EMEI. Estudo de Monitoramento da Economia Informal. Sumário Executivo Catadores e Catadoras em Pune, na Índia. A Pesquisa em Pune



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Transcrição:

EMEI Estudo de Monitoramento da Economia Informal Sumário Executivo Catadores e Catadoras em Pune, na Índia Estatísticas recentes mostram que a maioria dos trabalhadores de países em desenvolvimento ganha suas vidas na economia informal. O Estudo de Monitoramento da Economia Informal (EMEI) é um estudo qualitativo e quantitativo criado para avaliar a realidade das vidas desses trabalhadores. Através de pesquisas realizadas em dez cidades ao longo de três anos, o IEMS tem o objetivo de fornecer evidências críveis e fundamentadas da gama de forças motrizes positivas e negativas que afetam as condições de trabalho na economia informal. Os trabalhadores e trabalhadoras informais e suas organizações de base (OBs) ocupam o centro da análise. A Pesquisa em Pune Em Pune, na Índia, a amostra de 150 pessoas do IEMS foi obtida aleatoriamente entre o banco de dados de afiliados da Kagad Kach Patra Kashtakari Panchayat (KKPKP), um sindicato com mais de 9200 afiliados, e da SWaCH, uma cooperativa de trabalhadores. O gênero e a fonte de materiais foram as duas principais variáveis do estudo. Em 2012, foram realizados grupos focais com 73 catadores e catadoras, sendo aplicado um questionário aos participantes desses grupos, além de outros 77 catadores. Dos 150 participantes, 93 eram mulheres e 57 eram homens (as mulheres representam mais de 70% dos afiliados da KKPKP). Três categorias de catadores participaram: compradores de materiais recicláveis itinerantes, catadores itinerantes e catadores fixos. Os membros da última categoria são aqueles que foram integrados à coleta de porta em porta como afiliados da SWaCH, que possui uma carta de intenções com a Prefeitura de Pune. Os catadores de resíduos fixos coletam lixo misto ou orgânico separado e reciclável. Já os catadores itinerantes recuperam materiais recicláveis das ruas e lixões de rua, além de empresas, mas não de residências. E os compradores itinerantes compram materiais recicláveis. As diferentes categorias de trabalhadores têm diferentes fontes de renda: catadores fixos recebem pagamento de residências e pelos recicláveis que vendem. Os catadores itinerantes recebem apenas com a venda de materiais recicláveis. E os compradores itinerantes compram de coletores e catadores e ganham com a revenda dos recicláveis em outros pontos da cadeia. Principais Descobertas O estudo descobriu que a coleta de materiais em Pune continua confinada às Castas Inferiores e possui um número bastante desproporcional de mulheres. A fotos: J. Luckham e L. Vryenhoek

população é caracterizada por altos níveis de analfabetismo (apenas 1% dos adultos nos domicílios concluíram o ensino médio) e domicílios com maior número de moradores do que na população em geral. O setor informal de catadores de materiais recicláveis oferece oportunidades de emprego para os adultos em idade produtiva sem emprego, analfabetos e vítimas de exclusão social. Uma imensa maioria dos participantes do questionário (85%) relatou ser a principal fonte de renda de seu domicílio, e mais de 95% de seus domicílios dependem da economia informal para sobreviver. Os participantes são, em sua maioria, trabalhadores autônomos, geralmente que trabalham sozinhos sem qualquer auxiliar (pago ou não), e trabalham o ano todo. O estudo coletou o rendimento bruto dos catadores de cada categoria, mas não suas receitas, já que não considerou todos os custos relacionados às atividades. Ficou claro que os homens têm movimentações maiores do que as das mulheres, e que as coletoras fixas têm rendimento bruto maior do que outros tipos de catadoras, além de maior estabilidade em seus ganhos. Os compradores itinerantes são os que trabalham mais e têm rendimento bruto cerca de 30% maiores do que as das outras categorias. No geral, 47% dos participantes da pesquisa reclamaram de quedas nos rendimentos em relação ao ano anterior. A maioria dos participantes lida com a queda de rendimento cortando despesas pessoais e tomando empréstimos. 