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Transcrição:

DIREITO PENAL MILITAR Crimes contra a autoridade ou disciplina militar Parte 3 Prof. Pablo Cruz

Desrespeito a superior Crimes contra a autoridade ou disciplina militar Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Crime propriamente militar. Consumação: ocorre quando o autor ofende a vítima secundária, seja de que forma for. Superior conceito artigo 24 do CPM: O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.

É crime propriamente militar, pois só pode ser cometido por militar e diz respeito aos deveres que lhe são inerentes. O desrespeito é a falta de consideração pelo superior hierárquico, fato que, no meio civil seria considerado falta de educação para com o chefe, no meio militar é uma ofensa à hierarquia e à disciplina reinantes na caserna. O desrespeito pode manifestar-se através de gestos, atitudes e palavras. Um gesto de desaprovação, de crítica, obsceno, pode configurar uma atitude desrespeitosa. Uma palavra de crítica, de menosprezo, pode constituir-se, conforme as circunstâncias, ofensa à autoridade do superior.

Exemplo seria o do militar que em discussão com seu superior, o trata a gritos, batendo com os punhos na mesa durante a discussão (TJM-RS Ap. 3102/97). Não é necessário que o fato ocorra dentro de organização militar, sendo agravante o fato de o ofendido ser o Comandante da unidade, oficial general ou oficial de dia ou de quarto da unidade ou da embarcação. Trata-se de crime subsidiário, ou seja, a conduta somente pode ser enquadrada no referido dispositivo quando não configure crime mais grave. Ex. se o desrespeito ocorrer por agressão, tratar-se do crime de violência contra superior.

Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade.

Desrespeito a símbolo nacional Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração militar, ato que se traduza em ultraje a símbolo nacional: Pena - detenção, de um a dois anos. Segundo a Constituição (Art. 13. 1º), são símbolos nacionais: a bandeira nacional, o hino nacional, as armas nacionais e o selo nacional.

Despojamento desprezível Crimes contra a autoridade ou disciplina militar Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por menosprêzo ou vilipêndio: Pena - detenção, de seis meses a um ano. Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado diante da tropa, ou em público. Crime propriamente militar. Consumação: ocorre quando o autor arranca, por menosprezo ou por vilipêndio, no todo ou em parte, uniforme, condecoração, insígnia ou distintivo.

DA INSUBORDINAÇÃO Crimes contra a autoridade ou disciplina militar A insubordinação é gênero do qual são espécies a Recusa de Obediência, a Oposição à ordem de sentinela, a Reunião ilícita e a Publicação ou crítica indevida.

Recusa de obediência Crimes contra a autoridade ou disciplina militar Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sôbre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever impôsto em lei, regulamento ou instrução: Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. Crime propriamente militar. Consumação: ocorre quando o autor recusa obediência à ordem, seja por ação, seja por omissão, contudo sempre acompanhado de afronta à autoridade que determinou ou que está fazendo cumprir a ordem, bem como afronta à disciplina.

Bastam dois ou mais militares recusarem obedecer a qualquer tipo de ordem e a conduta migrará para o crime do art. 149, I do CPM, configurando o crime de MOTIM. A insubordinação ficará restrita, portanto, ao estreito limite de recusa em obedecer a ordem relativa a serviço ou dever imposto em lei, regulamento ou instrução, praticada por apenas um militar.

Oposição a ordem de sentinela Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela: Crimes contra a autoridade ou disciplina militar Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Crime impropriamente militar. Consumação: ocorre quando o autor se opõe, seja da forma que for, à ordem da Sentinela. Sentinela é o militar legalmente encarregado de guardar, com ou sem armas, determinado lugar sob administração militar, usando os acessórios que indiquem encontrar-se em serviço.

Prevalece o entendimento de que o crime é comum, pois, conforme se afirma, o delito é ratione materiae, por não exigir qualidade especial do agente. É de extrema relevância destacar, mormente se pensando em questões objetivas, que, não só em relação ao crime de oposição à ordem de sentinela, mas de todos os previstos no capítulo de insubordinação, é que tais delitos são chamados de subsidiários, ou seja, só são aplicados se o fato não constitui crime mais grave.

Reunião ilícita Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar: Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave. Crime impropriamente militar.

Consumação: ocorre quando a reunião acontece, com a presença de pelo menos dois militares, pois até então, não há falar em promover, já que não existiu, nem em tomar parte, pelo mesmo motivo. Não se exige, no entanto,..., que ocorra a efetiva discussão dos assuntos grafados no tipo. (COIMBRA NEVES, Cícero Robson e STREIFINGER, Marcello. Manual de Direito Penal Militar. São Paulo: Saraiva, 3ª edição, 2013, p. 829.)

Publicação ou crítica indevida Crimes contra a autoridade ou disciplina militar Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo: Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Crime propriamente militar.

Consumação: ocorre com a publicação do ato ou do documento em questão, sendo indiferente para o tipo estudado que alguém tenha acesso à publicação. Basta que, potencialmente, possa ela chegar ao conhecimento de alguém, configurando-se, pois, em crime de perigo abstrato, o que também leva à conclusão de que não se exige para a configuração do delito que a veiculação da informação lese efetivamente a disciplina ou a autoridade militares. Na modalidade fazer crítica, o crime se consuma com a externalização do pensamento crítico, desde que publicamente, exigindo-se, porém, nessa modalidade, que pessoas apreendam as críticas publicadas (crime de perigo concreto). (COIMBRA NEVES, Cícero Robson e STREIFINGER)

O tipo objetiva a manutenção da disciplina e o respeito à hierarquia, que devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva e reformados (art. 9º, inciso III, do CPM). Também se considera inconcebível a crítica a qualquer resolução do governo, uma vez que as Forças Armadas são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob autoridade suprema do Presidente da República (CF/88, art. 142). Na mesma medida, as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos governadores dos Estados (CF, art. 144, 6 ).