<CABBCABCCBBACADACDBAADACBCDAABCABDAAA DDADAAAD> EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. LEI 11.340/06. PEDIDO DE MEDIDAS PROTETIVAS JULGADO PROCEDENTE, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. REVOGAÇÃO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA DA NECESSIDADE DE SUBSISTÊNCIA DAS MEDIDAS. CUSTAS. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. ADVOGADO DATIVO. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS. DADO PROVIMENTO AO RECURSO. 1. Não sendo demonstrada a necessidade e a imperiosidade das medidas protetivas, haja vista que pelo transcurso do tempo não se teve mais notícias de qualquer fato novo que atente contra a sua integridade física ou psíquica, cabível a revogação das medidas. 2. As medidas protetivas podem ser requeridas e aplicadas a qualquer tempo, desde que evidenciada sua necessidade. 3. Uma vez que a apelada se encontra assistida pela Defensoria Pública, suspende-se a exigibilidade do pagamento das custas processuais, nos termos do artigo 98, 3º do NCPC, ante a hipossuficiência financeira. 4. Cabíveis honorários advocatícios em favor do advogado dativo que atuou na causa. 5. Dado provimento ao recurso. COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S): D.E.O.D. - APELADO(A)(S): D.P.P.C. ACÓRDÃO (SEGREDO DE JUSTIÇA) Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO. DES. MARCÍLIO EUSTÁQUIO SANTOS RELATOR. Fl. 1/6
DES. MARCÍLIO EUSTÁQUIO SANTOS (RELATOR) VOTO D.E.O.D., inconformado com a r. decisão proferida pelo d. Juízo de Direito da 14ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte (fl. 91/94), que julgou procedente o pedido de fixação de medidas protetivas formulado por D.P.P.C extinguindo o processo, com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, interpôs o presente recurso de Apelação Criminal (fl. 98). O apelante, em suas razões recursais (fls. 99/104) sustenta que as questões abordadas no curso da demanda não foram devidamente enfrentadas pelo Magistrado singular. Alega, ainda, que os fatos narrados pela agravada não possuem conotação de violência doméstica e que também não há notícias nos autos de que ela esteja sofrendo qualquer constrangimento de sua parte. Por fim, afirma que diante do lapso temporal transcorrido e dada a ausência de urgência para manutenção das medidas protetivas, deve a r. decisão ser reformada. A apelada apresentou contrarrazões recursais às fls. 112/123, em que pugna pelo não provimento do recurso. A d. Procuradoria-Geral de Justiça, em seu r. parecer de fls. 129/129v, opinou pelo conhecimento e desprovimento do recurso. É o relatório. Decido. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. Extrai-se dos autos que D.P.P.D. pleiteou medidas protetivas em desfavor de D.E.O.D. alegando que mantiveram namoro durante quatro meses e, após o término do relacionamento, tentaram reatar sem êxito. Ocorre que D. passou a persegui-la e também enviar mensagens pelo celular exigindo a devolução de alguns pertences como um moletom, um Fl. 2/6
climatizador de ar e um relógio. Nas mesmas mensagens, D. afirmava que procuraria a família e os vizinhos de D. para contar que ela havia roubado os seus pertences. Pleiteadas medidas protetivas, estas foram concedidas às fls. 21/21v e após transcurso da fase instrutória, o MM. Juiz houve por bem julgar procedente o pedido, mantendo as medidas anteriormente fixadas, julgando extinto o processo, com resolução de mérito. Pois bem. Após analisar a questão, atendo-me aos elementos coligidos e ao parecer da douta Procuradoria-Geral de Justiça, tenho pela reforma da decisão. Com efeito, a Lei 11.340/06 (Maria da Penha) foi promulgada com o claro intuito de tornar mais rigorosa, em tese, a punição dos casos de violência doméstica e familiar, visando proteger não apenas a incolumidade física e a saúde da vítima, como também tutelar a tranquilidade e a harmonia dentro do âmbito familiar, propiciando uma vida mais fraterna entre seus membros e afins. Deve-se destacar que a referida lei não possui uma finalidade específica punitiva, mas sim um caráter protecionista, assistencialista à mulher, visando coibir a violência doméstica contra estas. Ocorre que, no caso dos autos não vejo razão para manter as medidas protetivas fixadas em desfavor do apelante, eis que, além de D. ter manifestado o desejo de não representar criminalmente contra D. (fl. 05), não demonstrou a necessidade e a imperiosidade da manutenção das restrições, haja vista que pelo transcurso do tempo não se teve mais notícias de qualquer fato novo que atente contra a sua integridade física ou psíquica. Ademais, não se deve perder de vista que as medidas protetivas podem ser requeridas e aplicadas a qualquer tempo, desde que evidenciada sua necessidade. Ou seja, caso a vítima se sinta ameaçada, poderá novamente se reportar às autoridades policiais, judiciárias ou mesmo ao Ministério Público, solicitando providências no sentido de se ver protegida. Fl. 3/6
