Dicotomias e Territórios em disputa no fechamento de escolas no campo na mesorregião Centro Goiano.

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Transcrição:

Dicotomias e Territórios em disputa no fechamento de escolas no campo na mesorregião Centro Goiano. Daniela Lopes Rocha 1 (IC)*, Francilane Eulália de Souza 2 (PQ). 1 daniela.death@gmail.com, Graduanda em Licenciatura Plena em Geografia, PIBIC/UEG, Universidade Estadual de Goiás Campus Formosa, 2 Doutora em Geografia, Professora titular na Universidade Estadual de Goiás Campus Formosa. Resumo: O campesinato goiano vem sendo marcado por grandes desafios no âmbito educacional, haja vista o alto índice de fechamentos das escolas no campo entre os anos de 2007 a 2015, nesse sentido, a pesquisa buscará saber quais os aspectos que vem contribuindo para o fechamento de escolas situadas no campo, na mesorregião do Centro Goiano e destacar as consequências desse fechamento para o camponês, através da coleta de dados quantitativos e pesquisas bibliográficas e de campo. Dessa forma, pode-se afirmar que houve fechamento de 64 escolas no campo e abertura de 31 escolas entre os anos de 2007 a 2015, sendo que dentre os seus condicionantes está justamente a entrada do agronegócio na mesorregião do Centro Goiano que expulsa os camponeses do campo e o alto índice de urbanização. Sendo assim, com o fechamento das escolas do campo a Identidade Territorial Camponesa se enfraquece, dificultando a permanência do camponês no campo. Palavras-chave: Identidade Territorial Camponesa. Agronegócio. Analfabetismo. Introdução O Fechamento de escolas no campo do estado de Goiás, vem marcando os desafios enfrentados pelo campesinato Goiano, nesse contexto, nos últimos 15 anos foram fechadas quase 70% das escolas situadas no campo. Esse fato é preocupante e alimenta outros dados como o alto índice de analfabetismo no campo e de crianças fora da escola. Assim também está a Mesorregião do Centro Goiano que se configura entre as três que mais fecham escolas no campo, sendo a esfera municipal a que mais corrobora para tal fim, haja vista que o meio rural ainda sofre déficit no que diz respeito às escolas da esfera estadual. Para o andamento da pesquisa foi de suma importância entender os conceitos de educação no/do campo. Portanto a educação no campo é aquela onde a escola fica situada no campo, e a escola do campo é aquela em que o projeto político-pedagógico é vinculado à luta, a história e a cultura do povo camponês

(GODOY, 2004). Dessa maneira, a educação no/do campo vem contemplar ambas as perspectivas, a de uma educação dentro do campo (no) voltada para o camponês (do). Dentre as metodologias adotadas, destacaram-se as pesquisas de cunho quali-quantitativo, as bibliográficas e as pesquisas de campo, esta última realizada somente nas mesorregiões Norte e Leste Goiano. Portanto, avaliar o fechamento das escolas do campo no estado de Goiás, é importante, pois está havendo, dentre outros fatores, uma ampliação do território do agronegócio em detrimento das escolas no campo, expulsando casa vez mais os camponeses, marginalizando-os na cidade. Material e Métodos Para a consolidação dessa pesquisa, a priori, foi importante fazer análises, em fontes secundárias (bibliográficas) relacionadas ao objeto desta pesquisa. Foi de extrema importância as pesquisas nos sítios de órgão como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, relacionados ao espaço rural goiano da mesorregião do Centro Goiano Também, para levantar os prováveis aspectos que estão propiciando o fechamento destas escolas foi fundamental a realização de pesquisa quantitativa online no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP e no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação-FUNDEB, fontes as quais fornecem dados referentes a educação no Brasil. Os dados foram colhidos e organizados em planilhas do programa Microsoft Excel, em escala temporal de 2007 a 2015. Essa fase foi extremamente demorada visto que fechamento de escola é diferente de diminuição de escola. Esse foi um dos principais desafios para a metodologia da pesquisa, pois é comum, em muitas pesquisas, a realização de um balanço final entre determinados anos (inicial e final) para apontar o fechamento de escolas. No entanto, para saber o quantitativo de escolas que fecham é preciso levantar esse dado ano a ano, por município, comparando a abertura e o fechamento de escolas, visto que há no campo um movimento de abertura de escolas também. Outra fase dessa pesquisa foram a espacialização dos dados que se consubstanciaram por meio de gráficos, tabelas e principalmente por meio de

