Capítulo X Proteção de transformadores Parte II



Documentos relacionados
Proteção de cabos. o valor da relação Uo/U, que representa o quanto o cabo suporta de sobretensão fase-terra (Uo) e entre fases (U).

Capítulo IV. Dispositivos de proteção Parte II. Proteção e seletividade. 26 O Setor Elétrico / Abril de Relé direcional de potência

Proteção dos transformadores Parte I

ESTUDO DE PROTEÇÃO METODOLOGIA DE CÁLCULO. SUBESTAÇÕES DE 15kV

Proteção de Bancos de Capacitores Shunt

Capítulo III. Faltas à terra no rotor e proteções de retaguarda. Proteção de geradores. Faltas à terra no rotor. Tipos de sistemas de excitação

PARALELO DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

TEMA DA AULA PROFESSOR: RONIMACK TRAJANO DE SOUZA

CONSTRUÇÃO DO FÓRUM DA COMARCA DE UBERABA AV. MARANHÃO COM AV. CORONEL ANTÔNIO RIOS, S/N B. UNIVERSITÁRIO

Capítulo V A IEEE 1584 e os métodos para cálculo de energia incidente e distância segura de aproximação

AULA 02 REVISÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS TRANSFORMADORES DE MEDIDAS DISJUNTORES DE POTÊNCIA

CURSO: A PROTEÇÃO E A SELETIVIDADE EM SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS

Capítulo II. Faltas entre fases e entre espiras Por Geraldo Rocha e Paulo Lima* Proteção de geradores

VERIFICAÇÃO DE ADEQUAÇÃO PARA TC s PARA USO EM PROTEÇÃO

Capítulo XVII. A seletividade. Proteção e seletividade. A folha de seletividade. Exemplo 1

TEMA DA AULA PROFESSOR: RONIMACK TRAJANO DE SOUZA

Polaridade e relação em transformadores de potência

Aplicação de Unidades de Sobrecorrente de Seqüência Negativa em Redes de Distribuição A Experiência da COSERN

Cap.6 Transformadores para Instrumentos. TP Transformador de Potencial. TC Transformador de Corrente

Capítulo IV. Aterramento de sistemas elétricos industriais de média tensão com a presença de cogeração. Aterramento do neutro

1 a Lista de Exercícios Exercícios para a Primeira Prova

Capítulo V. Transformadores de aterramento Parte I Paulo Fernandes Costa* Aterramento do neutro

28 O Setor Elétrico / Março de 2010

Relé de proteção do diferencial 865

LABORATÓRIO INTEGRADO III

ENGENHEIRO ELETRICISTA

Substações MT/BT Teoria e exemplos de cálculo das correntes de curto circuito trifásicas

COELCE DECISÃO TÉCNICA CRITÉRIO PARA INSTALAÇÃO DT RELIGADOR AUTOMÁTICO TRIFÁSICO DE 15 KV USO EM POSTE

Capítulo V. Dispositivos de proteção Parte III. Proteção e seletividade. 26 O Setor Elétrico / Maio de Relé df/dt. Fusível. Conexão.

Transformadores trifásicos

Capítulo VIII Proteção de motores

INSTRUMENTOS PARA TESTES ELÉTRICOS Tutorial de Teste. Funções: 50 ou PIOC sobrecorrente instantâneo e 51 ou PTOC sobrecorrente temporizado

DECISÃO TÉCNICA DT-025/2013 R-00

Sistema de Proteção Elétrica em Subestações com Alta e Média Tensão Parte I

CÁLCULO DO CURTO CIRCUITO PELO MÉTODO KVA

9º ENTEC Encontro de Tecnologia: 23 a 28 de novembro de 2015

Proteção contra motorização e correntes desbalanceadas, falha de disjuntor e energização inadvertida Por Geraldo Rocha e Paulo Lima*

Proteção de geradores

CURSO DE SUBESTAÇÕES CONCEITOS, EQUIPAMENTOS, MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO.

A Chave de partida compensadora é um dos métodos utilizados para reduzir a corrente de partida de motores trifásicos.

Introdução: O que é uma Subestação? Definição NBR 5460 / 1992

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARAÍBA TEMA DA AULA PROFESSOR: RONIMACK TRAJANO DE SOUZA

Transformadores Para Instrumentos. Prof. Carlos Roberto da Silva Filho, M. Eng.

