desenvolvimento do Estado de São Paulo;

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Transcrição:

Anteprojeto de Lei Estadual de Acordo Estadual de Igualdade Plena entre Homens e Mulheres. Considerando que a Constituição da República Federativa do Brasil traçou eixos fundamentais para o desenvolvimento integral dos cidadãos, privilegiando-se o respeito aos Direitos Humanos fundamentais e promoção da igualdade entre homens e mulheres; Considerando que a igualdade de gênero constitui objetivo de desenvolvimento e é fator fundamental para lutar de forma eficaz e sustentável contra a pobreza e a discriminação; Considerando que a perspectiva de gênero é prioridade horizontal na política de desenvolvimento do Estado de São Paulo; Considerando que o fim de alcançar os objetivos pleiteados, é fortalecer a igualdade de homens e mulheres no âmago de nossas instituições públicas e privadas, adequando-se o ordenamento jurídico às necessidades sociais, principalmente em matéria de equidade de gênero; Considerando as razões pelas quais se faz necessário o estabelecimento do mês de março como marco do Acordo Estadual de Igualdade Plena entre Homens e 1

Mulheres ; Considerando a necessidade de implementação de políticas públicas e privadas para a consecução dessa finalidade; Considerando o compromisso desta Casa Legislativa em não permitir a ocorrência de situações discriminatórias; Considerando e priorizando o desafio de lidar com as diferenças sem reproduzir estereótipos de discriminação e desigualdade; Considerando que há várias formas sutis de desrespeito, percebidas apenas por aquelas a quem esse tipo de ação é dirigida; Considerando que o meio para se obter a igualdade é a equidade de gênero, entendida como justiça no tratamento a mulheres e homens de acordo com suas necessidades; Considerando que os fatores acima apontados implicam na possibilidade de utilizar procedimentos diferenciados para corrigir desigualdades de oportunidades que passam desde o acesso a uma educação não sexista, à saúde integral, ao emprego 2

digno, a planificação familiar, ao acesso a cargos de chefia e liderança em instituições públicas e privadas, à uma vida sem violência objetivando alcançar todos os direitos humanos, sociais e civis; Considerando que os princípios diretores desta lei são a igualdade, a não discriminação, a equidade e o respeito à dignidade humana, princípios estes já contidos na Convenção pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher e na Constituição da República Federativa do Brasil; Considerando que estas ações, tem como objetivo a autonomia das mulheres, promovendo sua participação cidadã nos processos de desenvolvimento, em todos os âmbitos da vida pública, através da obtenção de maior representação nos espaços sociais e políticos, o fortalecimento de políticas e mecanismos estáveis de igualdade, melhoria das oportunidades no âmbito econômico e a formação em valores de cidadania; 1- A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, em seu compromisso social de não permitir que estas situações se perpetuem estabelece que: I- a política estadual em matéria de igualdade entre mulheres e homens deverá estabelecer as ações tendentes à obtenção da igualdade substantiva no âmbito econômico, político, social, cultural e ambiental. 3

II- Para garantir a promoção da correta aplicação desta lei, assim como as políticas e programas na matéria, o Sistema Estadual para a Igualdade entre Mulheres e Homens, se estruturará por meio do Conselho Consultivo de Equidade de Gênero. III- Com o fim de estabelecer diretrizes mínimas em matéria de ações afirmativas, o Conselho deverá: a) velar pela progressividade legislativa em matéria de igualdade, b) avaliar as políticas públicas, os programas e serviços sociais, incluindo no debate público a sociedade civil organizada na promoção da igualdade, c) estabelecer ações de coordenação entre os entes públicos para formar e capacitar em matéria de igualdade substantiva entre mulheres e homens, os servidores e agentes públicos que trabalham na área. IV- Para obtenção dos objetivos propostos por esta lei, estabelecerá também a necessidade de elaboração e recomendação de padrões que garantam a transmissão nos meios de comunicação e nos órgãos de comunicação social dos distintos entes 4

públicos uma imagem igualitária, livre de estereótipos e, plural de mulheres e homens. Feitas essas considerações apresentamos o presente anteprojeto para douta apreciação desta Egrégia Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. São Paulo, 17 de dezembro de 2015. CELESTE LEITE DOS SANTOS PROMOTORA DE JUSTIÇA, DIRETORA DA APMP MULHER, DOUTORA PELA USP, INTEGRANTE DO GRUPO DE PESQUISAS DE PERCEPÇÕES COGNITIVAS NA INTERPRETAÇÃO DA NORMA DA PUC/SP. MARIA GABRIELA MANSSUR PROMOTORA DE JUSTIÇA, DIRETORA DA APMP MULHER, PRESIDENTE DO INSTITUTO MOVIMENTO PELA MULHER. MARIA CELESTE CORDEIRO LEITE dos SANTOS PROFESSORA DA PUC/SP, LIVRE DOCENTE EM DIREITO PELA USP, COORDENADORA DO GRUPO DE PESQUISAS PERCEPÇÕES COGNITIVA NA INTERPRETAÇÃO DA NORMA DA PUC/SP. 5