mapas que foram gerados por meio do programa Philcarto, sendo que este permitiu melhor avaliar os dados levantados. Assim, por se tratar de uma pesquisa que engloba todas as mesorregiões destacamos que as pesquisas de campo foram realizadas somente na mesorregião Norte e na Leste, e, em função da coleta de dados quantitativos não conseguimos realizar pesquisa de campo na mesorregião do Centro Goiano o que implica na necessidade de continuar/prorrogar essa pesquisa por mais tempo, para finalizar essa fase da pesquisa. Resultados e Discussão O fechamento das escolas no campo do estado de Goiás é preocupante, haja vista que o mesmo aumenta o índice de analfabetismo e de crianças fora da escola. Nesse contexto se encontra mesorregião do Centro goiano, se configurando entre as três mesorregiões que mais fecham escolas no campo, principalmente no que se diz respeito a esfera municipal. Dessa forma, se faz importante compreender a importância da educação no/do campo para o fortalecimento da identidade territorial camponesa. Sobre a identidade territorial pode-se dizer que toda identidade territorial é uma identidade social definida fundamentalmente através do território (HAESBAERT, 1999, p. 172), ou seja, a identidade territorial está ligada ao modo de vida do sujeito, nesse caso, do camponês, como o mesmo se relaciona com o território, ou seja, seus hábitos, costume e valores que são constituídos a partir do território seja ele material ou imaterial. Segundo Caldart (2002), infelizmente a educação passada para o camponês é uma educação aos moldes urbanos, atrelada aos moldes econômicos perversos, já que, segundo Godoy (2009), não havia políticas públicas para o campo até meados dos anos 1990, havendo logo após a criação de grupos que refletiam a problemática da escola rural, da escola no e do campo. Assim, surge a educação no/do campo que viria a contemplar as perspectivas de uma educação no campo, ou seja, que se encontra dentro do campo, e da escola do campo, aquela que possui um projeto político-pedagógico vinculado à luta, a história e a cultura do povo camponês (GODOY, 2014).

Dessa forma, sobre a mesorregião Centro goiano pode-se destacar que, a mesma é formada por 82 municípios agrupados em cinco microrregiões, quais sejam: Ceres, Iporá, Anápolis, Anicuns e Goiânia. É a mesorregião mais populosa, rica e densamente povoada do estado, onde está localizado a capital estadual, Goiânia. Possui uma área correspondente a 40.836,704 km². De acordo com o último Censo Demográfico realizado pelo IBGE cidades essa mesorregião é constituída por 148.509 pessoas no meio rural. Sendo que, o município que mais concentra pessoas no meio rural é Hidrolândia; e o município com menor número de pessoas no meio rural é Cachoeira de Goiás com 246 habitantes. Em relação ao meio urbano na mesorregião Centro goiano, possui 2.908.285 pessoas. O município que mais possui pessoas no meio urbano é a própria capital do Estado de Goiás, Goiânia, com 1.297.076. O município com menor quantitativo populacional no meio urbano e Santa Rita do Novo Destino com 1.113 habitantes. No ano de 2007 essa mesorregião contabilizou um total de 130 escolas situadas no campo, já em 2015 esse quantitativo foi para 97, assim de 2007 a 2015 diminuíram 3 escolas (TABELA 01). TABELA 01: TOTAL DE ESCOLAS NO CAMPO NA MESSOREGIÃO CENTRO GOIANO DE 2007 A 2015 MESSOREGIÃO CENTRO GOIANO: QUANTITATIVO DE ESCOLAS NO CAMPO - 2007 A 2015 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 130 117 111 98 99 98 99 99 97 Fonte: Sinopse estatística do INEP- 2007 a 2015 Org.: Daniela Lopes Rocha Sobre o quantitativo de abertura e fechamento de escolas no campo, na mesorregião do Centro Goiano, 64 escolas foram fechadas e 31 escolas foram abertas. Nesse contexto, 26 municípios fecharam escolas no campo deixando 9 (nove) municípios sem escolas como: Petrolina de Goiás, Hidrolina, Morro Agudo de Goiás, Caldazinha, Nerópolis, Amorinópolis, Córrego do Ouro, Jaupaci e Novo Brasil. Os municípios de Pilar de Goiás e Hidrolândia são os com maior quantitativo de escolas que fecharam totalizando 6 (seis) escolas (TABELA 02)

