova, e ser-lhe-á entregue no local e hora que indicar. d) No caso de as respostas serem dactilografadas em Braille pelos estudantes com deficiência visual, o SAA realizará a respectiva transcrição a negro no próprio papel da prova e remeterá ao docente no prazo mínimo de 3 (três) dias. e) No caso de as respostas serem registadas em suporte digital pelos Estudantes com NEE, o docente deverá solicitar expressamente ao SAA a sua impressão em papel.
6 Artigo 15º (Entrada em vigor) O presente Regulamento entra em vigor em 01 de Outubro de 2005. Aprovado em Plenário do Conselho Pedagógico em 29 de Junho de 2005 O Presidente do Conselho Pedagógico Prof. Doutor Manuel Frias Martins