02 a 04 de Outubro de Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Balneário Camboriú SC

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Transcrição:

02 a 04 de Outubro de 2011 Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Balneário Camboriú SC Uma Análise dos Circuitos Turísticos da Região Central de Minas Gerais a partir da Visão de seus Gestores Jean Max Tavares¹ Jordânia Regina Mariano Batista² Resumo: Para promover o desenvolvimento do turismo, o Estado de Minas Gerais optou pela política de formação e de reconhecimento de circuitos turísticos. Mas, desde então, muitas tem sido as dificuldades para a consolidação destes circuitos (TAVARES e VIEIRA JUNIOR, 2011). Como o gestor do circuito exerce uma função essencial nesse processo, este artigo buscou identificar o perfil desses gestores e fazer uma breve leitura da situação atual dos circuitos por meio da aplicação de questionários aos 11 gestores dos circuitos turísticos da região central de Minas Gerais. Destes, 7 (sete) responderam os questionários e verificou-se que, embora possuam bom nível de escolaridade (todos possuem curso superior de Turismo) e experiência anterior no setor (principalmente no setor público), 57% recebe até 3 (três) salários mínimos mensais apenas. Além disso, a maioria não recebeu nenhum treinamento específico para exercer a função e apontam como principais dificuldades em sua gestão a falta de apoio financeiro, político e de infra-estrutura. Por fim, verificou-se que a relação com as prefeituras locais é ruim para 14% dos gestores, o que é aparentemente contraditório, visto que a falta de apoio político é apontada como uma das principais dificuldades enfrentadas. Para a obtenção de resultados mais robustos, a pesquisa deverá ser estendida aos demais gestores de circuitos turísticos de Minas Gerais. Palavras-chaves: Circuitos, Minas Gerais, Gestores. 1 INTRODUÇÃO É notória a importância que a atividade turística exerce em muitas economias. A capacidade de geração de emprego e renda, de atração de novos investimentos e de aumentar a arrecadação pública são alguns dos desdobramentos do turismo em uma região. 1 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) 2 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG)

Para muitas economias de pequeno e médio porte, a atividade turística pode ser uma das saídas para a promoção do desenvolvimento local. Porém, para que isso ocorra, é necessária a elaboração de um produto turístico agregado de maior apelo ao turista, aumentando seu período de permanência e seus gastos na região. Essa questão é importante porque uma determinada atratividade local pode ser insuficiente para atração e, principalmente, retenção do turista. Por outro lado, várias atratividades localizadas em um conjunto de regiões contíguas, por exemplo poderiam ser capazes de fazê-lo. A dispersão de atratividades turísticas em vários municípios de uma mesma região exige uma coordenação adequada de representantes locais, estimulando a cooperação, o desenvolvimento de ações em conjunto e até mesmo a competição o que aumenta a qualidade de cada atratividade de forma individual. Em Minas Gerais, de acordo com Oliveira e Januário (2007, p.3), como a Constituição Federal não permite a intervenção do Estado diretamente nos municípios (...) optou-se por uma solução regionalizada, com destaque para os Circuitos Turísticos e a Estrada Real. Segundo Emmendoerfer (2008, p.2), o governo do Estado estimulou a criação e concedeu o reconhecimento oficial aos CT s para se estruturar a atividade turística municipal e regional, buscando atrair mais turistas a determinada região, bem como estimular sua permanência ali por um tempo maior e (...) movimentar o comércio e os serviços turísticos locais. A realização desta pesquisa se justifica porque, em princípio, o desenvolvimento dos circuitos turísticos de Minas Gerais tem sido precário sob vários aspectos. De acordo com pesquisa realizada por Gomes, Silva e Santos (2008, p.14) junto aos gestores de CT s de Minas Gerais, os autores verificaram que a falta de infra-estrutura básica, a falta de conhecimento sobre turismo por parte da população local e a escassez de mão de obra qualificada são fatores que dificultam a consolidação do CT, dentre outros. De acordo com Domingos e Ribeiro (2008, p.3), a criação dos circuitos em Minas Gerais não tem apresentado os resultados esperados, pois muitos deles se encontram em processo de formação e outros, por motivos diversos, não conseguem se consolidar como região turística. Diante desse cenário, o papel do gestor do circuito turístico em Minas Gerais, ser Bacharel em Turismo é uma das condições para que o gestor ocupe essa posição torna-se essencial, já que não apenas o enfrentamento dessas dificuldades como a própria consolidação do circuito depende de forma direta embora não exclusiva de seu desempenho. 2