TABELA 02: QUANTITATIVO DE ABERTURA E FECHAMENTO DE ESCOLA FECHAMENTO DE ESCOLAS RURAIS 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 x 15 16 16 5 5 1 4 2 ABERTURA DE ESCOLAS 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 RURAIS x 2 10 3 6 4 2 4 x Fonte: Sinopse estatística do INEP- 2007 a 2015 Org.: Daniela Lopes Rocha No ano de 2007 os municípios com maior número de escolas no campo eram Jaraguá e Hidrolândia, ambos com 10 escolas. Em 2015 a situação fica bem diferente, o município com maior número de escolas passa a ser somente Jaraguá, com 9 (nove) escolas no meio rural. Também se tem Rubiataba e Nova Glória com 7 (sete) escolas e Anápolis com 6 escolas no campo. (TABELA 03). TABELA 03: MUNICÍPIOS COM MAIOR NÚMERO DE ESCOLAS NO CAMPO NA MESSORGIÃO DO CANTRO GOIANO DE 2007 A 2015 MUNICÍPIOS COM MAIOR NÚMERO DE ESCOLAS NO CAMPO NA MESSORGIÃO DO CANTRO GOIANO DE 2007 A 2015 MUNICÍPIOS/ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 ANÁPOLIS 7 6 8 7 8 9 9 8 6 JARAGUÁ 10 9 9 9 9 9 9 9 9 RUBIATABA 7 7 5 7 6 6 6 7 7 NOVA GLÓRIA 6 6 6 6 6 6 7 7 7 Fonte: Sinopse estatística do INEP- 2007 a 2015 Org.: Daniela Lopes Rocha Outro fato preocupante é que nessa mesorregião são 39 municípios com escolas no campo, desse modo, 43 municípios estão sem escolas (Araçu, Brazabrantes, Heitorai, Campo limpo de Goiás, Damolândia, Itaguari, Itaguaru, Jesúpolis, Nova Veneza, Ouro verde de Goiás, Petrolina de Goiás, Santa Rosa de Goiás, São Francisco de Goiás, Taquaral de Goiás, Adelândia, Americano do Brasil, Aurilandia, Avelinópolis, Buriti de Goiás, Nazário, Santa Bárbara de Goiás, Turvânia, Guaraíta, Hidrolina, Morro agudo de Goiás, Rialma, Rianapolis, São Patricio, Uruana, Bonfinópolis, Caldazinha, Goianápolis, Goianira, Guapó, Nerópolis, Santo Antonio de Goiás, Amorinopolis, Cachoeira de Goiás, Córrego do Ouro, Israelândia, Jaupaci, Novo Brasil, Caturaí.

