Nível de imprecisão orçamentária dos municípios da região da Amsulep

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Transcrição:

REVIST BRSILEIR E CONTBILIE 33 Nível de imprecisão orçamentária dos municípios da região da msulep O orçamento público engloba a estimativa da receita e a fixação da despesa. O programa Public Expenditure and ccountability espesas Públicas e Responsabilidade (Pefa) tem como objetivo a utilização de indicadores padronizados, os quais permitem avaliar as condições dos gastos públicos. O objetivo deste estudo foi verificar o nível de imprecisão orçamentária, segundo o programa Pefa. O tipo de pesquisa foi classificado como estudo de caso, de natureza aplicada, com abordagem qualiquantitativa e de finalidade descritiva. Quatro diferentes municípios (Campo do Tenente, Piên, Quitandinha e Rio Negro) pertencentes à região da msulep foram avaliados. Os dados analisados pela metodologia Pefa mostraram que Quitandinha foi o município que se destacou com o maior conjunto de índices imprecisos. Entre esses índices estão o maior nível de imprecisão das receitas agregadas, com percentual de 79,65%; imprecisão na receita com IPTU, de 159,61%; e com ISS de 231,59%. Esse município também apresentou o pior resultado na fixação das despesas agregadas, com 20,44%; imprecisão da despesa total, com 18,56%; despesa por função, com -18,56%; e despesa de pessoal, com 228,20%. Piên, por sua vez, foi o município que obteve uma maior aproximação do valor previsto com o realizado, sendo o mais preciso. Cyntia Ferreira Zielinski É graduada em Ciências Contábeis pela Universidade do Contestado Campus Mafra (SC). tualmente trabalha na empresa Casagrande Consultoria LT - ME, em Campo do Tenente (PR). E-mail: cyntiaziel@hotmail.com Jéssica de Fátima Hirt É graduada em Ciências Contábeis pela Universidade do Contestado Campus Mafra (SC). Trabalha no Escritório Contábil Geraldo Hirt ME, em Rio Negro (PR). E-mail: jessica_hirt88@hotmail.com Orientadora: Profª Cleonice Witt Mestre em Engenharia de Produção, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é pós-graduada em Qualidade e Produtividade (UnC), e em Tecnologias e Educação a istância (UnC). É professora da Universidade do Contestado (campus Mafra), coordenadora do curso de Ciências Contábeis na modalidade a distância (UnC) e coordenadora do polo de educação a distância (UnC) campus Mafra. É também contadora e advogada. E-mail: cleonice@unc.br

34 Nível de imprecisão orçamentária dos municípios da região da msulep 1.Introdução O aumento das despesas públicas foi um dos acontecimentos mais marcantes na economia do século XX. Tal fato levou a sociedade a se interessar cada vez mais pelos assuntos relacionados à gestão pública, principalmente no que diz respeito ao patrimônio público. promulgação da Lei n.º 4.320/1964 trouxe um significativo progresso para o setor da contabilidade pública. Naquela época, o que se destacou foi o surgimento da elaboração do orçamento público, servindo como ferramenta de ligação entre os sistemas de planejamento e finanças, sendo denominado orçamento-programa, complementando o sistema de planejamento já existente, que até então se resumia em registrar receitas a arrecadar e despesas a executar, sem especificar um programa e os objetivos do Governo. Com o advento da Constituição de 1988, aconteceram mudanças em relação ao orçamento. Por meio dessas modificações, deixouse de prescindir dotações globais e houve a homogeneização da Lei Orçamentária nual (LO) ao Plano Plurianual (PP) e à Lei de iretrizes Orçamentárias (LO). oze anos após a Constituição entrar em vigor, foi promulgada a Lei Complementar n.º 101/2000, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que também representou um grande avanço na área da gestão pública, servindo como um instrumento auxiliar de gestão, administração e controle. essa forma, a LRF tornou-se muito importante para os gestores e o público em geral. Essa lei exige uma gestão planejada e transparente, estabelecendo metas fiscais, objetivos mais rígidos e a obrigatoriedade do cumprimento dessas metas, assim como possui normas eficientes, auxiliando na prevenção de riscos e desvios, um problema que vem prejudicando o setor público atualmente. dministração Pública sempre enfrentou problemas relacionados à distribuição de verbas entre os vários setores que compõem a administração. Mesmo com tantas ferramentas de auxílio e leis regulamentadoras, não é possível prever algumas despesas que podem ocorrer durante o exercício. E é nesse momento que surge a necessidade de abertura de créditos adicionais, que servem justamente para suprir as carências de um planejamento orçamentário inadequado ou incompleto, derivado da imprevisibilidade sobre a distribuição dos valores a serem gastos com maior precisão. Os