Doenças da Bananeira no Estado de Roraima : Sintomas e Manejo. 1.Introdução. Autores

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ISSN 0101-9813 Circular Técnica 04 Foto: Bernardo de A. Halfeld-Vieira Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Boa Vista, Dezembro, 2005 Autores Kátia de Lima Nechet Fitopalogista, Doutor, Embrapa oraima, Br 174, Km 08, CP 133, 69301-970, Boa Vista-. katia@cpafrr.embrapa.brl Bernardo de Almeida Halfeld Vieira Fitopalogista, Doutor,Embrapa oraima, Br 174, Km 08, CP 133, 69301970, Boa Vistahalfeld@cpafrr.embrapa.b 1.Introdução A bananicultura em oraima é uma atividade extremamente importante para pequenos agricultores e essencialmente de caráter familiar. A área de produção está em torno de 3000 ha com uma produção de 23.720 toneladas.ano-1, sendo 70% da produção vendida para o mercado do Amazonas. Os principais plantios estão localizados no sul do estado nos municípios de Caroebe, São João da Baliza e orainópolis, caracterizados por serem região de mata. Também destaca-se o município de Mucajaí, região de transição entre o cerrado e a mata. O principal fator para a produção ser uma das mais baixas da região norte é a adoção de práticas agrícolas inadequadas para a cultura da banana, principalmente no que se refere ao manejo de doenças. Mesmo após a constatação da Sigatoka negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis, no estado em 2001, os produtores continuam utilizando principalmente as cultivares Prata e Maçã e o plátano Pacovan, altamente suscetíveis à doença. Isto em função da não aceitação do mercado consumidor por frutos oriundos dos genótipos de banana resistentes à Sigatoka negra.

2 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Outro fator crítico é a identificação correta das doenças da bananeira e 1. Doenças Fúngicas Foliares 1.1 Sigatoka Negra conseqüentemente a adoção de medidas de controle adequadas. Com a entrada em vigor da Instrução Normativa nº 17, de 31 de maio de 2005, que impõe a Agente causal: Mycosphaerella fijiensis Morelet (Pseudocercospora fijiensis (Morelet) Deighton). mitigação de risco da Sigatoka negra A Sigatoka negra é a doença mais para que a comercialização de banana destrutiva da bananeira causando seja efetuada de um estado, com a manchas foliares que rapidamente presença da doença, para outro, os coalescem formando áreas necróticas produtores de banana em oraima terão que causam a redução da capacidade que modificar o sistema de produção e se fotossintética da planta. adequar as novas exigências fitossanitárias. Sintomas: Os sintomas da doença são descritos em seis estádios (Figura 1). Em função da alta freqüência de lesões o coalescimento das lesões ocorre no estádio 3 (fase de estrias) causando o visual negro das folhas, característico da doença (Figura 2).

Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Foto: Bernardo de A. Halfeld-Vieira 3 Fig. 1: Estádios da Sigatoka negra causada por Mycosphaerella fijiensis em folha de bananeira. Estádio 1- Leve descoloração ou Estádio 3- A estria aumenta em despigmentação observada apenas na comprimento e largura mantendo a face inferior a partir da segunda folha, coloração amarronzada; podendo incluir pequena estria de coloração amarronzada dentro da área descolorida; Estádio 2- Pequena estria de coloração amarronzada visível em ambas as superfícies da folha. Nesta fase ocorre o início da reprodução do patógeno; Estádio 4- A cor da estria passa a preto sendo, a partir desse estádio, considerada como mancha; Estádio 5- A mancha negra apresenta-se circundada por um halo amarelo; Estádio 6- A mancha muda de cor, evidenciando centro deprimido e de coloração cinza-claro.

Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Foto: Bernardo de A. Halfeld-Vieira 4 Fig. 2: Sintoma característico da Sigatoka negra causada por Mycosphaerella fijiensis em folha de bananeira após coalescimento das estrias. 1.2 Sigatoka Amarela Agente causal: Mycosphaerella musicola comprimento na face superior da segunda até a quarta folha; Leach (Pseudocercospora musae (Zimm) Estádio II- Esta risca aumenta com uma Deighton) descoloração mais acentuada; A Sigatoka amarela é a doença mais Estádio III- Formação de mancha nova - disseminada da bananeira no mundo manchas necróticas, elípticas, alongadas todo. Embora menos agressiva que a dispostas paralelamente às nervuras Sigatoka negra, a doença quando ocorre secundárias da folha; isoladamente e em condições favoráveis causa necrose nas folhas e conseqüentemente redução da capacidade fotossintética da planta. Em Estádio IV- Aparecimento do halo amarelado em torno da mancha e início de esporulação do patógeno; áreas com Sigatoka negra a tendência é Estádio V- Lesão com centro deprimido ao longo do tempo o desaparecimento da de coloração cinza e bordo preto, Sigatoka amarela. circundado por um halo amarelado. Sintomas: Os sintomas da doença são Nos estádios finais da doença ocorre o descritos em cinco estádios (Figura 3). coalescimento das lesões (Figura 4). Estádio I- Leve descoloração em forma de ponto ou risca de no máximo 1 mm de

5 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Foto: Bernardo de A. Halfeld-Vieira Estádio III Estádio V Estádio IV Estádio II Estádio I Fig. 3. Estádios da Sigatoka amarela causada por Mycosphaerella Foto: Bernardo de A. Halfeld-Vieira musicola em folha de bananeira Fig. 4: Sintoma da Sigatoka amarela causada por Mycosphaerella musicola e folha de bananeira após coalescimento das lesões. Controle das manchas-de-sigatoka: Controle cultural. ealizar periodicamente a poda sanitária das folhas atacadas ou de parte delas. Se menos de 30% do limbo foliar. ealizar as práticas agrícolas indicadas estiver atacado, cortar apenas a parte para a cultura da banana; lesionada. Se for mais de 30% de área foliar atacada, cortar toda a folha e enleirar no meio das ruas do bananal.

6 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Pode-se pulverizar essas folhas Sigatoka e que necessitem da utilização enleiradas no meio das ruas, com uma do controle químico. solução de uréia a 15 % o que irá acelerar a decomposição da folha e inibir a esporulação do fungo; a) Monitoramento da primeira folha jovem com mancha (PFM) Fazer o monitoramento em dez plantas bem. Eliminar as plantas de bananais distribuídas no bananal numa faixa de abandonados. 200 hectares para áreas planas e 50 Controle químico hectares para áreas de morro. Considera-se como nível crítico a O controle químico só é eficiente quando ocorrência de um número superior a 50 atinge principalmente o alvo, que são as manchas nas folha nº 02 ou 100 nas folhas: vela (folha enrolada tipo folhas nº 03 ou 04 cartucho), 1 e 2 pois são nelas que ocorre a infecção. Para o controle da Sigatoka negra existem 13 produtos registrados pertencentes aos grupos químicos estrobilurina, triazol, triazol + estrobilurina e ditiocarbamatos. Para a Sigatoka amarela há 48 produtos registrados dos grupos químicos inorgânico, triazol, triazol+estrobilurina, b) Monitoramento da primeira folha jovem necrosada (PFN) Leva-se em consideração o número de folhas funcionais (folhas sem necrose). Para bananeiras do subgrupo Cavendish o nível crítico é a 8º folha sem necrose e para as bananeiras do subgrupo Prata, a 5º ou 6º folha sem necrose. estrobilurina, benzimidazol, precursor do Dentre os 13 produtos registrados para o benzimidazol, isoftalonitrila, morfolina, controle da Sigatoka negra, o ingrediente estrobilurina, ditiocarbamamto, ativo flutriafol (grupo químico triazol) hidrocarboneto alifático e pode ser depositado na axila da folha nº anilinopirimidina ecomenda-se fazer 02 da planta mãe a intervalo de 60 dias. rotação dos produtos para prevenir a Esta aplicação é feita com uma seringa resistência dos patógenos aos fungicidas. dosadora, utilizando-se 2 ml, e protege a O monitoramento permite determinar o momento certo de iniciar as aplicações de fungicidas. Um dos dois monitoramentos pode ser adotado pelos produtores que tenham áreas com cultivares suscetíveis às manchas-de- planta mãe, filha e neta. Após a emissão do cacho da planta mãe, a aplicação deve ser feita na planta filha e assim sucessivamente. Uma observação importante é que a aplicação do fungicida na folha nº 02 só deverá ser realizada quando a folha vela ainda não tiver sido

