ANATOMIA FOLIAR DE ALGODÃOZINHO-DO-CERRADO: Cochlospermum regium (SCHRANK) PILG., BIXACEAE LEAF ANATOMY OF YELLOW COTTON TREE:

Documentos relacionados
Calyptranthes widgreniana

DIAGNOSE ANATÔMICA FOLIAR E CAULINAR DE FRUTO-DE-POMBO: Rh a m n u s s p h a e r o s p e r m a Sw. v a r. p u b e s c e n s

TÍTULO: ANÁLISE MORFOANATÔMICA E HISTOQUÍMICA DE FOLHA DE GENIPA AMERICANA

ILLUSTRATION OF VEGETAL DRUG MICROSCOPIC CHARACTERS FOR THE PHARMACOGNOSTIC QUALITY CONTROL.

DUARTE, M. do R.; GOLAMBIUK, G.

Diagnose Morfoanatômica de Folha e Caule de Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers, Bignoniaceae

ANÁLISE MICROSCÓPICA FOLIAR DE MUTAMBA (Guazuma ulmifolia LAM., MALVACEAE)

ILUSTRAÇÃO DE CARACTERES MICROSCÓPICOS DE DROGAS vegetais PARA O CONTROLE DE QUALIDADE FARMACOGNÓSTICO

TÍTULO: MORFOANATOMIA E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE EUCALYPTUS UROGRANDIS, CULTIVADO NA REGIÃO DE CAMPO GRANDE MS.

IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE FOLHA E CAULE DE SALSEIRO: LEAF AND STEM ANATOMICAL IDENTIFICATION OF CREOLE WILLOW: DUARTE, M. R. 1 ; CHELLA, L.

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

CARACTERES MACRO E MICROSCÓPICOS DE FOLHA DE LOURO (Laurus nobilis L., LAURACEAE)

ANATOMIA FOLIAR E CAULINAR DE DUAS ESPÉCIES DE Rollinia (ANNONACEAE): R. rugulosa E R. mucosa

Anatomia comparada de espécies de arnica: Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. e Chaptalia nutans (L.) Pohl

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DE FOLHA E CAULE DE Erythrina falcata BENTH. (FABACEAE)

Morfoanatomia Foliar e Caulinar de Dedaleiro: Lafoensia pacari A. St.-Hil. (Lythraceae)

DIAGNOSE MORFOANATÔMICA DE AROEIRA (Schinus terebinthifolius RADDI, ANACARDIACEAE)

ANÁLISE FOTÔNICA E ULTRA-ESTRUTURAL DA EPIDERME FOLIAR DE Galinsoga parviflora CAV. E G. ciliata (RAF.) BLAKE, ASTERACEAE

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DE FOLHAS ADULTAS DE HIMATANTHUS OBOVATUS (M. ARG.) WOOD (APOCYNACEAE)

ESTUDO COMPARATIVO DA EPIDERME DE TRÊS ESPÉCIES DE Deguelia AUBL. (FABACEAE)

MORFODIAGNOSE DE Psidium guajava L., MYRTACEAE. MORPHO-DIAGNOSIS OF Psidium guajava L., MYRTACEAE

Morfoanatomia Foliar e Caulinar de Leonurus sibiricus L., Lamiaceae

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO AMENDOIN CULTIVADO NA REGIÃO DE MINEIROS, GOIÁS 1. Katya Bonfim Ataides Smiljanic 2

Morfo-anatomia de espécies arbóreo-arbustivas do cerrado

Caracteres Anatômicos de Folha e Caule de Piper mikanianum (Kunth) Steud., Piperaceae

ESTUDO ANATÔMICO DA FOLHA DE DUAS ESPÉCIES DE SOLANACEAE OCORRENTES NO NÚCLEO CABUÇU (GUARULHOS, SP)*

Caracteres Anatômicos de arnica-do-campo: Chaptalia nutans

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DE Protium aracouchini OCORRENTE NO PARQUE URBANO DO MUNICIPIO DE SINOP-MT

DIAGNOSE MORFOANATÔMICA DE CANAFÍSTULA: Peltophorum dubium (SPRENG.) TAUB. (FABACEAE)

Article. Morfoanatomia de folha e caule de Genipa americana L., Rubiaceae. Marianna Erbano,¹ Márcia R. Duarte *

Structural aspects of Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer (Lauraceae) leaves in two distinctive environments

Caracteres morfoanatômicos de folha e caule de Cupania vernalis Cambess., Sapindaceae. Sílvia Raquel Mundo, Márcia do Rocio Duarte*