15% dos participantes arrumaram empregos adicionais. Forças Motrizes Durante a pesquisa, os catadores classificaram e discutiram os fatores que ajudam e atrapalham o seu trabalho. Todos os catadores observaram uma ameaça à sua capacidade de ter acesso aos recicláveis e, assim, aos seus meios de subsistência. Contudo, os efeitos das forças motrizes variaram de acordo com o tipo de catador. Fatores relacionados à cidade - especificamente a ameaça de que empresas particulares poderiam ser contratadas para coletar lixo e a concorrência de grandes empresas interessadas em reciclagem - afetam os coletores fixos, enquanto a remoção de caçambas municipais para embelezamento afeta mais os catadores itinerantes. Uma proliferação de comerciantes de lixo é algo que ameaça os compradores itinerantes. Foi dito que o valor do conhecimento comercial dos compradores itinerantes está diminuindo, já que o aumento na presença de comerciantes de lixo estimula os geradores de materiais a passar por cima do primeiro e vender diretamente para o segundo. A venda direta por geradores de lixo industrial a empresas de gestão de resíduos e comerciantes de grande porte também afeta os catadores de maneira negativa. Nós costumávamos coletar materiais em um lugar onde essa empresa incinerava seu lixo. Mesmo assim encontrávamos coisas... Agora eles não queimam mais, eles chamam um caminhão e ele leva tudo embora... O que sobra para nós? Forças Macroeconômicas No questionário, os catadores identificaram uma gama de forças macroeconômicas negativas, especialmente grandes variações de renda e um excesso de concorrentes. 70% dos participantes do questionário relataram que a instabilidade dos preços dos recicláveis é um problema, e vários mencionaram que são eles que assumem os riscos das flutuações de mercado e da variação sazonal. Fatores macroeconômicos mais abrangentes os crescentes custos de vida e a proliferação de catadores, inclusive devido à migração afetam todos os tipos de catadores e foram os dois problemas mais citados nos grupos focais. A ausência de proteção social somada ao contexto dos custos de vida crescentes também foi uma preocupação. Dinâmica da Cadeia de Valor Os geradores de materiais foram classificados como a força mais positiva da cadeia de valor, com os comerciantes de lixo ficando em segundo lugar. Os participantes dos grupos focais relataram que os comerciantes de lixo fornecem a eles um mercado para seus materiais, crédito fácil, capital de giro, bônus anuais e transporte para os materiais. Os catadores itinerantes ocupam a posição mais baixa da cadeia de valor, enquanto os compradores itinerantes ficam apenas uma posição acima. Um comprador itinerante do sexo masculino destacou a injustiça do setor ao afirmar, Todo o setor de reciclagem depende de nós, mas não fazem nada para que os lucros deles cheguem a nós da maneira justa. Relações com o Governo As relações com as autoridades locais foram mencionadas como negativas e positivas. O município fornecer carrinhos, equipamentos de segurança e instalações para armazenamento/triagem para coletores fixos foi considerado como um importante fator positivo. Os grupos focais também demonstraram uma alta valorização da assistência médica. Os dados disponíveis na OB revelaram que 14% dos participantes do questionário haviam se beneficiado do plano de assistência médica o qual a prefeitura ajuda a pagar; contudo, os funcionários da prefeitura ligados ao trabalho com resíduos sólidos recebem cobertura médica total para todas as enfermidades, diferentemente dos trabalhadores informais.

