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Transcrição:

Exportaçõ ções Líquidas L e Substituiçã ção o de Importaçõ ções Análise da Década D de 1990, os Efeitos da Mudança a da Política Cambial de 1999 e as Perspectivas Brasileiras Diante da Desvalorizaçã ção o de 2001 Dezembro de 2001 O presente trabalho é o terceiro de uma série sobre o comércio exterior brasileiro na década de 1990. Nos dois anteriores foram analisadas a evolução de exportações/importações e a estrutura do comércio exterior brasileiro comparativamente à de diversos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Aqui, são analisados os setores deficitários e superavitários, tendo em vista, particularmente, os resultados após a mudança da política cambial em 1999*. O objetivo principal é avaliar as perspectivas de uma evolução do saldo comercial que permita tornar menos vulnerável o setor externo brasileiro. Para o IEDI, esta é uma condição indispensável para o desenvolvimento econômico de longo prazo do país. *A base de dados utilizada é da ONU (CONTRADE) para 4 anos: 1992, 1994, 1998 e 2000. Nos dados relativos a períodos (1992/94, 1994/98 e 1998/2000) os valores referem-se aos resultados do último ano (2000, por exemplo) tendo como base os resultados do primeiro ano (1998, por exemplo). 1

O trabalho está dividido em quatro partes, sendo a primeira um resumo dos principais resultados dos dois trabalhos anteriores: 1) Características das Exportações Brasileiras: Os Anos 90 e as Mudanças Após a Desvalorização de 1999 2) Exportações Liquidas Quem Gera Saldo ou Déficit Comercial? 3) A Maxi de 1999 funcionou? 4) Notas Sobre Políticas 1) Características das Exportações Brasileiras: Os Anos 90 e as Mudanças Após a Desvalorização de 1999 2

Taxa Média de Crescimento Anual - Em % 12,9 Importações País -1,5 14,4 26,1 Exportações País Exportações Mundiais 5,5 4,0 4,1 6,3 5,2 6,5 7,0 10,0 Entre 1994 e 1998 os preços de exportação evoluíram favoravelmente. No entanto, a sobrevalorização cambial ocorrida no período determinou um baixo crescimento para as exportações brasileiras, enquanto as exportações mundiais cresciam a uma elevada taxa. 1992/94 1994/98 1998/00 1992/00 Exportações Brasileiras - % das Exportações Mundiais 1,08 1,15 O declínio das exportações brasileiras como proporção das exportações mundiais ocorreu entre 1994 e 1998 e foi causado pela sobrevalorização cambial. Isso subtraiu anualmente US$ 4,9 bilhões de exportações em um período favorável de preços internacionais. 1,05 1,02 1992 1994 1998 2000 3

Ganho e Perda de Competitividade; Demanda Mundial Crescente e Decrescente em um certo período um determinado setor de exportação de um país obteve ganho de competitividade (perda de competitividade) em relação aos demais fornecedores, se aumentou (diminuiu) o seu market share no contexto do mercado considerado (no caso, o mercado mundial desse mesmo setor). um determinado setor é de demanda crescente ( demanda decrescente ) se, em um determinado período, aumentou (diminuiu) sua participação no total (todos os setores) do comércio mundial. 124 104 56 Setores de Demanda Crescente no Comércio Mundial No último período declinou dramaticamente o número de setores com demanda crescente no comércio mundial. O menor crescimento do comércio mundial e a queda de preços internacionais levaram a um forte declínio das exportações de produtos básicos e commodities. Também declinou a participação dos setores de demanda crescente nas exportações mundiais. Isso trouxe conseqüências para as exportações (não tanto para as importações) dos países em desenvolvimento, como o Brasil. 58 55 55 48 43 48 54 51 27 No. Setores % da Exportação % da Exportação % da Importação Mundo Mundo Brasil Brasil 1992/94 1994/98 1998/00 4

Classificação Segundo Demanda Crescente / Decrescente no Comércio Mundial - % das Exportações 72 Dem. Decresc. Dem. Cresc. Perda de Compet. 28 33 45 43 46 43 55 57 As exportações brasileiras dos setores de demanda crescente que já haviam declinado no período de sobrevalorização cambial, sofreram nova queda (de 43% para apenas 27% das exportações totais) no período 1998/00 devido à conjuntura internacional. 67 Ganho de Compet. 54 57 1992/94 1994/98 1998/00 Efeito da desvalorização: maior participação nas exportações de setores com ganho de competitividade Dinamismo das Exportações e Importações Os setores foram classificados segundo o seu dinamismo no comércio mundial, considerando a evolução média anual das exportações nas seguintes faixas: Muito Dinâmicos MD 10% e mais Dinâmicos D 7% a menos de 10% Intermediários I 4% a menos de 7% Em Regressão R 1% a menos 4% Em Decadência DE Menos de 1% Média do Período 6,3% 5

Setores Classificados Segundo o Dinamismo - % da Exportação Mundo e País Na entrada da década de 1990, o perfil da exportação brasileira era similar ao padrão mundial em grau de dinamismo. Nos distanciamos entre 94/98. Um abismo abriu-se nos dois últimos anos da década. 54 55 51 64 41 37 38 34 28 24 23 17 1992/94 Mundo Brasil 1994/98 Mundo Brasil 1998/00 Mundo Brasil MD/D R/DE Setores Com Vantagem Comparativa 114 108 95 106 Após a maxi de 1999, aumentou o número de setores brasileiros com vantagem comparativa. O comércio mundial desses setores representa, no entanto, apenas 36% do total. 82 79 77 76 44 37 32 36 No. Setores Brasil No. Total de setores: 261 % da Exportação Mundo 1992 1994 1998 2000 % da Exportação Brasil 6

Chile Argentina Malásia México Coréia Índia Brasil Espanha Itália Reino Unido França Alemanha Japão EUA % das Exportações Mundo dos Setores Com Vantagem Comparativa do País 17 25 30 Os setores em que o Brasil tem vantagem comparativa representam 36% das exportações mundiais. Para EUA, Japão, Alemanha e Coréia esse percentual é superior a 50%. 36 40 40 43 44 45 46 51 52 52 54 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 1992 1994 1998 2000 Alta (A) e Média-Alta (MA) Intensidade Tecnológica A metodologia foi desenvolvida pela OCDE. Os setores são classificados em setores de produtos de baixa, média-baixa, média-alta (MA) e alta intensidade tecnológica (A). 7