RESUMO. Palavras-chave: anatomia, tricomas, cistólitos INTRODUÇÃO

42 Souza, W. M. de; Santos, C. A. de M.; Duarte, M. do R.; Bardal, D. INTRODUÇÃO Eriobotrya japonica Lindley, Rosaceae, é uma árvore de origem asiátic

ANATOMIA COMPARATIVA DE TRÊS ESPÉCIES DO GÊNERO Cymbopogon

ASPECTOS MICROSCÓPICOS DE FOLHA E CAULE DE Salvia microphylla KUNTH, LAMIACEAE

Farmacobotânica foliar e caulinar de guanandi - Calophyllum brasiliense Cambess. (Clusiaceae)

CARACTERES MICROSCÓPICOS DE FOLHA DE Maclura tinctoria (L.) D. DON EX STEUD., MORACEAE

Estudo anatômico de folha e caule de Pereskia aculeata Mill. (Cactaceae) M.R. Duarte*, S.S. Hayashi

Ruta graveolens L.: USO POTENCIAL EM AULAS PRÁTICAS DE ANATOMIA VEGETAL

ANATOMIA E MICROMORFOLOGIA FOLIAR DE Melanopsidium nigrum Colla RESUMO ABSTRACT LEAF ANATOMYAND MICROMORPHOLOGY OF

PODOCARPUS LAMBERTII KLOTZSCH

ANATOMIA COMPARATIVA DE TRÊS ESPÉCIES DO GÊNERO Cymbopogon

Morfo-anatomia do caule e da folha de Piper gaudichaudianum Kuntze (Piperaceae)

DIAGNOSE MICROSCÓPICA FOLIAR E CAULINAR DE Podocarpus lambertii KLOTZSCH EX ENDL., PODOCARPACEAE

Foliar Anatomy of Pedra-hume-caá (Myrcia sphaerocarpa, Myrcia guianensis, Eugenia

Caracteres anatômicos de folha e caule de Calea uniflora Less., Asteraceae

MORPHO-ANATOMY ANALYSIS OF AERIAL VEGETATIVE PARTS OF Pereskia aculeata Mill., CACTACEAE

Caracteres anatômicos de catuaba (Trichilia catigua A. Juss., Meliaceae)

Espécies estudadas Voucher Localidade Herbário A.M.G. Azevedo Flores 420 Santana do Riacho SPF C. pallida Aiton Devecchi 33 Devecchi 47

ANATOMIA FOLIAR E CAULINAR DE ROSA SPP (L.), ROSACEAE

CÉLULAS E TECIDOS VEGETAIS. Profa. Ana Paula Biologia III

ANATOMIA E HISTOQUÍMICA DE FOLHAS DE

Anatomia foliar e caulinar de Forsteronia glabrescens, Apocynaceae

Morfoanatomia foliar comparada de Gomphrena elegans Mart. e G. vaga Mart. (Amaranthaceae)

Sedum dendroideum Moc. et Sessé ex DC, Crassulaceae

ANATOMIA DA RAIZ, FOLHA E CAULE DE RUTA GRAVEOLENS L. (RUTACEAE) ANATOMY OF THE ROOT, LEAF AND STALK IN RUTA GRAVEOLENS L.

Anatomia Foliar de Cymbopogon densiflorus (Steud.) Stapf e C. nardus (L.) Rendle (Poaceae:Panicoideae)¹ *

ANATOMIA FOLIAR COMPARADA DE ESPÉCIES DE AROEIRA: Myracrodruon urundeuva ALLEMÃO E Schinus terebinthifolius RADDI

Morfoanatomia de folhas de Himatanthus sucuuba (Spruce) Woodson, Apocynaceae

ANATOMIA FOLIAR DE Mentha x villosa HUDS SOB DIFERENTES ESPECTROS DE LUZ

Anatomia dos órgãos vegetativos de Hymenaea martiana Hayne (Caesalpinioideae- Fabaceae): espécie de uso medicinal em Caetité-BA

Aula prática 10 Diversidade das Gimnospermas

Smallanthus sonchifolius (Poepp.) H. Rob. (yacón): identificação microscópica de folha e caule para o controle de qualidade farmacognóstico

Consulta Pública 38/2009

Agrárias e Biológicas, Rodovia BR 101 Norte km 60, Litorâneo, São Mateus, ES, Brasil, CEP *Autor para correspondência:

CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA FOLIAR DE ESPÉCIMES DE Platonia insignis MART. (Clusiaceae) EM DIFERENTES PERÍODOS SAZONAIS

8 Duarte, M. do R.; Debur, M. C. INTRODUÇÃO Bauhinia microstachya (Raddi) J. F. Macbride é um representante da secção Schnella, subordinada à subfamíl

Morfoanatomia de folhas de Psidium guajava L. (Myrtaceae)

133/437 Farmacobotânica Pesquisa

ESTUDO MORFO-ANATÔMICO DAS FOLHAS DE Urera baccifera GAUDICH 1

MÉTODOS DE ANÁLISE DE DROGAS VEGETAIS (COMPARAÇÃO COM MONOGRAFIAS FARMACOPEICAS) IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIE VEGETAL (taxonomista) exsicata 20/03/2017

CARACTERIZAÇÃO MORFOANATÔMICO DA CULTIVAR BRS ENERGIA (Ricinus communis L.)