Os fusíveis NH e Diazed são dotados de características de limitação de corrente. Assim, para

SUPERCOORD v2. Software de apoio a estudos de proteção e coordenação da rede de distribuição de energia elétrica.

X STPC SEMINÁRIO TÉCNICO DE PROTEÇÃO E CONTROLE

ESTUDO DE SELETIVIDADE DAS PROTEÇÕES DE SOBRECORRENTE DE UM SISTEMA ELÉTRICO

Eng. Everton Moraes. Transformadores

Escolha do tipo de resistor de aterramento do neutro em sistemas elétricos industriais Paulo Fernandes Costa*

PARTIDA DIRETA PARTIDA ESTRELA-TRI PARTIDA COMPENSADORA STARTERS PARTIDA COM SOFT-STARTERS DIAGRAMA TRIFILAR DIAGRAMA DE COMANDO L3 L F1,2,3 FT1 FT1

Eletrotécnica Geral. Lista de Exercícios 2

-Transformadores Corrente de energização - inrush

3 Faltas Desbalanceadas

EDI-34 Instalações Elétricas

PERÍCIAS DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MANUAL DE INSTALAÇÃO E OPERAÇÃO

PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO Título PARALELISMO MOMENTÂNEO DE GERADOR COM O SISTEMA PRIMÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO ATÉ 69 kv, COM OPERAÇÃO EM RAMPA

Capítulo 9 TRANSFORMADORES

Proteção de Subestações de Distribuição Filosofia e Critérios

TÍTULO: PROPOSTA DE METODOLOGIA BASEADA EM REDES NEURAIS ARTIFICIAIS MLP PARA A PROTEÇÃO DIFERENCIAL DE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Levantamento da Característica de Magnetização do Gerador de Corrente Contínua

1.1- DIVISÃO DOS TRANSFORMADORES

LABORATÓRIO DE ELETROTÉCNICA GERAL. EXPERIÊNCIA TRANSFORMADORES E MOTORES Código: TRM RELATÓRIO -

REPRESENTAÇÃO FASORIAL DE SINAIS SENOIDAIS

6. EXECUÇÃO DO PROJETO ELÉTRICO EM MÉDIA TENSÃO 6.1 DIMENSIONAMENTO DO TRANSFORMADOR

INTERLIGAÇÃO DE SISTEMAS COM TRANSFORMADORES DE DIFERENTES GRUPOS DE LIGAÇÃO ANGULAR. Flavio Vicente de Miranda Schmidt COPEL TRANSMISSÃO

SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA.

P r o f. F l á v i o V a n d e r s o n G o m e s

Gerencia de Planejamento do Sistema GPS FORMULÁRIO DE CONSULTA DE ACESSO

13 - INSTALAÇÕES DE FORÇA MOTRIZ

Equipamentos Elétricos e Eletrônicos de Potência Ltda.

Aplicações de Relés Microprocessados na Distribuição

PREENCHIMENTO DA PLANILHA DO PROJETO EXPRESSO V 2.0

NT Nota Técnica. Diretoria de Planejamento e Engenharia Gerência de Engenharia. Felisberto M. Takahashi Elio Vicentini. Preparado.

PROVA ESPECÍFICA Cargo 18

- SISTEMA TRIFÁSICO. - Representação senoidal

Estudos e Consultorias Estudos de Sistemas Elétricos de Potência e Consultorias. Eng. Leandro Mascher, BRPSYS R1

Cenários harmônicos em cargas residenciais

TEMA DA AULA PROFESSOR: RONIMACK TRAJANO DE SOUZA

PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO Título PARALELISMO MOMENTÂNEO DE GERADOR COM O SISTEMA PRIMÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO ATÉ 25 kv, COM OPERAÇÃO EM RAMPA

DIRETORIA DE OPERAÇÃO - DO

Capítulo III Comparações entre algoritmos para análise dos resultados de SFRA Por Marcelo Eduardo de Carvalho Paulino*

Interface com a concessionária

6.0 Curto-Circuito Simétrico P r o f. F l á v i o V a n d e r s o n G o m e s

Prof. Cecil M. Fragoso Março de 1993

Fundamentos de Máquinas Elétricas

MANUAL DE OPERAÇÃO MEDIDOR DE RELAÇÃO EM TRANSFORMADORES MODELO: HMTTR-2000E HIGHMED SOLUÇÕES EM TECNOLOGIA DE MEDIÇÃO LTDA. Av Vila Ema, 3863 Conj 4

CONVERSORES E CONTROLADORES DE FASE. Circuitos de retificação monofásicos

A ferramenta ABB para dimensionar suas instalações de forma prática e completa!

