EDUCAÇÃO NA CONGREGAÇÃO DAS FILHAS DE SANTA TERESA DE JESUS: UM RESGATE HISTÓRICO DAS INSTITUIÇÕES TERESIANAS NA REGIÃO DO CARIRI Ivaneide Severo Goiana Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco ivaneide@bol.com.br Zuleide Fernandes de Queiroz Universidade Regional do Cariri - URCA zuleide.queiroz@urca.br Introdução A educação escolar no Brasil teve início com a chegada dos jesuítas em 1549. Ao instalarem-se colocaram em prática as suas primeiras atividades educacionais em Salvador, exercendo, no país, a mais poderosa influência no ensino e formação da sociedade brasileira. Sob a tríplice proteção da Coroa, Igreja e Família Patriarcal a instrução foi monopolizada e os jesuítas se constituíram os principais, senão os únicos, mentores intelectuais e espirituais da colônia. O contexto mostra que a forma de educação organizada no Brasil revestia-se de característica religiosa. No Ceará colonial, a educação iniciou-se com a evangelização praticada pelos missionários. Implantaram a escola primária e iniciaram a educação escolar no sul do Ceará. O município do Crato, localizado na região do Cariri cearense é considerado o pioneiro na implementação de um sistema educacional sob a égide da Igreja Católica. Foi em 1923 que o Bispado do Crato fundou a Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus. Esta, além de formar religiosas, dedicou-se à educação da juventude feminina no Cariri cearense, através do Colégio Santa Teresa de Jesus, tendo sido o primeiro colégio do sul cearense a se dedicar à formação de professores para o magistério, inicialmente chamado de Santa Matriarca do Carmelo, a quem o Bispo Dom Quintino dedicava especial devoção. Essas escolas abrigaram os filhos das classes média e alta da sociedade caririense. Na década de 30 foram criadas outras instituições: Em 1932 a Pia União das Filhas de Maria, em 1938 o Centro de Obra Pontifícia das Vocações Sacerdotais, denominada Centro Dom Quintino. Nesta mesma década foi criada uma escola gratuita para crianças pobres. O trabalho das irmãs Teresianas continua até hoje. São instituições
espalhadas no Brasil: onze no Cariri, duas na Paraíba, oito em Fortaleza, seis no Piauí e quatro, em São Paulo. Por entendermos a instituição escolar, enquanto espaço de práticas políticas, pedagógicas, religiosas, culturais, numa via de mão dupla, que determina e é determinada pelas regras vigentes da sociedade é que encontramos a importância de um estudo sobre a educação Teresiana. Algumas questões nos instigaram a realizar o presente estudo: - Como se deu a criação e o desenvolvimento da Congregação Teresiana? - Quem eram estas mulheres que dedicaram a sua vida a formação e ao cuidado dos sujeitos na região do cariri? - O que levou referidas mulheres irem além das fronteiras da região? - A questão principal diz das instituições por elas criadas, sua importância e história? Nesse sentido, este estudo teve a intenção de reconstituir a história das instituições criadas pela Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus, tomando como pano de fundo a história da referida congregação e sua missão educacional. A metodologia utilizada para realização das atividades investigativas sobre a história da educação na região do Cariri cearense buscou privilegiar os aspectos qualitativos, nos remetendo a investigação em primeiro momento descritivo-analítico, e no segundo a apreciação mais crítica, a interpretação do material já catalogado, sendo estes encontrados em bibliotecas, arquivos públicos e particulares, como também nas instituições escolares e residências de professores. Sem deixar de usar a pesquisa bibliográfica, base da nossa fundamentação teórica, e a pesquisa oral onde os sujeitos pesquisados podem expressar o tipo de relação e aproximação com o objeto em estudo. Assim, com a ajuda dos estudos de Magalhães (1999) com relação à história de instituições escolares vamos compreendendo melhor como se configura, desde o espaço cotidiano escolar até a inserção social, política e econômica para a localidade na qual a escola está inserida. Utilizamos ainda, revistas, jornais e publicações não oficiais, para acompanhamento da história da educação na Congregação, destacando os periódicos, A Província, Revista Itaytera, Jornal a Ação e Jornal o Catequista, estes dois últimos, ligados a Diocese. Estes materiais são ricos em informações sobre o cotidiano do lugar e sobre a ação das filhas de Santa Teresa. A opção por este material se deve a influência de uma nova perspectiva, que Cavalcante (2002) apresenta em seu artigo e que de uma
