Revista CONTEC Ano I - nº 1 - setembro/2008 Uma publicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito
Carta aberta TEMOS MUITAS VITÓRIAS PARA COMEMORAR, SEM NOS ESQUECERMOS QUE AINDA HÁ MUITA BATALHA PELA FRENTE... Ao completar 50 anos, a CONTEC vivencia um momento singular da sua história que é cercado de simbolismos e emoções e, também, invoca um momento de reflexão sobre como devemos enfrentar a difícil batalha em nome sindicalismo combativo e de resultados. Simbolismo e emoção brotam da constatação que nada chega a meio século de existência, impunemente. Para milhares de trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro, a CONTEC tem sido e continuará sendo a defensora de seus direitos e interesses de modo firme, independente e autônomo. Desde 1958, quando foi fundada, a entidade coleciona uma consagrada história de lutas por melhores condições de vida, de trabalho e melhores e mais justos salários. A sua historiografia registra inúmeras mobilizações nacionais pela redemocratização do Brasil e em defesa de bandeiras, que ampliaram a participação política, trabalhista e socioeconômica dos trabalhadores. Sempre independente de governos, de patrões e com autonomia quanto aos partidos políticos, embora isto tenha nos custado muito caro. Sofremos intervenções do Ministério do Trabalho em 1964 e 1972. Tempos difíceis, em que tivemos companheiros perseguidos, presos, torturados, e até mesmo assassinados, como no caso do presidente da CONTEC, Aluízio Palhano. Ainda que tenhamos chegado aos 50 com muitas realizações, temos que olhar para o futuro sabendo que ainda há muito que fazer. Temos de lutar para manter um sindicalismo forte e independente do governo. Por isto, defendemos a unicidade sindical; somos contra a contribuição negocial, da maneira como quer impor as centrais e o governo; e queremos garantia de permanência do sistema confederativo. Estar à frente da CONTEC neste momento é motivo de muita honra e orgulho pessoal, mas tenho certeza que toda a diretoria da entidade compartilha comigo a mesma satisfação de vivenciar esta data. Na verdade, este é um orgulho que transcende esta ou aquela administração, e deve estar sendo vivenciado por cada trabalhador bancário e securitário. Rendemos nossas homenagens às diretorias e presidentes que nos antecederam: Huberto de Azevedo Pinheiro (1º presidente); Aluízio Palhano (2º presidente); Ruy Brito de Oliveira Pedroza (3º presidente); Wilson Gomes de Moura (4º presidente). Este número comemorativo da Revista CONTEC 50 ANOS precisa ser visto não só como o coroamento do trabalho e do esforço dos inúmeros profissionais que contribuíram para que nossa entidade pudesse se tornar o que ela é hoje, mas como um desafio para que nossa confederação continue se aperfeiçoando e comemorando aniversários por muitas outras décadas. Sempre com muito sucesso. Parabéns, CONTEC! Lourenço Ferreira do Prado Presidente da CONTEC Expediente CONTEC - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito - 1958-2008 Entidade sindical de grau ruperior reconhecida pelo Dec. 46.543 de 1959 do presidente da República Avenida W4 Sul SEP EQ 707/907 - Conj. A/B - Brasília-DF. CEP 70.390-078 - Tel.: 55 (61) 3244-5833 - Fax: 55 (61) 3244-2743 www.contec.org.br / email: contec@contec.org.br Conselho diretor da contec Lourenço Ferreira do Prado - Presidente Gladir Antônio Basso - 1º Vice-Presidente Lúcio César Pires - 2º vice-presidente João Barbosa - 3º Vice-presidente José Jesus Trabulo de Sousa - 4º vice-presidente Gilberto AntOnio Vieira - Secretário-Geral Rumiko Tanaka - Diretora de Finanças Luiz Gustavo de Pádua Walfrido - Diretor de Assuntos Legislativos Isaú Joaquim Chacon - Diretor de Previdência Social Complementar Conselho Fiscal Sérgio Roberto Pio José Henrique da Costa Mendes Heiler Alves da Rocha Jornalista Responsável Renata Moura (DF02527JP) e-mail: rmoura@contec.org.br Colaboradores Fernando Brito, Desirreê Senger e Teixeira Cruz Designer Gráfico Eron de Castro Revisão???????????????????????????? Impressão????????????????????? Tiragem 00000000000000 2 Revista CONTEC