PROJETO DE LEI N. DE DE 2016. Autoriza o Poder Executivo a Promover o Acordo Estadual de Igualdade entre Homens e Mulheres, e fixar o mês de março como mês dedicado a promoção da equidade de gênero (março lilás). A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO, decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Título I Dos Objetivos e Princípios Art. 1. A presente lei tem por objeto regular e garantir a igualdade entre mulheres e homens, propor diretrizes e mecanismos institucionais que orientem o Estado de São Paulo ao cumprimento da igualdade substantiva no âmbito público e privado, promovendo e empoderando as mulheres. Parágrafo único. As disposições contidas nesta lei são de ordem pública, interesse social, de observância geral e obrigatória em todo o Estado de São Paulo. Art. 2. São princípios diretores da presente lei: I igualdade de oportunidades; II igualdade de tratamento (não discriminação); III equidade; 6

IV respeito a dignidade da pessoa humana; Art. 3. Esta lei aplica-se a todos os homens e mulheres que por razão de sexo, independente de sua idade, estado civil, profissão, origem étnica, condição social, saúde ou religião, se encontre em algum tipo de desvantagem ante a violação ao princípio da igualdade tutelado por esta lei. Art. 4. Fica autorizada a fixação do mês de março para fins de promoção de medidas e ações destinadas a obtenção da equidade de gênero, sendo assim denominado março lilás. Art. 5. Para fins dessa lei, se entenderá por: I Ações afirmativas: ao conjunto de medidas e ações de caráter temporário que visam acelerar a igualdade de fato entre homens e mulheres; II Medidas de participação equilibrada: corresponde a presença de mulheres e homens em todos os âmbitos de tomada de decisão de modo que, no conjunto a que se refira, não superem 60%, nem seja inferior a 40%; III Medidas de igualdade de oportunidades: são aquelas que dirigidas a um ou ambos os sexos que pretendem eliminar as diferenças entre homens e mulheres, promovendo a erradicação permanente dos prejuízos de gênero causadoras da diferença. IV Empoderamento: ato de empoderar as mulheres na totalidade das relações sociais através do reconhecimento de direitos superando o modelo androcêntrico para obtenção de modelo integrador de mulheres e homens. 7

V Conselho de Equidade de Gênero: O Conselho com atribuição para desenvolver políticas públicas visando a promoção e o fomento da isonomia real, por meio de ações afirmativas, medidas de participação equilibrada e medidas de igualdade de oportunidades; VI Gênero: ao conjunto de idéias, crenças, representações e atribuições sociais construídas em cada cultura tomando como base a diferença sexual; VII Programa: ao Programa Estadual para a Igualdade de Mulheres e Homens; VIII Perspectiva de gênero: a metodologia e os mecanismos que permitem identificar, questionar e valorar a discriminação, a desigualdade e a exclusão de mulheres que pretende justificar-se com base em diferenças biológicas entre mulheres e homens, assim como as ações que devem empreender-se para atuar sobre os fatores de gênero que permitam avançar na construção da equidade de gênero; IX - Sistema: ao Sistema Estadual para a Igualdade de Mulheres e Homens; X Transversalidade: ao processo que permite garantir a incorporação da perspectiva de gênero com o objetivo de valorar as implicações que tem para as mulheres e homens qualquer ação que se programe, tratando-se de legislação, políticas públicas, atividades administrativas, econômicas e culturais em instituições públicas e privadas. 8

Título II Das autoridades e instituições Art. 7. O poder público estadual estabelecerá as bases de coordenação para a sua integração e o funcionamento do Sistema Estadual, assim como: I Conduzir a política estadual em matéria de igualdade entre mulheres e homens; II- Elaborar a política estadual em matéria de igualdade, a fim de cumprir o estabelecido na presente lei; III Elaborar e aplicar os instrumentos de política estadual em matéria de igualdade nesta lei; IV Coordenar as ações para a transversalidade da perspectiva de gênero, assim como criar e aplicar o Programa, com os princípios que esta lei assinala; V- Garantir a igualdade de oportunidades, mediante a adoção de políticas, programas, projetos e instrumentos compensatórios como ações afirmativas. Art. 8. Os agentes públicos terão a seu cargo a aplicação da presente lei, sem prejuízo das atribuições que lhes correspondam. 9