Destacam-se também, os municípios de Pilar de Goiás e Hidrolândia como os que mais fecharam escolas no decorrer dos anos de 2007 à 2015, com uma diminuição de 6 (seis) escolas do campo. Sobre Pilar de Goiás, pode-se afirmar que, de acordo com o censo demográfico - IBGE sua área é de 906,645 km², com densidade demográfica é de 3,06 hab/km², sua população rural é de 1.572 habitantes e sua população urbana é de 1.201 habitantes, ou seja, sua população rural é maior do que a população urbana, o que não justificaria o fechamento de escolas no campo, haja vista que, o fechamento das escolas no campo muitas vezes está ligado ao aumento da urbanização, o que justificaria a sua diminuição, entretanto este não é o caso deste município. As produções de lavoura temporária que se destacam no município possuem cerca de 150 hectares de Arroz plantados e 300 de milho, sendo que o município não possui produções de lavoura permanente em seu território. Além disso, o Instituto Mauro Borges apontou que 80% dos 536 estabelecimentos rurais desse município eram pequenos. Já o município de Hidrolândia, segundo o censo demográfico IBGE 2010 sua área total é de 953,729 km², sua densidade demográfica é de 18,43 hab/km², sua população rural é de 6.928 habitantes e sua população urbana é de 10.470 habitantes, havendo assim, um predomínio da população urbana sobre a rural. Sua produção de lavoura permanente é pouco expressiva com a laranja, possuindo 700 hectares plantados, seguida da tangerina com 73 hectares, do coco-da-baía com 50 hectares, a banana com 49 hectares, o café com 45 hectares e o palmito com 10 hectares plantados. A produção de lavoura temporária desse município destaca-se com a soja, sendo plantados cerca de 750 hectares no ano de 2014, o milho com 400 hectares, a mandioca com 100 hectares, o arroz com 40 hectares e a cana-deaçúcar com cerca de 20 hectares de área plantada na região. Nesse município também predomina a pequena propriedade que ocupa aproximadamente 40% da área. Esses variam de 0 a 140 hectares e correspondem a quase 90% das propriedades no meio rural desse município. Por fim, segundo os dados do DATALUTA, os municípios supracitados não possuem assentamentos de reforma agrária, o que está fortemente ligado a ausência de escolas no campo, tendo em vista que, tais assentamentos lutam por

melhorias para a população camponesa, através dos movimentos sem-terra, pois segundo Caldart os protagonistas do processo de criação da Educação do campo são os movimentos sociais camponeses em estado de luta, com destaque aos movimentos sociais de luta pela reforma agrária e particularmente ao MST (CALDART, 2009, p. 40-41). Dentre os condicionantes para o fechamento de escolas no campo nessa mesorregião o agronegócio é um dos principais motivadores. Já que, segundo dados do Instituto Mauro Borges IMB, a produção de grãos na mesorregião do Centro Goiano em 2007 era 589.989 toneladas, sendo que, a produção de soja em 2007 ocupava uma área de 35.355 hectares havendo um aumento em 2014 para 91.610 hectares, do mesmo modo que a área de cana-de-açúcar que em 2007 era de 111.519 hectares e 2014 foi para 123.017 hectares. Assim, sobre a cana-de-açúcar na mesorregião do Centro Goiano, segundo dados do Sindicato da Industria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás SIFAEG, a mesorregião do centro goiano se encontra em segundo lugar no quantitativo de industrias de cana-de-açúcar. Assim, através da lógica da expansão do agronegócio, ou seja, da necessidade do empresário estocar terras além daquelas já utilizadas na produção (LEITE; MEDEIROS, 2012, p.85), há a expulsão das famílias do campo, consequentemente onde não há famílias não há escolas. Outro fator que motiva o fechamento das escolas no campo é o transporte escolar, já que o sistema põe como mais vantajoso o investimento em transporte escolar do que a abertura de escolas no campo (GRÁFICO 04), observa-se que há uma diminuição no número de escolas estaduais, já que com a entrada do agronegócio e da urbanização, também há uma diminuição população do campo, bem como uma diminuição das escolas e de alunos transportados para a cidade. GRÁFICO 04: NÚMERO DE ALUNOS DA REDE ESTADUAL DO CAMPO TRANSPORTADOS PARA A CIDADE NO ESTADO DE GOIÁS 2007 A 2015 Fonte: SEDUCE, Resumo parcial do transporte escolar - 2007 a 2015. Org.: Tainara A. de J. Abe 2016