créditos adicionais, que também são chamados de alterações orçamentárias, servem para que o gestor consiga executar e cumprir os objetivos do Plano Orçamentário, sendo que, para isso, é necessário modificar o orçamento original, adicionando ou acrescendo valores ao orçamento. Existem vários fatores que justificam as alterações orçamentárias, como, por exemplo, as variações de preço de mercado de bens ou serviços previamente estabelecidos no planejamento, incorreções, omissões e, até mesmo, deficiências orçamentárias, as quais impedem a perfeita execução do orçamento. iante do exposto, dada a importância de se aprofundar sobre o tema escolhido, este artigo apresenta o seguinte questionamento: Qual o nível de imprecisão orçamentária nos últimos três anos dos municípios da região da msulep? Com o objetivo geral, pretende-se verificar o nível de imprecisão orçamentária segundo o programa Pefa. Nortearam também o estudo os seguintes objetivos específicos: classificar em imprecisos ou precisos os orçamentos em relação à estimativa das receitas total, de IPTU e do ISS; identificar a imprecisão dos orçamentos em relação à fixação da despesa total, por função, de pessoal e despesa corrente; e destacar o município com o maior nível de imprecisão orçamentária. Por meio de tal problema, pretende-se verificar se os orçamentos previstos são compatíveis com os executados nos municípios propostos e, com isso, apontar seus níveis de imprecisão e precisão. O assunto foi pautado em seções, sendo esta de caráter introdutório, em que se apresentou uma visão geral do assunto. Na segunda seção, foi apresentada a fundamentação teórica, base da matéria. metodologia do estudo contendo a descrição da coleta, tratamento e análise dos dados foram apresentados na terceira seção. Na quarta seção, foram apresentados os resultados obtidos e, na quinta e última seção, foram apresentadas as considerações finais. E, por fim, a bibliografia que norteou o estudo. 2.Fundamentação Teórica Esta seção contém a base teórica do estudo, estando subdividida em duas subseções, nas quais se abordam os assuntos envolvendo orçamento público e o Pefa. 2.1 Orçamento Público O orçamento é um dos mais antigos e tradicionais instrumentos utilizados para a gestão dos recursos públicos. Segundo Baleeiro (2008, p.495), o orçamento teve origem [...] nos primórdios da Idade Média, quando as instituições feudais fracionavam o poder real, ou imperial, e confundiam receitas privadas do domínio do príncipe com receitas autoritárias. Inglaterra, França e os Estados Unidos foram os países que se destacaram pelo desenvolvimento da técnica orçamentária. Na Inglater-

REVIST BRSILEIR E CONTBILIE 35 ra, essa técnica surgiu por meio da Carta Magna; na França, pela Revolução Francesa; e, nos Estados Unidos, com a eclaração dos ireitos do Congresso da Filadélfia. No Brasil, não foi diferente. O orçamento surgiu com a insatisfação do povo por conta da cobrança de impostos. Como cita Giacomoni (2002, p.45): Com a vinda do rei. João VI, o Brasil iniciou um processo de organização de suas finanças. abertura dos portos trouxe a necessidade de maior disciplinamento na cobrança dos tributos aduaneiros. Em 1808, foram criados o Erário Público (Tesouro) e o regime de Contabilidade. É na Constituição Imperial de 1824 que surgem as primeiras exigências no sentido da elaboração de orçamentos formais por partes das instituições imperiais. O orçamento público no Brasil foi evoluindo e sofrendo várias alterações. cada nova Constituição, algo era modificado, agregado ou reformulado. Em 1964, criou-se a Lei n. 4.320, com o compromisso de consolidar a padronização dos procedimentos orçamentários para os diversos níveis de governo (GICOMONI, 2002). Com a evolução, tanto na forma de apresentação como na de utilização do orçamento, ele deixou de ser um mero documento no qual constavam receitas e despesas e tornouse um elo da cadeia de planejamento, programação e orçamentação. essa forma, o orçamento público passou a ser uma ferramenta gerencial da administração pública, no qual estão contidas as ações de governo, com o intuito de atender às necessidades da comunidade. Para Slomski (2003, p. 304), o orçamento público é uma lei de iniciativa do Poder Executivo que estabelece as políticas para o exercício a que se referir, e seu conteúdo básico será estimativa de receita e fixação de despesa. O orçamento público é feito por meio de leis que regulamentam sua elaboração e vigência, porém, no decorrer da execução do orçamento, tornam-se necessárias algumas alterações que são feitas por créditos adicionais. eve ser elaborado pelas três esferas de Governo (municípios, estados e União), em um exercício, para depois, devidamente aprovada, vigorar no exercício seguinte. O Orçamento Público é considerado rígido e estático. Rígido, porque não pode ser alterado facilmente, dependendo de aprovação legislativa. E Estático, porque não muda, a não ser com a abertura de créditos adicionais (SILV, 2013, p.30). Com base nesse instrumento, é possível concretizar as políticas programadas, tornando transparentes as prioridades das ações que integram os planos de Governo. O orçamento é classificado em: orçamento tradicional e orçamento-programa. 