LESÕES EM ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM DIFERENTES PROJETOS SOCIAIS: INCIDÊNCIA, CONHECIMENTO E TREINAMENTO. Marlon Sérgio Madeira Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste-MG Anísia Menezes de Carvalho Mestre em Educação Física e qualidade de vida pela Universidade Católica de Brasília - UCB Docente do Curso de Graduação em Educação Física do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste-MG RESUMO A prática de atividade esportiva vem se tornando cada dia mais popular em todas as faixas etárias da população brasileira. Decorrente desta maior procura, houve aumento na competitividade entre os alunos, principalmente em esportes de contato como o futebol e basquete, resultando assim em uma maior incidência de traumatismos decorrentes da atividade esportiva. É de suma importância que os professores ou técnicos responsáveis pelos alunos tenham noções básicas sobre as principais situações emergenciais que poderão surgir decorrentes de traumatismos durante a prática esportiva, e que tipo de procedimento deverá realizar em cada situação. Desta forma, os objetivos deste estudo foram: verificar as incidências de lesões que ocorrem em dois projetos, sendo um para idosos e um para adolescentes; verificar se os professores dos respectivos projetos têm algum conhecimento sobre o atendimento de primeiro socorros e verificar se ocorre algum treinamento ou palestra especifica de primeiro socorros para os professores. Fizeram parte da amostra dez professores do projeto para 3º idade e dez professores do projeto para crianças e adolescentes, selecionados de forma aleatória. Os resultados do presente estudo nos mostram que as incidências de lesões mais ocorridas entre os adolescentes foram torção e fratura. Já em relação aos idosos não foi encontrado nenhum tipo de lesão ocorrida durante as aulas. A maioria dos professores sendo eles de ambos os projetos tem conhecimento de primeiro socorros, sendo este adquirido dentro ou fora do seu âmbito de trabalho. Palavras-Chave: Primeiro socorros, atividade física, adolescentes e idosos. ABSTRACT The practice of sports has become more and more popular each day in all ages of the Brazilian population. Due to this demand, the competitiveness among the students has increased, mainly in sports such as soccer and basketball, resulting in a larger number of traumatisms from these physical activities. It s really important that the teachers or technicians responsible for the students have a basic notion about the main emergency situations which can appear during sports and also what kind of procedure they should follow in each situation. The objectives of this study was verify the incidence of injuries that occur in two projects, being them one for elderly and the other one for adolescents; verify if the teachers from both projects have some knowledge and/or if they have already received any training course or specific lecture about the services of First Aid. From each project, ten teachers were selected in a random way as a sample. The results from this study show us that the adolescents get themselves injured more often than the elderly, and the most injuries are fracture and sprain. The most teachers 1
from both projects have First Aid knowledge, acquired within or without their area of work. Key-word: First Aid, physical activity, adolescents and elderly. INTRODUÇÃO O projeto social para criança e adolescente propicia o acesso ao lazer, esporte e cultura, partindo do exercício da criatividade, numa perspectiva lúdica, oferecendo aulas gratuitas de iniciação esportiva como: futebol, futsal, voleibol, basquetebol, Karatê e também dança, teatro, oficina de bijuteria e aula de reforço escolar às crianças e adolescentes entre 3 a 17 anos, de famílias de baixa renda do município de Timóteo. No município de Timóteo também existe um projeto para 3º idade que oferece aulas gratuitas de ginástica, alongamento, dança livre e oficina de dança de salão. O projeto propicia aos idosos através das aulas uma melhor qualidade de vida tanto no âmbito físico como no social. Crianças e adolescentes por serem bastante ativos e participativos nas aulas de alguma modalidade esportiva, podem acabar se lesionando de diversas maneiras como: uma entrada mais forte do colega, uma queda de mau jeito, torções e etc. Mesmo sendo as atividades praticadas pelos idoso mais tranqüilas e de menor contato físico, eles também estão sujeitos a incidência de lesões durante a prática de atividade física. As lesões podem ocorrer por uma queda de pressão, tonteira, tombos ou até uma situação mais grave como uma parada cardiorrespiratória. Cada dia que se passa a procura pela prática de atividade esportiva vem se tornando mais popular em todas as faixas etárias da população brasileira. Decorrente desta maior procura, houve aumento na competitividade