Editorial Completar cinqüenta anos é um momento muito especial. Tempo de rever a história e de analisar as perspectivas para o futuro. Nesta edição comemorativa da Revista da CONTEC, vamos relembrar a fundação da única entidade de grau superior, legítima e legalmente instituída para representar os trabalhadores do ramo financeiro. Acompanharemos, ao longo dos tempos, suas posições firme, independente e ética sempre em defesa dos interesses dos trabalhadores. Ainda conheceremos um pouco da importância da CONTEC no contexto histórico do nosso país. A presença dos bancários e securitários organizados em movimentos pelas Diretas Já, pelo FORA COLLOR, e ainda a greve histórica de 1985, que parou todo o país por três dias consecutivos. Nesta publicação, você conhecerá também um pouco da história de Aluízio Palhano, o ex-presidente da CONTEC que foi perseguido pela Ditadura Militar, preso, torturado e assassinado em 1971. Veremos como a entidade enfrentou duas intervenções do Ministério do Trabalho. E, como, agora já no século XXI, enfrenta a ditadura disfarçada de democracia, que desrespeita a estrutura sindical vigente assegurada pela Constituição da República. Também disponibilizamos para o leitor dicas de moda trabalhistas, cultura e ainda as novidades do mundo da internet. Entram também no índice desta publicação, matérias sobre saúde, e é claro, boa alimentação. Boa leitura! Sumário MEMÓRIA Contec: 50 anos de lutas e vitórias........................................ 4 Quem foi Aluízio Palhano............................................ 10 A histórica greve de 1985............................................ 12 ANIVERSÁRIO 50 ANOS Contec lança selo e carimbo comemorativos................................. 16 Declarações daqueles que acompanharam a trajetória de lutas da CONTEC................ 8 MESAS DE NEGOCIAÇÕES Saiba quem negocia em nome dos bancários e securitários brasileiros.................. 32 ENTREVISTA Senador Paulo Paim (PT-RS)........................................... 36 GERAL Constituição Brasileira completa 20 anos................................... 34 PRL ainda é muito injusta............................................ 38 Piores Formas de Trabalho Infantil....................................... 42 Mulheres menos satisfeitas com bancos.................................... 54 MODA Para ela Cuidado com a roupa que você veste no trabalho....................... 58 Para ele Tire suas dúvidas na hora de se vestir.............................. 60 SAÚDE Bancários são prejudicados por excesso de trabalho............................. 48 Assédio Moral prejudica a saúde........................................ 50 Melhore seus hábitos alimentares....................................... 62 CINEMA Dicas de filmes que têm o mundo do trabalho como tema......................... 66 ARTIGOS Juntos em defesa da Previdência Por Robson de Souza Bittencourt......................... 39 Fator Previdenciário, crime contra os trabalhadores Por Trajano Jardim.................... 40 Lei Maria da Penha: Justiça precisa ser feita Por Rumiko Tanaka......................... 44 Educação: Resposta certa contra o trabalho infantil Por Renato Mendes.................... 46 FST: Sindicalismo forte, responsável e de resultados Por José Augusto da Silva Filho.............. 52 Voip, telefone de graça Por Waldir Fonseca..................................... 56 Amadurecimento tributário Por Deputado Edinho Bez............................... 70 Revista CONTEC 3
7º Convenção Nacional dos Bancários, em Belo Horizonte (MG), em 1952 9º Congresso Nacional dos Bancários e Securitários, realizado de 25 a 30 de julho de 1966 Memória CONTEC 50 anos de lutas e vitórias Bancários em frente ao banco Banrisul, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1986 Movimento de rua em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1987 4 Revista CONTEC
