A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS BIOPSICOSSOCIAIS TEENAGE PREGNANCY AND ITS BIOPSYCHOSOCIAL CONSEQUENCES

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A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS BIOPSICOSSOCIAIS TEENAGE PREGNANCY AND ITS BIOPSYCHOSOCIAL CONSEQUENCES Elizabete da Silva Duarte¹;; Taina Queiroz Pamplona²;; Alesandro Lima Rodrigues³* 1 Enfermagem. Faculdade Barão do Rio Branco (FAB) UNINORTE. AC, Brasil. 2 Enfermagem. Faculdade Barão do Rio Branco (FAB) UNINORTE. AC, Brasil. 3 Enfermagem. Universidade Candido Mendes (UCAM). RJ, Brasil. *Autor correspondente: alesandrorodriguesac@hotmail.com RESUMO Introdução: A atividade sexual precoce pode gerar grandes consequências, uma delas é a gravidez indesejada. Na adolescência, essa situação é ainda mais agravante, uma vez que os adolescentes são obrigados a passar rapidamente para a vida adulta, mesmo que não estejam física e psicologicamente preparados. Objetivo: Relatar as consequências biopsicossociais decorrentes da gravidez na adolescência e os fatores que contribuem para sua ocorrência. Método: Trata-se de uma revisão da literatura básica produzida a partir de um levantamento de publicações, onde foram utilizadas fontes como monografias, dados de sites governamentais e artigos científicos. A seleção dos artigos obedeceu aos seguintes critérios: Idioma em português, texto completo com abordagem da gravidez na adolescência e consequências da gravidez, e que foram publicados nos últimos 17 anos, o que correspondem ao período de 2000 e 2017. Resultados: Entre os principais achados, destaca-se que a gravidez precoce interfere no contexto pessoal-social, acarretando alterações biológicas, psicológicas, econômicas e familiares, apresentando um alto risco de intercorrências na gestação e no parto, hipertensão arterial materna, placenta prévia, aborto, prematuridade, baixo peso ao nascer, conflitos familiares, abandono dos estudos e a dependência financeira dos pais. Considerações finais: Portanto, a gravidez na adolescência mostra-se multifatorial, ou seja, não existe um único fator, mas um conjunto que concorre para sua ocorrência. E quando confirmada, o adolescente terá vários desafios à sua frente. Palavras-chave: Adolescência. Gravidez precoce. Consequências biológicas. Consequências psicossociais. ABSTRACT Introduction: Early sexual activity can generate large consequences, one of which is the unwanted pregnancy. In adolescence, this situation is all the more aggravating, since teenagers are required to go quickly for adult life, even if they are not physically and psychologically ready. Objective: to report the biopsychosocial consequences arising from teenage pregnancy and the factors that contribute to your case. Method: this is a review of the basic literature produced from a survey of publications, where sources were used as monographs, government sites data and scientific articles. The selection of articles followed the following criteria: language in Portuguese, full text with approach to teen pregnancy and consequences of pregnancy, and that have been published over the past

17 years which correspond to 2000 period to 2017. Results: Among the main findings is that early pregnancy interferes with the personal-social context, causing biological, psychological, economic changes and family. Presenting a high risk of complications in pregnancy and childbirth, maternal hypertension, placenta previa, abortion, prematurity, low birth weight, family disputes, abandonment of studies and the financial dependence of the parents. Final consideration: Therefore, teenage pregnancy is multifactorial, i.e. there is no single factor, but a series that competes for your case. And when confirmed, the teenager will have several challenges to your front. Keywords: Adolescence. Early pregnancy. Biological consequences. Psychosocial consequences. INTRODUÇÃO A adolescência é delimitada como o período da vida que compreende entre os 10 e 19 anos, 11 meses e 29 dias, sendo um fase de descobertas, de busca de autonomia e de definição da sua própria identidade tanto na questão emocional como na sexualidade. 1 E quando o adolescente explora sua vida sexual de uma maneira intensa em busca de novas experiências, passa a ficar exposto a vários tipos de violência, além do uso de álcool e drogas, Doenças Sexualmente Transmissíveis DTS s e consequentemente, a uma gravidez precoce. 2 A gravidez, teoricamente é um período de transição biologicamente determinada e caracterizada por mudanças metabólicas complexas, grandes adaptações e mudança de identidade. Na adolescência essa situação é ainda mais agravante, porquanto gera uma sobrecarga de necessidades fisiológica, psicológica e sociais implicando uma série de acontecimentos comprometedores para o desenvolvimento do indivíduo. 3 Nos últimos 20 anos, houve um aumento da incidência de casos de gravidez na adolescência em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento. 4 No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, dos 3 milhões de nascidos vivos em 2015, 18% eram de mães adolescentes, o que pode ser considerado um problema de saúde pública, tendo em vista que as consequências de uma gravidez na adolescência serão desencadeadas para os pais-adolescentes, principalmente para a mãe, e o feto como para toda a sociedade. 5, 6 Na atualidade, a gestação na adolescência se tornou um fenômeno que acontece em todos os níveis sociais, porém ocorre com maior frequência nos grupos menos favorecidos, e suas consequências podem ser mais negativas para os adolescentes com menor disponibilidade de recursos. 7