2.2 Pefa O programa Public Expenditure and ccountability - espesas Públicas e Responsabilidade (Pefa) foi criado em 2001, por meio de uma parceria entre sete agências de financiadores de países em desenvolvimento e instituições financeiras internacionais. O Pefa tem como objetivo a utilização de indicadores padronizados que permitam avaliar as condições dos gastos públicos, assim como desenvolver uma sequência prática para a reforma das ações de capacitação do orçamento. O Pefa framework (credibilidade do orçamento) tem como objetivo permitir aos observadores internacionais o acompanhamento dos sistemas de gestão de finanças públicas, de forma que possibilite analisar as três principais dimensões: disciplina fiscal; alocação orçamentária eficiente; e eficiência operacional dos gastos públicos. O Programa Pefa framework compreende um total de 31 indicadores de performance, sendo 28 relacionados à performance dos governos e 3 dos doadores com impactos nos sistemas de orçamento governamental. Para a análise da imprecisão dos principais municípios da região da msulep, foram utilizados os indicadores framework (credibilidade do orçamento), que permitem apurar a precisão orçamentária. Os indicadores utilizados foram: PI-1 Resultado das despesas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado: sua função é efetuar a avaliação do aumento do orçamento total na execução em relação ao orçamento previsto. Sua fórmula é: PI1ano = Módulo( totemp ano / totorc ano - 1), em que: totorc ano = valor total orçado

36 Nível de imprecisão orçamentária dos municípios da região da msulep por exercício, diminuído o valor alocado para despesas de reserva de contingência, e totemp ano = valor total empenhado por exercício. Esse indicador possui a seguinte classificação: PI-3 Resultado das receitas agregadas comparadas com orçamento original aprovado: esse indicador tem como função efetuar a avaliação da precisão na estimação das receitas internas no orçamento, comparando as receitas previstas originalmente com as executadas. Sua fórmula é: PI-3ano = média (recexec ano / recprev ano), em que: recexec ano = receita realizada no exercício pelo regime de caixa e recprev ano = receita revista inicial no exercício. Para a utilização desse indicador, que apresenta a necessidade de analisar as receitas internas, foram utilizados os valores previstos e realizadas as seguintes receitas para o cálculo: IPTU 1, ISS 2, IRRF 3, FPM 4, IPV 5, ICMS 6, Fundeb 7. O indicador PI-3 permite classificar as análises em quatro classificações distintas, de acordo com seu resultado, seguindo a classificação abaixo. (Quadro 3) Variáveis dependentes referem-se aos setes indicadores diferentes, criados para mensurar a imprecisão orçamentária, que analisam tanto as receitas quando as despesas. s classificações para esses indicadores foram aplicadas as mesmas do indicador PI-1 para despesas e para receitas do indicador PI-3. Os sete indicadores estão presentes no quadro a seguir: Os indicadores utilizados na pesquisa requerem dados de três anos para formar a base da avaliação. Os Quadro 3 - Classificação PI-3 segundo a metodologia Pefa Classificação B C Fonte: Pefa (2005). Requisitos mínimos receita interna real situou-se entre 97% e 106% da receita interna prevista em pelo menos dois dos últimos três anos. receita interna real situou-se entre 94% e 112% da receita interna prevista em pelo menos dois dos últimos três anos. receita interna real situou-se entre 92% e 116% da receita interna prevista em pelo menos dois dos últimos três anos. receita interna real situou-se abaixo de 92% ou acima de 116% da receita interna prevista em pelo menos dois dos últimos três anos. Quadro 4 - Metodologia de cálculo das variáveis dependentes Imprecisão apurada Imprecisão da receita total Imprecisão da receita de IPTU Imprecisão da receita de ISS Imprecisão da despesa total Imprecisão mensurada por função Imprecisão da despesa de pessoal Imprecisão da despesa corrente, exceto pessoal Fonte: Pefa (2005) Quadro 2 - Classificação PI-1 segundo a metodologia Pefa Classificação B C Fonte: Pefa (2005). Requisitos mínimos Em apenas um dos últimos três anos a despesa real desviou-se da despesa prevista no orçamento em um montante superior a 5% da despesa prevista no orçamento. Em apenas um dos últimos três anos a despesa real desviou-se da despesa prevista no