ESTUDOS MORFO-ANATOMICO EM FOLHA E CAULE DE Didymopanax moro to toai, DECNE

uma Espécie Medicinal e Inseticida

ILUSTRAÇÃO DE CARACTERES MICROSCÓPICOS DE DROGAS vegetais PARA O CONTROLE DE QUALIDADE FARMACOGNÓSTICO SPRENG.

Anatomia Foliar de Ocimum basilicum L. Genovese (Lamiaceae)

Quais são os tecidos encontrados no corpo de uma planta?

Caracteres morfo-anatômicos de Baccharis gaudichaudiana DC., Asteraceae

Adelita A. Sartori Paolil Sérgio Nereu Pagan02. ESTUDO MORFO-ANATÔMICO DE FOLHAS A.De. (CARICACEAE) Jacaratia spinosa (AUBL.)

CARACTERIZAÇÃO ANATOMICA DE TRIGO CULTIVADO NAS CONDIÇÕES DO SUDOESTE GOIANO 1. Katya Bonfim Ataides Smiljanic 2

TECIDOS FUNDAMENTAIS

FESURV UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE BIOLOGIA E QUÍMICA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA E BACHARELADO

Morfo-Anatomia Foliar de Aphelandra Longiflora Profice. (Acanthaceaea) L. Zottele¹*, A. Indriunas¹ & E. M. Aoyama¹

ANATOMIA FOLIAR DE CROTON LINEARIFOLIUS MULL. ARG. 1

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO MORFOANATÔMICA E HISTOQUIMICA DOS RAMOS FOLIARES DO HIBRIDO EUCALYPTUS UROGRANDIS

Estudo morfo-anatômico das folhas e caule da Calophyllum brasiliense (Clusiaceae), uma contribuição ao estudo farmacognóstico da droga vegetal

Biologia Professor Leandro Gurgel de Medeiros

IMPORTÂNCIA DAS AULAS PRÁTICAS NA DISCIPLINA DE ANATOMIA VEGETAL: DESCRIÇÃO DA ANATOMIA FOLIAR E HISTOQUIMICA DE

ANATOMIA FOLIAR E HISTOQUÍMICA DA ESPÉCIE Aristolochia cymbifera. MARIANE BORGES DORNELES ORIENTADOR: PROF. Ms. HENRIQUE ANTONIO DE OLIVEIRA LOURENÇO

Anatomia dos Órgãos Vegetativos de Vernonia brasiliana (L.) Druce 1

ESTUDO ANATÔMICO FOLIAR DE ESPÉCIES DE Citrus COM POTENCIAL MEDICINAL. Claros

Morfoanatomia das Folhas e dos Caules Jovens de Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) B. Verl. (Bignoniaceae)

ESTUDOS ANATÔMICOS DE FOLHAS DE PLANTAS DANINHAS. I - Nicandra physaloides, Solanum viarum, Solanum americanum E Raphanus raphanistrum 1

Estudo farmacognóstico comparativo das folhas de Davilla elliptica A. St.-Hil. e D. rugosa Poir., Dilleniaceae

Caracterização anatômica de folhas e inflorescências de espécies de Lavanda (Lamiaceae) utilizadas como medicinais no Brasil


Caracterização anatômica das folhas de Cunila microcephala Benth. (Lamiaceae)

Transcrição:

