Prática docente em discussão: o bom professor na percepção dos acadêmicos de Letras da UEG- Inhumas

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Transcrição:

Prática docente em discussão: o bom professor na percepção dos acadêmicos de Letras da UEG- Inhumas Ludmilla Rodrigues de Souza* (IC) 1, Maria Margarete Pozzobon (PQ) 2 Resumo: O artigo apresenta resultados parciais da pesquisa que se propõe a investigar e compreender os diferentes aspectos da formação do professor que contribuem para suas práticas. Os objetivos específicos são refletir sobre a formação e a prática docente; discutir as práticas do bom professor segundo Cunha (2006) e apontar características de bom professor, destacando as habilidades e as atitudes docentes conforme a visão dos alunos de graduação consideram importantes para o bom desempenho profissional. A pesquisa é de cunho qualitativo, pois busca descrever e analisar dados de uma realidade contextualizada, apontando a percepção dos acadêmicos de Letras da UEG Inhumas por meio da coleta de dados, tendo como instrumento a aplicação de um questionário. Utilizou-se também da pesquisa bibliográfica para fundamentar a análise e discussão dos dados, tendo como suporte teórico, sobretudo, Cunha (2006). Buscando resposta para a questão: o que faz determinados professores serem considerados como bons professores? considerou-se que não é possível generalizar tal conceito, pois não há um modelo pronto e acabado a ser seguido. A formação docente é uma construção social, as maneiras de ensinar, de ser e de agir dos docentes evoluem com o tempo, com a socialização profissional, com as mudanças sociais. Palavras-chave: Formação docente. Prática pedagógica. Bom professor. Introdução Este estudo, ainda em desenvolvimento, insere-se no campo educacional e discute o modo de ser e de fazer do professor, a sua prática pedagógica. Considerando a natureza social dos saberes do professor, torna-se relevante compreender como o docente é, o que faz, pensa e diz. No entendimento de Tardif (2002) a prática pedagógica do professor depende das condições concretas em que o trabalho dele se realiza, bem como da personalidade e da experiência profissional. O objetivo geral do estudo é investigar e compreender os diferentes aspectos da formação do professor que contribuem para suas práticas. Delimitou-se como objetivos específicos: refletir acerca da formação e da prática docente; discutir as práticas do bom professor segundo Cunha(2006); caracterizar o bom professor na percepção dos acadêmicos de Letras da UEG Inhumas, apontando as habilidades e as atitudes docentes que os alunos reconhecem como importantes para o bom desempenho profissional. O foco desta pesquisa é analisar as práticas pedagógicas do bom 1 ludmillarodriguessouza@gmail.com bolsista pró-licenciatura, UEG campus Inhumas 2 mmpozzobon@gmail.com professora orientadora, UEG campus Inhumas 1

professor, tendo como ponto de partida a abordagem de Cunha (2006), para a qual não há como definir um modelo acabado e neutro. Para a autora, a necessidade sentida de desvendar o cotidiano do professor vem da certeza de que esta é uma forma de construção de conhecimentos. A vida cotidiana é a objetivação dos valores e conhecimentos do sujeito dentro de uma circunstância. E é por meio dela que se concretiza a prática pedagógica do professor. Assim, não pode generalizar um conceito de bom professor, não há um modelo pronto e acabado, já que o que os professores ensinam e suas maneiras de ensinar, de ser e de agir como docentes evoluem com o tempo, com a socialização profissional, com as mudanças sociais, pois o processo de ensino e de aprendizagem é uma construção social. Considerando que o estudo ainda não foi concluído, para a apresentação deste trabalho, o recorte mostra as etapas já realizadas e algumas reflexões acerca da formação docente. Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos A pesquisa em desenvolvimento é de cunho qualitativo, a qual possibilita uma múltipla visão da realidade investigada e um olhar sobre o objeto de estudo integrado ao contexto no qual está inserido, percebendo a simultaneidade e as interações mútuas entre os elementos analisados. Lüdke (1986) entende que o estudo qualitativo é desenvolvido numa situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada. Além disso, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, sobretudo a análise da obra O bom professor e sua Prática, Cunha (2006), a fim de fundamentar teoricamente a análise dos dados. A coleta dos dados será feita a partir da aplicação de um questionário para os acadêmicos do curso de Letras, o qual contém três questões objetivas, para que o respondente assinale as alternativas que melhor representem as características do modo de ser e de agir de um bom professor, bem como os procedimentos didáticos desse professor. Resultados e Discussão 2