Título III Diretrizes Gerais de Igualdade e Sistema Estadual para a Igualdade de Mulheres e Homens Capítulo I Diretrizes Gerais de Igualdade Art. 9. A política estatal em matéria de igualdade entre mulheres e homens, deverá estabelecer as ações tendentes a obtenção da igualdade substantiva no âmbito econômico, político, social, cultural e ambiental de todas as pessoas. Art. 10. A política estadual de promoção de equidade de gênero deverá considerar as seguintes diretrizes: I Fomentar a igualdade entre mulheres e homens em todos os âmbitos da vida; II- Garantir que as políticas públicas incorporem a perspectiva de gênero, apóiem a transversalidade e prevejam o cumprimento dos programas, projetos e ações para a igualdade entre mulheres e homens; III Fomentar a participação e representação política equilibrada de mulheres e homens; IV Fomentar a concorrência política e social em igualdade de condições de mulheres e homens dirigida a obter efetiva participação cidadã e concretizar os mecanismos de controle social pertinentes; 10

V Promover a igualdade de acesso e fruição dos direitos sociais, para as mulheres e os homens; VI Garantir o direito a proteção da saúde, incentivando a revisão de protocolos de acordo a fim de que seja respeitada a diversidade sexual e, conferir especial atenção aos direitos sexuais e reprodutivos, principalmente nos locais de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano); VII- Garantir o acesso a todos os níveis de educação de qualidade e não sexista; VIII Fomentar sob a égide do princípio de igualdade de tratamento e oportunidades, o acesso a recursos produtivos, financeiros e tecnológicos; IX Promover a igualdade de homens e mulheres na vida civil; X Impulsionar a modificação de padrões culturais e legais a fim de que haja a eliminação e erradicação de estereótipos, estigmas e preconceitos estabelecidos em função do sexo, fomentando a responsabilidade compartilhada dos direitos e as obrigações das mulheres e homens, sob os princípios da colaboração e solidariedade. XI Fomentar o estabelecimento de direitos de conciliação da vida profissional, pessoal e familiar a serem exercidos em regime de corresponsabilidade. Capítulo II Do Sistema Estadual para a Igualdade entre Mulheres e Homens Art. 11. O Sistema é o conjunto orgânico e articulado de estruturas, relações funcionais, métodos e procedimentos das entidades da Administração Pública entre si, com as organizações dos diversos grupos sociais, as instituições acadêmicas e de 11

investigação e, com os entes municipais, a fim de efetuar ações de comum acordo destinadas a promoção e efetividade da igualdade entre mulheres e homens. Art. 12. O Sistema se estruturará por meio do Conselho de Equidade de Gênero e estará integrado por: I Um coordenador que o presidirá, escolhido pelo Governador do Estado de São Paulo; II Um coordenador adjunto que exercerá as funções de secretário executivo, escolhido pelo Governador do Estado de São Paulo; III- Um representante da Assembléia Legislativa, que será exercido pela Procuradora da Mulher na respectiva Casa Legislativa; IV Três membros do Ministério Público Estadual, escolhidos pelo Conselho Superior do Ministério Público, mediante prévia inscrição; V Três membros do Poder Judiciário Estadual, escolhidos pelo Órgão Especial, mediante prévia inscrição; VI- Dois membros da Defensoria Pública Estadual, escolhido pelo Conselho Superior da Defensoria Pública Estadual, mediante prévia inscrição; VII Um membro da Ordem dos Advogados do Brasil indicado pelo Plenário dos Conselheiros da OAB/SP, mediante prévia inscrição; VIII Quatro professores universitários, sendo dois representantes das universidades públicas e dois representantes das universidades privadas, escolhidos pelo Governador do Estado de São Paulo; 12

IX Dois professores da rede regular de ensino, escolhidos pelo Governador do Estado de São Paulo; IX Dois professores da rede estadual de ensino, escolhidos pelo Governador do Estado de São Paulo; X Um representante da polícia civil e um representante da polícia militar, escolhido pelo Governador do Estado de São Paulo; XI- Dois representantes da sociedade civil escolhidos pelo Governador do Estado de São Paulo. XII- Um representante da Diretoria da APMP Mulher da Associação Paulista do Ministério Público. XIII- Um profissional da área da saúde, escolhido pelo Governador do Estado de São Paulo. Parágrafo único. O mandato dos conselheiros será de três anos, sendo permitida uma recondução. Art. 13. O sistema possui os seguintes objetivos: I Estabelecer diretrizes mínimas em matéria de ações afirmativas, medidas de igualdade de oportunidades e medidas de participação equilibrada, com a finalidade de erradicar a violência e a discriminação em razão do gênero; II Velar pela progressividade legislativa em matéria de igualdade substantiva de mulheres e homens, a fim de harmonizar a legislação local com os padrões internacionais vigentes; 13