Mundo - % Sobre Exportações de Setores de Intensidade Tecnológica Alta (A) ou Média-Alta (MA) D/MD 49 62 70 I R/DE 7 10 21 22 28 30 Só uma fração pequena (21% em 1998-00, 7% e 10% nos demais períodos) das exportações mundiais de setores de alta e média-alta intensidade tecnológica são de produtos de baixo dinamismo. Considerando a década de 90, exportar produtos de alta e médiaalta intensidade tecnológica foi o passaporte para o dinamismo das exportações de um país. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1992/94 1994/98 1998/00 Setores de Manufaturas (Cap. 5 a 8) de Alta e Média-Alta Intensidade Tecnológica - % da Exportação e da Importação 50 51 52 55 Destaque: o crescimento das exportações brasileiras de setores de alta e média-alta intensidade tecnológica. 42 46 44 61 62 45 42 59 40 62 33 33 32 33 33 32 33 27 27 28 17 18 20 23 18 17 17 17 22 9 6 5 Mundo 1992 1994 1998 2000 Brasil Exportação 1992 1994 1998 2000 Brasil Importação A MA A/MA 1992 1994 1998 2000 Somos ainda muito mais importadores do que exportadores de produtos de alta e média-alta intensidade tecnológica. 8

Mundo Chile Argentina Malásia México Coréia Índia Brasil Espanha Itália Reino Unido França Alemanha Japão EUA Setores de Manufaturas (Cap. 5 a 8) de Alta e Média-Alta Intensidade Tecnológica (A/MA) % das Exportações de Manufaturas 55 16 15 32 46 46 53 56 56 58 59 62 68 69 78 A posição brasileira é ainda inferior a países desenvolvidos, além de Malásia, México e Coréia. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 1992 1994 1998 2000 Setores de Alta e Média-Alta Intensidade Tecnológica - % da Exportação de Manufaturas 46 Onde crescemos as exportações de alta e média-alta tecnologia? 42 Três setores explicam todas as variações: automobilística e aeronaves (aumento de 1994-98); eletrônica e aeronaves (1998-00). 19 27 23 21 20 19 33 32 5 9 6 6 5 5 9 7 5 11 13 11 2 1 Eletrônica Automobolística Aeronaves Sub-Total Demais itens Total Manufaturas 1992 1994 1998 2000 9

2) Exportações Liquidas Quem Gera Saldo ou Déficit Comercial?* * As informações primárias para os dados apresentados a seguir são da ONU (CONTRADE), onde as exportações estão a valores FOB e as importações a valores CIF (incluem( gastos com seguro e transporte). Por isso, os valores de saldo comercial divergem dos s resultados de balanço comercial tais como são divulgados usualmente no Brasil, onde exportações e importações são a valores FOB. Nota Sobre a Apresentação dos Dados Além dos critérios de demanda no comércio mundial, dinamismo, intensidade tecnológica, adotamos critérios setoriais, segundo as metodologias do SITC (ONU), Pavit e Banco Mundial*. Todos os dados são apresentados pela relação percentual entre as exportações líquidas (exportação menos importação) do setor ou dos setores considerados e o comércio total (exportação mais importação) do país.** Nos gráficos a seguir, uma redução (aumento) do tamanho de cada barra significa redução (aumento) das exportações líquidas (saldo comercial) do setor correspondente; deslocamentos para a esquerda (direita) do conjunto das barras significa maior (menor) déficit comercial global. *Standard International Trade Classification; Pavitt, K. (1984). Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy and a theory, Research Policy; Banco Mundial (2001), From Natural Resources to the Knowledge Economy Trade and Job Quality; **Uma referência interessante na observação dos gráficos a seguir é que em 2000, cada ponto percentual (cada 1%) representava cerca de US$ 1,1 bilhões já que o comércio total somava cerca de US$ 110 bilhões naquele ano. 10

2.1) Dinamismo e Intensidade Tecnológica Comentários: As exportações líquidas brasileiras perderam qualidade após 1994. Até então o país gerava saldos comerciais em setores de demanda crescente no comércio mundial, em setores muito dinâmicos e dinâmicos, em setores de média-alta tecnologia. A desvalorização cambial de 1999 não neutralizou essa perda de qualidade, nem evitou os efeitos das mudanças do comércio mundial no período 1998/2000. Essas mudanças determinaram dramáticas quedas de preços de commodities e perda de dinamismo de muitos produtos de exportação. A mudança cambial de 1999 impulsionou as exportações líquidas de setores de demanda decrescente e de mais baixo crescimento no comércio mundial. 2.1) Dinamismo e Intensidade Tecnológica Comentários: A maxi também impulsionou as exportações líquidas em setores intensivos em tecnologia (classificação Pavit), reduzindo em parte uma dependência de produtos de alta tecnologia até então crescente e que ainda é muito alta. Em resumo, atualmente o comércio exterior brasileiro apresenta saldo em setores de demanda decrescente, em setores em decadência (crescimento inferior a 1% ao ano no comércio mundial) e em segmentos de não alta ou média-alta intensidade tecnológica. 11

Exportações Líquidas / Comércio Total (Exportação + Importação do País) - % 1998/00-13 10 1994/98-10 1 1992/94 Ao longo da década de 1990, o Brasil passou a gerar saldos de comércio apenas em setores de demanda decrescente do comércio mundial. Em setores de demanda crescente, é altamente deficitário. 9 1-15 -10-5 0 5 10 15 Demanda Crescente Demanda Decrescente Exportações Líquidas / Comércio Total (Exportação + Importação do País) - % 1998/00-3 -10 10 0 1994/98-3 -4-2 -7 7 1992/94 O Brasil foi perdendo capacidade de gerar saldos líquidos de comércio, exceto em setores de baixo dinamismo. A desvalorização cambial não foi capaz de alterar esse quadro. -2-1 3 6 4-20 -15-10 -5 0 5 10 15 Set. Muito Dinâmicos - MD Set. Dinâmicos - D Set. Intermediários - I Set. em Regressão - R Set. em Decadência - DE 12

Exportações Líquidas / Comércio Total (Exportação + Importação do País) - % 2000 1998-9 -7-5 -3 6 7 A sobrevalorização cambial determinou uma enorme contração das exportações líquidas até de setores que não os de alta ou média-alta tecnologia. As condições adversas do comércio mundial entre 1998 e 2000 impediram resultados mais expressivos após 1999. 1994-5 -4 19 1992-2 25-20 -15-10 -5 0 5 10 15 20 25 30 Set. de Alta - A Set. de Média-Alta - M/A Set. de Não Alta ou Méd.-Alta - Não A/MA Indústria Intensiva em P&D - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) Classificaçãp Pavit 2000-0,9-2,1-1,6-0,5-1,4 2,2 1998 1994 1992-0,2-0,2-1,0-1,2-0,6-0,9-2,1-1,3 Outro destaque: o aumento das exportações líquidas em telecomunicações e aeronaves após a desvalorização. 0,0-0,5-0,7-1,2-0,8-0,8-0,3-0,3-0,2-0,5-0,1 0,1 0,1 0,3 Notar o grande crescimento ao longo da década de 1990 do déficit de componentes eletrônicos e medicamentos. -8-7 -6-5 -4-3 -2-1 0 1 2 3 Pigmentos, tint. corantes Prod. medic. e farmac. Outros da ind. química Eq. telecomunicações Transistores, válvulas, etc. Aeronaves, espaçonaves etc. Inst. profis., cient. e de controle Eq. e material p/ fotog. e ótica 13