forma afetiva-intuitiva e, sobretudo, acadêmica, propõe ao pesquisador trilhar outros caminhos. Considerando, ainda, a escassez e dispersão da historiografia, utilizamos, como fontes primárias, para a constituição de uma história educacional da região do Cariri, a entrevista, por apresentar-se como um caminho viável. A entrevista, em nosso estudo, teve como intuito realizar uma interação entre os atores estudados e os pesquisadores. Segundo Haguete (1990), sua estruturação deve obedecer a um roteiro constando de uma lista de pontos ou tópicos previamente estabelecidos, de acordo com uma problemática central e que deve ser seguida. (HAGUETE, 1990, p.86). A autora nos alerta para o cuidado com o uso desse tipo de instrumento de pesquisa onde devemos levar em conta o: [...] estado emocional do informante, suas opiniões, suas atitudes, seus valores que devem ser confrontados ou complementados com comportamentos passados e expressões não verbais igualmente. A constatação de afirmações conflitantes não deve levar o pesquisador a considerar o depoimento inválido, vez que estas mesmas contradições podem levar a importantes descobertas. (HAGUETE, 1990, p.88). A intenção de utilizar as fontes orais como metodologia capaz de possibilitar uma compreensão do processo histórico que culminou, no Brasil, na década de 1930, com a proliferação das escolas confessionais católicas. Tal processo também efetivado no Ceará, e no Cariri. O uso das fontes orais como metodologia consiste numa série de procedimentos, pois as entrevistas por si só, constituem o resultado final do trabalho histórico. Foi com esta compreensão, de uma concepção metodológica que desse conta da história e do papel da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus para a educação, no Cariri cearense e em outras cidades do Nordeste e do Brasil, que estamos, desde 2005 estudando as sua instituições escolares. Este estudo tem a intenção de apresentar a história, tão somente de duas instituições criadas pelas freiras Teresianas, nas duas cidades representativas da região - em Crato e Juazeiro do Norte. A escolha das referidas instituições se deveu as suas datas de criação e importância para missão das referidas irmãs. São instituições que funcionam até hoje e fazem parte da vida e do imaginário do povo caririense.
A Igreja Católica e sua atuação educacional no Cariri cearense Até boa parte do século XIX, a religiosidade institucional foi resultado de uma ação muito rara de religiosos itinerantes. No Cariri cearense, situado no sul do Ceará, a religião católica institucionalizada vai se efetivar e firmar raízes, durante os séculos XIX e XX, tendo como marco a criação do Seminário São José, fundado em 1875, se consolidando, em seguida, com a criação da Diocese do Crato, pelo Papa Bento XV, em 20 de outubro de 1914. Em março de 1915, Monsenhor Quintino foi nomeado primeiro bispo diocesano de Crato e a instalação da Diocese se realizou no dia 1º de janeiro de 1916. No Ceará, a única Diocese que existia até o momento era a de Fortaleza, que já não dava conta da imensa tarefa que lhe cabia: cuidar da evangelização de todo o povo cearense (SOUZA, s/d, p.02). O Município do Crato, localizado no interior do Ceará, é considerado hoje o pioneiro na implementação de um sistema educacional que o tornou polo propagador da educação no sul cearense através da construção de um sistema educacional, sob a égide da Igreja Católica, passando a exercer grande influência e instalação das ações em educação, ações sociais, em especial criando escolas em regime de internato, tanto para moças como para rapazes que quisessem estudar, bem como seguir uma vida religiosa. Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, primeiro bispo da Diocese do Crato, por ocasião do seu ministério episcopal, percebeu que existiam muitos desafios que atingiam fortemente o povo daquela região. Constatou que as meninas, das famílias da região, não tinham condições de promoverem-se nos estudos colegial e ginasial, por falta de instituições naquele lugar e nas proximidades. Nesse sentido, consta em documentos oficiais, o bispo se viu com a missão de ajudar aquelas famílias, criando ações educacionais para suas filhas. Nos relatos, presentes em documentos e estudos, fala-se que Dom Quintino procurou saber da disposição de quatro moças, cuja vida espiritual Dom Quintino conhecia profundamente, por ser Diretor Espiritual das mesmas, para fundarem uma congregação que se ocupasse de oferecer formação integral à juventude naquela localidade. Nos registros encontramos os nomes das quatro primeiras Irmãs que ajudaram a Dom Quintino: Madre Ana Couto, Madre Vitorino, Madre Freitas e Madre Tavares e com o tempo outras jovens se uniram as irmãs para ajudarem na formação
principalmente das moças da região. A partir daquela data foram fundadas simultaneamente a Congregação e o Colégio Santa Teresa de Jesus sendo este, chamado a princípio de Colégio Santa Matriarca do Carmelo, a quem Dom Quintino dedicava especial devoção. Em 1932, foram criadas: a Pia União das Filhas de Maria, em 1938 o Centro de Obra Pontifícia das Vocações Sacerdotais, denominado Centro Dom Quintino, um trabalho que perpetuou a formação para moças voltadas para uma Educação centrada nos princípios e valores cristãos. Na década de 1930, ao lado do Colégio Santa Teresa de Jesus foi criada uma escola gratuita para crianças reconhecidas como pobres, em 1934 a casa que funcionava a escola foi solicitada para a construção do palácio episcopal, sendo a escola transferida para o Barro Vermelho passando a ser chamada de "Escola Dom Quintino". Em 1942 ela passou a funcionar no alto do Seminário São José ao lado do noviciado, espaço em que a ação católica das irmãs se expandiu, criando o orfanato, a escola de ofícios, a escola doméstica noturna inteiramente gratuita, o asilo para as freiras e a ação preparatória para a eucaristia. 1. Colégio Santa Tereza de Jesus e sua Filosofia O Colégio Santa Teresa de Jesus nasceu da necessidade de se ter uma escola voltada para a preparação de moças do município de Crato, com o intuito de formá-las para o lar e a vida na sociedade, abrangendo também toda a região do Cariri e demais estados vizinhos. Fundado em quatro de março de 1923, por Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, primeiro Bispo Diocesano do Crato e Madre Ana Couto. A princípio o colégio se chamava Santa Matriarca do Carmelo, a quem Dom Quintino dedicava especial devoção. A congregação iniciou sua missão evangelizadora e educacional, com as irmãs, Ana Couto, Eudócia Tavares Duarte, Isabel Sobreira, Maria Lyra da Cruz e Mariana de Freitas Gomes, tendo como primeira residência a casa nº 302. Enquanto a direção do colégio ficou sob a responsabilidade das professoras Dona Ilda Brilhar e Dona Elisa Marques. A escola destinava-se a formação para moças e organizou seu currículo tomando por base o modelo da instrução oficial. Porém, cuidou de ampliar a formação, preocupando-se com o disciplinamento necessário ao convívio em sociedade das futuras
senhoras, ofertando como programa de ensino em seu plano geral de educação, curso primário de acordo com a instrução pública de estado; curso secundário e normal equiparado a Escola Normal Justiniano de Serpa, da capital Fortaleza de quatro anos e curso normal de dois anos. Ofereciam ainda as cadeiras de Psicologia, Pedagogia, Sociologia Educacional, Técnica do Ensino, Higiene Geral e Puericultura. Um Currículo selecionado para ser implementado de acordo com os critérios estabelecidos pela congregação. Nos primeiros anos o número de alunas matriculadas foi bem satisfatório para as irmãs, o que só cresceu durante alguns anos, sendo necessário a ampliação no que diz respeito a sua estrutura física e sua formação. Em 1974 em tempos de ditadura e com as reformas do ensino no Brasil o colégio aboliu o