Fotos: Arquivo Seeb de Caxias do Sul e Região Bancários participam do Desfile da Independência em 1937, na cidade de Caxias do Sul (RS) Comemoração do Dia do Bancário, durante a 7º Convenção Nacional dos Bancários, realizada em Belo Horizonte, em 1952 A CONTEC Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito representa todos os trabalhadores em bancos, seguradoras, e demais instituições financeiras do Brasil. Em 28 de julho de 2008, completou 50 anos de uma consagrada história de vitoriosas lutas em prol dos seus representados, na busca constante de melhores condições de vida, de trabalho e melhores e mais justos salários Embora reconhecida oficialmente somente em 4 de agosto de 1959, por meio do Decreto nº 46.543, do Presidente da República do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, àquela época, a CONTEC já sustentava um processo engajado de reivindicações do sindicalismo brasileiro, sendo a primeira experiência nacionalmente articulada de organização vertical representativa da classe trabalhadora. Na sua historiografia, a CONTEC registra inúmeras mobilizações nacionais pela redemocratização do Brasil e em defesa de bandeiras, que ampliam a participação política, trabalhista e socioeconômica dos trabalhadores nos eventos mais relevantes da sociedade brasileira, mesmo quando esteve sob intervenções do Ministério do Trabalho. A entidade sempre apoiou a conquista e ampliação dos direitos previdenciários. Seus primeiros dirigentes participaram da criação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários IAPB, que foi extinto em 1967, pelos governos militares, que preferiram fazer sua fusão com o Instituto Nacional de Previdência Social, hoje, INSS. Bancários em frente à agência do banco Bradesco, em Vacaria, durante a greve de 1986, que iniciou no dia 24 de abril Bancários em frente à agência Centro do Bradesco, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1987 Revista CONTEC 5
Foto: SEEB Campinas Arbitrariedade na intervenção A independência de governos, de patrões e autonomia quanto aos partidos políticos custou caro a CONTEC, que sofreu intervenção do governo em 1964 e 1972. Durante a primeira delas, o então presidente da CONTEC, Aluysio Palhano Pedreira Ferreira foi preso, torturado e exilado. Em 1971, foi assassinado quando retornava clandestinamente pela segunda vez ao Brasil para auxiliar na luta pela redemocratização do País. Diretas Já Treze anos após o assassinato do companheiro Palhano, a sociedade brasileira pós-golpe começou se rearticular e, com ajuda de várias entidades sindicais, entre elas a CONTEC, se engajou no grande movimento pelas Diretas-Já. Os bancários de todo o país foram às ruas lutar pelo direito ao voto, com a organização de comitês pró-diretas nos bancos e o vitorioso movimento por eleições diretas para o Corep e Direp do Banespa. Em 1985, os sindicalistas participam da formação do Plenário Pró- Participação Popular na Constituinte, fundamental para a elaboração de emendas de iniciativa popular, que resultaram em grandes colaborações para a elaboração da Constituição Cidadã de 1988. Atuação no Legislativo A atuação destemida e independente foi e ainda é marca registrada da CONTEC. Em seus 50 anos de vida, não descuidou de oferecer Posse da diretoria do Seeb de Caxias do Sul e Região em 1961. Sentado à direita, Rômulo Segalla, preso em 1964, pelos militares, quando então era presidente do Seeb Bancários em frente ao banco Banrisul, em Caxias do Sul (RS), durante a greve de 1986 6 Revista CONTEC