orçamento em um montante superior a 10 % da despesa prevista no orçamento. Em apenas um dos últimos três anos a despesa real desviou-se da despesa prevista no orçamento em mais de 15% da despesa prevista no orçamento. Em dois ou todos os últimos três anos a despesa real desviou-se da despesa prevista no orçamento em um montante superior a 15% da despesa prevista no orçamento. Metodologia de cálculo Mensura a variação entre o valor previsto para o total das receitas e o valor arrecadado total. Fórmula: receita executa / receita prevista inicial. Mensura a variação entre o valor previsto para a receita de IPTU e o seu valor arrecadado. Fórmula: receita executa IPTU / receita prevista inicial IPTU. Mensura a variação entre o valor previsto para a receita de ISS e o seu valor arrecadado. Fórmula: receita executa ISS / receita prevista inicial ISS. Mensura a variação entre o valor fixado total para as despesas e o seu valor empenhado. Fórmula: módulo (total empenhado no ano - total orçado no ano) / total orçado no ano. Mensura a variação entre o valor previsto para ser gasto em uma função de governo e o valor gasto em outra função. Fórmula: soma das diferenças de execução orçamentária por função de governo / orçamento total por função. Mensura o grau de imprecisão para despesa de pessoal, confrontando-se a despesa fixada para pessoal com o seu valor executado. Fórmula: (valor empenhado - valor orçado de gastos com pessoal) / valor orçado de gastos com pessoal. Mensura o grau de imprecisão para as despesas correntes, exceto as despesas de pessoal, confrontando-se o valor fixado com o seu valor executado. Fórmula: módulo (valor empenhado - valor orçado total de gastos, exceto pessoal) / valor orçado do total de gastos correntes, exceto pessoal. 1 Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU); 2 Imposto sobre Serviços (ISS); 3 Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF); 4 Fundo de Participação dos (FPM); 5 Imposto sobre a Propriedade de Veículos utomotores (IPV); 6 Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); 7 Fundo de Manutenção e esenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

REVIST BRSILEIR E CONTBILIE 37 Com a evolução, tanto na forma de apresentação como na de utilização do orçamento, ele deixou de ser um mero documento no qual constavam receitas e despesas e tornou-se um elo da cadeia de planejamento, programação e orçamentação. dados devem abordar o exercício financeiro encarado mais recentemente para o qual haja dados disponíveis e os dois anos imediatamente anteriores. avaliação baseia-se no desempenho de dois desses três anos estudados. Os outros indicadores criados pela Pefa não foram aplicados por falta de informações dos municípios. 3. Metodologia Esta pesquisa teve como universo de estudo o Estado do Paraná. população a ser estudada compreende 10 municípios (Rio Negro, Campo do Tenente, Quitandinha, Piên, Tijucas do Sul, gudos do Sul, Mandirituba, Fazenda Rio Grande, Lapa e Contenda), que formam a msulep (ssociação dos da Região Suleste do Paraná). Para a realização desse estudo, foram considerados quatro municípios (Campo do Tenente, Quitandinha, Piên e Rio Negro). O tipo de amostragem deu-se por acessibilidade, uma vez que foram selecionados os elementos disponíveis para que a realização da pesquisa se tornasse possível (MSSUKO; NKTNI, 2009). pesquisa caracterizou-se como de natureza aplicada, com objetivo da pesquisa descritiva, baseando-se nos procedimentos técnicos de coletas de dados nas pesquisas bibliográficas e documental, sem controle de variáveis, com estratégia de abordagem em um estudo de caso. Possui análise de dados quantiqualitativa de conteúdo, e a análise comparativa, seguindo a periodicidade no corte horizontal/estudo transversal. Os dados dos anos de 2012, 2013 e 2014 foram obtidos a partir de fontes disponíveis nos sites dos municípios analisados. O tratamento dos dados foi realizado seguindo o programa Pefa com o auxílio do software Microsoft Excel. Os resultados obtidos são apresentados na forma de gráficos, nos quais são observadas a imprecisão e a precisão dos orçamentos dos municípios. partir do estudo, realizou-se a comparação dos níveis de imprecisão orçamentária dos municípios da região da msulep. Neste estudo de caso, foi realizada uma análise de dados com abordagem quantitativa dos últimos três anos supracitados, buscando informações nos relatórios anuais dos demonstrativos contábeis, seguindo a base numérica. Para que ocorresse essa análise entre os municípios, foi utilizada parte do programa Pefa framework (credibilidade do orçamento), o qual fornece indicadores que avaliaram a imprecisão orçamentária dos municípios. Os indicadores utilizados foram PI1 Resultados das despesas agregadas comparadas como o orçamento original aprovado; PI3 Resultado das receitas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado; e os indicadores de variáveis dependentes. Estes últimos se referem a sete indicadores diferentes criados para mensurar a imprecisão orçamentária. Para se obterem as informações e/ou conhecimentos acerca do problema pesquisado, foram analisados os relatórios da execução orçamentária como: comparativo entre a receita prevista com a arrecadada, balanço orçamentário (despesa e receita) e o demonstrativo da execução das despesas por função. Este artigo utilizou também uma análise comparativa voltada para os objetivos geral e específicos. Obtendo informações em demonstrativos contábeis dos últimos