internato, tornando-se misto. Em entrevista com a irmã Maria de Fátima dos Anjos, nos foi relatado que atualmente o Colégio está conveniado com o Sistema Dom Bosco de Curitiba-PR, seus princípios formadores se baseiam na educação libertadora e na busca permanente da educação de qualidade, sintonizado com as mudanças atuais, sem perder de vista a dimensão humano religiosa, consciente e crítica (Maria de Fátima dos Anjos, 2013, p.1) Hoje oferece educação desde o maternal ao pré-vestibular, associando a formação às atividades de sala de aula e às ações de esportes, arte, orientação educacional, psicomotricidade relacional e escola de pais. Seus alunos podem dispor além de salas de aulas: de biblioteca, laboratórios de ciências e informática, salas de audiovisuais, salas de jogos e psicomotricidade, auditório amplo, espaço arborizado, parque infantil e quadra coberta. O Colégio Santa Teresa de Jesus trabalha hoje com uma educação Evangélico-libertadora para a infância, adolescência, juventude e adultos visando sempre a "formação do homem para o trabalho e a Cidadania", bem como para com os seus deveres com Deus, uma educação voltada para a libertação pessoal e social (Maria de Fátima dos Anjos, 04/02/2013). Atende aos princípios e disposições da legislação do ensino em vigor, Lei 9394/96, ministra o ensino da educação infantil, fundamental e médio para alunos de ambos os sexos. Possui em sua estrutura pedagógica, gestor(a); coordenadora geral; coordenação pedagógica em cada nível de ensino; serviço de orientação; assessorias pedagógicas; docentes graduados, com especialização, mestrado e doutorado. A irmã
nos relatou ainda que na região como instituição escolar, temos apenas o Colégio Santa Teresa que permaneceu com a missão iniciada desde a sua Fundação. Ainda, neste contexto de lembranças da ação teresiana e, compreendendo que "a história é alimentada pela memória que, por sua vez, constitui uma fonte à reconstrução do passado" (JUCÁ, 1997, p.36), bem como, entendendo que "a memória torna-se imprescindível ao delineamento de uma identidade, pois a sua busca renova o valor do conhecimento histórico, tornando mais aguçado o interesse em estudar o passado, em virtude da necessidade de associá-lo à compreensão do presente" (Idem, p. 38), apresentamos a entrevista realizada com a professora Sarah Esmeraldo Cabral, nos seus mais de 70 anos de idade, ex-aluna do Colégio Santa Teresa de Jesus, professora aposentada da Universidade Regional do Cariri URCA, grande colaboradora da educação no Cariri cearense: Fui aluna da 1ª turma do ginásio, fiz pedagógico, fui secretária na implementação da Faculdade de Filosofia da Cidade do Crato, ajudei no processo de fundação Padre Ibiapina, quando sai fiz o curso de Pedagogia na URCA. (Sarah Emeraldo Cabral, 2006, p. 1). A professora lembrou ainda que o curso ginasial dava direito à universidade, único em toda a região, lembrando que o colégio atendia até pessoas do estado de Pernambuco. Lembrou que o Colégio tinha a sua própria seleção, pois, não podia receber todos que ali queriam estudar. No período em que estudou no colégio, a professora Sarah Cabral, relatou que sabia das dificuldades de continuar estudando, pois tinha oito irmãos e não podia fazer a faculdade. Assim fez um ano de propedêutico, quatro anos de ginásio e três anos o curso normal. Quando indagada sobre a relação professor aluno disse que a mesma era boa, "lembro da preocupação dos professores com as alunos, embora houvesse uma certa distância sempre existia muito respeito". Lembrou também que a instituição tinha preferência, para a docência, pelas freiras e por professores formados em outras cidades, pois consideravam que os mesmos tinham uma boa formação e eram mais preparados, uma vez que os professores da região tinham apenas a formação pedagógica. Suas lembranças sobre a escola resgatam as datas de 1940 a 1946, período em que cursava o ginásio, tinha um currículo voltado para a "formação do homem cidadão" oferecendo aulas de boas maneiras; desenvolvimento social, arte, discurso, recital sendo, rigorosamente, acompanhadas pelos professores, sob a direção da Madre Cecília.
