MONITORAMENTO EDÁFICO HÍDRICO A Veracel realiza monitoramento dos solos e da água de rios nas áreas de influência dos plantios de eucalipto, com o objetivo de acompanhar os impactos da atividade silvicultural em microbacias cultivadas com eucalipto. Por meio de coleta de amostras e avaliação de diversos parâmetros de qualidade da água e solo, este monitoramento permitirá acompanhamento temporal, gerando informações e dados indicadores da adequação das práticas de manejo adotadas pela empresa. Dentre os rios existentes na região, os rios Buranhém, Caraíva, Frades, Santo Antônio, Ronca Água, Santa Cruz e São José do Rio Salsa apresentam grande importância ao empreendimento, uma vez que estão sob influência direta dos plantios ou inseridos no escopo do projeto. As áreas destinadas ao monitoramento edáfico hídrico da região sob influência dos plantios estão definidas em 11 pontos amostrais,, sendo as amostras das análises de qualidade de água superficial coletadas nos rios: São José do Rio Salsa - código: SS; Santo Antônio (Projeto Putumuju e Ponto Central) - códigos: SA- 01 e SA-02; Santa Cruz- código: SC; Buranhém - código: BN; Caraívas - código: CV; Poço Microbacia (Projeto Perobas II) - código: PP. As amostras de água subterrânea e de solos são coletada em pontos dos projetos Putumuju II (PT). Oiti(OT), Liberdade(LI) e Perobas II(PP). Estas amostras são coletadas à jusante dos plantios da Veracel, visando acompanhar o padrão de água e possíveis contaminações dos mananciais por Glifosate (controle ervas daninhas) e sulfluramida (controle de formigas cortadeiras), principais produtos utilizados no manejo florestal pela empresa. São analisados parâmetros físico-químicos, teste de nutrientes e determinação de metais nas amostras evidenciando presença ou traços de Glifosate ou sulfaramida. Para comparação dos parâmetros e a caracterização da qualidade das águas são considerados os padrões adotados pela Monitoramento Edáfico-Hídrico Julho/2009 2
Resolução CONAMA 357/2005 a qual dispõe sobre a classificação dos corpos d água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamentos de efluentes e dá outras providências. Para efeito de comparação dos resultados, foi considerado os limites preconizados para águas doces de classe 2, conforme disposto no artigo 42 da referida Resolução. Especificamente para o ponto Peroba III PP foram adotados parâmetros físicos e químicos para o monitoramento, os quais permitem avaliar a qualidade das águas subterrâneas e, caso existente, os níveis de contaminação. Vale ressaltar que foi utilizado, para a caracterização da qualidade das águas subterrâneas, os Valores Máximos Permitidos (VMP) estabelecidos no anexo I, nível para consumo humano da Resolução CONAMA n.º 396/08. Para caracterizar a qualidade dos solos e avaliar um possível grau de contaminação nos pontos de coleta, foram adotados parâmetros físicos, químicos e ecotoxicológicos. Os resultados apresentados a seguir, são referentes à campanha amostral realizada em julho de 2009. Os parâmetros avaliados, os resultados obtidos e os limites preconizados legalmente pelas Resoluções pertinentes para as análises de água estão apresentados nas tabelas 01 e 02. Tabela 1- Medidas realizadas in situ na massa d água durante a coleta PARÂMETROS BN CV SA-01 SA-02 SC SS Conama 357/05 Classe 2 PP Conama 396/08 (anexo I Dessedentação de Animais) Temperatura (ºC) 24,1 21,9 21,3 21,6 23,3 22,8-21,1 - ph 5,87 5,01 5,75 5,55 6,49 6,95 6 9 5,87 - OD 7,9 3,5 7,4 7,7 8,8 7,5 >5,0 7,0 - Eh (µs/cm) 116,0 140 136,0 134,0 173,0 58,0-173,0 - Salinidade (% ) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0-0,0 - Monitoramento Edáfico-Hídrico Julho/2009 3