38 Nível de imprecisão orçamentária dos municípios da região da msulep três anos de cada município analisado, comparando ano a ano e município a município. 4.presentação dos Resultados Nesta seção são apresentados os resultados que foram obtidos por meio da análise, do nível de imprecisão ou precisão, das receitas e das despesas, dos municípios pesquisados, de acordo com os anos estudados. O indicador PI-3 (Resultado das receitas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado) mede a precisão na estimação das receitas previstas com as executadas. Para a utilização desse indicador, foram utilizados os valores previstos e realizados das seguintes receitas internas para cálculo: FPM, Fundeb, IPTU, ICMS, IPV, IRRF e o ISS de cada município analisado em um período de três anos. O Pefa framework permite a atribuição de notas para os indicadores de receita. Para essa classificação, caso a receita arrecadada tenha se situado entre 97% e 106% da receita prevista, em pelo menos dois dos últimos três anos, recebe a classificação, que seria a melhor pontuação; caso a receita arrecadada tenha se situado entre 94% e 112% da receita prevista, em pelo menos dois dos últimos três anos, recebe a classificação B; se a receita arrecadada se situou entre 92% e 116% da receita prevista, em pelo menos dois dos últimos três anos, recebe a classificação C; e, caso a receita arrecadada tenha se situado abaixo de 92% ou acima de 116% da receita prevista, em pelo menos dois dos últimos três anos, ela recebe a classificação, que é a pior pontuação. e acordo com o Gráfico 1, em uma percepção geral, observou-se um comportamento semelhante entre quatros municípios estudados. Gráfico 1 - PI-3 (Resultado das receitas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado) 116,25% 106,00% 99,89% 93,20% 91,10% 92,02% 99,59% 102,22% 95,14% 99,94% 102,95% 79,65% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO Gráfico 1 - PI-3 (Resultado das receitas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado) Campo do Tenente Quitandinha Piên Rio Negro penas o Município de Quitandinha se destacou no ano de 2012, com percentual de 79,65%, com grau de imprecisão, sendo, por isso, o único município classificado com a nota, referente à metodologia Pefa, pois sua receita arrecadada situou-se abaixo de 92% ou acima de 116% da receita prevista, em pelo PI-3 Gráfico 2 Imprecisão da Receita Total Gráfico 2 Imprecisão da Receita Total Imprecisão da Receita Total Campo do Tenente Quitandinha Piên Rio Negro B B menos dois dos últimos três anos. Os outros municípios foram classificados com a nota, pois as receitas arrecadadas desses municípios ficaram entre 97% e 106% da receita prevista, alcançando o melhor nível de precisão nesse quesito. s análises da precisão do orçamento das receitas pelo seu valor

REVIST BRSILEIR E CONTBILIE 39 total foram calculadas comparando o valor total arrecadado, dividido pelo valor total previsto em cada um dos 3 anos. O Gráfico 2 demonstra que existe um comportamento semelhante entre os municípios pesquisados. penas os municípios de Campo do Tenente, no ano de 2013, com percentual de 87,93%, e o Quitandinha, no ano de 2012, com 74,98%, apresentaram maior nível de imprecisão. Sendo assim, o Município de Piên e o Município de Quitandinha estão classificados com a melhor precisão no planejamento do valor de sua receita total, com a maior imprecisão referente à receita total. Segundo a metodologia Pefa, a classificação da receita total para os municípios do Campo do Tenente e Piên se encaixariam na nota, na qual a receita executada se situou entre 97% e 106% da receita orçada em, pelo menos, dois dos últimos três anos. Os municípios de Quitandinha e Rio Negro obtiveram a nota B, que corresponde à receita arrecadada entre 94% e 112% da receita prevista. Por meio da análise do gráfico da imprecisão da receita arrecadada com o IPTU (Gráfico 3), em que é calculada a variação entre o valor total previsto e o valor total arrecadado, foi possível verificar que o município de Quitandinha, no ano de 2014, obteve maior nível de imprecisão, com o percentual