7 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo emitida. Em plantas com a folha vela já emitida a aplicação deverá ser feita na Foto: Kátia de Lima Nechet axila da folha nº 03 (Figura 5). Fig. 5. Demonstração da deposição de fungicida na axila da folha nº 03 com auxílio de uma seringa dosadora. Controle genético O uso de genótipos de banana resistente à doença é a forma mais viável economicamente no controle da doença. As cultivares de banana e plátanos resistentes às principais doenças da bananeira estão apresentadas na Tabela 1.

8 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Tabela 1. eação de resistência de cultivares de banana às principais doenças da bananeira (Sigatoka Negra-SN; Sigatoka amarela- SA; e Mal-do-Panamá -MP). Tipo SN SA MP Cultivares AA AAA AAB ABB AAAB AAAA Ouro Caipira IAC 2001 Mysore Thap Maeo Pelipita FHIA 01 FHIA 18 Preciosa Maravilha Pacovan Ken Prata Garantida Prata Caprichosa Prata Zulu FHIA 02 S M M S S - = esistente; M= Medianamente resistente; S= Suscetível; - = não testado Controle preventivo Não reutilizar caixas de madeira para o transporte de bananas; Adquirir mudas certificadas; Erradicar bananais abandonados; Utilizar cultivares tolerantes à doença; estringir o trânsito de pessoas e Não transportar mudas, frutas, folhas de veículos entre um bananal e outro. bananeira das regiões afetadas para outras regiões; 1.3 Mancha-de-Chloridium Não utilizar, durante o transporte, folhas Agente causal: Chloridium musae Stahel de bananeira como material protetor de frutas, caixas e cargas de banana; A mancha-de-chloridium ocorre mais freqüentemente em áreas com Não permitir a entrada no bananal de sombreamento excessivo e algumas veículos contendo restos de banana ou vezes associada a outras manchas folhas de bananeira; foliares, sendo portanto considerada uma doença secundária. Utilizar produtos a base de amônia quaternária para desinfestação das caixas plásticas e dos veículos antes do retorno à área de produção; Sintomas: As folhas apresentam lesões pequenas densamente agrupadas, formando

9 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Foto: Bernardo de A. Half eld-vieira ocupar uma grande parte da área foliar (Figura 6). Fig. 6. Chloridium Sintoma causada de Mancha-de- por Chloridium Foto: Bernardo de A. Half eld-vieira manchas marrom-escuras, que chegam a Fig. 7. Sintoma de Mancha-de-Cordana causada por Cordana musae em folha de musae em folha de bananeira. bananeira. Controle: Controle: Evitar sombreamento excessivo das plantas 1.4 Mancha-de-Cordana Agente causal: Cordana musae (Zimm) Höhnel A mancha-de-cordana é considerada A adoção de medidas de controle das manchas-de-sigatoka conseqüentemente controla a mancha-de-cordana 1.5 Mancha-de-Deightoniella Agente causal: Deightoniella torulosa (Syd.) Ellis uma doença secundária e A mancha-de-deightoniella é de freqüentemente associada às lesões da ocorrência generalizada em oraima. Sigatoka amarela. Ocorre de forma Apesar de ser considerada uma doença generalizada no estado de oraima e em secundária, a ocorrência de folhas muitos casos foi diagnosticada rasgadas, em função da ação do vento, é isoladamente. um fator que permite a entrada e Sintomas : Lesões elípticas, de coloração parda com borda marrom escura e circundada por um halo amarelado (Figura 7). estabelecimento do patógeno no tecido foliar da planta, causando necrose de até 40% no limbo foliar. Sintomas : Pequenas manchas escuras próximas à borda das folhas que posteriormente aumentam de tamanho causando uma queima uniforme que se expande da