Os rios Buranhém, Caraíva e Santo Antônio apresentaram valores de ph abaixo da variação entre 6,0 e 9,0 preconizada pela Resolução CONAMA 357, 2005 para águas doces de classe 2. A acidez natural dos solos locais pode estar contribuindo para os baixos resultados de ph encontrados nesta região. Contudo, estes resultados não são característicos da série histórica desses pontos de amostragens. Desta forma, deve-se observar os valores registrados nas próximas amostragens para se poder interpretar de forma mais precisa a situação. A variação do ph no meio aquático está relacionada com a dissolução de rochas, absorção de gases da atmosfera, oxidação da matéria orgânica e fotossíntese. Tabela 2: Resultado dos parâmetros físico-químicos da água coletados durante a campanha. PARÂMETROS BN CV SA-01 SA-02 SC SS DBO DQO Condutividade (µs/cm) Sól. Suspensos Sólidos Totais Sól.Totais Dissolvidos Alcalinidade Total Cor Real (APHA) Cor Aparente (APHA) Turbidez (NTU) N-NH 3 mg/l N-Nitrito N-Nitrato Nitrogênio Kjeldahl Conama 357/05 Classe 2 PP Conama 396/08 (anexo I Dessedentação de Animais) 4 <2 4 <2 3 5 5 mg/l <2-58 60 69 17 58 51-12 - 96,0 56,0 116,0 74,0 116,0 290,0-56,0-27 <3 <3 10 7 7 - <3-149 75 90 113 103 162-65 - 82 55 59 79 58 131 500 mg/l 42-18 <10 19 13 24 127 - <10-125 88 132 168 144 76 75 80-125 102 156 194 >550 98-101 - 19 3,6 18 18 18 9,8 100 NTU 6,6 - <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 2,0 mg/l <0,05 - <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 1 mg/l <0,01 10 mg/l 0,1 <0,1 0,1 <0,1 <0,1 0,1 10 mg/l <0,1 90 mg/l 2,1 1,5 2,7 1,7 1,5 1,1-1,8 - Monitoramento Edáfico-Hídrico Julho/2009 4
Fósforo Sulfato Total 0,1 <0,1 0,4 0,3 0,2 0,2 0,1 mg/l 0,2-2 <1 15 2 2 2 250 mg/l <1 1000 mg/l Tabela 2 - continuação: Resultado dos parâmetros físico-químicos coletados durante a campanha. PARÂMETROS BN CV SA-01 SA-02 SC SS Cloreto Clorato Alumínio Dissolvido Bário Total Cádmio Total Cálcio Total Cobalto Total Cobre Dissolvido Chumbo Total Ferro Total Magnésio Total Manganês Total Mercúrio Total Molibdênio Total Níquel Total Potássio Total Sódio Total Zinco Total Glifosato (µg/l) Sulfuramida (µg/l) Conama 357/05 Classe 2 PP Conama 396/08 (anexo I Dessedentação de Animais) 16 9 13 11 18 14 250 mg/l 10 - <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 - <0,1-0,18 <0,01 0,46 1,2 0,27 0,18 0,1 mg/l 0,23 5 mg/l 0,04 0,02 0,03 0,06 0,04 <0,01 0,7 mg/l 0,03 - <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,001 mg/l <0,005 0,05 mg/l 2,2 0,92 7,4 2,9 2,9 27-0,80 - <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,05 mg/l <0,01 1 mg/l <0,005 <0,005 <0,005 1,2 <0,005 <0,005 0,009 mg/l <0,005 0,5 mg/l <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 mg/l <0,01 0,1 mg/l 0,95 0,79 1,5 0,96 2,0 0,48-0,46-2,1 1,2 3,7 2,2 3,1 18-1,2 - <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 <0,01 0,1 mg/l <0,01 0,05 mg/l <0,0002 <0,0002 <0,0002 <0,0002 <0,0002 <0,0002 0,0002mg/L <0,001 0,01 mg/l <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 - <0,05 0,15 mg/l <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,02 mg/l <0,01 1 mg/l 2,6 0,83 1,2 1,1 2,6 1,1-0,49-11 6,1 8,4 7,9 13 7,9-6,1 200 mg/l <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 0,18 mg/l <0,02 24 mg/l <60 <60 <60 <60 <60 <60 65 µg/l <60 500 µg/l <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 - <0,1 - Todos os valores de Cor Real obtidos nos pontos de amostragem, apresentaram-se acima do limite estabelecido pela Resolução CONAMA 357, Monitoramento Edáfico-Hídrico Julho/2009 5
