Avaliação de frações granulométrica de uma escória de siderúrgica sobre atributos químicos de um Latossolo Amarelo Distrófico

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Transcrição:

Avaliação de frações granulométrica de uma escória de siderúrgica sobre atributos químicos de um Latossolo Amarelo Distrófico E. V. S. NASCIMENTO (1), E. C. BRASIL (2) e G. R. SILVA (3) RESUMO - Com objetivo de avaliar a utilização de escoria de siderúrgica em diferentes granulometrias e doses em comparação ao calcário nos atributos do solo. Instalou-se experimento no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, localizado no município de Terra Alta Pará, em solo classificado como Latossolo Amarelo Distrófico, textura média, Utilizouse um delineamento experimental em blocos casualizados, com três repetições, em esquema fatorial 4x4+2, sendo quatro frações granulométricas da escória (material retido entre as peneira ABNT<20->50, <50- >100, <50->100 e <200), três diferentes saturações por bases (V%) (40, 70 e 100) e um tratamento adicional com calcário e outro sem calcário e escoria( testemunha), em três blocos totalizando 42 parcelas com dimensões de 28 m 2 (5,6 X 5,0). Para definir as doses de escoria e de calcário, foi adotado o método da saturação por bases. foi utilizada a granulometria ABNT < 50 para o calcário, pelo fato de ser essa fração utilizada para o calcário com RE = 100 %, conforme a legislação brasileira. A escoria de siderúrgica promoveu aumento nos valores de ph, nos teores de Ca+Mg, P e K e ocasionou uma redução nos teores de Al. Quando comparada ao calcário a utilização de escoria de siderúrgica obteve resultados satisfatório na redução da acidez e disponibilidade de nutrientes. Palavras-Chave:(corretivos; acidez; granulometria) Introdução A maioria dos solos agricultáveis nas regiões tropicais apresentam-se em condições de elevado grau de acidez, o que caracteriza o principal fator de degradação química do solo. De modo geral, esses solos apresentam ph baixo, concentração de alumínio em níveis tóxicos (> 1,0 cmolc kg-1), alta capacidade de adsorção de ânions, especialmente fosfatos (Goedert et al., 1997; Ernani et al., 1998; Bohnen, 2000) [9,6,2], resultando em menor absorção dos nutrientes e água, devido ao menor volume de solo explorado. Em solos ácidos com ph baixo (<5,0), há menor disponibilidade de cálcio, magnésio e fósforo. Tais restrições prejudicam o desenvolvimento normal das plantas, afetando sua capacidade produtiva. O Pará possui aproximadamente 57,7 milhões de hectares de solos com aptidão edáfica para uso com lavouras, porém necessitando de alto nível de utilização de fertilizantes e corretivos, exigindo a aplicação de elevadas quantidades de fertilizantes organo-minerais e moderada necessidade de calagem, para a correção e manutenção do estado nutricional desses solos (Gama et., 2007)[8]. Os calcários são os produtos comerciais mais utilizados para a correção da acidez dos solos brasileiros, em virtude da sua eficiência corretiva e do baixo custo de produção. No entanto, esses corretivos podem tornar-se inacessíveis aos produtores, em situações de grandes distâncias entre a fonte produtora e a consumidora, o que aumenta consideravelmente o valor final dos produtos, em decorrência do elevado custo para o transporte dos mesmos até o local de consumo. No estado do Pará isso vem acontecendo, devido à demanda de calcário ser muito alta e a oferta de ser relativamente baixa não atendendo essa demanda, fazendo com que os produtores tenham que adquirir calcários de outras jazidas de fora do estado tornando o preço do produto elevado.em decorrência disso e importante estudos de outras fonts alternativas de corretivos de acidez do solo, entre essas alternativas temos a escória de siderúrgica. Segundo Nolla (2004) [10], o uso de escórias como corretivo de solo e fonte de Si, além de diminuir o passivo ambiental da indústria siderúrgica também contribui para reduzir o consumo de calcário, pois este é um mineral retirado da natureza e, portanto não renovável. Pesquisas realizadas com a escória mostram que sua ação neutralizante na acidez do solo assemelha-se à do calcário. Entretanto, em alguns experimentos, tem sido constatado que a escória apresenta reação mais lenta no solo quando comparada ao calcário (Fortes, 1993; Prado & Fernandes, 2000) [7, 15]. Supõe-se que esta diferença ocorra como decorrência da determinação do poder de neutralização (PN) da escória e também, pode está atribuída à sua granulometria mais grosseira, que diminui a sua reatividade (RE). Pois se segue a mesma metodologia oficial adotada para o calcário (Brasil, 1983) [3]. (1) Primeiro Autor é Doutorando do Curso de Ciências agrárias da Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA, Av. Presidente Tancredo Neves, 2501, 66.077-530, Belém, PA; E mail: agrovinicius@yahoo.com.br (2) Segundo Autor é Pesquisador, Embrapa Amazônia Oriental, Tv. Enéas Pinheiro s/n, 66095-100, Belém, PA. E-mail: brasil@cpatu.embrapa.br (3) Terceiro Autor é Professor do Departamento de Solos da Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA, Av. Presidente Tancredo Neves, 2501, 66.077-530, Belém, PA;

