fls. 84 Registro: 2015.0000629269 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Direta de Inconstitucionalidade nº 2121388-11.2015.8.26.0000, da Comarca de, em que é autor PREFEITO DO MUNICÍPIO DE ILHABELA, é réu PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ILHABELA. ACORDAM, em Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "JULGARAM A AÇÃO PROCEDENTE. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOSÉ RENATO NALINI (Presidente), FERREIRA RODRIGUES, EVARISTO DOS SANTOS, MÁRCIO BARTOLI, JOÃO CARLOS SALETTI, LUIZ AMBRA, FRANCISCO CASCONI, PAULO DIMAS MASCARETTI, ARANTES THEODORO, TRISTÃO RIBEIRO, ANTONIO CARLOS VILLEN, ADEMIR BENEDITO, LUIZ ANTONIO DE GODOY, BORELLI THOMAZ, JOÃO NEGRINI FILHO, SÉRGIO RUI, SALLES ROSSI, VICO MAÑAS, NUEVO CAMPOS, EROS PICELI, GUERRIERI REZENDE E XAVIER DE AQUINO., 26 de agosto de 2015. ANTONIO CARLOS MALHEIROS RELATOR Assinatura Eletrônica
fls. 85 Direta de Inconstitucionalidade nº 2121388-11.2015.8.26.0000 Autor: Prefeito do Município de Ilhabela Réu: Presidente da Câmara Municipal de Ilhabela Comarca: Voto nº 34.943 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Lei nº 923, de 19 de junho de 2010, do Município de Ilhabela, que altera a redação da lei nº 887/2000 que dispõe sobre o plano de carreira e de remuneração do magistério público municipal da estância balneária de Ilhabela e dá outras providências - Comando legal possui todas as características de ato administrativo - Violação à regra de separação de poderes contida nos artigos 5º, 47, incisos II e XIV e art. 114, todos da Constituição Estadual - Ação procedente. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Prefeito do Municipal em face da Lei nº 923, de 19 de junho de 2010, do Município de Ilhabela, que altera a redação da lei nº 887/2000 que dispõe sobre o plano de carreira e de remuneração do magistério público municipal da estância balneária de Ilhabela e dá outras providências. Sustenta a ação, que a que a Lei viola os artigos 5º, caput, 24, 2º e 144 da Constituição do Estado, devido ao fato de configurar ao Poder Legislativo competência exclusiva do Poder Executivo, uma vez que dispõe sobre funcionamento da Administração Direta de Inconstitucionalidade nº 2121388-11.2015.8.26.0000 -Voto nº 2
fls. 86 Pública. Indeferida a liminar (fls.28/19). Informações da Câmara Municipal, por seu representante (fls.43/47). Citado, o Senhor Procurador Geral do Estado declinou de oferecer defesa do ato atacado (fls.39/40). A d. Procuradoria Geral de Justiça opinou pela procedência da ação (fls.69/77). É o relatório. Procede, a ação. Dispõe a Lei guerreada: Assim dispõe a norma guerreada: LEI Nº 923/2000. Artigo 1º- O artigo 48 da Lei nº 887/2000 passa a ter a seguinte redação: Artigo 48 A promoção será realizada obedecendo aos critérios de merecimento e antiguidade, alternadamente, observando o interstício mínimo de 03 (três) anos de exercício no grau. Artigo 2º- Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas Direta de Inconstitucionalidade nº 2121388-11.2015.8.26.0000 -Voto nº 3
fls. 87 as disposições em contrário. O ato normativo impugnado invadiu a esfera da gestão administrativa, no que diz respeito à atividade típica do Poder Executivo. A lei em questão padece de inconstitucionalidade formal, pois é de iniciativa parlamentar e acaba se imiscuindo nas atividades da Administração, atentando contra o princípio da separação de Poderes (art. 2º, da Constituição Federal e art. 5º, da Constituição Estadual), quando disponha sobre a fixação de remuneração aos cargos, funções ou empregos públicos forma do art. 24, 2º, 4, da Constituição Estadual que assim dispõe: Art. 24 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Assembléia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Procurador-Geral de Justiça e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. Parágrafo segundo - Compete, exclusivamente, ao Governador do Estado a iniciativa das leis que Direta de Inconstitucionalidade nº 2121388-11.2015.8.26.0000 -Voto nº 4
fls. 88 disponham sobre: 4 - servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Item com redação dada pela Emenda Constitucional Estadual nº 21, de 14.02.2006 - DOE Legislativo, 15.02.2006, p. 7). Portanto, a Casa Legislativa Municipal ao rejeitar o veto total do Poder Executivo à lei em questão, promulgando-a, violou a regra de separação de poderes contida nos artigos 5º, 47, incisos II e XIV e art. 114, todos da Constituição Estadual. Ante o exposto, julga-se procedente a ação, para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 923, de 19 de junho de 2010, do Município de Ilhabela. ANTONIO CARLOS MALHEIROS Relator Direta de Inconstitucionalidade nº 2121388-11.2015.8.26.0000 -Voto nº 5