Um Sistema de Software para Execução de Estudos de Coordenação e Seletividade da Proteção em Sistemas de Distribuição

SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA.

Uma viagem pelas instalações elétricas. Conceitos & aplicações

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS CENTRO POLITÉCNICO ENGENHARIA ELÉTRICA

Congreso Internacional de Distribución Eléctrica CIDEL 2014

PROGRAMAÇÃO EM LINGUAGEM LADDER LINGUAGEM DE RELÉS

VBWK Módulo de Entrada em MT para Instalações em Alvenaria. Motores Automação Energia Transmissão & Distribuição Tintas

Simbologia de instalações elétricas

DESTAQUE: A IMPORTÂNCIA DOS TRANSFORMADORES EM SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA

Caracterização temporal de circuitos: análise de transientes e regime permanente. Condições iniciais e finais e resolução de exercícios.

Relés de Sobrecarga Térmicos 3US

Transcrição:

30 Capítulo X Proteção de transformadores Parte II Por Cláudio Mardegan* No capítulo anterior, iniciamos o estudo sobre proteção dos transformadores. Na primeira parte, falamos sobre normas, guias de consulta e outros importantes pontos a serem observados e abordamos o assunto proteção secundária de fase. Neste capítulo damos continuidade ao tema, começando com um breve resumo sobre proteção de sobrecorrente, já discorrido na última edição. Em seguida, abordaremos a proteção diferencial, que tem o objetivo de reduzir o valor da corrente que passa pela bobina de operação ao mínimo. Resumo da proteção de sobrecorrente As Figuras 1, 2 e 3 a seguir ilustram a síntese dos ajustes abordados no capítulo anterior. (a1) Proteção de terra em BT Sistemas solidamente aterrados (a) Proteção de fase Figura 1 Resumo de ajustes de proteção de fase de transformadores. Figura 2 Resumo de ajustes de proteção de terra de transformadores solidamente aterrados.

(a2) Proteção de terra em MT aterrados por resistência de baixo valor Figura 3 Resumo de ajustes de proteção de terra de transformadores aterrados por resistência de baixo valor. Proteção diferencial Atualmente, os relés diferenciais numéricos microprocessados a partir de dados de placa de entrada determinam praticamente quase todos os parâmetros necessários. Abordaremos a sequência de ajustes como se o relé fosse eletromecânico para que se possa ter o pleno entendimento da metodologia. O objetivo dos ajustes da proteção diferencial é o de reduzir o valor da corrente que passa pela bobina de operação ao mínimo (preferencialmente zerar), tanto em módulo quanto em ângulo, em condições normais de operação. (b) Conceitos básicos Antes de prosseguir na proteção diferencial é necessário proporcionar alguns embasamentos técnicos abordados a seguir. b1) Zona de proteção Para os relés diferenciais, a zona de proteção fica circunscrita entre os TCs dos enrolamentos: primário, secundário e outros (caso houver).

32 b2) Deslocamento angular O deslocamento angular em transformadores trifásicos traduz o ângulo entre os fasores das tensões (e, consequentemente, das correntes) de fase do enrolamento de menor tensão em relação ao enrolamento de maior tensão. Assim, para que se possa determinar o defasamento angular se faz necessário elaborar primeiro o diagrama fasorial correspondente, lembrando que o defasamento angular é medido do enrolamento de tensão inferior (X) para o enrolamento de tensão superior (H) no sentido anti-horário. Exemplo: Determinar o defasamento angular do transformador apresentado no esquema trifilar a seguir: Figura 5 Deslocamento angular para transformadores triângulo-estrela. Figura 4 Exemplo de determinação do deslocamento angular de transformador. Assim, para o exemplo anterior, o deslocamento angular é representado da seguinte forma: Dyn1 Em que: - A primeira letra (maiúscula) representa o enrolamento de tensão mais elevada, sendo utilizadas as seguintes letras D (Delta), Y (estrela) e Z (Zig-Zag). - A segunda letra (minúscula) representa o enrolamento de tensão inferior, sendo utilizadas as seguintes letras d (delta), y (estrela) e z (Zig-Zag). - A letra n indica que o neutro é acessível. - O número 1 indica as horas do ponteiro de um relógio, ou seja, cada 30º representa uma hora (30 o / 30 o = 1 hora). Para saber o deslocamento angular em graus a partir da nomenclatura acima, é preciso calcular: Deslocamento angular = número (de horas) x 30 o Assim, para um transformador Dy11, o deslocamento angular é de 11 x 30 o = 330 o. As Figuras 5, 6, 7 e 8 apresentam os deslocamentos angulares mais comumente encontrados. Figura 6 Deslocamento angular para transformadores estrela-triângulo.