Embora alguns trabalhos sobre eficiência agronômica da escória tenham mostrado bons resultados sobre a correção da acidez do solo em pesquisas em nível de casa de vegetação (Prado; Fernandes, 2000; Prado et al,. 2002; Carvalho-Pupatto et al., 2004) [15, 12, 5], ainda são poucas as pesquisas deste produto no Brasil, em especialmente na nossa região, neste contexto faz-se necessárias também as pesquisas a nível de campo. Objetivo deste trabalho e avaliar a utilização de escoria de siderúrgica em diferentes granulometrias e doses em comparação ao calcário nos atributos do solo. Material e Métodos O trabalho foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, localizado no município de Terra Alta Pará, em solo classificado como Latossolo Amarelo Distrófico, textura média, com as seguintes características químicas na camada 0 20 cm: ph(h 2 O) de 4,9; P e K (Mehlich 1) iguais a 2 e 24 mg dm -3, respectivamente; Ca, Mg e Al iguais a 0,6; 0,3; e 0,8 cmol c dm -3, respectivamente. Utilizou-se um delineamento experimental em blocos casualizados, com três repetições, em esquema fatorial 4x4+2, sendo quatro frações granulométricas da escória (material retido entre as peneira ABNT<20->50, <50->100, <50- >100 e <200), três diferentes saturações por bases (V%) (40, 70 e 100) e um tratamento adicional com calcário e outro sem calcário e escoria( testemunha), em três blocos totalizando 42 parcelas com dimensões de 28 m 2 (5,6 X 5,0). Para definir as doses de escoria e de calcário, foi adotado o método da saturação por bases (Raij et al., 2001) [16]. foi utilizada a granulometria ABNT < 50 para o calcário, pelo fato de ser essa fração utilizada para o calcário com RE = 100 %, conforme a legislação brasileira (Brasil, 1983) [3]. Os corretivos foram aplicados manualmente a lanço em cada parcela, colocando-se metade das quantidades estimadas, antes da aração e a outra metade, antes da gradagem. Após a aplicação dos corretivos, o solo ficará em incubação por período suficiente para reação dos mesmos. foi realizada também uma adubação no experimento equivalente a 140 kg/ha de P 2 O 5, na forma de superfosfato triplo, 120 kg/há de N, na forma de 50kg/ha e sulfato de amônio 70kg/há, 120 kg de K 2 O, na forma de cloreto de potássio e 40 kg/há de FTE BR 12. Para avaliação dos atributos químicos em relação ao tempo de reação, doses e graulometria dos corretivos no solo, efetuou-se coletas de amostras na profundidade de 0 20 cm, aos 14, 28 42, 56 e 70 dias. Realizaram-se as seguintes determinações nas amostras: ph em água, teores de Al trocável, Ca+Mg, P e K do solo. Resultados Observou-se que a aplicação de escória de siderúrgica proporcionou um aumento de Ca+ Mg do solo em todas as doses, sendo que os maiores teores foram obtidos nas graulometrias mais fnas <100 >200 e <200 não havendo diferença significativa entre as duas frações granulométricas ( tabela 1). Houve também aumento significativo nas concentrações de Ca+ Mg após 70 dias da aplicação do corretivo( Figura 1). A aplicação de diferentes doses de escória de siderúrgica no solo aumentou linearmente o ph, P e K e ocasionou também de forma linear uma redução do Al no solo. Observou-se também efeito significativo nas diferentes frações granulométricas nos valores de ph, Al e P do solo em que nas granulométrias mais finas <100 >200 e <200 obteve aumento nos valores de ph e P e redução do Al, no entanto ñ houve diferença significativa entre as duas frações granulométricas (Tabela 2). Tabela 1: Concentração de Ca+Mg no solo em diferentes doses e granulometrias de escória de siderúrgica (1). Frações Granulométrica Saturação por bases (%) 40 70 100 <20 >50 0,98 b 1,51 b 1,56 b <50 >100 1,06 b 1,61 b 1,98 a <100 >200 1,34 a 1,96 a 2,1 a <200 1,5 a 2,02 a 2,11 a (1) Comparação de médias pelo teste de Scott Knott (P<0,05), letras minúsculas comparam frações granulométricas dentro de cada saturação por bases. Figura 1: Efeito da aplicação do corretivo nas concentrações de Ca+Mg em 70 dias após de sua aplicação. Tabela 2: Efeito de diferentes frações granulométricas de escória de siderúrgica no ph, Al e P. Fração ph Al P Granulométrica (H 2 0) cmol c /dm 3 mg/dm -3 <20 >50 5,1 c 0,67 c 10,8 b <50 >100 5,2 b 0,54 b 11,6 b <100 >200 5,3 a 0,47 a 12,4 a <200 5,3 a 0,43 a 13,4 a (1) Comparação de médias pelo teste de Scott Knott (P<0,05), letras minúsculas comparam frações granulométricas dentro de cada valores de ph, teores de Al e P.