de 159,61%, e Campo do Tenente, no ano de 2013, com 40,27%. Os municípios que foram mais precisos em relação à sua receita de IPTU foram o Quitandinha, com 94,34%, e o Rio Negro, com 93,71%, mas somente referente ao ano de 2013. classificação apresentada pela metodologia Pefa, para todos os municípios nesse gráfico, foi a nota, que indica que a receita arrecadada ficou abaixo de 92% ou acima de 116% da receita orçada em, pelo menos, dois dos últimos três anos. Gráfico 3 Imprecisão da Receita de IPTU 112,02% 116,81% 40,27% 73,26% Gráfico 4 Imprecisão da Receita ISS Campo do Tenente Quitandinha Piên Rio Negro 94,34% e acordo com a análise da imprecisão na arrecadação do ISS, que foi calculada pela fórmula do valor total arrecadado da receita de ISS, dividido pelo valor total da receita prevista, foi possível observar um comportamento semelhante entre os quatro municípios estudados (Gráfico 4). Os municípios de Quitandinha, com percentual de 231,59%, no ano de 2012, e Piên, no ano 2014, com 74,09%, foram 159,61% 82,88% 61,11% 54,73% 123,87% Imprecisão da Receita ISS 93,71% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO 151,41% Gráfico 3 Imprecisão da Receita de IPTU Campo do Tenente Quitandinha Piên Rio Negro Imprecisão da Receita de IPTU Gráfico 4 Imprecisão da Receita ISS 231,59% 116,02% 95,62% 99,19% 86,46% 151,89% 112,63% 74,09% 89,88% 123,19% 91,41% 96,13% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO os que se destacaram com maior nível de imprecisão. Seguindo a metodologia Pefa, foi possível verificar que a classificação adequada para todos os municípios apresentados no gráfico corresponde à nota, pois as receitas arrecadadas situaram-se abaixo de 92% ou acima de 116% da receita estimada, em, pelo menos, dois dos últimos três anos. PI-1 (Resultado das despesas agregadas comparadas com o or-

40 Nível de imprecisão orçamentária dos municípios da região da msulep çamento original aprovado) é o indicador que mede as despesas totais executadas em comparação com as despesas totais orçadas originalmente para apurar a precisão orçamentária. Para a utilização do indicador, foram consideradas as despesas previstas diminuindo o valor alocado para despesas de reserva de contingência e o total das despesas empenhadas por ano, no período de 2012 a 2014. Conforme o Gráfico 5, foi possível observar que os municípios com maior nível de imprecisão foram Quitandinha, com percentual de 20,44% no ano de 2012, Campo do Tenente, com -11,89%, e Rio Negro, com -11,22%, ambos em 2013. O Pefa framework permite a atribuição de notas para os indicadores de despesa. Para essa classificação, um aumento do orçamento total de 5% em apenas um dos últimos três anos recebe a classificação, que seria a melhor pontuação; o aumento de 10% em apenas um dos últimos três anos recebe a classificação B; o aumento de 15% em apenas um dos últimos três anos recebe a classificação C; e o aumento acima de 15% em dois ou três anos recebe a classificação. e acordo com essa classificação, o Município de Piên, por receber a melhor pontuação, obteve a nota, os municípios de Campo do Tenente e Rio Negro foram classificados com a nota B e o Município de Quitandinha foi classificado com a nota C (menor pontuação). O Gráfico 6 mede a variação entre o valor fixado total para as despesas e o seu valor empenhado. partir dessa análise, foi possível observar que, nos últimos três anos, o Município de Quitandinha apresentou o maior nível de imprecisão, visto que, no ano de 2012, o valor empenhado foi bem maior que o valor Gráfico 5 PI-1 (Resultado das despesas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado) -2,94% -11,89% -4,27% 20,44% 2,68% -1,14% -6,22% -7,57% 4,17% -6,61% -8,86% -11,22% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO Gráfico 5 PI-1 (Resultado das despesas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado) -3,95% -12,61% Campo do Tenente Quitandinha Piên Rio Negro PI-1 Gráfico 6 Imprecisão da espesa Total -5,22% 18,56% 2,11% -2,39% -7,41% -8,03% 3,66% B C B -6,77% -8,97% -11,36% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO Gráfico 6 Imprecisão da espesa Total Imprecisão da espesa Total Campo do Tenente Precisão B Quitandinha C Precisão Piên Precisão Precisão Rio Negro B orçado, apresentando um percentual de 18,56%, que corresponde à nota C na classificação da metodologia Pefa. Piên, por sua vez, foi o município que obteve o melhor nível de precisão, com percentual de 2,11% em 2012, apresentando nota na classificação da metodologia Pefa. O Gráfico 7 demonstra a variação entre a previsão e a execução das despesas por função de governo, o que permite analisar se os recursos foram originalmente orçados para uma área de aplicação específica, como a saúde ou ensino, e se foram executados dentro da área planejada.