4 55 ANATOMIA FOLIAR DE ALGODÃOZINHO-DO-CERRADO: Cochlospermum regium (SCHRANK) PILG., BIXACEAE LEAF ANATOMY OF YELLOW COTTON TREE: Cochlospermum regium (SCHRANK) PILG., BIXACEAE 1* 2 2 3 DUARTE, M. R. ; OLIVEIRA, R. B. ; DRANKA, E. R. K. ; YANO, M. 1 Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), 2 Bolsista PIBIC/CNPq, Curso de Farmácia, UFPR 3 Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS, Brasil E-mail: marciard@ufpr.br RESUMO: Cochlospermum regium é uma espécie nativa encontrada no Cerrado, conhecida comumente como algodãozinho devido ao aspecto lanuginoso das sementes. É empregada na medicina popular como analgésico, anti-inflamatório e anti-infeccioso. Estudos farmacológicos comprovaram as atividades antinociceptiva, antimicrobiana e antipirética, justificando a sua utilização na terapêutica. Este trabalho objetivou investigar os caracteres anatômicos foliares, úteis para a caracterização e o controle de qualidade farmacognóstico dessa espécie medicinal, bem como para o conhecimento da flora brasileira. O material botânico foi preparado de acordo com técnicas de microscopia fotônica e eletrônica de varredura, incluindo-se testes microquímicos. A folha é anfiestomática, possuindo estômatos anomocíticos na face abaxial e raros estômatos do tipo paracítico na superfície oposta. Tricomas tectores pluricelulares, com células apicais longas, e glandulares peltados estão presentes. O mesofilo é dorsiventral, a nervura central é biconvexa e percorrida por diversos feixes vasculares colaterais dispostos em V, e ocorrem idioblastos com compostos lipofílicos e fenólicos, bem como drusas de oxalato de cálcio. Esses aspectos são relevantes para a caracterização da espécie, porém pesquisa complementar sobre o gênero é necessária para atribuição de valor diagnóstico aos mesmos. Palavras-chave: controle de qualidade, microscopia, planta medicinal, tricomas ABSTRACT: Cochlospermum regium is a native species found in Cerrado, the Brazilian savanna, commonly known as yellow cotton tree due to the hairy aspect of the seeds. It is used in folk medicine as analgesics, anti-inflammatory and anti-infectious. Pharmacological assays have demonstrated the antinociceptive, antibiotics and febrifuge activities. This work has aimed to investigate leaf anatomical characters, useful for the pharmacognostic characterization and quality control assays, as well as for the knowledge of the Brazilian flora. The botanical material was prepared for light and scanning electron microscopy, including microchemical tests. The leaf is amphistomatic, showing anomocytic stomata on the abaxial surface and rare paracytic stomata on the opposite side. Non-glandular trichomes, multicellular with long apical cell, and peltate glandular ones are present. The mesophyll is dorsiventral, the midrib is biconvex and traversed by various collateral vascular bundles arranged in V-shape, and it occurs idioblasts bearing lipophilic and phenolic substances, and calcium oxalate druses. These features are relevant for the characterization of the species, although further studies on the genus are required for attributing diagnostic value for them. Keywords: medicinal plant, microscopy, quality control, trichomes

4 6 5 1. INTRODUÇÃO O gênero Cochlospermum pertence à família Bixaceae (= Cochlospermaceae), subordinada à ordem Malvales, e compreende cerca de doze espécies de ocorrência pantropical (APG WEB, 2014). Entre elas, destaca-se C. regium (Schrank) Pilg., representante típico do Cerrado, de porte arbustivo, folhas simples e palmatilobadas, flores amarelas vistosas, frutos capsulares e sementes com lanugem branca. Em razão desse aspecto peculiar das sementes, deriva o nome comum da planta, que é denominada algodãozinho, algodãozinho-do-cerrado e algodãozinho-do-campo (CASTRO et al., 2004; SOUZA, FELFILI, 2006; SOUZA, LORENZI, 2008). Popularmente, os órgãos vegetativos da espécie, preparados geralmente na forma de decocto, são usados como analgésico, anti-inflamatório e anti-infeccioso (SOUZA, FELFILI, 2006; USTULIN et al., 2009; MACEDO, PEREIRA, SILVA, 2011; PASA, 2011; POVH et al., 2014). Ensaios farmacológicos comprovaram que extratos da planta possuem efeitos antinociceptivo, anti-inflamatório, antimicrobiano e antipirético (SANTOS NETO, 2009; SOLON et al., 2012), que podem estar relacionados à presença de compostos fenólicos (CARVALHO, 2004; SOLON et al., 2012). Embora C. regium seja frequentemente utilizado na medicina tradicional pelas populações do Cerrado, poucos estudos têm enfocado a sua caracterização morfoanatômica. Esse conhecimento é fundamental para contribuir na identificação dessa espécie medicinal e tem aplicação no reconhecimento macro e microscópico dos órgãos vegetais empregados. Portanto, este trabalho objetivou investigar as estruturas anatômicas foliares de C. regium, com propósitos farmacognósticos de caracterização e controle de qualidade, além de agregar informações às plantas nativas brasileiras. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. MATERIAL BOTÂNICO Amostras de C. regium foram coletadas de exemplares da flora espontânea de área ensolarada e aberta, no município de Alcinópolis, localizado no Mato Grosso do Sul, nas proximidades da divisa com Mato Grosso (coordenadas 18º08 10 S e 53º41 15 W, altitude de 572m), em março de 2008. Material testemunho referencial encontra-se depositado no Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sob registro CGMS 25354. 2.2. METODOLOGIA Folhas plenamente desenvolvidas, selecionadas a partir do quarto nó caulinar,