Os coletores fixos são os que mais interagiram com autoridades municipais, mas apenas 23% deles afirmaram que a polícia e as autoridades os ajudaram em seu trabalho. Alguns afirmaram que foram repreendidos por não fazer a triagem adequadamente, e um deles reclamou de ter de pagar o motorista do veículo municipal para transportar lixo orgânico. Alguns catadores sentiam que a prefeitura os culpava pelos problemas, mas levava o crédito pelo trabalho que eles realizavam. Outros observaram que o serviço inadequado da prefeitura confundia seu trabalho. Catadores itinerantes não tiveram muita interação com a prefeitura, mas mencionaram que são responsabilizados e multados pelo lixo jogado perto de caçambas municipais. Outro problema é a falta de espaço dedicado a eles. Alguns mencionaram perdas devido ao apodrecimento e degradação de lixo coletado durante as monções devido à falta de espaço coberto para armazenamento, enquanto outros afirmaram que ocorreram problemas de saúde por terem de usar as proximidades de suas casas para armazenamento e triagem. Ligações com a OB A organização dos trabalhadores foi considerada com uma importância relativamente mais positiva do que os comerciantes de lixo. Os participantes dos grupos focais falaram sobre os benefícios oferecidos pela organização, incluindo seguro de vida, assistência médica e apoio para a educação de seus filhos. O papel da organização dos trabalhadores na facilitação de processos consultivos para a resolução de questões foi mencionado em um grupo de discussão com relação à entrada de empresas particulares de gestão de lixo. Alguns catadores demonstraram apreço pela defesa oferecida pela organização em questões maiores como segurança alimentar e universalização de aposentadoria por idade, embora os membros mais velhos tenham expressado a preocupação de que demandar mudanças poderia ameaçar a existência do programa. Os dados também oferecem a possibilidade de que os participantes do questionário envolvidos com sua OB por mais tempo tinham receitas maiores. Contribuições dos Catadores Os catadores obtinham seus materiais principalmente de domicílios (82%), do público geral (88%) e de empresas formais (93%), indicando que estão bastante ligados à economia formal e que os residentes de Pune dependem muito deles. Um terço também relatou vender a empresas informais. Coletores fixos e compradores itinerantes tinham relações mais diretas com residentes e empresas; 73% dos coletores fixos e 68% dos compradores itinerantes acreditam que o público geral reconhece e aprecia seus serviços, enquanto apenas 40% dos catadores itinerantes acham o mesmo. A coleta de materiais recicláveis primária (de geradores) é realizada por coletores fixos como parte de uma carta de intenções entre sua cooperativa e a prefeitura. Esses coletores fixos fornecem lixo orgânico para usinas de compostagem operadas pela prefeitura ou com a permissão da mesma, e para usinas de conversão de material orgânico em energia da prefeitura ou contratados pela mesma. Os compradores itinerantes compram recicláveis de mais qualidade e outros tipos de sucata de geradores, o que impede que a sucata e recicláveis de melhor qualidade entrem no fluxo de lixo municipal. A recuperação de recicláveis das caçambas municipais, estações de transferência e das ruas por catadores itinerantes reduz a quantidade de lixo manuseado pelo sistema municipal secundário de coleta de materiais. Além de fornecer serviços aos residentes e empresas, e oferecer serviços de baixo custo ou custo zero à prefeitura, os catadores têm orgulho de ajudar a limpar a cidade. Os catadores enfrentam um ambiente de políticas hostis ou indiferentes e concorrência crescente de formatos de reciclagem considerados mais modernos. Ainda assim, os catadores atuais observaram algumas melhorias - vários estão utilizando novas tecnologias e eficiências e se adaptando às mudanças no ambiente externo. Os compradores itinerantes e coletores fixos várias vezes mencionaram o uso de celulares para contatar clientes, autoridades municipais e uns aos outros. O transporte motorizado ou carrinhos estão substituindo o ato de carregar materiais na cabeça. E também foram mencionados, nos grupos focais, o uso de balanças eletrônicas e a coleta e venda e lixo eletrônico. Independente de seu orgulho pela contribuição dada à cidade, vários catadores afirmaram enfrentar hostilidade e maus tratos de alguns cidadãos, e que seu trabalho continua perigoso e difícil. A saúde e segurança no trabalho foram identificadas como um problema por três quartos de todos os catadores, e por 91% dos catadores itinerantes mais especificamente, que fazem a triagem de material misto manualmente. Como dito por um participante dos grupos focais, A saúde da cidade melhora, mas a nossa piora. Agulhas grandes, vidro, espinhos em rosas: tudo isso nos machuca.

