1 O Dep. Pastor Frankembergem pronuncia o seguinte discurso: Drogas Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, A atual posição do Brasil no que se refere ao consumo de drogas ilícitas é assustadora. De acordo com diversas pesquisas, o número de usuários de drogas vem aumentando a cada ano. A população jovem é a que mais a utiliza; a família está perdendo o seu papel de educadora; a violência e o crime organizado se alimentam dos dependentes desse mal devastador; a população fecha os olhos com medo de perder a vida... O Brasil está mergulhando num mar de lama. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas do Escritório da Organização das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc), divulgado em junho deste ano, há uma tendência de alta no no consumo de drogas no Brasil, enquanto a tendência para a **
2 Europa e os Estados Unidos é de queda. Segundo os dados da Unodc, 5,8% da população brasileira com mais de 15 anos usam maconha, 0,8%, cocaína, e 0,7%, anfetaminas. Houve, também, um aumento no consumo de drogas sintéticas no país, anfetaminas e ecstasy. O Brasil já é, hoje, o país o que mais consome ecstasy dentre as nações do Cone Sul (Chile, Paraguai, Uruguai e Argentina) e o terceiro colocado no ranking de toda a América do Sul. Ocupamos o 9º lugar no consumo de cocaína (o líder é a Argentina, seguida do Chile e da Colômbia, principal exportador do entorpecente, com 72% da produção mundial) e o 2º no de maconha, atrás apenas da Venezuela. É uma lástima, Senhor Presidente. Nem a Capital Federal está imune à ação devastadora das drogas. Na Capital do Brasil, que deveria servir de exemplo para o resto do país, a situação é de alerta. O Consumo de drogas entre jovens de Brasília está acima da média nacional. É **
isso mesmo! Além de encontrarmos aqui uma droga devastadora, a merla! Estudos encomendados pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) ao Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), em 2004, nos mostra que meninos e meninas em situação de risco nas ruas do DF, com idades entre 10 e 18 anos, experimentaram mais drogas do que a média nacional. De acordo com o V Levantamento sobre o Uso de Álcool e Drogas entre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, divulgado durante o Fórum Nacional Sobre Drogas, o DF apresentou maior índice de consumo em todas as substâncias: tabaco, álcool, solventes, maconha, cocaína (e seus derivados) e medicamentos psicotrópicos. 3 Não podemos sustentar essa deprimente situação! O consumo de merla na Capital, uma substância derivada da cocaína, é tão sério que inspirou um best seller nacional, o livro Cabeça de **
4 Porco. Nele, seus autores descrevem o desespero e a fragilidade de quem consome essa droga abominável. Tão execrável que até traficantes do Rio e de São Paulo proibiram o comércio da merla nesses estados. A merla, droga típica do Distrito Federal, comercializada desde o início da década de 80, foi difundida na Penitenciária da Papuda e tem a Região Administrativa de Ceilândia como principal fabricante. O músico MV Bill, um dos autores de Cabeça de Porco, descreve a droga como o fundo do poço, segundo ele quem fuma merla não tem namorada, família ou amigos. É o ponto final porque daí não tem outro lugar para ir, a não ser a morte. Por ser uma droga barata, os consumidores são pessoas que chegaram ou estão próximos da miséria, gente muito pobre, que não têm perspectivas de um futuro melhor, que não têm sonhos e nem mais forças para lutar, estão entregues à caridade humana, que por vezes falha. Esse é o exemplo que a Capital Federal tem **
5 a oferecer ao resto do país: crianças abandonadas, pessoas miseráveis, elevado índice de consumo de drogas, violência e impunidade. Afinal, que país é esse? Estudos revelam a importância da família na decisão de largar as drogas. Conforme pesquisa realizada no DF, 33% dos usuários de drogas da capital não moram com os pais por causa de conflitos e agressões em casa, por isso abandonaram a família, optaram em viver nas ruas e se tornaram reféns das drogas. Outra pesquisa, feita pela Secretaria Nacional Antidrogas, mostra que o rompimento do vínculo familiar é o fator que apresenta maior associação com o uso diário de drogas. Precisamos dar condições para que as famílias se estruturem, pois são elas o sustentáculo da vida. É a família que alimenta a alma. Sem esse alicerce muitos se perdem. Precisamos criar meios de evitar que essa situação se expanda ainda mais. **
** Precisamos de medidas eficientes, que impeça que mais jovens experimentem e tornem-se reféns das drogas, que roubam suas vidas, seus sonhos e suas esperanças. Precisamos, mais do que repreender, mais que proibir, educar e prevenir nossos jovens sobre os malefícios do uso de drogas. 6 Era o que tinha a dizer. Obrigado.