entre os alunos, principalmente em esportes de contato como o futebol e basquete, resultando assim em uma maior incidência de traumatismos decorrentes da atividade esportiva. Assim sendo, é de suma importância que os professores ou técnicos responsáveis pelos alunos tenham noções básicas sobre as principais situações emergenciais que poderão surgir decorrentes de traumatismos durante a prática esportiva, e que tipo de procedimento deverá realizar em cada situação. Segundo Rodrigues, (1973) a forma correta do atendimento de urgência no esporte, através dos recursos básicos da vida, até a chegada dos recursos avançados, é fundamental para evitar agravamentos das lesões, maus súbitos e outras intercorrências graves, como a parada respiratória. Segundo Stanway, (1984) os primeiros socorros não se apresentam como tratamento médico e não se pode comparar com o que um médico faria, mas deve-se agir com decisões ditadas pelo bom senso e que melhor se apliquem no momento à pessoa acidentada. O Brasil e o mundo têm presenciado várias fatalidades ocorridas no meio esportivo, mostrando assim o cuidado que devemos ter ao submeter uma pessoa a praticar atividade esportiva, sendo ela criança, adolescente ou idosa. Após estes acontecimentos os clubes e profissionais da área da saúde, tem se envolvido e se preparado mais em relação aos atendimentos de primeiro socorros. Segundo Bergeron e Bizjak, (1999) a resposta rápida e a assistência adequada têm permitido que muitas vidas sejam salvas. Portanto, os objetivos deste estudo foram: verificar as incidências de lesões que ocorrem em dois projetos, sendo um para idosos e um para adolescentes; verificar se os professores dos respectivos projetos têm algum conhecimento sobre o atendimento 2
de primeiro socorros e verificar se ocorre algum treinamento ou palestra especifica de primeiro socorros para os professores. METODOLOGIA Realizou-se um estudo do tipo sondagem, com objetivo de verificar as incidências de lesões que ocorrem nos projetos para idoso e para adolescentes e se os professores dos respectivos projetos têm algum conhecimento sobre o atendimento de primeiro socorros, Fizeram parte da amostra dez professores do projeto para 3º idade e dez professores do projeto para crianças e adolescentes, selecionados de forma aleatória, sendo todos de ambos os sexos, sendo a maioria dos professores formados ou cursando o curso superior de Educação Física. Foi enviada uma carta para o coordenador de cada projeto, solicitando a autorização para a execução da pesquisa. O instrumento utilizado foi um questionário, desenvolvido pelo pesquisador e professora orientadora. Os mesmos foram aplicados durante o horário de encontro pedagógico dos respectivos projetos. Sendo desta forma os professores responderam a um questionário de múltipla escolha sobre as principais lesões ocorridas durante suas aulas. Para o tratamento estatístico, foi realizado uma análise através da estatística descritiva dentro de uma abordagem quantitativa em relação ao questionário aplicado. O procedimento do teste foi explicado para todos os professores que participaram voluntariamente e de forma anônima da pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÕES Segundo Flegel (2002) profissionais com pouco conhecimento de primeiros socorros geralmente optam por não fazer nada quando passam por uma situação de emergência até que sejam obrigados a isso. Então o profissional de Educação Física, deve dar uma maior importância ao aprendizado e ao constante treinamento sobre atendimento de primeiro socorros, por que nunca se sabe o momento em que você vai ser obrigado a prestar socorros de urgência a alguém. % Figura 1- Você tem conhecimento sobre atendimento de primeiros socorros? 75 80 62,5 60 Grupo 1 37,5 40 25 Grupo 2 20 0 SIM Somente uma noção 3
Em relação aos resultados obtidos, pode-se observar através da figura 1, que 75% dos professores do grupo 1 responderam que tem conhecimento sobre primeiro socorros, sendo esses a maioria em relação aos professores do grupo 2 que apenas 62,5% relataram que tem conhecimento sobre atendimento de primeiro socorros. Desta forma acredita-se que os professores do grupo 1 têm maior conhecimento sobre atendimento de primeiro socorros que os professores mencionados no grupo 2. Figura 2- A entidade para qual você trabalha já ofereceu curso ou palestra sobre primeiro socorros nos últimos 5 anos? 100 87,5 % 80 60 40 20 12,5 62,5 37,5 Grupo 1 Grupo 2 0 Sim Não Em relação aos resultados obtidos, pode-se observar na figura 2 que 87,5% dos professores do grupo 1 responderam que a entidade para qual eles trabalham não ofereceu curso ou palestra de atendimento de primeiro socorros. Já cerca de 12,5% dos professores desta mesma entidade responderam que já foi oferecido cursos ou palestras de atendimento de primeiro socorros. O que justifica tal diferença, é o fato dos professores que responderam sim, serem os que trabalham há mais tempo na entidade em relação aos que responderam não. Já referente aos professores do grupo 2, pode-se observar que a maioria dos professores 62,5% respondeu que a entidade para qual eles trabalham já ofereceu curso ou palestra de primeiro socorros, e somente 37,5% responderam que não foi oferecido curso ou palestra de primeiro socorros. Sendo assim pode-se deduzir que a maioria dos professores que trabalham com idosos são professores que a entidade mantém por um período maior de tempo. 4