Recomendações para Políticas e Advocacy 1. Recomendações para a Política Nacional e Estadual de Segurança e Bem-Estar Social a. Criar um piso de segurança social universal, financiado pelo estado e não contribuinte para lidar com a vulnerabilidade de catadores informais e outros trabalhadores: As descobertas do IEMS deixam claro que os domicílios dos catadores estão vulneráveis a pressões econômicas contra as quais não têm a proteção de medidas de bem-estar e segurança social. O fornecimento universal de um piso de segurança social básica que inclua itens de cesta básica subsidiados; assistência médica gratuita primária, secundária e terciária; seguro contra morte e incapacidade; benefícios para maternidade e creche para crianças em seus primeiros anos; e aposentadoria por idade, aposentadoria/pensão por incapacidade e pobreza; todas essas são opções socialmente justas e eficientes. b. Usar ocupação como um critério para concessão de direitos: Concessão de direitos para castas e comunidades socialmente excluídas existem, mas a certificação de castas passa por monitoramento rígido e geralmente é registrada durante a passagem por canais educativos formais. Os dados mostram que a maioria dos catadores atuais tem estado fora do sistema educacional formal e, assim, não é capaz de conseguir comprovação de 50 anos exigida pelo Estado de Maharashtra. A ocupação, por outro lado, pode ser estabelecida de maneira fácil através de questionários e/ou inscrições. O critério ocupacional vem sendo incluído no Censo de Casta Socioeconômico nacional (SECC, em inglês) e os catadores aparecem na lista de grupos socialmente vulneráveis desse censo. 2. Recomendações para a Política Municipal e Estadual a. Criar uma Lei Municipal de Recursos de Resíduos Sólidos (Manuseio, Gestão e Reciclagem): A gestão de resíduos sólidos fica sob a jurisdição da prefeitura/domínio público, regida por várias Leis oficiais, enquanto a reciclagem est sob o domínio de indústrias particulares e está sujeita a políticas industriais. A gestão sustentável e integrada de resíduos sólidos requer que o domínio governamental/público controle o domínio de reciclagem particular para que um complemente o outro. Este estudo revela que os catadores informais manuseiam e gerenciam recursos, e não apenas resíduos descartados. A coordenação necessária demanda uma lei municipal de recursos de resíduos sólidos abrangente, gestão e manuseio de resíduos sólidos baseada em princípios de gestão de resíduos que sejam econômica, social e ambientalmente saudáveis. b. Elaborar políticas de alocação de terrenos e regras de controle de construções para reconhecer as necessidades dos trabalhadores do setor de materiais recicláveis: Políticas de designação de terrenos devem refletir o fato de que os catadores precisam de espaço para realizar a triagem de recicláveis e processar orgânicos. Donos de propriedades particulares que geram lixo, além de prefeituras que precisam organizar a coleta, transporte e processamento, devem designar espaços particulares/públicos para operações de gestão de resíduos (assim como as regras de construção requerem a alocação de espaço para estacionamento e comodidades). As prefeituras também deveriam considerar alocações de espaços descentralizados adequados para comerciantes e feiras de lixo de pequeno porte; unidades intermediárias de processamento de lixo; feiras semanais de sucata e itens de segunda mão; e pontos de coleta de roupas, livros e outros itens usados. 3. Recomendações para Políticas Trabalhistas a. Explorar processos de registro e trabalho decente para todos os catadores e catadoras: Embora alguns trabalhadores informais sejam protegidos por leis trabalhistas relacionadas a ocupações específicas, não há um processo específico para o registro de trabalhadores informais não incluídos nas legislações de ocupações específicas. A Lei de Segurança Social dos Trabalhadores Não Organizados, aprovada em 2008, não tem sido eficaz. Uma política ou Lei nacional como uma Lei de Proteção de Meios de Subsistência e Emprego de Trabalhadores de Reciclagem e Recuperação ou uma Lei de (Promoção, Regulamentação, Bem- Estar e Condições de Serviço) de Trabalhadores de Reciclagem e Gestão de Resíduos Sólidos deveria ser explorada. b. Criar condições que promovam a saúde e segurança no trabalho para os catadores: Todas as três classes de trabalhadores envolvidas neste estudo coletores de resíduos autônomos, compradores itinerantes e membros autônomos da cooperativa prestam serviços importantes dos quais a prefeitura depende. Assim, a prefeitura precisa criar um ambiente que permita melhores condições de trabalho, saúde e segurança ocupacional, e benefícios para os trabalhadores.