Dessa forma, este artigo tem como objetivo analisar diversas variáveis relativas ao gestor e à gestão do circuito turístico. Mais especificamente, trata-se da identificação, de forma breve, do seu perfil profissional, das principais dificuldades enfrentadas à frente de sua gestão, da relação da entidade com o setor público, dentre outros aspectos. Para tanto, foram selecionados os gestores de 11 CT s localizados na região central de Minas Gerais, cujos nomes, a razão da escolha desses circuitos e a metodologia a ser empregada serão descritas em seção oportuna. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A estruturação dos CT s tem merecido crescente atenção por parte dos pesquisadores em turismo (SANTOS, 2004; BOLSON, 2006 GOMES, SILVA e NETO, 2006; DOMINGOS e RIBEIRO, 2008; EMMENDOERFER, 2008; TAVARES e VIEIRA JUNIOR, 2011). Em Minas Gerais, de acordo com o Decreto Lei 43.231, de junho de 2003, que institucionaliza os circuitos no Estado, um CT é um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sócias e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável (...). Para Santos (2004, p.29), o CT compreende um conjunto de municípios com relativa proximidade em determinada área geográfica, caracterizado pela predominância de certos elementos da cultura, da história e da natureza, com possibilidades de atrair e seduzir turistas. Para se obter o certificado de reconhecimento pelo Governo de Minas Gerais, os Circuitos Turísticos deverão contar com pelo menos um ano de existência formal e serem constituídos por no mínimo 05 (cinco) municípios de uma mesma região que tenham afinidades turísticas. No Estado, cada CT é formado por um município polo ou por base distribuidora de turistas para os demais municípios, devido à existência de uma oferta mais ampla de equipamentos turísticos e por unidades turísticas, que são os municípios remanescentes, que possuem, geralmente, fraco poder de retenção de turistas mas com um número de atrativos consideráveis e interessantes. Mas quais seriam as razões para se formar um CT devidamente reconhecido e certificado? Segundo Oliveira e Santos (2006, p.333), a organização de CT s se deve à necessidade de se obter vantagens competitivas, onde a disponibilidade dos produtos e serviços turísticos deve se complementar, podendo aumentar a possibilidade de atendimento às expectativas dos turistas. 3

Outra importante razão para a organização formal de circuitos turísticos em uma dada região é que o turista pode decidir seu destino de viagem não em função apenas de um lugar específico como também pela oportunidade de estar próximos de outros atrativos turísticos, conforme afirma Santos (2004, p. 26). ao se decidir sobre o destino de sua próxima viagem, o turista leva em consideração todo o conjunto que compõe uma localidade e não um produto turístico isoladamente, para que tenha sua satisfação, seu desejo realizado. Daí a importância de se formar a imagem do local como um destino, como uma marca que irá representar não apenas produtos e serviços, mas, principalmente, a experiência que pode ser vivida ali. Em muitos casos, um ou dois atrativos turísticos apenas são insuficientes para atrair turistas a uma determinada região ou município ou, se o fazem, não possuem capacidade de retê-los por mais tempo, o que pode atenuar os efeitos multiplicadores da atividade turística. Quanto a isso, Fortes e Mantovanelli Junior (2006) apud Dreher e Salini (2008, p. 4) afirmam que o visitante, por sua vez, depende da quantidade e qualidade da oferta turística pois, por mais que um único município ofereça excelentes atrativos, dificilmente conseguirá manter o interesse dos turistas por um tempo maior, se não houver uma integração com a região de entorno, que possibilite a diversificação da atratividade turística, bem como a qualificação da oferta. Portanto, a existência de um CT vem agrupar, de certa forma, um conjunto de atrativos dispersos que agora poderão ser visitados em um curto espaço de tempo, a partir de um município de referência (município pólo) do CT. 3 METODOLOGIA Esta pesquisa é do tipo descritiva por revelar o panorama atual da gestão desses circuitos sob a ótica dos seus respectivos gestores. A amostra da pesquisa é composta pelos gestores de 11 CT s localizados na região central de Minas Gerais, conforme quadro 1. A amostra foi selecionada em virtude de que estes CT s possuem as principais características e atrativos de Minas Gerais, tais como paisagens, grutas, aspectos culturais, religiosos e artísticos, esportes náuticos, vida rural, recursos minerais, englobando os vários tipos de turismo existentes (BENI, 2001). Além disso, estes 11 CT s representam 102 municípios (quadro 1) do Estado de Minas Gerais, sendo o mais representativo em termos populacionais dentre todos os demais CT s. Além disso, são municípios que, em sua maioria, dependem de 4