Diante desta entrevista confirmamos a ideia dos padrões morais estabelecidos pelo colégio bem como a disposição das disciplinas lecionadas, a fim de seguir os "costumes" na formação da esposa, da mãe e da professora com princípios morais exemplares. Ainda sobre o cotidiano do colégio encontramos notícias importantes que memorizam a época. O Jornal "A Ação", criado na década de 1940. Mesmo com suas páginas amareladas, possibilitou o retorno à vida daquela instituição. Através do referido jornal conseguimos registrar vários acontecimentos e pessoas que fazem parte da história da educação no Cariri. Nesta mesma edição o jornal trás noticias sobre a publicação da Revista Flâmula, publicada pelas alunas do Colégio, Santa Teresa de Jesus, dirigida por Lêda Leite, Franssinete Cabral, Stela Sampaio, Juliêta Leite, Zuíla Alencar e Djanira Lins, "altos reflexos puro da Pedagogia Católica" (Jornal A Ação_ n 15, 22/12/1940, p.3). Como podemos perceber o Colégio Santa Teresa de Jesus sempre ocupa um espaço privilegiado na sociedade Cratense, suas notícias eram publicadas no jornal da cidade, deixando a comunidade informada das suas ações como: Notas de festas e jubileu de ouro (Jornal A Ação, 24/07/1979, p. 7). 2. Orfanato Jesus Maria José O Orfanato Jesus Maria José foi fundado em 1916 pelo Padre Cicero Romão Batista, na Cidade de Juazeiro do Norte - CE, dirigido pelas Filhas de Santa Teresa de Jesus desde 1935. Inicialmente, a Instituição funcionou em uma casa situada na Rua São José, que pertencia ao Padre Cicero Romão Batista até o ano de 1933, uma casa destinada a receber órfãos da região, a princípio foi dirigida pela Beata Joana Tertuliana de Jesus, conhecida por "Beata Mocinha" e pela Beata Raimunda de Jesus. Sentindo a necessidade de uma ampliação, o Pe. Cicero, vigário da cidade de Juazeiro do Norte e hoje, reconhecido como santo milagroso, achou por bem transferir o orfanato para um local mais adequado, transferiu então para um prédio de sua propriedade, localizado hoje na rua Cel. Antonio Pereira, nº 64. Em 1933 a direção do Colégio foi passada para as Filhas de Santa Teresa de Jesus, após a morte do Padre Cícero. As referidas irmãs vêm administrando com muito amor esta obra de caridade até os dias atuais. Constam nos documentos que nos anos
seguintes o orfanato passou a atuar, também como escola de 1º grau Jesus Maria José para a educação das crianças internas e da comunidade. Em 1996 houve um novo direcionamento no atendimento do orfanato, devido às mudanças sociais e por motivos também financeiros. Neste período a instituição não pode mais contar com o apoio do governo municipal e estadual e assim teve que fechar a escola regular. As irmãs continuaram com o regime de externato, passando a ser uma entidade civil de fins filantrópicos, de caráter beneficente, educativo, cultural e de assistência social com a finalidade assistencialista às crianças pobres e abandonadas, garantindo um futuro sólido e digno na sociedade[...] [...]Ainda hoje, conforme dissemos, está em pleno funcionamento esta obra de Assistência Social, iniciada pelo Pe. Cicero, e continua até nossos dias, algum tempo sob a orientação dos salesianos e atualmente sob a responsabilidade exclusiva das irmãs que a dirigem.(oliveira. In FIGUÊREDO, p.27) A instituição continua Atendendo a missão para qual foi criada, encontrase hoje com 153 crianças e adolescentes engajadas nas diversas atividades: reforço escolar, aulas de inglês, arte cênica, pintura, desenho, canto e coral. Oferece ainda: esporte; biblioteca infantil e clube de mães. O Orfanato Jesus Maria José, tem por finalidade assistência as crianças pobres e abandonadas, garantindo-lhes um por vir sólido e digno à sociedade. (SOBREIRA. In, FIGUÊREDO p.5) Conclusões A reconstituição da história de um lugar, de instituições e de seus sujeitos nos permite conhecer o contexto e situar o debate sobre temas que, na atualidade, nos instigam a pensar e emitir opiniões na perspectiva de mudanças ou reorganização dos espaços e ideias. Foi assim que caminhamos ao longo desta pesquisa. Foi assim que buscamos as respostas sobre os nossos questionamentos. Foi assim que vimos o cotidiano da ação da Congregação das filhas de Santa Teresa, uma congregação criada em 1923 e que, no mesmo ano cria uma escola para moças. O desafio é superado e estas mulheres ampliam sua atuação cuidando das mulheres, das crianças e dos idosos, bem como ajudando na catequese no interior do Ceará e mais tarde indo atuar em lugares mais distantes.