34 Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o valor do ajuste de pick-up deve ficar acima dos possíveis erros que podem ocorrer. O valor de pick-up dos relés diferenciais normalmente é ajustado para operar entre 0.1 pu e 0.3 pu. (d) Ajuste do slope ou declividade Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o valor do ajuste do slope ou declividade deve ficar acima dos possíveis erros que podem ocorrer, os quais são discriminados a seguir. (d1) Erro devido à exatidão aos TCs (εtc) A exatidão dos TCs para proteção diferencial são normalmente 2,5%, 5% ou 10%, o que significa que o erro pode ser de + 2,5%, + 5% ou + 10% até o valor do de 20 x In (se o fator de sobrecorrente for F20). Assim, se um dos TCs de uma mesma fase (primário e secundário) for positivo e o outro negativo os erros que poderão ocorrer serão de 5%, 10% ou 20%. Quando houver TCs auxiliares, os erros desses TCs auxiliares devem ser computados. (d2) Erro devido à comutação de tapes (εc) Tendo em vista que os tapes dos transformadores podem estar em um valor diferente do nominal, podem ocorrer diferenças por conta dessa corrente, localizada entre o primário e o secundário, mesmo em condição de carga. Figura 7 Deslocamento angular para transformadores triângulo-triângulo. Figura 8 Deslocamento angular para transformadores estrela-estrela. (c) Ajuste do valor de pick-up Os principais ajustes do relé diferencial são o pick-up e o slope (declividade). Observe a Figura 9. (d3) Erro de Mismatch (εm) É o erro de casamento dos TCs com a relação do transformador de força. Como a relação de transformação do transformador de força pode não coincidir com a relação entre as ligações dos TCs do primário e do secundário, pode haver uma diferença de corrente. O erro de mismatch é calculado como segue: Figura 9 Característica de operação versus restrição de um relé diferencial. Exemplo: Seja um transformador de 7.5 MVA, 138-13.8 kv, com TCs de 100-5A no primário e 400-5A no secundário. A relação de transformação do

36 transformador de força é 10 e a relação entre as relações dos TCs será (400/5)/(100/5) = 4. Como a corrente nominal do transformador no primário é de 31.4 A, a corrente no secundário será de 1.57 A no relé. No secundário, a corrente nominal do transformador é de 313.8 A, a qual, no secundário do TC, vale 3.92 A. Como pode ser observado, as correntes que chegam no relé de 1.57 A e 3.92 A não casam, embora traduzam a mesma corrente por unidade do transformador. (d4) Erro devido a diferenças de ajuste de tape do relé (ε R ) Isso porque pode não existir valores exatos de ajuste no relé (do lado primário e secundário) relativos às correntes calculadas que irão passar pelo relé. (d5) Erro total (ε T ) O erro total é então resumido pela expressão: ε T = ε TC + ε C + ε M + ε R + ε Margem Seg Os valores típicos de εt variam entre 0.2 pu e 0.3 pu (20% a 30%). (d6) Utilização de TCs auxiliares Para minimizar os erros entre as correntes primárias e secundárias que chegam no relé, pode-se utilizar TCs auxiliares, os quais muitas vezes possuem múltiplos ajustes de tapes. Não se deve esquecer de somar o erro dos TCs auxiliares no erro total. Diferenças angulares devidas às conexões delta, estrela e zig-zag. Controle de tensão por tapes. Diferenças de tensão entre o primário e secundário, bem como as relações dos TCs entre o primário e o secundário. Saturação dos TCs de um dos lados. Curtos à terra fora da zona da proteção diferencial quando não é feita a compensação das correntes de sequência zero. Erro de polaridade. Exemplo de ajuste do relé diferencial: Veja o esquema unifilar apresentado na Figura 10. Recomenda-se determinar o slope do relé diferencial, sabendo-se que o relé apresenta corrente nominal de 5 A e ajuste de pick-up em 15% (0,75 A). O relé permite os seguintes ajustes de slope: 15%, 30% e 45%. Cálculo dos erros Erro de correntes (Mismatch) Erro de precisão dos TCs (e) Principais fatores que afetam a proteção diferencial (Erro máximo) Corrente inrush Corrente normal que aparece na energização de um transformador. Somente aparece no enrolamento primário. Erro de comutação de tapes Erro total Dados do relé Ajuste do slope In = 5 A Pick-up: 15% (0,75 A = 0,15 x 5 A) Slope: 15% - 30% - 45% Figura 10 Esquema unifilar para ajuste de slope de relé diferencial. Exemplo de ajuste de relé de sobrecorrente A partir do esquema unifilar (Figura 11), determine os ajustes dos relés de sobrecorrente de fase, sabendo que o transformador é seco.