2.2) Classificações Setoriais Comentários: Os gráficos a seguir mostram um sensível deslocamento para a esquerda do conjunto das barras até 1998, ilustrando como o setor externo brasileiro passa da condição de superavitário para a de deficitário. Observar a grande redução da capacidade de geração de exportações líquidas por parte de segmentos tradicionais superavitários da balança b comercial brasileira, tais como: Alimentos e manufaturas por tipo de material (classificação SITC); Indústria agroalimentar,, indústria Intensiva em trabalho e em escala (class. Pavit); Agricultura tropical, intensivo em capital e em trabalho (class( class.. Banco Mundial). Mesmo com esses problemas, uma característica positiva que o comércio exterior brasileiro ainda preserva é a diversidade de grupamentos s ou setores capazes de gerar saldo. Exportações Líquidas / Comércio Total (Exportação + Importação do País) - % Classificação Setorial - SITC 2000-8 -6-7 5 6 5 1 1 1998-13 -6-5 5 1 5 0 3 1 2 1994-6 -4-6 8 4 9 1 1 1 1992-8 9 6 13 3-2 2 0 1 1-30 -20-10 0 10 20 30 40 0 - Alimentos 1 - Bebidas e Fumo 2 - Mat.Primas, Exc. Combustíveis 3 - Combustíveis 4 - Óleos e Gorduras 5 - Produtos Químicos 6 - Manufaturas por Tipo de Material 7 - Máq. e Material de Transporte 8 - Artigos Manufaturados Diversos 9 - Outros 14

Exportações Líquidas / Comércio Total (Exportação + Importação do País) - % Classificação Pavit -1 2000-5 -6-4 4 2 4 2 2-3 1-2 1998-6 -8-3 4 2 3 3-2 1994-4 -4-5 6 2 4 3 3 5-1 -1 1992-3 -8 5 3 6 3 6 11-1 1-30 -20-10 0 10 20 30 40 Agrícolas Minerais Energéticos Indústria Agroalimentar Ind. Intens. em Outros Rec. Agrícolas Ind. Intens. em Rec. Minerais Ind. Intens. em Rec. Energéticos Indústria Intensiva em Trabalho Indústria Intensiva em Escala Fornecedores Especializados Indústria Intensiva em P&D Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) Classificação Banco Mundial 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1992-40 -30-20 -10 0 10 20 30 40 Petróleo Matérias Primas Produtos Florestais Agricultura Tropical Produtos Animais Cereais, etc Intensivo em Trabalho Intensivo em Capital Maq. - Eletro-Eletrônico Maq. - Veículos Rodoviários Maq. - Outros de Transporte Maquinaria - Demais Química 15

Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) Classificação Banco Mundial 1 2000-6 -4-7 -5 2 3 3 3 3 3 2 0-1 0 1 1998-6 -6-7 -4 2 2 5 3 2 1 1 1994-4 -2-4 -4 2 3 6 3 3 6 2 1992-2 -2-7 4 3 5 4 5 9 3-1 -40-30 -20-10 0 10 20 30 40 Petróleo Matérias Primas Produtos Florestais Agricultura Tropical Produtos Animais Cereais, etc Intensivo em Trabalho Intensivo em Capital Maq. - Eletro-Eletrônico Maq. - Veículos Rodoviários Maq. - Outros de Transporte Maquinaria - Demais Química Nos gráficos a seguir os setores são classificados (de acordo com estudo do Banco Mundial) segundo 10 grupamentos: Petróleo Matérias Primas Produtos Florestais Agricultura Tropical Produtos Animais Cereais, etc Intensivo em Trabalho Intensivo em Capital Maquinaria Química A análise distingue setores superavitários e setores deficitários. 16

2.3) Setores Superavitários Comentários: São setores onde o Brasil apresenta grande vantagem comparativa e que sofreram o impacto da sobrevalorização cambial do período 1994/1998, reduzindo suas exportações líquidas como proporção do comércio exterior brasileiro. Mesmo após a desvalorização cambial de 1999, alguns deles acusaram novas reduções (agricultura tropical, cereais etc) devido à queda de preços de exportação; em alguns outros (matérias-primas e intensivo em capital), a desvalorização somente interrompeu a redução. Em produtos florestais, intensivo em trabalho e produtos animais, a desvalorização abriu caminho para o aumento das exportações líquidas (sem que estas retornassem aos níveis de 1992 ou 1994). Nos casos desses dois últimos grupamentos (intensivo em trabalho e produtos animais), além do crescimento das exportações líquidas de segmentos superavitários, há indícios de substituição de importações (em vestuário, artigos manufaturados diversos, pescados). Grupamentos Superavitários - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998 1994 1,7 2,5 2,0 1,6 2,5 2,9 3,5 4,6 1,2 0,5 5,7 2,6 2,6 1,0 1,0 2,5 2,3 3,3 2,8 3,3 A política cambial de 1994/1998 restringiu a capacidade de geração de saldos comerciais dos setores superavitários do comércio exterior brasileiro. A desvalorização de 1999 não foi suficiente para restaurar os níveis anteriores de exportações líquidas. 6,3 A desvalorização de 1999 impulsionou expressivamente as exportações líquidas de vegetais e frutas. Devido à queda de preços, açúcar e café continuaram em declínio como setores geradores de saldo comercial. 1992 3,7 2,9 5,4 1,9 4,2 4,6 9,4-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Matérias Primas Produtos Florestais Agricultura Tropical Produtos Animais Cereais, etc Intensivo em Trabalho Intensivo em Capital 17

Agricultura Tropical - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998-0,2-0,1-0,1-0,1-0,2 0,5 0,9 1,1 1,7 1,7 2,5 A desvalorização de 1999 impulsionou as exportações líquidas de vegetais e frutas. Devido à queda de preços, açúcar e café continuaram em declínio como setores geradores de saldo comercial. 1994 0,9 1,3 3,8-0,3 1992 1,9 1,1 2,6 0,0-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 Vegetais e frutas Café, chá, cacau, especiarias e manufaturas Borracha crua (sint. e reciclada) Açúcar, prep. de açúcar e mel Bebidas Cereais etc. Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998-0,5-0,3-2,0-1,4 1,4 1,5 0,7 1,3 1,8 1,9 0,2 0,4 Indícios de substituição de importação em massas, algodão e arroz concorreram para reduzir as exportações líquidas negativas em cereais e fibras têxteis. Setores superavitários, como fumo e soja, sofreram com a queda de preços. 1994-0,8-2,0 2,7 1,3 1,4 0,8 1992 Inclui algodão -0,3-1,8 Cereais Inclui: trigo, farinha de trigo, pão, macarrão, arroz, milho, aveia 3,0-4 -3-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Cereais e prep. de cereais Alim. p/ anim. (exc. cereais não moídos) Tabaco e manuf. de tabaco Sem. de óleo e frutas oleoginosas Fibras têxteis (exc. lã ) Gord. e óleos veg. estáveis, crus ou refin. 1,6 Alim. P/ Animais Inclui: caroço de alogodão, resíduos de sementes oleoginosas Inclui: grãos de soja, amendoim, sementes de algodão e de girassol 1,2 0,4 Gorduras e Óleos Inclui: óleo de soja, azeite, óleo de girassol 18