Uma questão intimamente ligada à ocorrência da gravidez na adolescência é o nível educacional, além do desconhecimento dos métodos contraceptivos e da imaturidade psicológica e sexual dos adolescentes. 8 Além do mais, a gravidez precoce ocasiona ao adolescente a postergação dos estudos e de um plano de futuro, como também de não adaptação escolar, social e familiar. Para a mãe-adolescente, a situação é mais difícil, pois, em muitos casos é abandonada pelo parceiro, podendo caminhar para uma crise depressiva ou consequentemente escolher o aborto ou suicídio. 9 A abordagem da temática é relevante em nossa sociedade já que a discussão da gravidez na adolescência, seus fatores e consequências são os primeiros passos para a conscientização e prevenção da gravidez precoce. Nesse contexto, objetivase relatar as principais consequências biopsicossociais e os fatores que contribuem para a gravidez na adolescência. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de uma revisão de literatura básica produzida a partir de um levantamento de publicações sobre o tema as consequências da gravidez na adolescência, onde foram utilizadas fontes como monografias, dados de sites governamentais e artigos. Os artigos científicos foram selecionados nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Periódicos eletrônicos de Psicologia (PePSIC) e Google Acadêmico (G.A) através dos seguintes critérios: idioma em português, texto completo com abordagem sobre a gravidez na adolescência e as consequências da gravidez na adolescência publicados nos últimos 17 anos, o que corresponde ao período de 2000 a 2017. Os critérios de exclusão foram: artigos disponíveis apenas em resumo, em outros idiomas e estudos publicados em fontes que não foram disponíveis eletronicamente. Desta forma, foram escolhidos 40 artigos. Após a análise prévia do resumo, resultados e conclusão dos artigos, foram excluídos do estudo 27 artigos por não proporcionarem contextualização com as questões norteadoras do estudo;; assim a amostra final foi constituída por 19 produções consideradas elegíveis, sendo artigos científicos, monografias e recursos da internet (Figura 1). Em seguida foi elaborada escrita científica através da análise dos materiais para a construção do estudo.

Figura 1 - Fases de seleção dos estudos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A adolescência é o período da vida onde ocorrem diversas alterações físicas e psíquicas. Uma gravidez neste período vem sendo considerada um problema de saúde pública devido às modificações biológicas, psicossociais e financeiras que acometem o adolescente e o contexto social como um todo, limitando ou diminuindo-lhe a possibilidade de se desenvolver holisticamente na sociedade. 10,6 A responsabilidade precoce imposta por uma gravidez imatura resulta em problemas de enfrentamento, já que o adolescente passa a ter novas responsabilidades como também medo e insegurança. 11 Biologicamente, o adolescente está passando por várias transformações, e uma gestação nessa fase da vida expõe a mãe-adolescente e o feto há um grande risco de intercorrências na gestação e no parto, como abortos, prematuridade, baixo peso ao nascer e morte neonatal. 12 Ainda existe uma maior incidência de desenvolver placenta prévia, infecções do trato urinário, anemia, hipertensão específica da gestação (DHEG), malformações congênitas além de complicações hemorrágicas durante o parto, e, após o parto, infecções e inflamação do endométrio. 13 No contexto familiar, a gestação na adolescência representa um problema a ser enfrentado que afeta não somente o adolescente, mas todo um contexto social e familiar que está inserido. E que a família representa neste momento a base para a organização ou mesmo desorganização desse processo pais-adolescentes. 11 Do ponto de vista social e econômico, a interrupção da escolarização e da formação profissional é uma das consequências que