REVIST BRSILEIR E CONTBILIE 41 O Município de Quitandinha apontou o maior nível de imprecisão de despesa por função, apresentando, em 2012, um percentual de -18,56%, correspondente à nota C na classificação Pefa. Em um comparativo dos últimos três anos, os municípios de Rio Negro e Piên apresentaram a mesma média dos três anos de precisão em relação ao total das despesas por função. Porém, no último ano, o município que se destacou foi o de Campo do Tenente, pois obteve um percentual de 0,60%, o que chega mais próximo do melhor nível de precisão. O Gráfico 8 mede o grau de imprecisão para as despesas de pessoal, confrontando a despesa fixada para pessoal com o valor executado. Conforme o apresentado, é possível identificar um grande nível de imprecisão para as despesas de pessoal, considerando-se que, para esse tipo de gasto, os municípios possuem todas as informações necessárias para a elaboração do orçamento, entre elas, a quantidade de servidores e os encargos a serem recolhidos. lém disso, dada a existência de rígidos controles fiscais para limitar os gastos com pessoal, era esperado um maior rigor com a previsão, mas são encontrados orçamentos com mais de 200% de imprecisão para esses gastos, como é o caso o município de Quitandinha. Gráfico 7 Imprecisão mensurada pela espesa por Função 8,29% 8,48% 0,60% 4,24% 3,17% 6,57% -0,93% -2,11% -2,02%-3,64% -8,89% -18,56% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO Gráfico 7 Imprecisão mensurada pela espesa por Função Imprecisão mensurada pela espesa por Função Campo do Tenente Precisão Quitandinha C Precisão Precisão Piên Precisão Precisão Rio Negro Precisão Precisão Gráfico 8 Imprecisão da espesa de Pessoal 228,20% 183,94% 175,51% 152,38% 151,33% 120,37% 126,03% 103,66% 117,30% 77,24% 85,46% 75,99% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO Gráfico 8 Imprecisão da espesa de Pessoal Imprecisão da espesa de Pessoal Campo do Tenente >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão Quitandinha >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão Piên >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão Rio Negro >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão

42 Nível de imprecisão orçamentária dos municípios da região da msulep O Gráfico 9 mensura o grau de imprecisão para as despesas correntes, exceto as despesas de pessoal, confrontando-se o valor fixado com o seu valor executado. É possível observar que, durante os três anos, o Município de Rio Negro apresentou o maior nível de imprecisão em relação aos outros municípios. Essa falta de precisão chega a ser o dobro do percentual apresentado pelo Município de Campo do Tenente. Enquanto isso, o município de Quitandinha demonstrou o maior nível de precisão no ano de 2013, com percentual de 75,62%. Porém, em relação à média dos três anos, o Município de Campo do Tenente obteve o maior grau de precisão em relação à despesa corrente. 5. Considerações Finais Gráfico 9 Imprecisão da espesa Corrente, exceto Pessoal 198,06% 205,26% 153,96% 180,31% 163,98% 163,26% 143,72% 112,34% 96,64% 97,73% 86,14% 75,62% CMPO O TENENTE QUITNINH PIÊN RIO NEGRO Gráfico 9 Imprecisão da espesa Corrente, exceto Pessoal Imprecisão da espesa Corrente, exceto Pessoal Campo do Tenente >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão Quitandinha >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão Piên >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão Rio Negro >Imprecisão >Imprecisão >Imprecisão Esta pesquisa buscou verificar, por meio da aplicação de parte do programa Pefa, o nível de imprecisão orçamentária entre receitas e despesas previstas e realizadas nos municípios pertencentes à região da msulep. O estudo foi baseado nos três últimos anos (2012, 2013 e 2014), conforme exige a metodologia Pefa. Em relação ao orçamento estimado da receita total, Quitandinha foi o município que demonstrou maior nível de imprecisão. Piên, por sua vez, apresentou o maior nível de precisão no planejamento do valor arrecadado total. e acordo com a receita proveniente da arrecadação com IPTU, foi possível verificar que os municípios de Campo do Tenente, em 2013, e Quitandinha, em 2014, obtiveram maior nível de imprecisão. No respectivo ano de 2013, Quitandinha e Rio Negro apresentaram maior nível de precisão. No que se refere à receita arrecadada de ISS, foi possível ob- servar um comportamento semelhante entre os quatros municípios estudados, sendo os municípios de Quitandinha, em 2012, e Piên, em 2014, os que obtiveram maior nível de imprecisão. Quitandinha, por sua vez, no ano de 2013, apresentou o maior nível de precisão. Em relação à imprecisão dos orçamentos, no quesito fixação da despesa