AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS PARA CONTROLE DE Heliothis virescens NA CULTURA DO ALGODOEIRO José Geraldo Martins dos Santos (FMC Química do Brasil Ltda / jgeraldo_santos@fmc.com), Ricardo Camara Werlang (FMC Química do Brasil Ltda.) RESUMO - Avaliou-se a eficiência do inseticida BF 314 no controle de H. virescens no algodoeiro, utilizando a cultivar DeltaOpal. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com sete tratamentos e quatro repetições. O algodoeiro possuía 100 dias de emergido no momento da aplicação. Além da prévia foram realizadas avaliações aos 05, 08 e 13 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA). Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS (500 + 125 ml ou g ha -1 de PC) e Karate Zeon 250 SC + Polo 500 PM (120 + 600 ml ou g ha -1 de PC) foram eficazes no controle de H. virescens até aos 8 DAA. BF 314 + F-1785 500 WG (1.000 + 100 e 1.200 + 100 ml ou g ha -1 de PC) foi eficaz no controle de H. virescens até aos 5 DAA. Meothrin 300 CE + Mospilan 200 WS (300 + 150 ml ou g ha -1 de PC) não foi eficaz no controle de H. virescens no período avaliado. Assim o BF 314 constitui-se em nova alternativa no manejo integrado de pragas na cultura do algodoeiro. Palavras-chave: Lagarta das maças, BF 314, bifentrina EVALUATION OF THE EFFICIENCY OF INSECTICIDES IN THE CONTROL OF Heliothis virescens IN COTTON CROP ABSTRACT - The efficiency of the insecticide BF 314 in the control of H. virescens, in cotton planting, was evaluated with the use of DeltaOpal cultivar. The experimental design was of randomized plots with seven treatments and four replications. The cotton planting was with 100 days of emergence at the time of the application. Evaluations at 5, 8, and 13 days after application (DAA), besides the previous one, were carried out. Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS (500 + 125 ml or g ha -1 of CP) and Karate Zeon 250 SC + Polo 500 PM (120 + 600ml or g ha -1 of CP) were efficient for the control of H. virescens up to 8 DAA. BF 314 + F-1785 500 WG (1000 + 100 and 1200 + 100ml or g ha -1 of CP) was efficient for the control of H. virescens up to 5 DAA. Meothrin 300 CE + Mospilan 200 WS (300 + 150ml or g ha -1 of CP) was not efficient for the control of H. virescens within the evaluated period. So, BF 314 is a new alternative for the integrated pest management in the cotton crop. Key words: Cotton bollworm, BF 314, biphenthrin. INTRODUÇÃO O algodão é um dos produtos de maior importância econômica do grupo das fibras, pelo volume e valor da produção. Seu cultivo é também de grande importância social, pelo número de empregos que gera direta ou indiretamente. Do algodoeiro quase tudo é aproveitado, principalmente a semente e a fibra. A produção de algodão em pluma deverá ser de 1,240 milhões de toneladas em 2004, superando em 46,3% a safra anterior, que ficou em 847,5 mil toneladas (Anuário Brasileiro do Algodão 2004). No Brasil e na maioria dos países onde o algodoeiro é cultivado comercialmente, o manejo de pragas que atacam esta cultura representa o seu principal problema. O sistema de produção lança mão