Fotos: Ernesto de Souza/Seeb Campinas Da esquerda para direita: Lourenço Prado (CONTEC), Eriberto Manuel Reino (FEEB SP/MT/MS), André Luiz Von Zuben (Seeb Campinas), Roberto Pinto Ribeiro (FEEB PR) sugestões e alternativas para o aperfeiçoamento das instituições financeiras brasileiras. Elaborou um projeto de lei destinado à limitação da especulação financeira em defesa do caráter social e seletivo do crédito. A proposta apresentada ao Congresso Nacional também defendia a nacionalização dos bancos estrangeiros, o monopólio e centralização do câmbio, bem como a transformação do Banco do Brasil em Banco Central, cuja gestão seria conduzida de forma tripartite com a participação de representantes dos empregadores, dos trabalhadores ao lado do próprio governo central. Já sob a atuação direção, a CON- TEC apresentou, novamente, em 1992, projeto de lei que defendia a reestruturação do Sistema Financeiro Nacional. No documento, a confederação sugeriu que a diretoria do Banco Central do Brasil fosse constituída por meio de mandatos, para que houvesse mais independência na gestão. Propôs penalidades mais rígidas no caso de fraudes e desvios de conduta na administração de instituições financeiras; e estabeleceu a extinção de todos os conselhos e comissões consultivas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional. Também buscou com aquele projeto de lei proteger os trabalhadores. Para tanto, no projeto de lei estabeleceu que todos os fundos compulsórios de poupança social e a poupança depositada em cadernetas teriam garantia contra a desvalorização inflacionária da moeda nacional. Presidente da SEEB Brasília, Augusto Carvalho discursa durante Encontro de 1985 Em 2000/2001, a FEEB-PR e seus Sindicatos filiados travaram uma luta intensa para conquistar a lei que estabelece o tempo máximo de espera nas filas nos bancos Revista CONTEC 7
Da esquerda para direita: Olívio Dutra (RS), Luis Gushiken (SP), Sérgio Hey (PR), André Luiz Von Zuben (Seeb Campinas), Gelson Marcon (RS), Jarbas Quintino dos Santos (RS), Roberto Pinto Ribeiro (FEEB PR) Negociações coletivas Na década de 1980, a CONTEC contribuiu com sugestões tempestivas à Constituinte, que gerou a atual Constituição da República, promulgada em 5 de outubro de 1988. Ainda na mesma década, recebeu do Poder Judiciário, por meio do Tribunal Superior do Trabalho, o reconhecimento de ser a única entidade sindical legítima para representar os empregados do Banco do Brasil S.A. e demais instituições financeiras. Situação que prossegue ainda hoje e que é de suma importância para o bancário brasileiro. Com as negociações salariais em nível nacional, a CONTEC conseguiu evitar o esfacelamento dos quadros de carreira, além de 8 Revista CONTEC
Fotos: Ernesto de Souza/SEEB Campinas Encontro de 85 conseguiu reunir sindicalistas de todo o Brasil Saiba mais... ampliar a relação entre trabalhadores e patrões. A união da categoria em âmbito nacional também foi importante para enfrentar do atual processo de globalização, fusão e organização dos bancos de todo o mundo. Fundada em 28 de julho de 1958, a CONTEC - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito - é uma entidade sindical de grau superior que coordena as entidades sindicais dos bancários e securitários brasileiros. Também defende os direitos e interesses desses junto aos empregadores e poderes judiciário, executivo e legislativo. A CONTEC representa os trabalhadores das instituições financeiras como bancos, bancos de investimentos, seguradoras, corretoras, distribuidoras, fundos de previdência fechada e aberta, entre outras. A entidade atua junto ao Congresso Nacional, acompanhando e apresentando projetos e emendas de interesse dos trabalhadores. Outro foco de atuação é o judiciário. A partir de 1983, passou a assinar acordos coletivos de trabalho, em nível nacional, com o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, BNDES, BNDESPAR, FINAME e BRB - Banco de Brasília. A CONTEC também coordena as negociações salariais dos empregados dos bancos privados junto à Federação Nacional dos Bancos e à Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização. As pautas de reivindicações dos trabalhadores são discutidas