Figura 3- Quais foram as lesões que mais ocorreram durante suas aulas? % 120 100 80 60 40 20 0 25 100 37,5 25 12,5 Grupo 1 Grupo 2 Nunca houve Torção Fratura Luxação De acordo com Carvalho et al (2005) os traumas ortopédicos mais ocorridos com adolescentes em um pronto socorro da cidade de São Paulo, foram à fratura e a torção. Em relação aos resultados obtidos, pode-se observar na figura 3, que as lesões mais ocorridas durante as aulas do grupo 1 foram torção e fratura assim como citado por Carvalho et al (2005). Esses resultados provavelmente estão ligados ao fato dos adolescentes serem muito ativos, mais imprudentes que os idosos e por seus esportes serem a maioria de contato físico intenso. Já se tratando do idoso, segundo Padrinelli (2006) médico do esporte, ortopedista e traumatologista da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), cita que na terceira idade, é comum ocorrer mais casos de fraturas, sendo nas regiões do quadril e da coluna os mais freqüentes. De acordo com Padrinelli (2006) à medida que o idoso tem mais força, ele adquire mais equilíbrio e melhora assim a sustentação do seu corpo. Assim sendo os idosos caem menos e, se houver queda, a lesão é menor. Levando-se em conta que os idosos relacionados nesta pesquisa são praticantes de atividade física, pode-se analisar no gráfico 3, que todos os professores relataram que nunca houve nenhuma lesão durante suas aulas. Então acredita-se que idosos ativos e que tenham uma boa força muscular conseguem se proteger mais quando passam por uma situação de queda, e eles são mais independentes que idosos sedentários. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Mesmo os dois projetos trabalhando com faixa etária diferentes, ambos têm o mesmo objetivo em comum, que é propiciar a melhora da qualidade de vida para seus alunos através da atividade física. 5
Através dos resultados do presente estudo pode-se concluir que as incidências de lesões mais ocorridas nos adolescentes foram fratura e torção. Assim sendo pode-se então sugerir que as atividades sejam a todo tempo controlado de perto pelo professor e que as atividades sejam sempre separadas por idade, porte físico e se necessário por sexo para que assim possa de certa forma diminuir as lesões com os alunos. Já o resultado obtido em relação aos idosos, nenhum tipo de lesão foi mencionada pelos professores, mostrando assim que através da atividade física os idosos conseguem adquirir uma boa força muscular e conseqüentemente evitam assim lesões decorrentes da queda. O envelhecimento é um fator totalmente natural do ser humano onde, todos um dia vão passar por ele, sendo uns de forma melhor e outros de forma pior, sendo a pratica da atividade física um dos fatores para que o envelhecimento aconteça da melhor forma possível. De acordo com os resultados pode-se também concluir que a maioria dos professores sendo eles de ambos os projetos tem conhecimento de primeiro socorros, sendo este adquirido dentro ou fora do seu âmbito de trabalho. Recomenda-se a direção dos demais projetos, que seja atualizado sempre que possível através de palestras ou cursos, o conhecimento sobre atendimento de primeiro socorros dos seus professores, por que esta técnica quando bem realizada pode salvar a vida de alguém. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERGERON, J. David & BIZJAK, Glória. Primeiros Socorros. 1.ed. São Paulo: Atheneu, 1999. CARVALHO, Dulce Egydio; JUNIOR, Wilson Lino; SEGAL, André Baldivia;; FREGONEZE, Marcelo; SANTILI, Cláudio. Análise estatística do trauma ortopédico infanto-juvenil do pronto socorro de ortopedia de uma metrópole tropical. Revista Acta Ortopédica Brasileira v.13 n.4 São Paulo 2005. FLEGEL, Melinda J. Primeiros Socorros no Esporte. 1.ed. Barueri: Manole, 2002. MOLINARI, Bruno. Avaliação medica e física para atletas e praticantes de atividades. 1. ed. São Paulo. Ed. Roca, 2000. p. 239-247. PADRINELLI, André. Medicina e Saúde. Jornal folha Universal: São Paulo. n. 735 supl.0, maio 2006. PRENTICE, Willian. Princípios de Treinamento Atlético. 10º. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 2001.p.734. RODRIGUES, LR. Primeiro socorros no esporte. São Paulo. Ed. Paulista. 1973, 121p. STANWAY, Andrey. Manual de Primeiro Socorros. 1 ed. Rio de Janeiro. Record. 1984. 6