Matérias Primas - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998 1994-0,9-0,3-0,4-0,8-1,0-0,7 2,7 2,6 3,0 0,5 0,2 1,3 A maior utilização do gás como fonte de energia e a queda de preços internacionais (no caso, para minério de ferro), explicam a diminuta reação de matériasprimas à mudança cambial de 1999. 1992-0,5-1,4 3,6 2,1 Minério de Ferro Alumínio -3-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 Minérios metálicos e sucata Carvão, carvão coque e briquete Gás, natural e manuf. Metais não-ferrosos Intensivo em Capital - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998-0,1 0,5-0,2-0,4 0,5 2,6 2,4 Pequena reação após a desvalorização de um grupamento que já foi responsável por exportações líquidas correspondentes a 9,4% do comércio brasileiro no início da década (o que hoje representaria um saldo comercial de US$ 10 bilhões). -0,2 A destacar o indício de substituição de importação em manufaturas de metal. 1994 0,4 0,5 4,8 0,3 1992 0,4 0,5 1,3 6,6 0,5 Manufaturas de Metal Inclui: facas, parafusos, fechaduras, fogões -2-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Couro e manuf. de couros Manuf. de borracha, N.E.A Fios têxteis Ferro e aço Manuf. de metal, N.E.A 19

Produtos Florestais - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998 1994 0,5 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 0,4 0,8 0,6 0,1 0,6 Este foi um dos grupamentos que mais respondeu à desvalorização de 1999, em função dos maiores saldos em papel e celulose. 1992 0,3 1,2 0,6 0,8-1 0 1 2 3 4 Cortiça e madeira Polpa e aparas de papel Manuf. de cortiça e madeira Papel e papelão Intensivo em Trabalho - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998-0,8-0,5 0,4 0,3 0,1 0,2 1,1 1,4 0,6 0,9 Grupo que respondeu à mudança cambial de 1999, principalmente em manufaturas de minerais não metálicos, móveis e calçados. 1994 1992 Indícios de substituição de importação em vestuário e artigos manufaturado s diversos. Manuf. Min. Não-Metálicos Inclui: cimento, tijolos, vidro -0,2-0,3 0,1 0,5 0,5 0,3 0,2 0,3 1,9 0,5 2,5-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 Manuf. minerais não-metál., N.E.A Mobília e partes de mob.; camas, colchões Art. de vestuário e asses. de roupas Calçados Artigos manuf. diversos, N.E.A Trans. e mercad. não classif. por gênero 0,6 0,3 Art. Manuf. Diversos Inclui: armamento, livros, impressos e gravuras, brinquedos, produtos esportivos, canetas e lápis, jóias e bijuterias, aparelhos musicais, fitas magnéticas, guarda-chuvas, cestas, vassouras 0,5 20

Produtos Animais - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000 1998 1994-0,3-0,1-0,1-0,3-0,5-0,2-0,3-0,1 1,2 1,6 1,5 Grupo que também reagiu à desvalorização, mediante o aumento de exportações de pescados (onde houve também significativa queda de importações) e carnes. 1992-0,1 1,9 0,1 Carnes Inclui carne de frango, carne bovina e demais carnes -2-1 0 1 2 3 Carne e prep. de carne Laticínios e ovos Peixes, crustáceos e moluscos Animais vivos 2.4) Setores Deficitários Comentários: A abertura de importações dos anos 90, que não se fez acompanhar de políticas industriais e de competitividade, levou a exagerados déficits em grupamentos como maquinaria e química. A sobrevalorização cambial acentuou esses efeitos, que apenas de forma muito parcial (no grupo de maquinaria) foram neutralizados após a desvalorização cambial de 1999. O aumento de preços dos combustíveis explica o maior valor negativo das exportações líquidas em petróleo para o período 1998/2000. Em conjunto, o déficit comercial desses grupamentos somou US$ 23 bilhões em 2000. Detalhes para cada grupamento são apresentados a seguir. 21

Grupamentos Deficitários - Maquinaria, Petróleo e Química - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000-6,1-8,9-5,4 1998-6,1-13,9-3,5 1994-4,2-6,6-4,3 1992-2,4-6,5 0,2-26 -24-22 -20-18 -16-14 -12-10 -8-6 -4-2 0 2 4 Petróleo Maquinaria Química Maquinaria e Química Comentários: O grupamento de maquinaria inclui setores em que o Brasil adquiriu competitividade, como aviões, indústria automobilística e segmentos da indústria eletro-eletrônica. A sobrevalorização cambial impedia que essas vantagens competitivas se traduzissem em exportações líquidas expressivas. Após a desvalorização, o setor automotivo (incluindo auto-peças) volta a acusar exportações líquidas positivas e outros de transporte (que inclui aeronaves) registra grande superávit. Em maquinaria eletro-eletrônica, o segmento que respondeu à desvalorização aumentando expressivamente as exportações foi o de telecomunicações. Em maquinaria para escritório e de processamento de dados a mudança foi pequena, enquanto em maquinaria elétrica e acessórios - segmento que abriga componentes eletrônicos -, o déficit comercial ampliou-se apesar da maxi e do baixo crescimento da economia. 22

Maquinaria e Química Comentários: Em maquinaria - demais, que pode ser considerado propriamente como o setor de bens de capital (um setor cuja produção doméstica foi devastada pela abertura mal conduzida e pela sobrevalorização cambial), a forte contração do déficit comercial em 1999 e 2000 reflete a redução dos investimentos na economia. Principalmente nos segmentos de maquinaria especializada e máquinas e equipamentos industriais, a redução pode indicar ainda uma significativa substituição de importações. Química mostrou-se juntamente com segmentos de maquinaria eletroeletrônica, um setor insensível à mudança cambial, o que vale também para os seus segmentos - química orgânica, fertilizantes, plásticos, medicamentos. Maquinaria - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000-4,4-7,0 2,1 0,4 1998-6,5-0,9-6,9 0,3 1994-2,4-4,5 0,7-0,4 1992 Outros de Transporte Inclui: locomotivas, trens e vagões, helicópteros, aeronaves, suas partes e equipamentos, naves espaciais e veículos propulsores, barcos, navios, embarcações -1,1-2,2 3,1 0,4-16 -14-12 -10-8 -6-4 -2 0 2 4 Maq. - Eletro-Eletrônico Maq. - Veículos Rodoviários Maq. - Outros de Transporte Maquinaria - Demais 23