c. Promover aperfeiçoamento, infraestrutura e crédito para empreendimentos de reciclagem e relacionados ao lixo: Os catadores, em sua maioria, são analfabetos e sem qualquer treinamento formal. O treinamento de jovens catadores tem um potencial promissor de aumentar a eficiência e remuneração do trabalho existente, além de fazê-los subir na cadeia de valor. O fornecimento de infraestrutura e crédito pode permitir que eles se diversifiquem rumo a outros serviços e indústrias. As organizações de catadores deveriam lutar para obter apoio para aperfeiçoamento de seus membros. Crédito e infraestrutura de órgãos municipais, estaduais e agências específicas que têm poder para fornecer apoio a grupos desfavorecidos. d. Promover a organização de catadores e catadoras: O estudo descobriu que a organização dos catadores de Pune criou ganhos significativos para os mesmos. Catadores costumam ser desprezados por sindicatos, ONG s de desenvolvimento e políticos porque estão em menor número, geralmente têm mais mulheres do que homens, e, assim, têm uma probabilidade menor de se organizar ou envolver em processos políticos locais. Eles são, em grande medida invisíveis e não têm voz, o que é agravado devido à sua casta. São necessários mais esforços para organizar os catadores, especialmente porque a privatização está deixando esse grupo ainda mais vulnerável. 4. Recomendações para Políticas de Energia, Industrial e Comercial a. Reconhecer a legitimidade e vitalidade do setor de reciclagem: O mercado de sucata não é reconhecido como um mercado de bens legítimo, e, o já robusto e orientado ao mercado, setor informal de reciclagem/ coleta de resíduos recicláveis não está presente em políticas (exceto quando dizem respeito ao desejo de suplantar modelos naturais em favor de sistemas mais novos e da corporatização ). A política de parcerias público-privadas do governo, da maneira como existe na gestão de resíduos, favorece contratos corporativos válidos por vários anos. Empreendimentos de micro, pequeno e médio portes controlados por trabalhadores poderiam fazer partes do trabalho por custos menores, possibilitando retornos maiores para as prefeituras. b. Fornecer incentivos para o comércio informal e o processamento de mercadorias secundárias: Mercadorias secundárias são uma benção para indústrias de manufatura formais. O uso de materiais secundários evita os custos de extração de matérias-primas e reduz os custos de produção, assim, o trabalho dos catadores informais gera economia graças à recuperação, coleta, comércio e processamento intermediário de materiais, que gastam pouca energia, têm baixo custo e alta eficiência. O fornecimento de infraestrutura subsidiada, crédito a juros baixos, facilidades fiscais, e opções melhores, mais seguras e com melhor remuneração para os trabalhadores traria benefícios sociais. Como a gestão de resíduos e a reciclagem requerem muito trabalho, por exemplo, o índice de desemprego diminuiria. KKPKP Cidades Inclusivas: Lançado em 2008, o projeto Cidades Inclusivas objetiva fortalecer organizações de base (OB s) de trabalhadores pobres nas áreas de organização, análise de políticas e advocacy, para garantir que os trabalhadores informais urbanos tenham as ferramentas necessárias para serem ouvidos nos processos de planejamento urbano. Cidades Inclusivas é uma colaboração entre OB s de trabalhadores pobres, alianças internacionais de OB s e outras que dão suporte às OB s. Para ler os relatórios de cidade, setor e globais completos, acesse inclusivecities.org/pt/emei.