e aprovadas nas assembléias gerais dos sindicatos que as submetem ao Encontro Nacional dos Bancários e Securitários para Planificação da Campanha Salarial. Por seu histórico de lutas e por ser autônoma e independente de governos e partidos políticos, a entidade sofreu duas intervenções, em 1964 e 1972. O presidente à época da primeira intervenção, Aluysio Palhano, foi assassinado pela repressão dos governos militares. Palhano foi o 2º presidente da CONTEC, e substituiu o fundador Huberto de Azevedo Pinheiro. Os demais presidentes foram Ruy Brito de Oliveira Pedroza, Wilson Gomes de Moura e Lourenço Ferreira do Prado. Este último preside a entidade até 2008. Revista CONTEC 9
Memória Quem foi Aluízio Palhano? Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR), Aluízio Palhano nasceu em 5 de setembro de 1922, em Pirajuí/SP, filho de João Alves Pedreira Ferreira e Henise Palhano Pedreira Ferreira. Aos 49 anos foi dado como desaparecido por familiares. Trechos de um texto escrito por Branca Heloysa, sua cunhada Em 1929, Aluízio e seu irmão Honésio, com 7 e 8 anos respectivamente, foram internados no Colégio Mackenzie, em São Paulo. Três meses depois, Aluízio apareceu sozinho em Pirajuí, a 350 km de São Paulo. Não havia se conformado com o regime do internato. Em 1932, com a morte de seu pai, a família mudouse para Niterói. Mais uma vez foi internado, desta vez no Colégio Salesiano, em Santa Rosa/Niterói. Uma vez mais Aluízio se rebelou contra o internato. Terminou o curso secundário no Colégio Plínio Leite e trabalhou como bilheteiro no Cine Royal, em Niterói. Aos 21 anos ingressou no Banco do Brasil onde trabalhou até ser cassado pelo Ato Institucional n.1 (AI-1) em 1964. Formou-se advogado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense. Por duas vezes foi presidente do Sindicato dos Bancários. Em 1947, casou-se com Leda Pimenta e tiveram dois filhos, Márcia e Honésio. Em 1963 foi eleito presidente da CONTEC (Confederação dos Trabalhadores dos Estabelecimentos de Crédito) e vice-presidente da antiga CGT. Com o golpe de 1964, Aluízio teve seus direitos políticos cassados e passou a ser literalmente caçado pelos órgãos de repressão. Em fins de maio de 1964 asilou-se na Embaixada do México, indo posteriormente para Cuba. Em 1969, representou o Brasil na OLAS (Organização Latino- Americana de Solidariedade), em Havana, Cuba. Em 1970, regressou clandestino ao Brasil. Manteve contato com familiares por ocasião do casamento de sua filha. Em 24 de abril desse mesmo ano ainda fez contato com a família. Depois desse dia, o silêncio. Em 1976 correram os primeiros boatos de sua morte, confirmados em 1978 através de carta de Altino Dantas Jr., seu companheiro de prisão, encaminhada ao Ministro do Superior Tribunal Militar, General Rodrigo Otavio Jordão Ramos, denunciando o assassinato de Aluízio Palhano nas dependências do DOI- CODI da Rua Tutóia, em São Paulo, na madrugada de 21 de maio de 1971. Segundo esse relato, Aluízio esteve prisioneiro durante 11 dias, sofrendo as piores torturas. A Anistia Internacional confirmou esse depoimento. O preso político Nelson Rodrigues Filho também denunciou que esteve no DOI-CODI/ RJ com Aluízio Palhano. Apesar de todos estes testemunhos, os órgãos de segurança não reconheceram, até hoje, a prisão e a morte de Aluízio. Segundo os relatos, Aluízio foi preso no dia 9 de maio de 1971 e assassinado pelo torturador Dirceu Gravina no dia 21 de maio de 1971. Inês Etienne Romeu, em seu Relatório, afirmou que Aluízio foi levado 10 Revista CONTEC