4 57 foram inicialmente desidratadas para conservação. Ao serem processadas para o estudo anatômico, foram reidratadas em água e preparadas de acordo com técnicas de microscopia fotônica (MF) e eletrônica de varredura (MEV). O terço inferior da lâmina foliar foi seccionado à mão livre, nos sentidos transversal e longitudinal, incluindo paradérmico. Os cortes foram submetidos à dupla coloração com azul de astra-fucsina básica (ROESER, 1972) e montados em lâminas semipermanentes (MF). Alternativamente, fragmentos foliares foram desidratados em gradiente alcoólico crescente, infiltrados e emblocados com resina sintética, seccionados em micrótomo de rotação (KRAUS, ARDUIN, 1997) e corados com azul de toluidina (O'BRIEN, FEDER, McCULLY, 1964) para a confecção de lâminas permanentes (MF). Testes microquímicos (MF) foram realizados para confirmação da natureza dos cristais de oxalato de cálcio por meio de ácido sulfúrico diluído (OLIVEIRA, AKISUE, 1997) e para verificação do conteúdo intracelular e da impregnação das paredes celulares com Sudan para detecção de substâncias lipofílicas (SASS, 1951), cloreto férrico para compostos fenólicos (JOHANSEN, 1940), floroglucina clorídrica para lignina (FOSTER, 1949), azul de metileno para mucilagem (OLIVEIRA, AKISUE, 1997) e lugol para amido (BERLYN, MIKSCHE, 1976). A investigação da ultraestrutura da superfície foliar foi conduzida com fragmentos vegetais desidratados sequencialmente em etanol e pelo ponto crítico de dióxido de carbono, aderidos a suporte, recobertos com fina camada de íon metálico e examinados em alto vácuo em microscópio eletrônico de varredura (MEV) (SOUZA, 1998). 3. RESULTADOS A folha é revestida por uma epiderme, cujas células na face adaxial possuem contorno poligonal (Figura 1A) e na superfície abaxial são sinuosas (Figura 1C), em vista frontal. Ocorrem idioblastos com conteúdo fenólico (Figura 1A) detectado pela reação com cloreto férrico. Estômatos são frequentes na face abaxial (Figura 1C) e raros na superfície oposta (Figura 1A). Nesta, encontram-se paracíticos, enquanto que na face abaxial o tipo predominante é anomocítico. A cutícula é lisa e, nas proximidades das células-guarda, mostra-se com ornamentações estriadas (Figura 1B). Ocorrem tricomas glandulares e tectores, sendo estes últimos numerosos na face abaxial. São pluricelulares, unisseriados e possuem uma célula apical alongada (Figuras 1D-F, 2A-D). Os tricomas glandulares são peltados, consistindo de um pedicelo curto e glândula ovoide pluricelular (Figuras 1C, 1D, 2A, 2D), podendo estar inseridos em leve depressão epidérmica (Figuras 2E, 3B). O produto secretado revela natureza lipofílica e fenólica pela reação com Sudan e cloreto férrico, respectivamente.