2005 para águas doces de classe 2 (75 APHA). Contudo, esses teores de Cor são característicos dos rios dessa região. Entre os metais, os elementos que apresentaram valores acima dos padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA 357, 2005 para águas doces de classe 2 foram o Alumínio e o Cobre Dissolvido. Com relação ao estado trófico, as concentrações de fósforo total encontradas na maioria dos pontos amostrais, ultrapassaram o limite de 0,1 mg/l estabelecido pela Resolução CONAMA 357, 2005 para águas doces de classe2. Os compostos de fósforo são fatores de relevância à vida dos organismos aquáticos. A origem antropogênica é oriunda dos despejos domésticos, detergentes, excrementos de animais e fertilizantes. Os resultados das amostras de solo encontram-se na tabela 3. Tabela 3: Resultados dos ensaios realizados na matriz solo. PARÂMETROS PT OT LI PP AOX (mg/kg) 0,07 0,10 0,21 0,15 Glifosato (µg/kg) <100 <100 <100 <100 Sulfuramida (µg/kg) <10 <10 <10 <10 Toxicidade Aguda com D. similis (CE 50%) 21,4 25 >100 >100 CENO (%) <6,25 <6,25 50,0 12,5 Toxicidade Crônica com C. dubia CEO (%) 6,25 6,25 100 25,0 VC (%) 6,25 6,25 75,0 18,8 As concentrações de compostos organoclorados absorvíveis representados pelo seu somatório (AOX) apresentaram resultados entre 0,07 e 0,21 mg/kg, que podem ser considerados como normais. A análise ecotoxicológica sempre deve ser vista como uma ferramenta de apoio na análise ambiental. Para maior precisão na análise devem ser realizadas análises físicoquímicas para detectar a presença de compostos que possam causar efeitos deletérios, inter-relacionando seus efeitos sinérgicos e antagônicos. Monitoramento Edáfico-Hídrico Julho/2009 6
Os parâmetros físico-químicos, teste de nutrientes e determinação de metais nas amostras de água, bem como no solo não apresentam qualquer indício de presença ou traços de Glifosate ou sulfaramida (Tabela 2 e 3). Apesar dos resultados das amostras não apresentarem nenhum vestígio de Glifosate ou sulfuramida, produtos usados nos plantios, a Veracel solicitou uma nova campanha amostral ainda para novembro de 2009. Esta medida visa monitorar os desvios apresentados em Alumínio, Ferro e Fósforo e cor real. É importante frisar que este parâmetros não tem relação com a presença de Glifosate ou sulfuramida. Após esta campanha será possível estudar as possíveis causas destes desvios e propor medidas mitigadoras. Vale ressaltar que o período da coleta das amostras foi atípico na região, uma vez que houve grande ocorrência de chuvas o que pode ter contribuído para o carreamento destes elementos do solo para água e alteração nos padrões de cor real. Os solos da região são ricos em alumínio e ferro (Grupo Barreiras). Esta campanha amostral, para uma melhor consistência de resultados, avaliará ainda os parâmetros Alumínio Total, Ferro dissolvido e Fosfato Total para maior consistência dos dados. O monitoramento anual faz-se necessário para uma constância dos resultados e consequentemente um melhor entendimento dos mesmos e melhoria nos processos de manejo. Além disso, as anormalidades, observadas no presente trabalho, se persistentes, devem ser investigadas para uma maior eficiência de ação mitigadora, se cabível. Monitoramento Edáfico-Hídrico Julho/2009 7