forma significativa das transferências de recursos governamentais para estimular sua economia e possuem população inferior a 40 mil habitantes (IBGE, 2000), salvo algumas exceções, como, por exemplo, Sete Lagoas, Lagoa Santa, Itabira, Ouro Preto, Betim, Curvelo, Barbacena, Ribeirão das Neves, dentre outros. Circuitos Turísticos Município pólo Quantidade de municípios Unidades Turísticas Belo Horizonte Belo Horizonte 1 Belo Horizonte Diamantes Diamantina 12 Grutas Cordisburgo 6 Guimarães Rosa Morro da Garça 8 Lago Três Marias Três Marias 9 Do ouro Santa Bárbara 17 Alvorada de Minas, Couto de Magalhães de Minas, Datas, Felício dos Santos, Gouveia, Monjolos, Presidente Kubtischek, Santo Antônio do Itambém, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves; Serro. Capim Branco, Jequitibá, Lagoa Santa, Matozinhos; Sete Lagoas. Araçai, Buritizeiro, Corinto, Curvelo, Inimutaba, Pirapora; Presidente Juscelino. Abaeté, Biquinhas, Felixlândia, Martino Campos, Morada Nova de Minas, Paineiras, Pompeu, São Gonçalo do Abaeté. Bom Jesus do Amparo, Caeté, Catas Altas, Congonhas, Itabira, Itabirito, Mariana, Nova Era, Nova Lima, Ouro Preto, Piranga, Raposos, Rio Acima, Sabará, São Gonçalo do Rio Abaixo; Santa Luzia. Parque Nacional da Serra do Cipó Belo Horizonte 6 Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Norte, Dom Joaquim, Jaboticatubas, Nova União, Santana do Riacho Verde Trilha dos Bandeirantes Trilha dos Inconfidentes Veredas do Brumadinho Villas e Fazendas de Minas Florestal 8 São João Del-Rei 20 Betim, Conceição do Pará, Esmeraldas, Juatuba, Pitangui, Ribeirão das Neves, São Gonçalo do Pará. Alfredo Vasconcelos, Antônio Carlos, Barbacena, Barroso, Carrancas, Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Dores do Campo, Entre Rios de Minas, Ibituruna, Lagoa Dourada, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Piedade do Rio Grande, Prados, Resende Costa, Santa Cruz de Minas, São Tiago, Tiradentes. Brumadinho 6 Betim, Belo Vale, Moeda, Rio Manso, Igarapé. Conselheiro Lafaiete Quadro 1 Circuitos Turísticos Coração das Gerais e suas unidades turísticas. Fonte: adaptado da Secretaria de Turismo do Estado de Minas Gerais, 2009. 9 Casa Grande, Catas Altas da Noruega, Cristiano Otoni, Itaverava, Queluzito, Rio Espera, Santana dos Montes, Senhora de Oliveira. A coleta de dados ocorreu durante os meses de fevereiro e março de 2011, por meio da aplicação de questionários diretamente aos gestores dos CT s acima mencionados. 5

