COMUNICADO nº 016/2013 Aos: Senhores prefeitos, secretários municipais da educação e executivos de Associações de Municípios. Referente: Nova decisão referente à Lei nº 11.738/08 que trata sobre Piso Nacional do Magistério. A, na busca de auxiliar os gestores públicos municipais, apresenta algumas considerações a respeito do piso e da composição de jornada, em razão do recente julgamento dos Embargos Declaratórios do Acórdão da Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI nº 4167. definitivo ADI Nº 4167 Julgamento antecipado e julgamento Com o advento da Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008, que instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, alguns Estados (PR, RS, SC, MS e CE) manifestaram discordância ao ordenamento jurídico do piso, expressada por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI protocolizada no Supremo Tribunal Federal - STF, alegando que a definição de piso salarial nacional para os professores e a composição de jornada de trabalho eram inconstitucionais. O STF ao decidir liminarmente, considerou constitucional o piso, porém, suspendeu dois de seus efeitos até a decisão definitiva da ADI 4167, quais sejam: ficou decidido que para se atingir o piso salarial poderia ser utilizado o conceito de remuneração, que é a soma do vencimento básico com as vantagens e gratificações, e suspendeu a composição da carga horária máxima do professor em sala de aula. Em abril de 2011, ao julgar o mérito da ADI 4167, o STF declarou improcedente a ação, mantendo o entendimento de que a instituição do piso nacional do
magistério e a composição da hora-atividade eram constitucionais, muito embora para este segundo aspecto tenha havido empate na votação dos Ministros do STF, pelo que a decisão vincula somente as partes do processo. De qualquer forma, restou pacificado pelo Poder Judiciário a constitucionalidade da definição de piso da remuneração dos profissionais do magistério público da educação básica, de tal sorte que o vencimento básico desses servidores não pode ser inferior ao valor do piso, anualmente definido nos termos da Lei nº 11.738/08. A RECENTE DECISÃO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS NA ADI Nº 4167 E SEUS RESPECTIVOS EFEITOS. Após o julgamento do mérito da ADI 4167, os Estados autores da ação questionaram, por meio de Embargos Declaratórios, qual data deveria ser considerada para fins de aplicação do piso como vencimento básico. O pedido foi julgado em fevereiro de 2013, tendo o STF decidido que o pagamento do piso como vencimento básico é obrigatório a partir da data em que foi julgado o mérito da ADI 4167, ou seja, a partir da data da sessão do pleno do STF, ocorrida em abril de 2011, que declarou a Lei 11.738/08 constitucional. Portanto, é de suma importância reiterar que não descumpriram a lei federal os Estados e os Municípios que computaram as vantagens pecuniárias no cálculo do piso, de janeiro de 2009 a abril de 2011, isto é, utilizaram a remuneração como base de cálculo para cumprimento do piso nacional do magistério. VALOR DO PISO SALARIAL PARA O EXERCÍCIO DE 2013. Foi instituído para o exercício de 2013, segundo o Ministério da Educação (MEC), o reajuste de 7,97% sobre o valor do piso salarial de 2012. Portanto, aplicando-se o percentual de reajuste sobre o valor de R$ 1.451,00 piso salarial correspondente ao ano de 2012, tem-se como vencimento básico para o magistério público da educação básica em 2013 o valor de R$ 1.567,00. Nota-se que o reajuste do piso nacional do magistério em 2013 ficou abaixo dos anos anteriores, quando foram registrados percentuais de 22% em 2012
e de 18% em 2011. A justificativa apresentada foi que ocorreu a desaceleração da economia e a queda na arrecadação de receitas. salarial: A tabela abaixo contém a memória de cálculo da evolução do piso Ano de Vigência do Piso Valores de referência do FUNDEB (R$) Referência Legal Variação (%) Valor do Piso (R$) 2009 950,00 2010 2011 2012 1.132,34 Portaria 1027 1.221,34 Portaria 788 7,86% 1.024,67 1.221,34 Portaria 788 1.414,85 Portaria 538-15,85% 1.187,00 A 1.414,85 Portaria 538- A 22,22% 1.450,79 1.729,28 Portaria 1721 2013 1.556,69 Portaria 1496 7,97% 1.567,00 VENCIMENTOS. REPERCUSSÃO DO PISO NO PLANO DE CARGOS E Em razão da constitucionalidade declarada em face da promulgação da Lei nº 11.738/08, restou ao Congresso Nacional à atribuição