III Avaliar as políticas públicas, os programas e serviços em matéria de igualdade substantiva; IV- Determinar a periodicidade e características da informação que deverão proporcionar os entes públicos, com o objetivo de gerar as condições necessárias para avaliar a progressividade no cumprimento da lei; V- Avaliar e propor programas e planos estratégicos dos entes públicos, em matéria de igualdade substantiva de mulheres e homens; VI- Incluir no debate público a participação da sociedade civil organizada na promoção da igualdade substantiva de mulheres e homens; VII Estabelecer ações de coordenação entre os entes públicos do Estado, para formar e capacitar em matéria de igualdade substantiva entre mulheres e homens os servidores públicos que laboram na área; VIII Elaborar e recomendar padrões por meio de resoluções que garantam a transmissão nos meios de comunicação e órgãos de comunicação social dos distintos entes públicos, de uma imagem igualitária, livre de estereótipos e plural de mulheres e homens; IX- Propor aos meios de comunicação pública e privadas a adoção de medidas de autorregulação, com o objetivo de contribuir com o cumprimento desta lei, mediante a adoção progressiva da transmissão de uma imagem igualitária, livre de estereótipos e plural de mulheres e homens; X- Outorgar anualmente reconhecimento de empresas que se distingam por seu alto compromisso com a igualdade substantiva de mulheres e homens, de acordo com as seguintes diretrizes: 14

a As empresas interessadas deverão apresentar ao Conselho de Equidade de Gênero os avanços relativos a igualdade substantiva nas relações laborais, políticas de comunicação, fomento da igualdade substantiva, propaganda não sexista, políticas de emprego como: a seleção de pessoas, retribuição, capacitação, promoção e distribuição equilibrada entre mulheres e homens em todos os cargos, prioritariamente nos de tomada de decisões; b. O Conselho de Equidade de Gênero avaliará as informações para fins de outorga do reconhecimento. c. As empresas que obtiverem o reconhecimento serão receberão certificado de igualdade preferencialmente por ocasião das comemorações do março lilás; XI Fomentar ações encaminhadas ao reconhecimento progressivo do direito de conciliação da vida pessoal, laboral, familiar e estabelecer meios e mecanismos tendentes a convivência, sem prejuízo, do pleno desenvolvimento humano; XII- Estabelecer medidas para a erradicação do assédio sexual no ambiente universitário e de trabalho, bem como a importunação ofensiva ao pudor nos transportes coletivos; XIII Desenvolvimento de ações para fomentar a integração de políticas públicas com perspectiva de gênero em matéria econômica; XIV Impulsionar a formação de lideranças igualitárias; XV Todas as demais medidas que sejam necessárias para o cumprimento dos objetivos do Sistema. 15

Art. 14. Para os efeitos dessa lei, as autoridades e organismos públicos estatais desenvolverão as seguintes ações: I Fomentar a educação de pessoas, visando sua capacitação permanente; II Fomentar o acesso, ascensão e elegibilidade de pessoas do sexo masculino e feminino no âmbito público e privado, tendo em vista que a diversidade de gênero é um dos pressupostos da democracia paritária; III Apoiar a coordenação dos sistemas estatísticos estatais para melhor conhecimento das questões relativas a mulheres e homens na política laboral; IV Financiar as ações de informação e conscientização, destinadas a fomentar a igualdade entre mulheres e homens; V- Vincular financiamentos para o desenvolvimento integral das mulheres; VI Evitar a segregação das pessoas em razão do sexo, em especial no ambiente escolar e no mercado de trabalho; VII- Desenvolver políticas e programas de desenvolvimento e de redução da pobreza com perspectiva de gênero; VIII Estabelecer estímulos e certificados de igualdade que se concederão anualmente as empresas que hajam aplicado políticas e práticas na matéria. IX Zelar pela progressiva incorporação em todos os setores da sociedade de linguagem não sexista. 16

Capítulo III Da Participação e Representação Política Equilibrada de Mulheres e Homens Art. 15. Os Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e o Ministério Público Estadual proporão os mecanismos de operação adequados para a participação equilibrada de mulheres e homens na tomada de decisões políticas e socioeconômicas; Art. 16. Para os efeitos do previsto no parágrafo anterior, os agentes políticos correspondentes desenvolverão as seguintes ações: I Garantir que a educação em todos os níveis se realize no marco da igualdade entre mulheres e homens, bem como criar a consciência da necessidade de eliminação de toda a forma de discriminação; II Avaliar a participação equilibrada entre mulheres e homens nos cargos de eleição popular; III Fomentar a participação equitativa de mulheres e homens em altos cargos públicos; IV Desenvolver e atualizar estatísticas por sexo, sobre postos e cargos diretivos nos setores público, privado e da sociedade civil no Estado; V Fomentar a participação equilibrada e a não discriminação de mulheres e homens, nos processos de seleção, contratação e ascensão dos agentes públicos nos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público. Art. 17. Revogam-se as disposições em contrário. 17

Art. 18. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação. São Paulo,. 18