4 8 5 Em secção transversal, a região internervural (Figuras 3A, 3B) mostra uma epiderme unisseriada revestida por cutícula delgada. As células epidérmicas são alongadas periclinalmente e comparativamente maiores na superfície adaxial (Figura 3B). Os estômatos estão localizados praticamente no mesmo nível das células circunvizinhas e têm cristas cuticulares externas evidentes (Figura 3C). O mesofilo é formado aproximadamente de uma camada de parênquima paliçádico e de cinco estratos de parênquima esponjoso, assumindo arranjo dorsiventral típico (Figura 3B). Percorrendo os clorênquimas, há feixes vasculares colaterais, tendo os de médio porte calotas esclerenquimáticas. A nervura central revela contorno biconvexo, quando seccionada transversalmente, com leve curvatura na face adaxial e maior proeminência na superfície oposta (Figura 3A). A epiderme possui as mesmas características descritas previamente e, subjacente à mesma, encontram-se algumas camadas de colênquima angular (Figuras 3A, 3D). Em meio ao parênquima fundamental, existem vários feixes vasculares dispostos em V (Figuras 3A, 4A). Estes são ovalados e colaterais, possuem calotas esclerenquimáticas apostas ao floema e ao xilema, e individualmente são envoltos por endoderme (Figuras 4A, 4C, 4D). Na região central da nervura, algumas células parenquimáticas exibem paredes celulares levemente lignificadas. Pequenos cristais prismáticos de oxalato de cálcio, tendendo ao formato de drusa (Figura 4B), amiloplastos e alguns idioblastos com conteúdo lipofílico e fenólico (Figura 3A) estão presentes no mesofilo e na nervura central. 4. DISCUSSÃO Em razão de aspectos em comum, que tendem a não sustentar a segregação de Bixaceae e Cochlospermaceae, as espécies desta última família foram incluídas na primeira (APG WEB, 2014). Embora em meados do século XX, Metcalfe e Chalk (1950) tenham tratado esses dois grupos taxonômicos como distintos, à luz do conhecimento da época já anteviam a necessidade de reposicionamento taxonômico. Assim, com base nos caracteres apontados para as duas famílias por esses autores, observa-se que as estruturas anatômicas de folha de C. regium observadas neste trabalho são compatíveis com Cochlospermaceae e, por extensão, com Bixaceae, a saber: presença de tricomas tectores e glandulares peltados, mesofilo dorsiventral, feixes vasculares colaterais, cristais de oxalato de cálcio e células secretoras com conteúdo resinífero. Estas se mostram equivalentes aos idioblastos contendo produtos lipofílicos e fenólicos observados na espécie em questão. Ainda, com base nesses autores (METCALFE, CHALK, 1950), nota-se divergência quanto ao fato de mencionarem a ocorrência de folhas hipoestomáticas nas duas famílias. Em C. regium, registrou-se a predominância de estômatos na face

4 59 abaxial, todavia foram observados raros na face adaxial, o que a rigor leva à classificação da folha como anfiestomática. De acordo com Keating (1970), autor que estudou diferentes espécies de Cochlospermum, porém sem incluir C. regium, o padrão encontrado foi de folha hipoestomática com estômatos anomocíticos. Essas diferenças podem ser atribuídas à influência ambiental, que pode modificar alguns padrões anatômicos (MAUSETH, 1988). Quanto ao tipo de estômato, tanto paracítico quanto anomocítico são descritos para Bixaceae (METCALFE, CHALK, 1988), em concordância ao observado nesta investigação. A ocorrência de células mucilaginosas na epiderme é frequentemente mencionada para a família (METCALFE, CHALK, 1950; 1988). No entanto, as mesmas não foram verificadas no material em estudo, nem após utilização de azul de metileno para evidenciação de mucilagem. Por outro lado, a presença de compostos fenólicos foi confirmada como esperado, já que células taniníferas são reportadas em Bixaceae (CRONQUIST, 1981). Com relação à importância taxonômica atribuída aos tricomas, embora a densidade e o tamanho dos mesmos possam variar em resposta às condições ambientais, o tipo do tricoma é de considerável valor diagnóstico (METCALFE, CHALK, 1988). Desse modo, a constatação de tricomas glandulares peltados e tectores pluricelulares terminando em célula apical alongada em C. regium enquadra-se no táxon. Corroborando esses resultados, Keating (1970) observou que no gênero podem ocorrer representantes que exibem tricomas unicelulares curtos e pluricelulares longos, podendo estes ser numerosos na face abaxial, a exemplo de C. religiosum (L.) Aston. Folha com elevada densidade de tricomas tectores longos na face abaxial confirmou-se nesta análise. Comparativamente ao trabalho de Vasconcelos Filho et al. (2014), autores que estudaram a mesma espécie medicinal, enfocando principalmente estruturas secretoras, observa-se parcial divergência de resultados. Esses pesquisadores mencionam que a folha de C. regium é hipoestomática e que as células epidérmicas da face abaxial são poligonais em vista frontal. Adicionalmente, as ilustrações mostram que a nervura central é côncavo-convexa, sendo percorrida por um único feixe vascular, e que ocorrem dutos secretores no parênquima fundamental. Entretanto estes, em exame mais detalhado das imagens publicadas de folha, parecem se assemelhar a células secretoras, diferindo das estruturas secretoras multicelulares do caule. Para Keating (1970), no gênero ocorrem idioblastos que acompanham os feixes vasculares. Embora sejam ramificados e longos, se tratam de estruturas unicelulares. Diante desses resultados contraditórios e do pouco conhecimento a respeito de C. regium e das demais espécies do gênero, para efeitos de comparação e atribuição de valor diagnóstico a caracteres microscópicos, pode-se concluir que o táxon necessita de maiores investigações morfoanatômicas. A constatação dos