de definir o valor do piso salarial nacional dos professores, por conseguinte, compete a cada ente federativo dispor sobre o seu plano de cargos e vencimentos. Em resumo, o piso salarial não causa efeito cascata no plano de cargos e vencimentos do magistério. Assim sendo, cabe ao Poder Executivo avaliar as reivindicações da categoria e o impacto orçamentário do aumento dos vencimentos, mesmo que de maneira não linear, nos demais níveis do plano, atentando-se especialmente para atender a progressão funcional, respeitados os limites e normas previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal. CUMPRIMENTO DA HORA-ATIVIDADE. Com relação ao cumprimento de jornada de trabalho dos profissionais do magistério, também como consequência da declaração de constitucionalidade da
lei, é garantido aos professores da rede pública de ensino da educação básica, independente do regime de contratação, o direito de trabalhar, no máximo, 2/3 de sua jornada em interação com os educandos, sendo que, o restante de 1/3, poderá ser destinado às atividades fora de sala de aula, tais como: preparar aulas e atividades; corrigir avaliações e trabalhos; participar de atividades de formação pedagógica; etc. Referente ao termo horas, tem-se como referência a hora de 60 minutos. Deste modo, aos profissionais que exerçam jornada de trabalho de 40 horas semanais (2.400 minutos), o limite de tempo para trabalho em sala de aula (2/3) é de 26 horas e 40 minutos (1.600 minutos), pouco importando qual o número de horas-aulas passíveis de serem ministradas neste período. Lembrando que a hora-aula é o padrão estabelecido pelo projeto pedagógico da escola, a fim de distribuir o conjunto dos componentes curriculares em um tempo didaticamente aproveitável pelos estudantes, dentro do respeito ao conjunto de horas determinado para a Educação Básica, para a Educação Profissional e para a Educação Superior. Exemplificando, no caso de a escola estabelecer a hora-aula em 50 minutos, o profissional com jornada de 40 horas semanais pode ministrar, no máximo, 32 horas-aula, alcançando assim o limite máximo de tempo em sala, de 1.600 minutos (32 x 50 = 1.600). aula: Segue tabela exemplificativa da jornada a ser cumprida em sala de Carga Horária Limite de tempo em sala de aula Semanal 40 horas 26 horas e 40 minutos 30 horas 20 horas 20 horas 13 horas e 20 minutos 10 horas 6 horas e 40 minutos Além disso, considera-se que a destinação de, no mínimo, 1/3 da horaatividade em atividades extraclasse compreende todo o magistério da educação básica, ou seja, tanto o ensino infantil quanto o ensino fundamental. Quanto ao ensino infantil, tem-se uma situação peculiar, haja vista que, com o advento da Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e da
Lei nº 10.172/01 (Plano Nacional de Educação), as creches deixaram de ter caráter assistencialista e passaram a ser consideradas como primeira etapa da educação básica. Com isto, os servidores públicos que exerciam atividade tipicamente de professor nas creches passaram gradativamente a serem enquadradas no quadro do magistério, situação que lhes garante a aplicação da lei do piso. Àqueles profissionais que permanecem vinculados ao quadro civil e exerçam atividades administrativas, mesmo que atuem em estabelecimentos públicos de ensino, não são alcançados pela lei do piso. Quanto à forma de cumprimento da hora atividade, sugere-se tratar o tema sob o viés dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo permitida instituição de maneiras variadas e dinâmicas da jornada extraclasse, priorizando-se o cumprimento da mesma dentro da instituição de ensino, ou, não sendo possível desta forma, que seja dentro de algum órgão público, afim de que se possa existir certo tipo de controle sobre cumprimento dessa jornada. Em síntese, a FECAM sugere aos Municípios a observância do limite da jornada de trabalho acima exposto, sob pena de ser criado passivo financeiro elevado, na hipótese de descumprimento do artigo 2º, 4º, da Lei 11.738/2008. Para maiores informações e orientações, a FECAM coloca seu departamento jurídico à disposição para qualquer esclarecimento por meio do endereço juridico@fecam.org.br. Florianópolis, SC, 10 de junho de 2013. ALEXANDRE ALVES Diretor Executivo EDINANDO LUIZ BRUSTOLIN Consultor Jurídico GISELE STAKFLET Assessora Jurídica da FECAM THAYSE STIEVEN FLECK Assessora Jurídica da FECAM