total, por função, despesa de pessoal, Quitandinha foi o município que ficou mais evidente com alto nível de imprecisão. Por outro lado, Rio Negro foi o município mais impreciso em relação à despesa corrente. Entre os municípios estudados e avaliados pelo sistema Pefa, Quitandinha foi o município que se destacou com o maior conjunto de índices imprecisos: maior nível de imprecisão das receitas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado (PI-3); alto nível de imprecisão na receita arrecadada com IPTU e com ISS. Esse município também apresentou o pior resultado na fixação das despesas agregadas comparadas com o orçamento original aprovado (PI-1); e um elevado nível de imprecisão da despesa total, despesa por função e despesa de pessoal. Piên, por sua vez, foi o município que obteve a maior aproximação do valor previsto com o valor realizado, sendo, por isso, o mais preciso. Os resultados mostram que a imprecisão orçamentária não é decorrente apenas de erros no momento de criação do orçamento no que se refere à estimativa, mas também pela existência de determinadas estratégias aplicadas no orçamento, como a subestimação da receita ou a superestimação das despesas. subestimação da receita propicia que ocorra um excesso de arrecadação no exercício, sendo este um fundamento para a abertura de créditos adicionais, possibilitando ao

REVIST BRSILEIR E CONTBILIE 43 gestor público elevar os gastos. superestimação da despesa ocorre quando existe um gasto além do necessário, abrindo, assim, margem para a anulação de uma despesa, fazendo com que esses valores sejam transferidos a outra despesa. Percebe-se que a falta de planejamento adequado e de um sistema de controle eficiente podem ocasionar o alto nível de imprecisão orçamentária e inúmeras suplementações orçamentárias, pois não existe foco na importância do processo de elaboração do orçamento e são autorizados gastos acima da sua capacidade de arrecadação, o que acaba provocando distorções no orçamento dos municípios. iante da necessidade dos municípios de uma correta previsão de seus orçamentos, é indispensável que cada município estudado atualize os procedimentos de acompanhamento orçamentário e disponha de um banco de dados com as principais receitas e despesas atualizadas. É importante, também, o aprimoramento dos entes públicos em conhecimentos contábeis e controles internos, bem como das leis que regem o assunto, com o intuito de aumentar a confiabilidade das informações prestadas, de modo a serem criadas soluções para os problemas encontrados na área de planejamento. Recomendações para Trabalhos Futuros Este estudo foi desenvolvido com base nos dados dos anos de 2012, 2013 e 2014, pois eram as informações que estavam disponíveis no momento da execução da pesquisa. Recomenda-se um estudo utilizando-se quatro anos, de preferência o tempo de duração do mandato do chefe do Executivo, para verificar o desempenho do gestor no quesito planejamento. Também seria interessante investigar possíveis ações do ente público no sentido de reduzir se a imprecisão orçamentária, apresentando essas ações e realizando acompanhamento ao longo de um período para verificar a sua eficácia. 6. Referências BLEEIRO, liomar. Uma introdução à Ciência das Finanças. Rio de Janeiro: Forense, 2008. BRSIL. Lei n.º 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de ireito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos e do istrito Federal. iário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, F, 1964. isponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm>. cesso em: 16 jul. 2015.. Lei complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. iário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, F, 2000. isponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. cesso em 16 jul. 2015. GICOMONI, James. Orçamento público. São Paulo: tlas, 2002. MSSUKO; NKTNI, M. S. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo: mostragem. 2009. isponível em: <http://www. turismo.ufpr.br/drupal5/files/ ula%2022%20-%20mostragem.pdf>. cesso em 20 set. 2015. PEF. Quadro de valiação do esempenho. isponível em: <http://www.pefa.org/sites/pefa.org/files/attachments/pmf%20 Portuguese_HGRFinal.pdf>. cesso em 16 jul. 2015. SILV, Valmir Leôncio da. nova contabilidade aplicada ao setor público: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: tlas, 2013. SLOMSKI, Valmor. Manual de contabilidade pública: um enfoque na contabilidade municipal, de acordo com a lei de responsabilidade fiscal. 2. ed. São Paulo: tlas, 2003.. Manual de contabilidade pública: de acordo com as normas internacionais de contabilidade aplicada ao setor público. 3.ed. São Paulo: tlas, 2013.