4 10 5 diferentes tipos de tricomas, de idioblastos com conteúdo lipofílico e fenólico e de cristais de oxalato de cálcio constitui aspectos que auxiliam na caracterização da espécie. Porém, a aplicação dos mesmos como caracteres distintivos depende de maior conhecimento das espécies afins. 5. AGRADECIMENTOS Ao Centro de Microscopia Eletrônica (CME-UFPR) pelas micrografias de varredura e ao PIBIC/CNPq pelas bolsas concedidas aos acadêmicos R.B. Oliveira e E.R.K. Dranka. 6. REFERÊNCIAS APG WEB. Angiosperm Phylogeny Website. 05 Aug 2014 <http://www.mobot.org/ mobot/research/apweb/welcome.html> 2014. BERLYN, G. P.; MIKSCHE, J. P. Botanical microtechnique and cytochemistry. Ames: Iowa State University Press, 1976. 326 p. CARVALHO, A. R. Popular use, chemical composition and trade of Cerrado's medicinal plantas (Goiás, Brazil). Environ. Dev. Sustainab., New York, v. 6, p. 307-316, 2004. CASTRO, D. B.; SANTOS, D. B.; FERREIRA, H. D.; SANTOS, S. C.; CHEN-CHEN, L. Atividades mutagênica e citotóxica do extrato de Cochlospermum regium Mart. (algodãozinho-do-campo) em camundongos. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v. 6, n. 3, p. 15-19, 2004. CRONQUIST, A. An integrated system of classification of flowering plants. New York: Columbia University Press, 1981. 1262 p. nd FOSTER, A. S. Practical plant anatomy. 2 New York: D. Van Nostrand, 1949. 228 p. JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: McGraw-Hill Book, 1940. 523 p. KEATING, R. C. Comparative morphology of the Cochlospermaceae. II. Anatomy of the young vegetative shoot. Am. J. Bot., St. Louis, v. 57, n. 8, p. 889-898, 1970. KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Rio de Janeiro: Edur, 1997. 198 p.

4 11 5 MACEDO, M.; PEREIRA, M. L. S.; SILVA, F. H. B. Plantas com provável ação antifúngica utilizadas pelos moradores do bairro Cidade Verde, Cuiabá, Mato Grosso. Flovet, v. 3, s.p., 2011. MAUSETH, J. D. Plant anatomy. Menlo Park: Benjamin/Cummings, 1988. 560 p. METCALFE, C. R.; CHALK, L. Anatomy of the dicotyledons: leaves, stem, and wood in relation to taxonomy, with notes on economic uses. Oxford: Clarendon, 1950. 2 v., 1500 p. METCALFE, C. R.; CHALK, L. Anatomy of the dicotyledons: systematic anatomy of nd the leaf and stem. 2. Oxford: Clarendon, 1988. v. 1, 276 p. O'BRIEN, T. P.; FEDER, N.; Mc CULLY, M. E. Polychromatic staining of plant cell walls by toluidine blue O. Protoplasma, Vienna, v. 59, n. 2, p. 368-373, 1964. OLIVEIRA, F.; AKISUE, G. Fundamentos de farmacobotânica. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 1997. 178 p. PASA, M. C. Saber local e medicina popular: a etnobotânica em Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi - Cien. Hum., Belém, v. 6, n. 1, p. 179-196, 2011. POVH, J.; ASSUNÇÃO, E. F.; ROCHA, L. M.; FERREIRA, G. L. S. Estudo etnobotânico de plantas medicinais utilizadas pela população da comunidade Boa Vista, Prata, MG. Braz. Geogr. J., Ituiutaba, v. 5, n. 1, p. 46-59, 2014. ROESER, K. R. Die Nadel der Schwarzkiefer-Massenprodukt und Kunstwerk der Natur. Mikrokosmos, Stuttgart, v. 61, n. 2, p. 33-36, 1972. SANTOS-NETO, M. Avaliação das atividades antinociceptiva, antiinflamatória e antipirética do extrato hidroalcoólico bruto de Cochlospermum regium (Mart & Schrank) Pilger em ratos. Goiânica, 2009. 70 f. Centro Universitário de Anápolis, Universidade Estadual de Goiás. nd SASS, J. E. Botanical microtechnique. 2 Ames: Iowa State College Press, 1951. 228 p. SOLON, S.; CAROLLO, C. A.; BRANDÃO, L. F. G.; MACEDO, C. S.; KLEIN, A.; DIAS- JR., C. A.; SIQUEIRA, J. M. Phenolic derivatives and other chemical compounds from