Maquinaria - Eletro-Eletrônica - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000-4,2-1,4-1,4 1998-3,6-2,0-1,3 Inclui: máquinas de calcular, máq. de escrever, copiadoras, processadores suas partes e equipamentos, computadores, unidades de memória 1994 1992-2,0 Inclui: microcircuitos eletrônicos, díodos e transistores, cinescópios, transformadores, circuitos, interruptores, fios elétricos, condutores e a chamada linha branca -1,2-1,0-0,3-1,3-0,8 Inclui: TV, rádio, CD, gravador, microfones, amplificadores, caixas acústicas, aparelhos celulares, parte e equipamentos para telecomunicações -8-7 -6-5 -4-3 -2-1 0 1 2 3 Maquinário p/ escrit. e de proces. de inform. Maquinário elét., acessórios, N.E.A Telecom., reprod. e registro sonoro Maquinaria - Demais - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000-1,2-0,3-1,2-0,6 1998-2,0-0,6-1,6-0,9 1994-0,4-0,4-0,9 0,1-0,1-0,3 1992 Maq Especializada Inclui: tratores, máquinário e peças de maq. para agricultura, p/ ind. têxtil, p/ mineração, p/ ind. de alimentos, p/ ind. gráfica, ind. de papel, ferramentas mecânicas -0,5 0,6-6 -5-4 -3-2 -1 0 1 2 Maquinário e equip. p/ geração de en. Maquinário p/ trat. de metal Maquinário especializ. p/ ind. específicas Maquinário e equip. ind., N.E.A 24

Química - Exportações Líquidas - % do Total do Comércio (Exportação + Importação do País) 2000-1,0-0,9-1,2-1,4-1,7 1998-1,1-0,9-0,9-1,2-2,0 1994-0,6-0,9-0,8-1,9 1992-0,8-0,5-0,9-0,3 0,1-7 -6-5 -4-3 -2-1 0 1 2 Química orgânica Prod. medicinais e farmac. Fertilizantes Plásticos Química - Demais 3) A Maxi de 1999 funcionou? 25

Foi utilizada a base de dados da ONU (CONTRADE), a partir de dois conjuntos de informações com níveis distintos de agregação: 67 setores a 2 dígitos da classificação SITC (Standard International Trade Classification, Revisão 3) e 1.063 grupos de produtos a 4 dígitos. A análise a seguir procura tratar de duas questões: Há uma interpretação muito difundida de que a maxidesvalorização de 1999 não funcionou, em particular porque as exportações não teriam reagido como se esperava. Isto é verdadeiro? Há sinais de que após a mudança da política cambial em 1999, ocorreu uma substituição de importações? Essas questões ganham relevo diante da nova rodada de desvalorização cambial ocorrida em 2001. O que se pode esperar da desvalorização de 2001 em termos de aumento de exportação e substituição de importações? 3.1) Exportação Comentários: Em 1999 e 2000, as exportações aumentaram US$ 4,2 bilhões, ou US$ 2,1 bilhões em média anualmente. A isto corresponde uma taxa média anual de crescimento de 4%, o que é pouco ante a expectativa de uma grande reação das exportações após a desvalorização. Esses são resultados agregados. A análise a seguir é feita a partir de quase 1100 produtos de exportação (SITC a 4 dígitos) e mostra um quadro que pode ser considerado diferente: Para um grupo que reunimos sob a denominação de E+, as exportações cresceram vigorosamente (33% em média nos anos de 1999 e 2000). Esse grupo, acrescido do setor de aeronaves (considerado à parte), aumentou suas exportações em montante equivalente ao dobro do aumento das exportações totais (4,2 bilhões em termos médios anuais). As exportações dos setores E+ e do setor de aeronaves representavam em 2000 quase 1/3 das exportações brasileiras. São setores para quem a maxi funcionou, e muito... A lista dos principais produtos E+ encontra-se no Anexo. 26

3.1) Exportação Comentários: Cabe observar que entre os setores E+ há setores que juntamente ao aumento das exportações, ampliaram também de forma expressiva as importações (uma coisa podendo estar relacionada à outra). São os setores que chamamos E+I+, que a despeito da grande evolução de suas exportações contribuíram negativamente para o saldo comercial. Poucas análises do período pós desvalorização enfatizam o fator mais destacado que levou ao resultado decepcionante para as exportações totais: a dramática queda em valor das exportações de muitos produtos devido à queda de preços internacionais. Um grupo de produtos que chamamos de PE acumulou perda de exportação de quase US$ 5 bilhões (ou US$ 2,4 bilhões, em média) em 1999 e 2000. Suas exportações declinaram 23% em média nesses anos. Para esse grupo, o que não funcionou foi o mercado mundial, onde o protecionismo das economias industrializadas e o ciclo de preços de commodities deprimiram as vendas externas. Exportação - Setores Classificados Segundo Categorias - Valores em bilhões E+ setores com aumento médio de exportação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 (não inclui aeronaves) A aeronaves E+I+ setores E+ com grande aumento de importação em 1999 e 2000 PE setores com redução média de exportação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 4,0 3,0 2,0 3,1 3,0 3,6 1,0 2,1 1,1 1,2 0,9 0,0-0,5-1,0-2,4-1,6-2,0-3,0 Var. Exp Var. Saldo Total E+ A E+I+ PE 27

Exportação - Setores Classificados Segundo Categorias - % E+ setores com aumento médio de exportação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 (não inclui aeronaves) A aeronaves E+I+ setores E+ com grande aumento de importação em 1999 e 2000 PE setores com redução média de exportação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 140 120 100 80 60 40 100 118 72 100 20 0-20 39-17 -53 4 33 36 26-23 6 7 13-40 -60-80 % da Var. do Saldo Var. Exp % Part. Exp. em 2000 Total E+ A E+I+ PE Comentário: O gráfico a seguir mostra os valores de variação média das exportações em 1999 e 2000 para as exportações totais, exportações do grupo E+ e do grupo PE, seguindo a classificação de setores do citado estudo do Banco Mundial. No grupo PE, setores de Agricultura Tropical e Cereais, etc tiveram grande perda de exportação. No grupo E+, setores de Maq. - Outros de Transporte (inclui aeronaves), Maq. - Eletro-Eletrônico, Produtos Florestais e Intensivo em Trabalho tiveram grande aumento de exportação. 28

Média Anual de Variação das Exportações em 1999 e 2000 - em US$ milhões -96 185 Total -505-860 277 458 547 754 1.069-230 237 209 43 PE -151-62 -53-556 -785-93 Obs.: Média de variação das exportações totais: + US$ 2.088 milhões. -243-216 -224 E+ PE Setores com grande perda de exportações (10% aa. ou mais). 289 501 174 397 280 157 776 1.140 324 E+: Setores com grande aumento de exportações (10% aa. ou mais) 47 157-3.000-2.000-1.000 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 Petróleo Matérias Primas Produtos Florestais Agricultura Tropical Produtos Animais Cereais, etc Intensivo em Trabalho Intensivo em Capital Maq. - Eletro-Eletrônico Maq. - Veículos Rodoviários Out. de Transp. (inc.aeronaves) Maquinaria - Demais Química 3.2) Importação Comentários: Em 1999 e 2000, as importações declinaram US$ 1,8 bilhões, ou US$ 0,9 bilhões em média. A isto corresponde uma taxa média anual de redução de apenas 2%. Não houve reação das importações ante uma desvalorização cambial tão significativa? Não houve substituição de importações? Os resultados acima correspondem a valores agregados. A análise a seguir é feita a partir de quase 1100 produtos de exportação (SITC a 4 dígitos) e aponta para conclusões diferentes das que vem sendo veiculadas. Para um grupo que reunimos sob a denominação de PI, as importações declinaram US$ 4,8 bilhões em média em 1999 e 2000 (ou quase US$ 10 bilhões no acumulado dos dois anos), contribuindo com valores e percentuais muito altos para a redução do déficit comercial. A redução das importações desse grupo foi, em média, de 25% ao ano. Houve, portanto, um significativo recuo das importações. Analisaremos mais adiante os indícios de substituição de importações nesse processo. 29

