MOVIMENTO OPERÁRIO NO SÉCULO XIX
A pintora Tarsila do Amaral expressa o mundo do trabalho: um grande número de rostos colocados lado a lado, todos sérios; nenhum sorriso, pois a preocupação não deixa lugar para a alegria. São pessoas que nos olham fixamente como a nos lembrar que é duro o trabalho nas fábricas, presentes na obra sob a forma de um prédio austero e chaminés cinzentas. A obra é um raro exemplo da etnia brasileira. Por isso foi escolhida para representar os museus frente ao diálogo intercultural, do pluralismo de ideias, do desenvolvimento humano e do respeito à diversidade.
O quadro Operários foi pintado em um momento em que Tarsila esteve ligada politicamente ao comunismo. No início dos anos 30 Tarsila esteve na União Soviética e participou de reuniões do Partido Comunista Brasileiro. Nesta época, a política e a temática do trabalho fizeram-se presentes em duas de suas obras: Operários e Segunda Classe (1933).Ambas as telas ilustram o momento politico e social brasileiro do início dos anos 30: industrialização, migração de trabalhadores, consolidação do capitalismo industrial e de uma classe de trabalhadores marginalizada e explorada.
No seu livro A era do capital 1848-1875, Hobsbawm destaca, no décimo segundo capítulo, a formação da cidade, a indústria e a classe trabalhadora e suas novas características sociais que vão surgir. Considerando que, com o trabalho industrial ocorrem mudanças na estrutura e organização do mesmo, bem como a urbanização, pois as cidades cresciam rapidamente, sendo que a concentração de pessoas em cidades era o mais impressionante fenômeno social, na Inglaterra e País de Gales no início do século XIX, onde a classe trabalhadora buscava construir seu espaço. (HOSBAWM: 1982, p. 222).
LUDISMO O ludismo foi um movimento social ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1811 e 1812. Contrários aos avanços tecnológicos ocorridos na Revolução Industrial, os luditas protestavam contra a substituição da mão-de-obra humana por máquinas. O nome do movimento deriva de um dos seus líderes, Ned Ludd. Com a participação de operários das fábricas, os "quebradores de máquinas", como eram chamados os luditas, fizeram protestos e revoltas radicais. Invadiram diversas fábricas e quebraram máquinas e outros equipamentos que consideram os responsáveis pelo desemprego e as péssimas condições de trabalho no período.
O movimento ludita perdeu força com a organização dos primeiros sindicatos na Inglaterra, as chamadas trade unions.
CARTISMO Surgiu na Inglaterra no século XIX, anos 40. Esse movimento cobrava a redução das jornadas de trabalho e reivindicava melhores condições de trabalho. Os líderes do Cartismo foram Feargus O Connor e William Lovett. Os operários ingleses solicitavam mudanças junto ao Parlamento na conhecida Carta do Povo. Nela, o movimento idealizava o sufrágio universal, a instituição do voto secreto e a remuneração parlamentar. No ano de 1848, aconteceu uma marcha enorme para cobrar esses pedidos feitos. O Parlamento apoiou o Cartismo.
Com o Cartismo, os operários foram atrás do fim das hostilidades dos ambientes urbano e da fábrica. Ao clamarem por participação política, os trabalhadores se colocavam como uma classe socioeconômica com seu pensamento específico. Depois desse movimento cartista, diversos outros surgiram, todos levando em conta a vida do trabalhador e a disparidade de concentração de dinheiro nas mãos da burguesia. Os vindouros foram também influenciados pelo marxismo. Dessa maneira, o século XIX ficou marcado pela luta de classes e pela força que os trabalhadores detinham e mostravam quando se reuniam reinvidicando todos os seus interesses.