atinge o lado socioeconômico do adolescente, em razão de que o baixo nível de escolaridade e a falta de cursos profissionalizantes dificultam sua inserção no mercado de trabalho e consequentemente acarreta uma situação de risco social. 14 Outra consequência é a dependência financeira a outras pessoas, o que acaba sendo oriundo do baixo grau de escolaridade e do desemprego. Esse suporte financeiro vem principalmente dos pais, visto que o adolescente tende a ter o desejo de liberdade e independência frustrado e acaba continuando a morar com seus pais. 15 Os fatores que levam ou podem desencadear uma gravidez precoce não planejada são vários, entretanto, em sua maioria, decorrem de problemas pessoais, familiares e socioeconômicos enfrentados pelos adolescentes. 6,7 Os fatores pessoais são o início aflorado da vida sexual, informações confusas sobre o seu organismo, o desejo de liberdade e a imposição de maturidade. 16 O baixo valor aquisitivo e o baixo nível de escolaridade dos adolescentes são dois fatores que se mantêm entrelaçados para a ocorrência da gravidez na adolescência. 17 Nesse sentido, o baixo nível de escolaridade dos pais dos adolescentes, do mesmo modo contribui para a ocorrência dessa problemática, dado que limita a comunicação e posterga as orientações sobre a vida sexual e os métodos contraceptivos que deveriam ser passados para os filhos-adolescentes. 18 Outra questão é o uso de drogas na família de convívio, principalmente o uso de substâncias ilegais, fato este que pode ser explicado pelo distanciamento ou mesmo abandono dos pais, favorecendo para que os adolescentes tornem-se suscetíveis a iniciarem a vida sexual precocemente. 19 Desse modo, a gravidez no período da adolescência é um problema de saúde pública com repercussões individuais e familiares que atinge todos os níveis da sociedade. CONCLUSÃO A gravidez na adolescência é uma questão multifatorial não existindo um único fator, mas um conjunto que concorre para sua ocorrência. E que os pais-adolescentes possuem diversos desafios ao descobrir uma gravidez e que isso irá gerar consequências em seu contexto social, familiar e pessoal, somados à aquisição de novas responsabilidades para as quais não estão preparados. A principal limitação deste estudo, foram os poucos trabalhos encontrados que tratam da questão das consequências biopsicossociais da gravidez na adolescência. Todavia, espera-se que o presente estudo contribua para o

desenvolvimento de novos trabalhos sobre essa problemática que afeta vários adolescentes em nosso país. E que sejam trabalhadas políticas públicas com mais REFERÊNCIAS 1. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Saúde e Sexualidade de adolescentes. Disponível em: < https://www.paho.org/bra/index.php?option =com_content&view=article&id=5482:opasoms-e-ministerio-da-saude-lancampublicacao-sobre-saude-e-sexualidade-deadolescentes&itemid=820>. Acesso em: 13 nov. 2017. 2. ROCHA, M.V.J. Um olhar sobre a gravidez na adolescência: revisão de literatura. 2010. 34 f. Monografia (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família) - Faculdade de Medicina. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva, Universidade Federal de Minas Gerais, Araçuaí, 2010. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblio teca/registro/um_olhar_sobre_a_gravide z_na_adolescencia revisao_de_literatura/ 458. Acesso em: 11 nov. 2017. 3. BOUZAS, I.;; MIRANDA, A.T. Gravidez na adolescência. Adolescência e Saúde, Rio de Janeiro, V. 1, n. 1, p. 27-30, 2004. Disponível em: < http://www.adolescenciaesaude.com/detalh e_artigo.asp?id=226 >. Acesso em: 11 nov. 2017. 4. HERCOWITZ, A. Gravidez na adolescência. Pediatria Moderna. São Paulo, v. 38, n. 3, p. 392-395, 2002. Disponível em: < http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?id _materia=2064&fase=imprime>. Acesso em: 16 nov. 2017. 5. BRASIL, Portal da Saúde. Gravidez na adolescência tem queda de 17% no Brasil. Disponível em:< http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/ci dadao/principal/agencia-saude/28317- vigor e compromisso por parte das autoridades, sem tirar a responsabilidade da escola, dos pais, do setor saúde e da sociedade de modo geral. gravidez-na-adolescencia-tem-queda-de- 17-no-brasil >. Acesso em: 09 mai. 2017. 6. PONTE JÚNIOR, G. M.;; XIMENES NETO, F. R. G. Gravidez na adolescência no município de Santana do Acaraú-Ceará- Brasil: uma análise das causas e riscos. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 6, n. 1, p. 25-37, 2006. Disponível em: < https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/8 02/912 >. Acesso em: 13 nov. 2017. 7. HOGA, L. A. K.;; BORGES, A. L. V.;; REBERTE, L. M. Razões e reflexos da gravidez na adolescência: narrativas dos membros da família. Escola de Enfermagem Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 151-157, 2010. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_a rttext&pid=s1414-81452010000100022&lng=pt&nrm=iso >. Acesso em: 15 nov. 2017. 8. ELIAS, B. R. Prevenção à gravidez na adolescência com ênfase nos beneficiários do programa Bolsa Família (PBF). 2011. 23 f. Projeto Técnico/monografia (Especialização em Gestão de Saúde Pública) - Universidade Federal do Paraná, Rio Branco do Sul, 2011. 9. NETO, X. et al. Gravidez na adolescência: motivos e percepções de adolescentes. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 60, n. 3, p. 279-285, 2007. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0 034-71672007000300006&script=sci_abstract&t lng=pt >. Acesso em: 13 nov. 2017.

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