3.2) Importação Comentários: Um grupo que denominamos I+ e que representa 1/4 das importações totais aumentou as importações em 1999 e 2000 tanto quando diminuiu o grupo PI, ou seja, 25% em média. Esse grupo concorreu destacadamente para reduzir o saldo comercial após a maxi. Para o grupo I+, a maxi não funcionou. Sua insensibilidade à mudança cambial decorre de fator estrutural. É constituído por setores dinâmicos na economia mundial, em sua maioria ausentes da indústria brasileira. Nele predominam insumos das indústrias eletro-eletrônica e química e petroquímica, além de bens de capital, dos quais dependem as cadeias de produção desses mesmos setores, além de muitos outros da economia. O aumento de preços internacionais do petróleo foi responsável pelo o grupo crescimento de 30% das importações de Petróleo e gás ( P&G ). Do lado das importações, a conclusão é que a desvalorização de 1999 funcionou onde poderia. O aumento do preço do petróleo e fatores estruturais explicam o tão baixo declínio das importações totais no período. 6,0 Importação - Setores Classificados Segundo Categorias - Valores em bilhões PI setores com redução média de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 I+ setores com aumento médio de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 (não inclui petróleo e gás) P&G setores de petróleo e gás 4,0 5,4 2,0 2,6 1,7 3,0 0,0-0,9-1,8-1,4-2,0-4,8-4,0-6,0 Var. Imp Var. Saldo Total PI I+ P&G 30

Importação - Setores Classificados Segundo Categorias - % PI setores com redução média de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 I+ setores com aumento médio de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 (não inclui petróleo e gás) P&G setores de petróleo e gás 200 179 150 100 100 100 50 0-60 -46-2 -25 25 30 21 25 14-50 -100 % da Var. do Saldo Var. Imp % Part. Imp. em 2000 Total PI I+ P&G Comentário: O gráfico a seguir mostra os valores de variação média das importações em 1999 e 2000 para as importações totais, importações do grupo I+ e do grupo PI, seguindo a classificação de setores do citado estudo do Banco Mundial. No grupo PI, setores de Maquinaria-Demais e Maq. - Veículos Rodoviários Cereais, etc e Maq. - Eletro-Eletrônico tiveram grande redução de importação. No grupo I+, setores de Petróleo, Maq. - Eletro-Eletrônico, Matérias Primas e Química tiveram grande aumento de importação. 31

Média Anual de Variação das Importações em 1999 e 2000 - em US$ milhões -364-218 -67 365 61 Total -1.174-964 -520 1.387 851-263 -280 256 PI -116-1.237-982 -379-571 -199-81 -550 Obs.: Média de variação das importações totais: - US$ 931 milhões. -40-311 -305-79 I+ PI: Setores com grande perda de importações (10% aa. ou mais). I+: Setores com grande aumento de importações (10% aa. ou mais) 1.387 466 44 187 1.383 137 192 401-5.000-4.000-3.000-2.000-1.000 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 Petróleo Mat. Primas Prod. Florestais Agric. Tropical Prod. Animais Cereais, etc Intensivo em Trabalho Intensivo em Capital Maq. - Eletro-Eletrônico Maq. - Veículos Rodov. Maq. - Outros de Transp. Maquinaria - Demais Química 3.3) Onde Pode Ter Ocorrido Substituição de Importações? É impossível distinguir com dados de exportação e importação como os que temos trabalhado, a demanda de importações que temporariamente é contida da demanda que é transferida de importações para a produção doméstica e passa a ser por esta atendida (substituição de importações). Mas podemos reunir indícios de ocorrência do processo. Do grupo PI (que é o grupo de setores cujas importações caíram muito - pelo menos 10% ao ano ou mais de 20% no acumulado de 1999 e 2000) tomamos aqueles segmentos que a despeito da recuperação do crescimento econômico em 2000, não aumentaram suas importações nesse ano. Chamamos esse grupo de I- -. Os principais produtos e segmentos que o compõem estão relacionados no Anexo. 32

3.3) Onde Pode Ter Ocorrido Substituição de Importações? As importações desse grupo somavam US$ 14 bilhões em 1998, caindo para US$ 7,7 bilhões em 2000, uma queda acumulada de 45% ou US$ 6,3 bilhões. Este é um valor mínimo de referência para a substituição de importações ocorrida no período Os dados distinguem no grupo I- -, os segmentos que reduziram exportações ( I- -E< ) dos segmentos que aumentaram exportações ( I- - E> ), sendo esses últimos mais expressivos, indicando que, predominantemente, onde há indícios de substituição de importações ocorreu também ampliação de exportações. Os dados ainda mostram que, segundo a classificação setorial do estudo citado do Banco Mundial, os integrantes do grupo I- - mais expressivos foram: Maquinaria - Demais, Cereais, etc, Maq. - Eletro-Eletrônico, Agricultura Tropical, Intensivo em Capital, Intensivo em Trabalho. Importação - Setores Classificados Segundo Categorias - Valores em bilhões PI setores com redução média de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 I -- setores com redução média de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 e redução de importações entre 1999/2000 I--E> setores I-- com aumento de exportações em 1999 e 2000 I--E< setores I-- com redução de exportações em 1999 e 2000 6,0 4,0 5,4 2,0 3,5 3,2 0,0 0,2-2,0-4,8-3,1-1,2-2,0-4,0-6,0 Var. Imp Var. Saldo PI I-- I--E< I--E> 33

Importação - Setores Classificados Segundo Categorias - % PI setores com redução média de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 I -- setores com redução média de importação de 10% a.a. ou mais em 1999 e 2000 e redução de importações entre 1999/2000 I--E> setores I-- com aumento de exportações em 1999 e 2000 I--E< setores I-- com redução de exportações em 1999 e 2000 200 179 150 115 100 50 106 0 8-25 -26-27 -25 21 13 4 8-50 % da Var. do Saldo Var. Imp % Part. Imp. em 2000 PI I-- I--E< I--E> Média Anual de Variação das Importações em 1999 e 2000 - em US$ milhões -364-218 -67 365 Total -1.174-964 -520 1.387 851-263 -280 256 PI -116-1.237-982 -379-571 -199-81 -550 Obs.: Média de variação das importações totais: - US$ 931 milhões. -311-305 -79 I-- -114-1.087-414 -250-302 -461-272 -106-71 PI: Setores com grande perda de importações (10% aa. ou mais). I--: Setores com grande perda de importações (10% aa. ou mais) e redução de importações em 1999/00. -5.000-4.000-3.000-2.000-1.000 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 Petróleo Mat. Primas Prod. Florestais Agric. Tropical Prod. Animais Cereais, etc Intensivo em Trabalho Intensivo em Capital Maq. - Eletro-Eletrônico Maq. - Veículos Rodov. Maq. - Outros de Transp. Maquinaria - Demais Química 34