4 RESULTADOS Este tópico visa apresentar os resultados dos questionários aplicados junto aos gestores dos 11 (onze) circuitos turísticos da região central de Minas Gerais. Porém, apenas 7 (sete) gestores responderam e enviaram o questionário. Com o intuito de conhecer o perfil dos gestores dos circuitos, foram coletados dados relativos a sexo, faixa etária, escolaridade e renda mensal. Conforme gráfico 1, 57% dos gestores que responderam os questionários tem entre 31 a 38 anos e 43% tem entre 22 a 30 anos de idade, sinalizando que a gestão desses circuitos está sob a direção de jovens profissionais. Gráfico 1: Faixa Etária Fonte: Elaboração dos autores. Em relação ao sexo, 57% dos gestores que responderam aos questionários pertencem ao sexo feminino e 43% pertencem ao sexo masculino. Quanto à escolaridade, o gráfico 2 mostra que 71% dos gestores têm mais de 15 anos de estudo e 29% dos gestores têm de 12 a 15 anos de estudo. Esses resultados mostram que, embora jovens, os profissionais já possuem ou estão fazendo alguma pós-graduação, o que contribui para o desenvolvimento de suas atividades. 6

Gráfico 2: Escolaridade Fonte: Fonte: Elaboração dos autores. Em relação aos anos de estudo mencionados anteriormente, 43% dos gestores entrevistados responderam que se dedicaram mais de 5 anos de estudo relacionados ao turismo, 43% dedicaram de 4 a 5 anos e 14% de 1 a 3 anos de estudo voltados para o turismo. Embora grande parte já possua ou esteja cursando pós-graduação, verifica-se, pelo gráfico 3, que 57% dos gestores que responderam às entrevistas recebem entre 1 e 3 salários mínimos, apenas, o que pode refletir que as condições de sustentabilidade financeira do circuito sejam precárias ou até mesmo que o próprio profissional da área de turismo esteja suficientemente valorizado. Por fim, 29% recebem mais de 3 mas menos de 4 salários mínimos e somente 14% recebem mais de 4 salários mínimos. Gráfico 3: Faixa Salarial Fonte: Elaboração dos autores. 7

Em relação ao tempo de trabalho no CT, 28% dos gestores que responderam às entrevistas trabalham há menos de 1 ano e 14% de 1 a 2 anos, ou seja, mais de 40% dos atuais gestores estão atuando há pouco tempo em seus CT s. Por outro lado, 58% trabalham há mais de 2 anos no CT. Todos os gestores que responderam ao questionário já haviam trabalhado no Circuito Turístico atual em outra função ou haviam tido experiência no setor de turismo, conforme gráfico 4, com destaque para o exercício de atividades do setor junto ao setor público. Gráfico 4: Experiência no setor de turismo Fonte: Elaboração dos autores. Com relação ao conhecimento necessário para gerir o CT, 57% dos gestores entrevistados se consideram muito bem preparados e 43% se consideram bem preparados (gráfico 5). Tal resultado já era de se esperar, já que todos possuem curso superior em Turismo e alguma experiência acumulada em atividades ligadas ao turismo. Gráfico 5: Em relação ao conhecimento necessário à gestão do CT. Fonte: Elaboração dos autores. 8

Em relação ao treinamento para o desempenho de sua atividade, 57% dos gestores entrevistados responderam que não receberam treinamento específico para tal e 43% responderam que esse treinamento foi ministrado (gráfico 6). Gráfico 6: Você recebeu treinamento para desempenhar seu trabalho? Fonte: Elaboraçãodos autores. Pelas respostas anteriores, onde grande parte se considera preparado para desempenhar suas funções, conclui-se que esse preparo advém de sua própria experiência e de conhecimentos acumulados anteriormente e não como fruto de treinamento específico. Em relação às 3 (três) principais dificuldades enfrentadas na gestão dos CT s, foram as mais apontadas pelos gestores, em ordem decrescente, a falta de apoio financeio, a falta de apoio político e a falta de infra-estrutura, de acordo com a tabela 1. Tabela 1: Principais dificuldades enfrentadas na gestão do CT Principais dificuldades enfrentadas na gestão do CT em que atua Falta de apoio financeiro 7 Falta de apoio político 5 Falta de infra-estrutura 3 Falta de apoio Técnico 1 Falta de Treinamento 1 Falta de apoio da Comunidade 1 Falta de material de informação 1 Fonte: Elaboração dos autores. 9