10 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo borda para o centro da folha, sendo A dificuldade dos produtores em delimitada por um halo amarelo (Figura identificar a doença pode prejudicar a 10). erradicação dos focos e aumentar as Foto: Bernardo de A. Half eld-vieira chances de sua disseminação para as áreas em que a doença não ocorre. Sintomas : Os sintomas são plantas com amarelecimento que se inicia nas folhas mais velhas e progride para as mais novas. Posteriormente, as folhas Fig. 8. Sintoma de Mancha-de- murcham, secam e se quebram junto ao Deightoniella causada por Deightoniella pseudocaule, ficando pendentes. Isto dá torulosa em folha de bananeira. à planta o aspecto de um guarda-chuva fechado. Em muitos casos as folhas mais Controle: novas da bananeira (as centrais) Utilizar barreiras de vento para diminuir o permanecem eretas mesmo após a morte número de folhas rasgadas; das folhas mais velhas. A planta com sintoma da doença pode apresentar Fazer a poda sanitária, eliminando as próximo ao solo, rachaduras do feixe das partes da folha atacada. bainhas (Figura 9A). 2. Doença Fúngica Vascular A certificação da doença é feita cortando- 2.1 Mal-do-Panamá se o rizoma e verificando a coloração avermelhada na área periférica Agente causal: Fusarium oxysporum f.sp. (vascularização densa) que corresponde cubense (Smith) Sn e Hansen a colonização do fungo (Figura 9B). O mal-do-panamá, também conhecido como fusariose ou murcha de Fusarium, é o principal fator limitante ao cultivo da banana Maçã no mundo. Em oraima, apesar da existência da doença, principalmente no sul do estado, ainda existem plantios de banana livres da doença, onde se cultiva a banana Maçã.

11 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo A B Fotos: Bernardo de A.Halfeld Vieira Fig. 9. Sintomas do Mal-do-Panamá causado por Fusarium oxysporum f. sp. cubense em planta de bananeira. A. achadura no pseudocaule próximo ao solo. B. Corte do rizoma mostrando a coloração avermelhada dos vasos que indica a colonização do fungo na planta. Controle O controle do mal-do-panamá é preventivo. Uma vez diagnosticada a Ken também são resistentes ao mal-dopanamá, mas suscetível às manchas-desigatoka. doença no plantio recomenda-se a Aliado ao uso de genótipo resistente eliminação das plantas com sintoma e recomenda-se como medidas aplicação de calcário na área da planta preventivas: erradicada. Por ser causada por um fungo de solo o aparecimento da doença está diretamente relacionado às condições de solo, como ph e adubação. A primeira medida de controle é o uso de Usar mudas sadias e livres de nematóides; Evitar áreas com histórico da doença; Corrigir o ph do solo, mantendo próximo a neutralidade; genótipos resistentes à doença. Na Manter as plantas bem nutridas, com boa tabela 1 são apresentados alguns relação cálcio, magnésio e potássio; genótipos resistentes. Outros genótipos como a Tropical, Nanica, Nanicão, Grande Naine, Terra, Terrinha, Pacovan Utilizar solos férteis com bons níveis de matéria orgânica;

12 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Não fazer mudas de plantas com As folhas mais velhas da planta suspeita da doença; apresentam amarelecimento rápido e ao longo do tempo todo o limbo foliar seca Evitar solos com tendência ao uniformemente. encharcamento; Observa-se que o pseudocaule perde a 8) Doença abiótica rigidez, separando-se facilmente as bainhas e apresenta um aspecto de 1. Murcha abiótica apodrecimento (Figura 10A). Quando se Causa: Deficiência de Potássio aperta o pseudocaule há a saída de um A murcha abiótica é confundida com os líquido sem viscosidade, semelhante à sintomas do mal-do-panamá. água. Após o corte do pseudocaule, observa-se o escurecimento (necrose) do Sintomas: tecido de fora para dentro (Figura 10B). A B Fotos: Bernardo de A.Halfeld Vieira Fig. 10. Sintoma da murcha abiótica da bananeira. A. Apodrecimento do pseudocaule. B. Escurecimento de fora para dentro do tecido do pseudocaule. Em muitos casos observa-se a quebra do pseudocaule (Figura 11).

Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Foto: Bernardo de A. Halfeld-Vieira 13 Fig. 11. Quebra do pseudocaule da bananeira devido a deficiência de potássio Controle: O controle é preventivo e deve ser iniciado antes da instalação do bananal, fazendo a análise de solo para posterior aplicação da dosagem necessária de potássio no solo. eferências: CODEIO, Z.J.M.Doenças da Bananeira. In: ZAMBOLIM, L.; MONTEIO, A.J.A. (eds). 3º Encontro de Fitopatologia. Tema: Doenças de Fruteiras Tropicais. Viçosa: Departamento de Fitopatologia, 1999. 202p. GASPAOTTO, L.; PEEIA, J.C..; CODEIO, Z.J.M.; MATOS, A.P.; PEEIA, M.C.N. Cultivares de KIMATI, H. Doenças da Bananeira. In: bananeira resistentes à Sigatoka-negra. KIMATI, H.; AMOIM, L.; EZENDE, Fitopatologia Brasileira, v. 27 (Supl.), J.A.M.; BEGAMIN FILHO, A.; p.s220, 2002. CAMAGO, L.E.A. Manual de Fitopatologia. Doenças das Plantas Cultivadas.São Paulo: Agronômica Ceres, v.2, 2005. 663p. GASPAOTTO, L.; SANTOS, A.J.T.; PEEIA, J.C..; PEEIA, M.C.N. Avaliação de métodos de aplicação de fungicidas no controle da Sigatoka-negra da bananeira. Summa

14 Doenças da Bananeira no Estado de oraima : Sintomas e Manejo Phytopathologica, v.31, n. 2, p.181-186, oraima. 2004. 15p. (Embrapa oraima. 2005. Boletim de Pesquisa). MINISTÉIO DA AGICULTUA, NECHET, K.L.; HALFELD-VIEIA, B.A.; PECUÁIA E ABASTECIMENTO. PEEIA, P..V.S. Diagnóstico de Agrofit: sistema de agrotóxicos Doenças da Bananeira no estado de fitossanitários. 2005. Disponível em: oraima. Fitopatologia Brasileira, v.29 http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_c (Supl.), p.s34, Ago 2004. ons/principal_agrofit_cons PEEIA, L.V.; CODEIO, Z.J.M.; MINISTÉIO DA AGICULTUA, FIGUEIA, A..; HINZ,.H.; MATOS, PECUÁIA E ABASTECIMENTO. A.P. de. Doenças da Bananeira. Informe Instrução Normativa Nº 17, de 31 de Maio Agropecuário, v.20, n.196, p.37-47, de 2005. Diário Oficial da União, n.105, 1999. Seção 1. p. 98-100, 2005. SILVA, S. de O.; ALVES, E.J. NECHET, K.L.; HALFELD-VIEIA, B.A.; Melhoramento Genético e Novas PEEIA, P..V.S. Diagnóstico de Cultivares de Bananeira. Informe Doenças da Bananeira no estado de Agropecuário, v.20, n. 196, p. 91-96, 1999. Circular Técnica, 04 MINISTÉIO DA AGICULTUA, PECUÁIA E ABASTECIMENTO Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa oraima odovia Br-174, km 8 - Distrito Industrial Telefax: (95) 3626 71 25 Cx. Postal 133 - CEP. 69.301-970 Boa Vista - oraima- Brasil sac@cpafrr.embrapa.br 1ª edição 1ª impressão (2004): 100 Comitê de Publicações Presidente: oberto Dantas de Medeiros Secretário-Executivo: Amaury Burlamaqui Bendahan Membros: Alberto Luiz Marsaro Júnior Bernardo de Almeida Halfeld Vieira amayana Menezes Braga Aloísio Alcântara Vilarinho Helio Tonini Expediente Editoração Eletrônica: Vera Lúcia Alvarenga osendo