4) Notas Sobre Políticas Diante da desvalorização adicional da moeda em 2001, a indagação que se coloca é: há perspectivas de que venha a ocorrer uma nova rodada de substituição de importações? A nosso ver, dois problemas se apresentam. O primeiro diz respeito à base de importações remanescente do grupo I- -, que é de apenas US$ 7,7 bilhões, o que torna muito difícil que a redução de importações ocorrida com a desvalorização anterior possa ser reproduzia em valor ou em termos relativos. O segundo é que, conforme nos parece, a substituição de importações provocada pela desvalorização de 1999 não exigiu investimentos adicionais por parte dos segmentos que a promoveram, o que, talvez, não possa ser possível agora, sobretudo em um cenário em que a economia recupere em 2002 um crescimento baixo, porém positivo, após a retração industrial do segundo semestre de 2001. 4) Notas Sobre Políticas Assim, a substituição de importações que pode ser obtida sem investimentos adicionais de ampliação e modernização de capacidade já ocorreu. O IEDI vem recomendando a adoção de políticas para incentivar investimentos voltados à substituição competitiva de importações. A princípio, essas políticas deveriam ter um alcance geral, isto é, abrangeriam todos os segmentos e setores econômicos, tendo como principal instrumento não a proteção ou o subsídio, mas, sim, a redução do custo de capital e ampliação do financiamento aos projetos de substituição de importações. Temos, no entanto, que levar em conta um fator adicional decisivo. Os setores a 2 dígitos foram classificados segundo o comportamento de suas importações em 1999/2000, em dois grupos: sensíveis (substancial redução de importações) e insensíveis (pequena redução ou aumento de importações) à maxidesvalorização de 1999. Petróleo e gás foram tratados à parte, sendo também setores insensíveis. O gráfico a seguir mostra que os setores insensíveis representam quase 60% das importações (incluindo petróleo e gás). 35

4) Notas Sobre Políticas Como nesses casos as desvalorizações cambiais não são suficientes, a substituição competitiva de importações requererá políticas setoriais específicas, com instrumentos mais amplos (mas sem a proteção e os subsídios do passado) e onde despontam as cadeias de petróleo, petroquímica, química (incluindo medicamentos, fertilizantes e demais segmentos da indústria química), eletro-eletrônica e bens de capital. O IEDI recomenda políticas setoriais ao lado de políticas ditas horizontais não por motivos ideológicos ou por objetivar favorecimentos particulares a um ou outro segmento, mas, sim, porque as considera absolutamente imprescindíveis a objetivos como o aqui retratado - o desenvolvimento e a maior solidez do comércio exterior brasileiro -, além de outros que também são relevantes, como o desenvolvimento tecnológico e a atualização da estrutura industrial. É apresentada a seguir uma relação de setores (a dois dígitos) que poderiam ser objeto de políticas (setoriais e horizontais) de substituição competitiva de importações. Participação nas Importações Por Categorias - Em % Imp. 00 28 43 14 Imp. 98 38 37 8 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Sensíveis Insensíveis Petróleo e Gás 36

E: exportação sensível à desvalorização P: exportação sensível à preços internacionais S: importação sensível à desvalorização I: importação insensível à desvalorização Setores (SITC) a 2 dígitos Exp Imp Exp Imp. Var. Ac. Var. Ac. Saldo Saldo Var. Ac. 1998 1998 2000 2000 Exp. Imp 1998 2000 Saldo US$ bi US$ bi US$ bi US$ bi % % US$ bi US$ bi US$ bi 02 Laticínios S S 0,0 0,5 0,0 0,4 3 (28) -0,5-0,4 0,2 03 Peixes, crustáceos e moluscos E S ES 0,1 0,5 0,2 0,3 98 (33) -0,4-0,1 0,3 04 Cereais e preparados de cereais E S ES 0,0 2,2 0,1 1,6 40 (26) -2,2-1,6 0,6 05 Vegetais e frutas P S PS 1,7 1,1 1,5 0,5 (8) (50) 0,6 1,0 0,4 23 Borracha crua (sintética e reciclada) E I EI 0,1 0,2 0,1 0,3 20 17-0,2-0,2 0,0 25 Polpa e aparas de papel E I EI 1,0 0,2 1,6 0,2 53 31 0,9 1,4 0,5 26 Fibras têxteis E S ES 0,1 0,7 0,1 0,5 21 (27) -0,6-0,4 0,2 27 Fertlizantes crus E S ES 0,2 0,2 0,3 0,2 54 16 0,0 0,0 0,1 28 Minérios metálicos e sucata P I PI 3,7 0,3 3,5 0,4 (3) 41 3,4 3,1-0,2 51 Química orgânica E I EI 1,1 3,2 1,2 3,2 12 (3) -2,2-2,0 0,2 52 Química inorgânica E I EI 0,3 0,6 0,4 0,6 26 4-0,3-0,3 0,1 53 Pigmentos, tinturas e corantes I I 0,2 0,5 0,2 0,5 (12) (3) -0,3-0,3 0,0 54 Produtos medicinais e farmacêuticos I I 0,2 1,6 0,3 1,8 7 12-1,4-1,5-0,2 55 Óleos e resinas de essência, perfumantes E I EI 0,2 0,4 0,2 0,3 17 (3) -0,2-0,1 0,0 56 Fertlizantes I I 0,1 1,1 0,1 1,4 2 30-1,0-1,3-0,3 57 Plásticos em estados primários E I EI 0,5 1,2 0,7 1,4 39 17-0,7-0,7 0,0 58 Plásticos em estados não-primários E I EI 0,1 0,4 0,2 0,4 26 (6) -0,3-0,2 0,1 continua continuação E: exportação sensível à desvalorização P: exportação sensível à preços internacionais S: importação sensível à desvalorização I: importação insensível à desvalorização Setores (SITC) a 2 dígitos Exp Imp Exp Imp. Var. Ac. Var. Ac. Saldo Saldo Var. Ac. 1998 1998 2000 2000 Exp. Imp 1998 2000 Saldo US$ bi US$ bi US$ bi US$ bi % % US$ bi US$ bi US$ bi 61 Couro, manuf. de couros, revestidos e N.E.A E I EI 0,7 0,1 0,8 0,2 14 28 0,6 0,6 0,1 64 Papel, cartolina, e art. de papel S S 0,9 1,0 0,9 0,8 1 (16) 0,0 0,1 0,2 66 Manuf. minerais não-metálicas, N.E.A E S ES 0,7 0,5 0,9 0,4 17 (19) 0,2 0,4 0,2 68 Metais não-ferrosos E I EI 1,3 1,1 1,8 1,2 39 9 0,2 0,6 0,4 69 Manufaturas de metal, N.E.A S S 0,7 1,1 0,7 0,9 (2) (23) -0,4-0,2 0,2 72 Maquinário especializ. p/ indústrias específicas S S 1,2 3,0 0,9 2,2 (22) (25) -1,8-1,3 0,5 73 Maquinário para tratamento de metal S S 0,2 0,9 0,2 0,5 (4) (40) -0,7-0,4 0,4 74 Maquinário e equip. industrial, N.E.A S S 1,5 3,8 1,6 2,9 3 (23) -2,2-1,3 0,9 75 Maquinário p/ escrit. e de proces. de inform. E I EI 0,4 1,8 0,5 2,1 40 12-1,5-1,6-0,1 76 Telecomunicações, reprod. e registro sonoro E I EI 0,6 2,9 1,6 3,2 177 12-2,3-1,6 0,7 77 Maquinário elét., acessórios, N.E.A E I EI 0,9 4,9 1,3 6,1 34 23-4,0-4,8-0,8 82 Mobília e partes de mobília; camas, colchões E S ES 0,3 0,2 0,5 0,2 45 (21) 0,1 0,3 0,2 84 Artigos de vestuário e assessórios de roupas E S ES 0,2 0,4 0,3 0,2 53 (50) -0,2 0,1 0,3 87 Instrumentos profis., cient. e de controle E I EI 0,2 1,3 0,3 1,3 24 3-1,1-1,1 0,0 89 Artigos manufaturados diversos, N.E.A S S 0,5 1,4 0,5 1,1 7 (22) -0,9-0,6 0,3 Total 20,0 39,3 23,3 37,4 17 (5) -19,4-14,1 5,2 37