4 12 5 Cochlospermum regium. Quím. Nova, São Paulo, v. 35, n. 6, p. 1169-1172, 2012. SOUZA, C. D.; FELFILI, J. M. Uso de plantas medicinais na região de Alto Paraíso de Goiás, GO, Brasil. Acta Bot. Bras., Porto Alegre, v. 20, n. 1, p. 135-142, 2006. SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica sistemática. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 704 p. SOUZA, W. Técnicas básicas de microscopia eletrônica aplicadas às Ciências Biológicas. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica, 1998. p. 1-44 USTULIN, M.; FIGUEIREDO, B. B.; TREMEA, C.; POTT, A.; POTT, V. J.; BUENO, N. R.; CASTILHO, R. O. Plantas medicinais comercializadas no Mercado Municipal de Campo Grande - MS. Rev. Bras. Farmacogn., Curitiba, v. 19, n. 3, p. 805-813, 2009. VASCONCELOS-FILHO, S. C.; FERREIRA, A. L. L.; VASCONCELOS, J. M.; SILVA, L. S.; PEREIRA, L. C. S. Secretory structures in Cochlospermum regium (Schrank) Pilg. (Bixaceae): distribution and histochemistry. J. Med. Plants Res., s.l., v. 8, n. 27, p. 947-952, 2014. Visão Acadêmica, Curitiba, v.15, n.2, Abr. - Jun./2014- ISSN 1518-8361

4 13 5 7 - FIGURAS FIGURA 1A-F. Cochlospermum regium (SCHRANK) PILG., BIXACEAE, FOLHA: A, C. VISTA FRONTAL DA EPIDERME (MF); B. PORMENOR DA CUTÍCULA ESTRIADA NAS PROXIMIDADES DE ESTÔMATO (MEV); D-F. DETALHE DE TRICOMAS TECTORES E GLANDULARES (MEV E MF). ABREVIATURAS: ab FACE ABAXIAL, ad FACE ADAXIAL, cf IDIOBLASTO COM COMPOSTOS FENÓLICOS, co - COLÊNQUIMA, ct CUTÍCULA, es ESTÔMATO, MEV MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA, MF MICROSCOPIA FOTÔNICA, pf PARÊNQUIMA FUNDAMENTAL, tg TRICOMA GLANDULAR, tt TRICOMA TECTOR. BARRA = 50mm (E), 20mm (A, C)

4 14 5 FIGURA 2A-E. Cochlospermum regium (SCHRANK) PILG., BIXACEAE, FOLHA: A-E. PORMENOR DE TRICOMAS TECTORES E GLANDULARES (MEV E MF). ABREVIATURAS: MEV MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA, MF MICROSCOPIA FOTÔNICA, tg TRICOMA GLANDULAR, tt TRICOMA TECTOR. BARRA = 50mm (B, C), 20mm (E)

4 15 5 FIGURA 3A-D. Cochlospermum regium (SCHRANK) PILG., BIXACEAE, FOLHA EM SECÇÃO TRANSVERSAL (MF): A. ORGANIZAÇÃO GERAL DA NERVURA CENTRAL E DE PARTE DA REGIÃO INTERNERVURAL; B, C. DETALHE DA REGIÃO INTERNERVURAL; D. PORMENOR DO COLÊNQUIMA ANGULAR DA NERVURA CENTRAL. ABREVIATURAS: ce CALOTA ESCLERÊNQUIMÁTICA, cf IDIOBLASTO COM COMPOSTOS FENÓLICOS, co - COLÊNQUIMA, ep - EPIDERME, es ESTÔMATO, fx FEIXE VASCULAR, MF MICROSCOPIA FOTÔNICA, pe PARÊNQUIMA ESPONJOSO, pf PARÊNQUIMA FUNDAMENTAL, pp PARÊNQUIMA PALIÇÁDICO, tg TRICOMA GLANDULAR. BARRA = 200mm (A), 50mm (B, C), 20mm (D)

4 16 5 FIGURA 4A-D. Cochlospermum regium (SCHRANK) PILG., BIXACEAE, NERVURA CENTRAL DA FOLHA EM SECÇÃO TRANSVERSAL (MF): A. DISPOSIÇÃO DOS FEIXES VASCULARES; B. CRISTAIS DE OXALATO DE CÁLCIO; C, D. PORMENOR DE FEIXES VASCULARES COLATERAIS. ABREVIATURAS: ce CALOTA ESCLERENQUIMÁTICA, cr CRISTAL DE OXALATO DE CÁLCIO, en ENDODERME, fl - FLOEMA, fx FEIXE VASCULAR, MF MICROSCOPIA FOTÔNICA, xi XILEMA. BARRA = 100mm (A), 20mm (B-D)