A aplicação de doses crescentes de escória de siderúrgica no solo aumentou linearmente o ph,os teores de P, K e também reduziu de forma linear as concentrações de de Al (Figura 2). Comparou-se também a escória de siderúrgica a 70% de saturação por bases na fração granulométrica <50 >100, com um tratamento adicional de calcário na saturação por bases a 70% na fração granulométrica <50 que representa segundo a legislação 100% de reatividade e uma testemunha sem aplicação de corretivo, observou-se diferença significativa entre os tratamentos para, ph, Ca+Mg, Al, P e K, em que o tratamento com calcário obteve maiores valores de ph e nas concentrações de Ca+Mg e menores valores de Al. Nos teores de P e K o tratamento com escória de siderúrgica apresentou melhores resultados (Tabela 3). Tabela 3: Comparação entre corretivos nos valores de ph, teores de Ca+Mg, Al, P e K. Tratamentos ph Ca+Mg Al P K (H 2 0) cmol c /dm -3 mg/dm -3 Testemunha 4,98 c 0,89 c 0,88 c 8,3 c 29,4 c Escória 70% 5,23 b 1,51 b 0,53 b 14,6 a 36,7 a Calcário 70% 5,33 a 5,33 a 0,24 a 12,4 b 30,1 b Discussão A aplicação de doses crescentes de escória de siderúrgica ocasionou um aumento das concentrações de Ca+Mg, P, K e nos valores de ph e conseqüentemente diminuição da acidez do solo. Isto ocorreu devido à presença do constituinte neutralizante (SiO3 2- ) e de Ca e Mg na constituição deste material (Alcarde,1992) [1]. Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores na neutralização da acidez do solo, utilizando a escória de siderurgia de alto-forno (Prado & Fernandes, 2000) [15] e de aciaria (Prado & Fernandes, 2001) [14]. Observou-se diferença significativa entre as frações granulométricas nos teores de Ca+Mg nas diferentes saturações por bases em que as frações mais finas apresentaram melhores resultados. Isto está relacionado com o aumento da superfície específica das partículas, favorecendo as reações de solubilização da escória e neutralização da acidez do solo. Desse modo, quanto mais finas as partículas, mais rápida sua ação na correção da acidez do solo como também observado por Piau (1991) [11] e Prado et al.,(2004) [13]. Analisando apenas o efeito da granulometria nas concentrações de P e Al e nos valores de ph observouse também o mesmo efeito ocorrido com os valores de Ca+Mg, com os melhores resultados nas frações mais finas. As diferentes doses de escória ocasionou aumento de ph, P e K, e a diminuição do Al. Isto ocorreu devido a escória conter em sua composição agentes neutralizantes de acidez do solo. À medida que as doses de escória foram aumentadas, houve redução dos teores de Al, causada pela elevação do ph. Observou-se na comparação da escória de siderúrgica com o calcário dolomítico, que a escoria obteve melhores resultados nas concentrações de P e K e obteve valores muito próximos no ph, Ca+Mg e na redução do Al. O valores de P com a aplicação de escória foi maior pela possibilidade de haver competição do Si e P pelo mesmo sítio de adsorção, reduzindo a fixação e aumentando a disponibilidade de P no solo (Carvalho,2000) [4]. O efeito da escória na correção da acidez do solo foi inferior ao do calcário, provavelmente em razão de dois fatores relacionados com o valor do poder relativo de neutralização total (PRNT) de cada corretivo e da sua forma de determinação (Prado et al.,2002) [12]. Fortes (1993) [ 7] e Prado & Fernandes (2000) [15] observaram que a escória proporcionou reação mais lenta que a esperada, em comparação com o calcário, o que atribuíram ao método de determinação do PRNT. Conclusões A escoria de siderúrgica promoveu aumento nos valores de ph, nas concentrações de Ca+Mg, P e K e ocasionou uma redução do Al. Quando comparada ao calcário a utilização de escoria de siderúrgica obteve resultados satisfatório na redução da acidez e disponibilidade de nutrientes. Agradecimentos Pelo apoio financeiro do projeto Alternativas tecnológicas para a viabilização e aproveitamento econômico de resíduos gerados durante o processo de produção de ferro gusa voltado para utilização agroflorestal financiado pelo convênio Fapespa /Cosipar /Embrapa Amazônia Oriental. Referências [1] ALCARDE, J.C. Corretivo de acidez do solo: características e interpretações. São Paulo: Associação Nacional para Difusão de Adubos e Corretivos Agrícolas, 1992. 26p. (Boletim Técnico, 6). [2] BOHNEN, H. Acidez do solo: Origem e correção. In: KAMINSKI, J. (Coord.). Uso de corretivos da acidez do solo no plantio direto. Pelotas: Núcleo Regional Sul, 2000. p.9-19. (Boletim Técnico, 4). [3] BRASIL. 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Saturação por bases (V%) Figura 2: Efeito de doses crescentes de escória de siderúrgica no valor de ph (em H 2 O), nas concentrações de P (mg/dm -3 ), Al (cmol c /dm -3 ) e K (mg/dm -3 ), em Latossolo Amarelo Distrófico.