As instituições criadas representam a vida de obediência e disciplinamento dessas mulheres. Portanto, o estudo nos permitiu entender as instituições escolares pesquisadas, como espaço de práticas políticas, pedagógicas, religiosas, culturais, numa via de mão dupla, que determina e é determinada pelas regras vigentes da sociedade. Compreendemos, ainda, a importância da (re)construção histórica das instituições educacionais que fazem parte da historiografia da educação brasileira onde buscamos uma contextualização desse processo na nossa região como forma de manter viva a identidade de um povo com suas especificidades. Este trabalho possibilitou também a realização do mapeamento das fontes oficiais e não oficiais sobre a educação confessional católica, buscando fazer uma reflexão sobre o ensino confessional oferecido pelas Irmãs, através de seus protagonistas, alunos, professores e gestores daquele período, analisando suas práticas educacionais e os reflexos destas na sociedade. O estudo permitiu concluir que a sociedade daquela época atribuía à educação um papel fundamental, sendo a escola responsável pela formação de pessoas, capazes de dotar os sujeitos de bons hábitos e bons costumes, formadora de caráter e obediência a Deus. Um estudo dessa natureza permitiu conhecer a história do lugar, a formação de um povo e o desenvolvimento da educação escolar no sul do Ceará. Referências Bibliográficas CAVALCANTE, Maria Juraci Maia. O Jornal como fonte privilegiada de pesquisa histórica no campo educacional. In: CONGRESSO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DA SBHE, 2., 2002, Natal. Atas. Disponível em: http:/www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/tema4/0429.pdf. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 1990. JUCÁ, Pedro Rocha. A colonização e o povoamento do Ceará. In: Revista A Província, nº 13, julho, 1997. 21 32p. MAGALHÃES, Justino Pereira de. Breve apontamento para a história das instituições educativas. In: História da educação: perspectiva para um intercâmbio internacional. Campinas, SP: Autores Associados: HISTEDRB, 1999. p.68-72, 4 c.
SOUZA, Joaquim Moreira. Sistema Educacional Cearense. MEC/INEP/CENTRO REGIONAL DE PESQUISAS EDUCACIONAIS DO RECIFE. s/d. Jornais JORNAL A AÇÃO, Nº 9, publicado em 10/11/1940, p. 9. JORNAL A AÇÃO, N 15, publicado em 22/12/1940, p.3. JORNAL A AÇÃO, No. 56, publicado em 24/07/1979, p. 7. Entrevistas Entrevista com Dona Sarah Esmeraldo Cabral, Crato: 20/09/2006. Entrevista com Irmã Maria de Fátima dos Anjos, Crato: 04/02/2013. SOBREIRA, Edilberto, juazeiro: 23/12/1995. In: FIGUÊIREDO,Antônio Pereira. Memórias do Orfanato jesus Maria José. Juazeiro do norte: 1916-1996. OLIVEIRA, Amália Xavier. O Padre Cicero que eu connheci- Verdadeira história de Juazeiro. In: Memórias do Orfanato jesus Maria José. Juazeiro do norte: 1916-1996.