Outro fator que provavelmente motiva o fechamento das escolas é o crescimento da população urbana em detrimento da população rural, haja vista que, segundo dados do IMB, a população rural da mesorregião do Centro Goiano desde 1980 a 2010 sofreu uma queda de 57,73% (TABELA 04). TABELA 04: POPULAÇÃO RURAL DA MESORREGIÃO DO CENTRO GOIANO POPULAÇÃO RURAL DA MESORREGIÃO DO CENTRO GOIANO 1980 1991 2000 2010 351.272 245.808 174.729 148.509 Fonte: Instituto Mauro Borges Org.: Daniela Lopes Rocha Também, outro fator motivacional seria as condições precárias em que se encontram as escolas do campo, sendo assim, os pais dos alunos irão optar por um ensino de melhor qualidade no meio urbano, já que, sobre as condições das escolas situadas nos municípios com maior índice de fechamentos, pode-se dizer que as situadas município de Hidrolândia não possuem bibliotecas, laboratórios de informática e ciências, e internet, sendo que, apenas uma delas, possui transporte escolar público, já a única escola do município de Pilar de Goiás não possui biblioteca ou laboratórios de informática e ciências, não dispondo também de internet, porém possui transporte escolar público (ESCOLAS E CRECHES, 2016) 1 Dessa forma, o fechamento das escolas do campo pode gerar a falta de escolas para atender a demanda dos alunos, agravando o analfabetismo nas regiões rurais, assim, a população rural segundo o Censo demográfico de 2010 é a que mais vem sofrendo com o alto índice de analfabetismo e os mais baixos níveis de instrução no país. 2 Junto ao analfabetismo, o fechamento das escolas pode ocasionar numa alta demanda alunos transportados para as cidades, sobrecarregando ainda mais as salas de aula. Além destes fatores, o fechamento das escolas no campo pode ocasionar numa perda do território material e imaterial do campesinato por conta do êxodo rural e de sua reterritorialização na cidade, havendo impactos em sua identidade territorial camponesa. 1 Informações obtidas através do site: ESCOLAS E CRECHES. Disponível em: < http://guiagoias.escolasecreches.com.br> Acesso em: 22 de julho de 2016. 2 Idem.

Considerações Finais Esta pesquisa apontou que a mesorregião do Centro goiano vem passando por fechamentos de suas escolas do campo, que muitas vezes, têm como maior motivação a forte entrada do agronegócio na região, que expulsa as famílias do campo, havendo assim, uma diminuição das escolas. Também indica que a mesorregião do Centro goiano possui um alto índice de urbanização, sento este um grande fato que motiva o fechamento de escolas no campo. Por fim, pode-se dizer que a educação é um direito de todos, sendo assim, os camponeses, como seres de direito, também possuem a necessidade de uma educação localizada em seu território. Assim a educação de qualidade no campo vem para contribuir com a formação da identidade territorial camponesa, e, com o fechamento das escolas, essa identidade se enfraquece, dificultando a permanência do camponês no campo. Agradecimentos Agradeço a Universidade Estadual de Goiás Campus Formosa, por ter cedido a bolsa de estudos. A orientadora Francilane Eulália de Souza pelo incentivo a pesquisa e suporte nesse curto período do projeto. Aos diretores que nos receberam durante a saída de campo nas escolas. E as minhas amigas e colegas Gisele Leite Bibiano e Tainara Alves de Jesus Abe. Referências ARROYO, M. G. Políticas De Formação De Educadores(As) Do Campo. Cad. Cedes, Campinas, vol. 27, n. 72, p. 157-176, maio/ago. 2007 Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br> Acesso em 19 de jan. 2016. CALDART. Roseli. S Por uma educação do campo: Traços de uma identidade em construção. In: ; KOLLING, Edgar. J; CERIOLI. Paulo R. Educação do campo: Identidade e Políticas Públicas. 2002., Educação do Campo: Notas para uma análise de percurso. Educação Saúde. Rio de Janeiro, v. 7 n. 1, p. 35-64, mar./jun.2009. DATALUTA. Disponível em:< http://www.lagea.ig.ufu.br/rededataluta.html> Acesso em: 10 de jul. de 2016.

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