Os dados que se pretende analisar resultarão da aplicação de um questionário para os acadêmicos de Letras, os quais serão convidados a pensar, invocando a lembrança de todos os professores de sua trajetória escolar. O foco está voltado para a análise da prática pedagógica, a qual Sacristán (1999, p.74), entende como [...] as ações rotineiras típicas de um grupo, que tem continuidade temporal inevitável, organizando a ação dos membros que compartilham uma cultura. Então, as experiências acumuladas sobre o processo de ensino e de aprendizagem é que compõe a ação do docente, as vivências, os conflitos, o intercâmbio profissional. Para responder às questões vão assinalar as alternativas que melhor expressem as razões pelas quais o escolhem como um bom professor. A primeira questão, cujo enunciado é: Dentre as dez características abaixo, assinale 5, as quais representam melhor o modo de ser (características pessoais) desse bom professor que você escolheu, objetiva que os acadêmicos apontem o que consideram importante no modo de ser de um professor, ou seja, busca-se desvendar a concepção de bom professor na percepção dos entrevistados, procurando conhecer alguns fatores intervenientes na construção desse conceito. As dez alternativas propostas foram elaboradas tendo como base as características de bons professores apontadas na pesquisa de Cunha (2006), são elas: ser pontual e assíduo; ser atencioso; saber ouvir o aluno; demonstrar carinho pelos alunos; preocupar-se com a aprendizagem do aluno; ser compreensivo; demonstrar interesse pela profissão; ser bem humorado, alegre; mostrar-se próximo, acessível; ser paciente e educado. Para Cunha (2006, p.143), o bom professor demonstra interesse pela aprendizagem do aluno em atitudes como a preocupação com o uso da linguagem adequada....é possível reconhecer a preocupação do professor em não falar no vazio e não usar a linguagem como mais uma forma de poder acadêmico. Isso se observa pela intenção de clarear conceitos, de fazer analogias, de relacionar a teoria com a prática. A autora destaca ainda a importância de o professor saber ouvir o aluno, de modo que estimule a participação do discente, mostrando que ele tem capacidade de contribuir para a aprendizagem do grupo. 3

Refiro-me ao fato de o professor aproveitar as respostas dos alunos para dar continuidade à aula e, ainda, do esforço que percebi nos professores para ouvir as experiências cotidianas dos alunos e, sobre elas, tentar a construção do conhecimento que estava em pauta (CUNHA, 2006, p. 142). A segunda questão visa destacar as atitudes (as características profissionais) com a perspectiva de alcançar o que mais representa o bom professor. O acadêmico refletirá a partir do seguinte enunciado: Dentre as dez alternativas abaixo, assinale 5 que você considera as atitudes (características profissionais) que mais representam o bom professor que você elegeu, tendo as seguintes características profissionais: mostrar prazer em ensinar, estimular o aluno a ter dúvidas, fazer o aluno pensar, refletir sobre o que foi ensinado, estar pronto para esclarecer dúvidas, acreditar na potencialidade do aluno, estimular a participação do aluno, incentivar à curiosidade, saber se expressar de forma que todos compreendam, tornar as aulas atraentes (recursos didáticos, estratégias diferenciadas) e desenvolver aulas participativas. No entendimento de Cunha (2006 p.70) A forma de ser do professor é um todo e depende certamente, da cosmovisão que ele possui. Não sei até que ponto é importante ou possível classificar as atitudes dos professores. Até porque também elas, como fruto da contradição social, nem sempre apresentam formas lineares e totalmente coerentes com uma corrente filosófica. É inegável, porém, que a forma de ser que demonstra mais uma vez a não-neutralidade do ato pedagógico. A terceira questão discute sobre os procedimentos que o bom professor pode utilizar em sala de aula. A partir do enunciado: Dentre as dez alternativas abaixo, assinale 5 que representam como o bom professor que você escolheu desenvolve sua aula o acadêmico refletirá sobre o modo de fazer, os procedimentos didáticos e as estratégias utilizados pelo professor, os quais ele considera eficazes para o efetivo processo de ensino e de aprendizagem, sendo eles: esclarece o objetivo da aula; apresenta roteiro da aula; levanta conhecimentos prévios; lança perguntas para que todos participem; elogia a participação do aluno; usa linguagem acessível; usa exemplificação para se fazer entender; usa adequadamente os recursos didáticos (datashow, música, filme, laboratório); movimenta-se pela sala; estabelece relação do conteúdo com outras áreas do saber; elabora atividades que estimulam a produção do conhecimento. Na expressão de Cunha (2006), o fazer bem e com cuidado o material didático que se apresenta em classe é valorizar o ato docente e influir no 4

comportamento que o aluno desenvolve quanto ao estudo e quanto à visão de mundo. Para a autora, é um indicador da seriedade com que o professor encara o seu ensino. Considerações Finais A experiência de procurar desvendar as habilidades, as atitudes, o modo de ser, de pensar e de agir dos docentes que os alunos reconhecem como importantes para o bom desempenho profissional mostra-se relevante porque vem ao encontro das necessidades de inovação nos cursos de formação de professores. Dentre as muitas maneiras de se estudar a prática docente, visando contribuir para a melhoria da educação é, conforme proposto por Cunha (2006), estudar o bom professor, como se diz a autora, aquele que deu certo. Ao identificar alguns dos traços comuns aos bons professores, é possível levar a reflexão sobre a possibilidade de desenvolver tais características nos professores em formação. Embora o conceito de bom professor não possa ser generalizado, conforme enfatiza Cunha (2006) em sua pesquisa, espera-se que os resultados deste estudo contribuam com reflexões para os futuros profissionais, pois a formação docente é uma constante construção social. Agradecimentos Agradeço, primeiramente a Deus que me deu forças para concluir este trabalho, um agradecimento especial à minha professora orientadora Maria Margarete Pozzobon que colaborou para a realização deste trabalho, pela atenção e estímulo, dando as devidas sugestões, acompanhando-me em cada etapa e possibilitando chegar ao término com êxito. Referências CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 18 ed, 2006. (Coleção Magistério Formação e Trabalho docente) LÜDKE, M. Pesquisa em Educação: abordagem qualitativa. São Paulo: EPU, 1986. SACRISTÁN, J. G. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. TARDIF M. Saberes docentes e Formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. 5