37 I-LTD (I1) A corrente I-LTD (I1) deve ser ajustada em 1.25 x In, cujo valor é 2460 ~ 2500 A. T-LTD (t1) A temporização T-LTD (t1) deve ser o tempo para 6 x 2500 A, ou seja, 15000 A. Ajusta-se t1 em 5s. I-STD (I2) A corrente I-STD deve ser ajustada com base em dois critérios: (a) a somatória da carga nominal demanda mais o maior motor partindo ou (b) abaixo do valor mínimo provável de arcing fault. Pelo critério (a) I = 5255 A e pelo critério (b) 26729 A x 0.2 = 5346 A. Como em 220 V o arco se auto-extingue, fica-se com o critério (a) x 1.1 = 5780.0 A / 2500 = 2.3. Como os ajustes são discretos, escolhe-se o 3. T-STD (t2) Como a curva é entre dois disjuntores deve ficar acima curva do dispositivo a jusante, ou seja, escolhe t2 = 0.4 s Figura 11 Esquema unifilar para ajuste do relé. Ajuste do secundário (dispositivo 2) A corrente nominal do transformador no secundário é: I-INS (I3) Deve ser bloqueado, pois o dispositivo fica em entrada de painel. Ajuste do primário (dispositivo 3) A corrente nominal do transformador no primário é:

38 Figura 12 Folha de verificação gráfica de seletividade de fase. I> A corrente I> deve ser ajustada em 1.5 x In, cujo valor é 49.2 ~ 50 A, o que no relé significa 50 / RTC = 50 / 20 = 2.5 A, que em múltiplos da corrente nominal do relé é 2.5 / 5 A = 0.5 x In. DT (t>) A temporização t> deve ser o tempo do dispositivo à jusante mais 0.3 s. O tempo do dispositivo à jusante é de 0.4 s somado ao intervalo de 0.3 s chega-se a 0.7 s para a corrente de curto-circuito transitória no secundário, cujo valor é de 26729 A, que referida ao primário é 26729 / 60 = 445.5 A. Esta corrente equivale a 450 / 50 = 8.91 vezes o ajuste de I>. Assim, para uma característica IEC muito inversa, temos: Em termos de TMS = 0.41 ou T = TMS x 1.5 = 0.6 s. I>> A corrente I>> é ajustada baseada em dois critérios: (a) Corrente inrush A corrente inrush de um transformador seco é dada por: (b) 1.1 x Icc subtransitória assimétrica máxima no secundário A corrente subtransitória assimétrica no secundário é 34225 A que, multiplicada por 1.1, dá 37648, a qual, referida ao primário, é 37648 / 60 = 627.5 A que, por sua vez, no relé representa 627.5 /20 = 31.37 A que em múltiplos da corrente nominal do relé é 31.37 / 5 A = 6.3 x In. Esse é o ajuste adotado (b) > (a). t>> A temporização t>> deve ser ajustada no mínimo. A Figura 12 ilustra o exemplo. *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito, load flow e seletividade na plataforma do AutoCad. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa EngePower Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho. CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br