Quanto à relação entre o CT e as Prefeituras dos municípios a que pertencem, 43% dos gestores que responderam às entrevistas consideram que essa relação é ótima e 43% consideram a relação é boa, o que é, de certa forma, surpreendente, visto que a falta de apoio político é apontada como a segunda principal dificuldade enfrentada pelos gestores no circuito. Apenas 14% consideram a relação com as prefeituras regular (gráfico 7). Gráfico 7: Relação do CT em que atua com os municípios que o compõe. Fonte: Elaboração dos autores. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É notório o crescimento da importância do turismo para muitas regiões brasileiras, que normalmente se dá pela geração de emprego, renda, melhoria da auto-estima da população local e, em muitos casos, pela preservação dos seus atrativos turísticos e do meio ambiente. Em Minas Gerais, desde 2003, a política utilizada para o desenvolvimento do setor foi a de reconhecer e certificar os circuitos turísticos existentes, o que significa, em tese, apoio político, técnico, financeiro e de pessoal ao circuito. Mas vários circuitos enfrentam entraves para sua consolidação (TAVARES e VIEIRA JUNIOR, 2011). Na estrutura da associação responsável pelo circuito turístico, presidente e gestor desempenham as principais funções. Porém, como o gestor deve possuir o diploma de Bacharel em Turismo por força de Decreto-Lei de 2003, antes mencionado, sua condição técnica o credencia a atuar de forma ampla nas atividades do circuito. Diante da importância do gestor, este artigo em pesquisa realizada junto aos 11 gestores dos circuitos turísticos da região central de Minas Gerais. Destes, 7 (sete) responderam os questionários e observou-se que, embora possuam um perfil qualificado tanto acadêmico 10

quanto no mercado de trabalho a questão salarial não acompanha tal qualificação. Verificou-se também que embora o reconhecimento oficial do Estado tenha como uma de suas conseqüências um apoio técnico maior ao circuito, a maioria dos gestores entrevistados não receberam nenhum treinamento para o exercício da função. As principais dificuldades apontadas pelos gestores foram a falta de apoio financeiro, político e de infra-estrutura, o que confirma resultados de trabalhos relacionados ao tema (TAVARES et al, 2010). Mesmo assim, para apenas 14% dos gestores a relação do CT com a prefeitura local foi considerada ruim. Entende-se, portanto, que a consolidação dos circuitos turísticos implica em várias ações, tais como a criação das condições de sustentabilidade financeira, apoio político para as articulações necessárias junto às instituições governamentais, melhorias em termos de infraestrutura e, principalmente, mais valorização profissional do gestor do circuito turístico. Para trabalhos futuros, recomenda-se que não apenas mais variáveis sejam avaliadas como também a ampliação da pesquisa aos demais gestores de circuitos turísticos de Minas Gerais. REFERÊNCIAS BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 6. ed. São Paulo: SENAC/SP, 2001. BOLSON, J. H. G.. Circuitos Turísticos de Minas Gerais - Modelo de Regionalização - Ago/04. Disponível em: www.revistaturismo.cidadeinternet.com.br?artigos/minasgerais.html. Acesso em: 20 ago. de 2006. DREHER, M.T.; SALINI, T. S.. Regionalização e Políticas Públicas no Turismo: Proposta Bem (In)tencionada Distante da Práxis!. In: V Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL SeminTUR. Universidade de Caxias do Sul UCS, Caxias do Sul, 2008. DOMINGOS, M. C.; RIBEIRO, T. F.. Uma Análise do Modelo de Gestão Regional do Turismo do Estado de Minas Gerais: O Caso do Circuito Grutas e Mar de Minas. In: V Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL SeminTUR. Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2008. EMMENDOERFER, L.. A Política Pública de Regionalização do Turismo em Minas Gerais: os circuitos turísticos. Turismo em Análise, v.19, n.2, agosto 2008. FORTES, S.; MANTOVANELI JUNIOR, O. Desafios institucionais da regionalização do turismo no Vale Europeu Santa Catarina. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE TURISMO, 8, 2006, Curitiba. Anais... Curitiba: Unicenp, 2006. 11

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