Dados pessoais Nome de batismo: Aluysio Palhano Pedreira Ferreira Naturalidade: Pirajuí-SP Data de Nascimento: 5 de setembro de 1922 Profissão: Advogado, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Dados da Militância Organização: Vanguarda Popular Revolucionária VPR Codinome: João Alves Pedreira Ferreira Prisão: 9/5/1971 Cidade: São Paulo-SP Brasil Situação: Desaparecido em 21/5/1971 em São Paulo-SP Suposta autoria: DOI-CODI/SP Observações: Segundo carta de Altino Dantas Jr., companheiro de prisão, foi assassinado para a Casa da Morte, em Petrópolis, em 13 de maio de 1971. Informou que quem o viu pessoalmente naquele aparelho clandestino da repressão foi Mariano Joaquim da Silva, também desaparecido desde aquela época, que presenciou sua chegada, narrando o seu estado físico deplorável. Inês ouviu a voz de Aluízio várias vezes, quando interrogado na Casa da Morte. Os relatórios dos Ministérios da Marinha, Exército e Aeronaútica não fazem referências à sua morte. O nome de Aluízio Palhano foi encontrado, em 1991, no arquivo do DOPS/PR numa gaveta com a identificação falecidos. Em 21 de maio de 1986, em homenagem a Aluízio Palhano, foi inaugurada rua com seu nome no bairro Campo Grande, no Rio de Janeiro, pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro. Em 1994, Aluízio Palhano recebeu a Medalha Pedro Ernesto, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, proposta pelo vereador Adilson Pires. E, em 2000, recebeu a Medalha Chico Mendes de Resistência outorgada pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, por indicação do Sindicato dos Bancários. Texto retirado do site desaparecidospoliticos.org.br, cuja organização é do Centro de Documentação Eremias Delizoicov e da Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos. Dados da repressão Envolvido no assassinato: Departamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna/RJ DOI-CODI/RJ Departamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna/SP -CODI/SP Agente da repressão: Dirceu Gravina JC Revista CONTEC 11
Manifestação em defesa dos funcionários do Sulbrasileiro, no início daquele ano, já demonstrava tensão e a insatisfação dos bancários em relação aos rumos da economia brasileira Memória Greve de 1985 Em 1985, o Brasil sentia aos poucos a nova república. Os patrões se recusavam a negociar, mas a sede por justiça, liberdade e democracia, fez com que a opinião pública ficasse ao lado dos trabalhadores, que saiam em massa às ruas em busca de melhorias nas condições de trabalho Em 28 de agosto, Dia Nacional de Luta, o Brasil inteiro viu os bancos fecharem suas portas e os bancários nas ruas, em protesto. Em São Paulo, 30 mil bancários saíram em passeata, na maior manifestação realizada pela categoria. Outras cidades como Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte também fizeram fortes manifestações. No dia 10 de setembro, os bancários decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. Era a quinta greve nacional da categoria e a primeira depois de 1963. Três dias depois do início da paralisação, o TST instaurou um dissídio e a maioria das capitais voltou ao trabalho. Greve Geral dos Trabalhadores 1989 12 Revista CONTEC
Bancários estavam preocupados com a defasagem dos salários e com os anúncios de privatizações Um ano depois Embora a proposta aprovada não tenha contemplado os anseios dos bancários, a greve de 1985 foi um marco para o movimento sindical. Ela materializou várias teses defendidas desde 1979, sobretudo a importância da identidade nacional. Um ano depois, em meio ao Plano Cruzado, os banqueiros recusavam atender as reivindicações dos empregados. No dia 11 de setembro de 1986, 500 mil bancários cruzam os braços em todo o país. Um dia depois o TRT do Rio julgou a greve ilegal. No dia 13 a greve acaba sem acordo, após uma violenta repressão da Polícia Federal. Em 1987, a inflação acelera e os bancários vêem seu poder aquisitivo no chão. O resultado foi a primeira grande greve nacional fora da Campanha Salarial. Conhecida como bola de neve, devido ao crescimento diário de adesões, a greve atinge 80% da categoria. Sem perspectiva de acordo, A greve em setembro de 1985 não parou só a Grande S.Paulo. Cascavel, no oeste do Paraná, também viveu esta paralisação o movimento dura nove dias, mas mostra o estágio de organização da categoria. Em 1988, os bancários também precisam entrar em greve para ampliar as conquistas. Depois de uma década de luta pelas eleições diretas para presidência da República, em que os bancários foram linha de frente nas manifestações, o primeiro presidente eleito decepciona os trabalhadores. Em 1990, os 300 mil bancários respondem ao arrocho do Plano Collor com uma greve nacional de sete dias, pela reposição das perdas e estabilidade no emprego. Fotos: FEEB-PR Revista CONTEC 13