4) Notas Sobre Políticas O mesmo procedimento foi aplicado às exportações, onde os setores sensíveis à desvalorização foram subdivididos em sensíveis propriamente e setores que são muito sensíveis também a preços internacionais de commodities. O setor de aeronaves foi tratado à parte. Os setores de exportação sensíveis são muito expressivos (quase 2/3 das exportações totais, incluindo os setores sensíveis a preços) o que trás boas perspectivas de crescimento das exportações (a despeito da retração da economia mundial) a partir da nova desvalorização em 2001. Os resultados mostram também que é muito acentuado o peso dos setores sensíveis às oscilações de preços internacionais de commodities (31% das exportações totais), um fator adverso no quadro atual em que os preços internacionais se encontram deprimidos. Por isso, ao lado da política de substituição competitiva de importação são tão relevantes as políticas de exportação visando agregar valor às commodities de exportação e desenvolver mecanismos (inovações tecnológicas, acordos comerciais para ampliação de mercados tradicionais e não tradicionais - fora do eixo EUA, União Européia, Mercosul -, promoção comercial e de marcas brasileiras) que tornem esses produtos mais resistentes às oscilações de preços. Participação nas Exportações Por Categorias - Em % Exp. 00 33 31 7 18 Exp. 98 26 40 3 21 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Sensíveis Sensíveis P Aeronaves Insensíveis 38

Setores (SITC) Exp Imp Exp Imp. Var. Ac. Var. Ac. Saldo Saldo Var. Ac. 2 dígitos 1998 1998 2000 2000 Exp. Imp. 1998 2000 Saldo US$ bi US$ bi US$ bi US$ bi % % US$ bi US$ bi US$ bi Sensíveis E e I 6,0 5,4 7,7 3,9 30 (28) 0,6 3,8 3,3 Sensíveis E; Insensíveis I 7,4 18,4 10,6 20,5 43 11 (11,0) (9,9) 1,1 A 1,5 1,1 3,6 1,2 144 11 0,4 2,4 2,0 Insensíveis E; Sensíveis I 9,9 17,6 9,2 12,8 (7) (27) (7,7) (3,6) 4,2 Demais 5,0 6,1 5,3 5,6 6 (9) (1,1) (0,2) 0,9 Aumento Saldo 29,7 48,6 36,5 44,0 23 (10) (18,9) (7,5) 11,4 Insensíveis E e I 0,7 4,2 0,7 4,6 (2) 9 (3,5) (3,9) (0,4) Sensíveis P 20,4 3,2 17,2 2,2 (16) (30) 17,2 15,0 (2,2) P&G 0,4 4,8 0,9 8,1 158 70 (4,4) (7,2) (2,8) Redução Saldo 21,4 12,2 18,8 15,0 (12) 23 9,2 3,8 (5,4) Total 51,1 60,8 55,3 58,9 8 (3) (9,7) (3,6) 6,0 Saldo Comercial em 1998 e 2000 Por Categorias - Valores em US$ bilhões -0,4 0,9 Saldo Var. Ac. -2,8-2,2 3,3 2,0 4,2 1,1 2000 Saldo -7,2-3,9-3,6-9,9 3,8 2,4 15,0-0,2 0,4 1998 Saldo -4,4-3,5-7,7-11,0 17,2-1,1 0,6-28 -24-20 -16-12 -8-4 0 4 8 12 16 20 24 28 Sensíveis E e I Sensíveis E; Insensíveis I Aeronaves Insensíveis E; Sensíveis I Demais Insensíveis E e I Sensíveis P Petróleo e Gás 39

Observações Finais O período pós desvalorização de 1999 - os anos de 1999 e 2000 - é um ilustrativo laboratório para a análise do comércio exterior brasileiro. Todas as virtudes, mas também as distorções e entraves do comércio exterior se mostraram de um modo claro. As análises mais agregadas não captam a multiplicidade de situações que se apresentaram. A desvalorização cambial impulsionou vigorosamente expressivos setores de exportação e promoveu uma espontânea substituição de importações, mas os preços internacionais encareceram sobremaneira importações de petróleo, e, de forma negativa, afetaram dramaticamente importantes setores de exportação de commodities agrícolas e industriais. Por fim, distorções estruturais na indústria brasileira e a ausência de políticas industriais de correção fizeram com que nem mesmo uma grande desvalorização cambial e o baixo crescimento econômico médio do período fossem capazes de conter importações de setores mais dinâmicos e de tecnologia mais avançada. Esses setores expandiram vigorosamente suas importações. A multiplicidade de situações - que em conjunto determinaram os resultados decepcionantes do comércio exterior brasileiro após a maxi - está resumida no gráfico a seguir. A existência de setores sensíveis de exportação e de importação deve assegurar que o estímulo da desvalorização de 2001 venha a beneficiar (a despeito do cenário provável de retração da economia mundial) as exportações e a substituição de importações, esta, no entanto, necessitando da realização de novos investimentos que podem ser promovidos por políticas adequadas. A sensibilidade acentuada de uma expressiva parcela das exportações brasileiras aos preços internacionais de commodities e a insensibilidade de setores de importação recomendam a execução de ações urgentes e ousadas para exportações (na linha que o governo recentemente vem promovendo) e importações, nesse caso, não abrindo mão de políticas setoriais. 40