dos inseticidas químicos, tornando-se dependente deste método de controle. Entretanto esta ferramenta deve ser utilizada corretamente no manejo de pragas na cultura do algodoeiro. O algodoeiro hospeda e reproduz várias espécies de insetos e ácaros que tornam o manejo de pragas uma das atividades mais importantes na cadeia produtiva. Uma praga importante é a lagarta-da-maçã (Heliothis virescens) o prejuízo provocado por ela depende da idade da cultura, provocando menos prejuízo, no inicio da cultura, já que o algodoeiro pode perder naturalmente até 60% dos botões (GARCIA 1971). Os ovos são colocados nos ponteiros das plantas, nas brácteas dos botões ou nas folhas mais novas, em um total de cerca de 600 por fêmea. As lagartas recém nascidas alimentam-se de tecidos novos, folhas ou botões florais, sendo que nos últimos instares destroem os botões e as maçãs, reduzindo a produtividade. Além disso favorecem a penetração de microrganismos, através dos orifícios causados. De acordo com Garcia (1971) e Santos (1977) verifica-se que cada lagarta consome cerca de 6 estruturas frutíferas (botões, flores e maçãs). Quando a lagarta já se encontra na maçã, significa que ela danificou pelo menos 5 estruturas frutíferas. Portanto, para cada 5% de maçãs infestadas houve, aproximadamente, 25% de maçãs perdidas. O objetivo deste experimento foi avaliar a eficiência de diferentes inseticidas no controle de lagarta das maças (H. virescens), na cultura do algodoeiro. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na área experimental da Fundação Mato Grosso em Rondonópolis MT. A semeadura ocorreu no dia 13/12/2004, com a cultivar DeltaOpal, germinando em 21/12/2004. O preparo do solo, a adubação e os tratos culturais foram feitos de acordo com as recomendações técnicas para a cultura do algodão na região dos Cerrados, proporcionando condições adequadas ao desenvolvimento da cultura. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso com sete tratamentos e quatro repetições. As parcelas constituíram se de quatro linhas de doze metros de comprimento, espaçadas entre si de 0,90 metros, com densidade de 11 plantas metro -1. Realizou-se a aplicação no algodoeiro possuindo 100 dias de idade, realizada pela manhã, temperatura de 28 C, umidade relativa do ar de 78% e velocidade do ar de 2,8 km hora -1. Para tanto utilizou-se um pulverizador costal com pressão constante (CO 2 ), equipado com seis pontas de cone vazio JA-2, calibrado para o volume de calda de 130 l ha -1. Os tratamentos utilizados foram: Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS nas doses de 500 + 125 e 600 + 150 ml ou g ha -1 de PC, produto comercial; Karate Zeon 250 SC + Polo 500 PM (120 + 600 ml ou g ha -1 de PC); Meothrin 300 CE + Mospilan 200 WS (300 + 150 ml ou g ha -1 de PC); BF 314 + F-1785 500 WG nas doses de 1.000 + 100 e 1.200 + 100 ml ou g ha -1 de PC e testemunha. Os inseticidas utilizados neste trabalho foram: Talstar 100 CE formulação comercial (CE) contendo 10% de bifentrina; Meothrin 300 CE formulação comercial (CE) contendo 30% de fenpoprathrin; F 1785 500 WG formulação (WG) contendo 50% de flonicamid; Mospilan 200 WS formulação comercial (WS) contendo 20% de acetamiprid; Karate Zeon 250 SC formulação comercial (SC) contendo 25% de lambdacyhalothrin; Polo 500 PM formulação comercial (PM) contendo 50% de diafentiuron; e BF 314 formulação de BF 314.