Conselho diretor da contec Lourenço Ferreira do Prado - Presidente Gladir Antônio Basso - 1º Vice-Presidente Lúcio César Pires - 2º vice-presidente João Barbosa - 3º Vice-presidente José Jesus Trabulo de Sousa - 4º vice-presidente Gilberto Antonio Vieira - Secretário-Geral Rumiko Tanaka - Diretora de Finanças Luiz Gustavo de Pádua Walfrido - Diretor de Assuntos Legislativos Isaú Joaquim Chacon - Diretor de Previdência Social Complementar Conselho Fiscal da CONTEC Sérgio Roberto Pio José Henrique da Costa Mendes Heiler Alves da Rocha 14 Revista CONTEC
Federações José Jesus Trabulo de Sousa Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Norte e Nordeste Gladir Antonio Basso Presidente da Federação dos Bancários no Estado do Paraná Serafim Gianocaro Presidente da Federação Nacional dos Securitários Alfredo Brandão Horsth Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e DF João Barbosa Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Santa Catarina Fernando Vilar Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários da Paraíba João José Bandeira Presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte Luiz Carlos dos Santos Barbosa Diretor Jurídico da Federação dos Bancários do RS e delegado da CONTEC/RS Funcionários da CONTEC Uptatem quisisci bla am dolor irillam consequ issent alisi tio coreriure corerci blamconsed del utet, quate faciliquat. Ut aci te voloborem dolortis niamet utpat nullamet, veliscin hent ad modit, vel exerat er acil il ulla Revista CONTEC 15
Diretoria da CONTEC, presidentes de federações e de sindicatos prestigiaram a cerimônia ANIVERSÁRIO CONTEC comemora 50 anos Cerimônia abriu as comemorações do aniversário da entidade, que completou em 2008, meio século de vida. Diretor regional dos Correios esteve presente e elogiou o trabalho da CONTEC e, sua história de lutas Prado lembrou os tempos difíceis de intervenção No dia 28 de julho, a CONTEC comemorou 50 anos de existência com o lançamento oficial do selo e carimbo comemorativos dos Correios. Com a presença de várias autoridades, entre elas presidentes de federações e sindicatos, representantes de confederações nacionais, de instituições financeiras, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a solenidade reuniu pouco mais de 100 pessoas para o ato de obliteração do mais novo registro postal brasileiro. Na oportunidade, o presidente da CONTEC, Lourenço Prado, lembrou um pouco da história da confederação e de sua importância para a democracia brasileira. Ganhamos nosso espaço no sindicalismo brasileiro. Conquistamos grandes vitórias. Também tivemos tempos difíceis como à época das intervenções do Ministério do Trabalho em 1964 e 1972. Em 1971, ainda dentro deste regime opressor, tivemos um dos presidentes da CONTEC, Aluysio Palhano, perseguido e assassinado. Mas com a força de Deus, enfrentamos tudo isto sempre com um posicionamento forte, autônomo e independente. E é assim que pretendemos enfrentar os próximos 50 anos, avisou. As peças filatélicas ficarão expostas até o final do ano, no Museu da ECT e farão parte do acervo nacional da empresa. Para o diretor regional dos Correios em Brasília, José Luis Martins Chinchilla, a CONTEC é uma confederação de grande importância na história do país, o que vai enriquecer ainda mais o acervo dos Correios. Também estiveram presentes representantes da ANABB e FENABAN. 16 Revista CONTEC