Nessa direção colaciono os seguintes julgados deste Egrégio Tribunal de Justiça: LEI MARIA DA PENHA - LEI N. 11.340 DE 2006 INDEFERIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DECISÃO FUNDAMENTADA - FALTA DE PROVAS SUFICIENTES PARA IMPOSIÇÃO - RECURSO MINISTERIAL - MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECURSO DESPROVIDO. A simples representação da vítima, do Ministério Público ou policial basta à imposição das medidas protetivas pelo juiz, conforme dispõe o art. 19 da Lei 11.340/06.- Estando o feito principal em sua fase inicial, não havendo maior comprovação da violência noticiada, temerária a adoção das medidas de proteção requeridas, exigindo-se maior instrução a este respeito, não se atestando de antemão a segurança necessária para a concessão das constrições buscadas, quanto mais se requeridas tardiamente.- Não há prova de que o recorrido tenha praticado qualquer violência física, moral e psicológica contra a interessada. Contudo, por se tratar de alegação séria que envolve suposta agressão física e moral, é prudente a realização de justificação para se verificar a verossimilhança das alegações. (APELAÇÃO CRIMINAL N 1.0313.09.291041-0/001 - COMARCA DE IPATINGA - APELANTE(S): MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MINAS GERAIS - APELADO(A)(S): ANATOLIO GENY - RELATOR: EXMO. SR. DES. JOSÉ ANTONINO BAÍA BORGES) AGRAVO DE INSTRUMENTO - LEI 11.340/06 INDEFERIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL - INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA - DECISÃO MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. A simples representação da vítima e o requerimento de aplicação de medidas protetivas de urgência, pode ser suficiente para a imposição das referidas medidas. Contudo, o feito encontra-se na fase inicial, não havendo maior comprovação da violência noticiada, temerária a adoção das medidas de proteção requeridas, exigindo-se maior instrução a este respeito, não se atestando de antemão a segurança necessária para a concessão das constrições buscadas. (AGRAVO DE Fl. 4/6
INSTRUMENTO CRIMINAL N 1.0105.10.0050688/001 COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES - AGRAVANTE(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS AGRAVADO(A)(S): LEONARDO ALVES DA CRUZ RELATOR: EXMO. SR. DES. RUBENS GABRIEL SOARES). EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO MEDIDAS PROTETIVAS DA LEI MARIA DA PENHA - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DEVIDA DOS REQUISITOS - INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA INDEFERIMENTO - RECURSO MINISTERIAL DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento-Cr 1.0024.11.230543-8/001, Rel. Des.(a) Alexandre Victor de Carvalho, 5ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/03/2013, publicação da súmula em 11/03/2013) EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - LEI MARIA DA PENHA - PEDIDO DE APLICAÇÃO LIMINAR DE MEDIDAS PROTETIVAS - LONGO PERÍODO DECORRIDO DESDE O FATO, EM TESE, CRIMINOSO - INDEFERIMENTO MANTIDO RECURSO NÃO PROVIDO. I - Decorrido longo período desde a data do suposto fato, sem notícias de que a desavença persista, não se vislumbra urgência que justifique o deferimento das medidas protetivas postuladas. Conforme precedente desta Câmara, tais medidas de proteção somente devem ser concedidas em face de violência atual ou iminente. II - Recurso não provido. (Apelação Criminal 1.0024.10.182600-6/001, Rel. Des.(a) Eduardo Brum, 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 27/02/2013, publicação da súmula em 07/03/2013) Lado outro, as medidas de natureza cautelar também objetivam garantir a eficácia de uma providência jurisdicional a ser decidida em um processo principal, sendo que, na hipótese em exame, a apelada entendeu por não representar criminalmente contra o apelante, bem como não existe ação penal em curso. Finalmente, no que tange as custas processuais, hei por bem suspender a exigibilidade do pagamento, ante a hipossuficiência da apelada Fl. 5/6
(assistida por Defensoria Pública), nos termos e pelo prazo do artigo 98, 3º, do CPC. Fixo, também, os honorários do advogado dativo, Dr. Ademar Alcântara Filho, OAB/MG n. 119.025, no valor de R$ 316,98 (trezentos e dezesseis reais e noventa e oito centavos). Diante do exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO a fim de revogar as medidas protetivas impostas em desfavor de D.E.O.D. Custas ex lege, com exigibilidade suspensa. É como voto. DES. CÁSSIO SALOMÉ (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. AGOSTINHO GOMES DE AZEVEDO - De acordo com o(a) Relator(a). SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO" Fl. 6/6