As avaliações foram realizadas contando-se as lagartas vivas, pequenas (< 0,5 cm), médias 0,5 a 1,0 cm e grandes (>1,0 cm), em 20 plantas previamente marcadas. As avaliações ocorreram nas seguintes épocas: prévia, 05, 08 e 13 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA). Os dados referentes ao número total de lagartas vivas foram transformados em (x + 0,5) e submetidas a análise de variância, conforme delineamento proposto e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As percentagens de eficiência dos diferentes tratamentos foram calculadas pela fórmula de Abbott (NAKANO et al., 1981). RESULTADOS E DISCUSSÃO No momento da aplicação a área experimental apresentava-se com alta infestação de lagartas, sendo a presença de lagartas em cerca de 50 % das plantas amostradas. A densidade populacional das lagartas estava bem acima do nível de controle recomendado. Aos 5 DAA os tratamentos com Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS (500 + 125 e 600 + 150 ml ou g ha -1 de PC) e BF 314 + F-1785 500 WG (1.000 + 100 e 1.200 + 100 ml ou g ha -1 de PC) foram eficazes no controle de H. virescens (eficiência maior ou igual a 80%) (Tabela 1). Já Karate Zeon 250 SC + Polo 500 PM (120 + 600 ml ou g ha -1 de PC) e Meothrin 300 CE + Mospilan 200 WS (300 + 150 ml ou g ha -1 de PC) proporcionaram controle satisfatório de lagarta das maças (>70%) neste período de avaliação. Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS (500 + 125 e 600 + 150 ml ou g ha -1 de PC) e Karate Zeon 250 SC + Polo 500 PM (120 + 600 ml ou g ha -1 de PC) foram eficazes no controle de H. virescens até aos 8 DAA, os demais tratamentos inseticidas não proporcionaram eficiência de controle adequada, sendo inferior a 70%. Mesmo proporcionando controle adequado de H. virescens apenas até aos 5 DAA o inseticida BF 314 constitui-se em uma nova alternativa no manejo integrado de pragas na cultura do algodoeiro. CONCLUSÔES 1.Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS (500 + 125 ml ou g ha -1 de PC) e Karate Zeon 250 SC + Polo 500 PM (120 + 600 ml ou g ha -1 de PC) foram eficazes no controle de H. virescens até aos 8 DAA; 2. BF 314 + F-1785 500 WG (1.000 + 100 e 1.200 + 100 ml ou g ha -1 de PC) foi eficaz no controle de H. virescens até aos 5 DAA; 3. Meothrin 300 CE + Mospilan 200 WS (300 + 150 ml ou g ha -1 de PC) não foi eficaz no controle de H. virescens no período avaliado; 4. BF 314 constitui-se em uma nova alternativa no manejo integrado de pragas na cultura do algodoeiro; 5. Os inseticidas estudados neste trabalho não ocasionaram efeito tóxico no algodoeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUÁRIO BRASILEIRO DO ALGODÃO. Anuário Brasileiro do Algodão 2004. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2004. 144p. GARCIA, R. F. A. Evalucion de las perdidas em rendimiento ocasionados por el dano de Heliothis spp. em el algodonera. Colômbia: Univ. de Colômbia. /ICA SPP, 1971. Tese graduados. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCH, R. A.. Entomologia econômica. São Paulo: Ceres. 1981. 314 p. SANTOS, W. J. Efeito da simulação dos danos de lagarta da maçã Heliothis virescens (Fabr., 1781) (Lep: Noctuidae) na produção do algodoeiro. Piracicaba: Esalq USP, 1977. 64 p. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Piracicaba..
5 Tabela 1. Número médio de lagarta das maças vivas, (NL)* total de lagartas, e percentagem de eficiência (%E)** dos diferentes tratamentos com inseticida no controle de Heliothis virescens, na cultura do algodoeiro, em Rondonópolis MT, 2005. Dias Após a Aplicação Tratamentos Dose ml ou 05 08 13 g (pc.ha -1 ) NL* %E NL* %E NL* %E Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS 500 + 125 2,0 b 80 2,0 b 81 1,3 a 58 Talstar 100 CE + Mospilan 200 WS 600 + 150 2,0 b 80 1,8 b 83 1,3 a 58 Karate Zeon 250 SC + Polo 500 PM 120 + 600 2,8 b 72 2,0 b 81 2,8 a 8 Meothrin 300 CE + Mospilan 200 WS 300 + 150 2,5 b 74 4,5 ab 56 4,0 a 0 BF 314 + F-1785 500 WG 1.000 + 100 2,0 b 80 4,8 ab 54 2,8 a 8 BF 314 + F-1785 500 WG 1.200 + 100 2,0 b 80 4,0 ab 61 2,5 a 17 Testemunha - 9,8 a 0 10,3 a 0 3,0 a 0 CV % 36,07 25,01 26,81 * Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. ** (%E), percentagem de eficiência calculada pela fórmula de Abbott, na avaliação prévia do número de lagartas vivas o CV% = 7,81 e F ns.