Carimbo da CONTEC vai para museu dos Correios Diretor dos Correios elogiou o novo registro postal pela importância histórica Presidentes das federações e de alguns sindicatos estiveram presentes Um pouco da história dos selos Os selos postais representam fonte inesgotável de e cultura. De simples comprovantes de franqueamento dos Correios, transformaram-se em expressivos retratos do país, importante meio de comunicação e pequenas obras de arte, incentivando uma forma saudável de colecionamento e intercâmbio entre os povos. Nossos selos levam os encantos do Brasil aos mais remotos pontos do planeta. Reproduzem, nos traços e nas cores dos artistas que os idealizam, toda a riqueza, beleza e exuberância de nosso meio ambiente; perpetuam o rosto, os ideais e os valores dos personagens que escreveram nossa História; divulgam as metas e as conquistas de cada governo; ressaltam a criatividade que resulta de um país formado de diferentes etnias, mas único na expressividade das artes; promovem o folclore, os sons, os ritmos, as danças, os adereços, a literatura, os temperos e os sabores. Formam uma bela coleção, que mostra ao mundo, com muito estilo, a perseverança e a simpatia do brasileiro. Mais do que produto e peça de coleção, os selos desempenham o papel de disseminadores do conhecimento. Invadem as salas de aula para interagir com professores e alunos na construção de um Brasil cada vez mais brasileiro e cidadão. Vale ainda ressaltar que, entre as diversas modalidades de colecionismo, a filatelia é, talvez, a mais difundida em todo o mundo. O selo postal e o prazer de colecioná-lo envolvem a atenção de gente de todas as idades e culturas. Mas o futuro da tradição está hoje parcialmente ameaçado pela tecnologia de comunicação disponível neste terceiro milênio. Se o telégrafo e o telefone não chegaram a restringir a difusão do costume de escrever cartas e enviá-las pelos correios mundo afora, o mesmo não se pode dizer da obstinação das telecomunicações e, principalmente, da internet em tornar o hábito de escrever manualmente uma carta, ou cartão-postal, e despachá-la selada, um ato cada vez mais raro. A filatelia certamente sobreviverá aos novos tempos, mesmo progressivamente mais rápidos. Além disso, o valor dos selos para a história da humanidade é intransferível. Por meio desses estimáveis e coloridos papeizinhos, se expande uma vasta cultura e uma fina educação, que, continuada e transmitida, faz permanecer entre os colecionadores o gosto pelo estudo tranqüilo, pela investigação exata e pela classificação sistemática, entusiasmando a saber mais e mais sobre os motivos impressos e, principalmente, entre os novos colecionadores entra em jogo, o fator primordial: a investigação. Nos selos, há motivos de estudo e cultura para todos os gostos: arte, história, geografia, política, história natural, religião, ciência aplicada, biografia dos grandes vultos da humanidade, etc, e com todos esses incentivos, o colecionador se educa e se torna culto, lendo, estudando, investigando os motivos que coleciona e, assim fazendo, adquire pelos selos sólida cultura geral e se educa artisticamente a si mesmo, compulsando tratados e enciclopédias, e bebendo nessas fontes vastas somas de conhecimentos gerais e especializados, em todos os ramos das atividades humanas. Portanto, o selo que é um elo pacífico de união e de compreensão entre os povos, leva em seus motivos mensagens de amor e de paz entre os homens e, também, elementos de educação e cultura, que de povo a povo transmite, na mudez de seus desenhos, na sugestão de seus fundamentos e na razão de suas finalidades. *Texto extraído dos livros: Selos Postais no Mundo - Filatelia: Sua História, Hobby, Cultura e Investimento, de Sergio Marques da Silva; Selos Postais do Brasil - Cícero Antônio de Almeida, Pedro Karp Vasquez e Ronaldo Graça Couto; Compêndio da Filatelia - compilado e editado por Adalberto Marcus D Antonio Olivé Leite Revista CONTEC 17