XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010



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Transcrição:

UTILIZAÇÃO DA POLPA DE CAFÉ PARA PRODUÇÃO DE ETANOL EVANDRO GALVÃO TAVARES MENEZES 1, JOSÉ GUILHERME LEMBI FERREIRA ALVES 2, FABIANA QUEIROZ FERRUA 3, ISABELA COSTA GUIMARÃES 4, GERSON REGINALDO MARQUES 5 RESUMO Com o esgotamento e os altos valores dos combustíveis fosseis juntamente com os avanços da biotecnologia, especialmente na produção de etanol, oportunidades para a utilização econômica de resíduos agroindustriais são geradas. Esse trabalho teve como objetivo principal utilizar os resíduos gerados no processamento úmido do café na fermentação alcoólica para a produção de etanol. O resíduo foi adicionado ao caldo de cana-de-açúcar e a fermentação foi conduzida em erlenmeyers a 28 C por 48 horas. Foram realizadas análises de ph, sólidos solúveis totais, açúcares redutores totais e teor alcoólico. Comparando os resultados das análises do tratamento que utilizava o resíduo do café (tratamento 1) com as análise do tratamento controle, que utilizou apenas cana-de-açúcar e água destilada (tratamento 2), observou-se semelhança nos dois tratamentos, podendo afirmar que o aproveitamento do resíduo do processamento úmido do café é uma alternativa tecnicamente viável. Palavras-chaves: polpa do café, fermentação, Saccharomyces cerevisiae, etanol, biocombustíveis. INTRODUÇÃO O uso de combustíveis fósseis pode em breve tornar-se insustentável devido não somente a escassez destes combustíveis na natureza, mas também por ser um dos principais responsáveis por grandes impactos ambientais em nosso planeta. As ações governamentais dirigidas ao etanol orientam-se inicialmente por preocupações na área de energia e combustíveis. Nesse sentido, reproduzem as ações do governo brasileiro de meados dos anos 1970, quando a crise do petróleo levou à incorporação do etanol (ou álcool) em nossa matriz energética, tornando assim uma alternativa efetiva à gasolina (BASTOS,2007). Mesmo com a interrupção da trajetória virtuosa do etanol no início da década de 1990 em resposta à queda nos preços relativos do petróleo e aos problemas de natureza fiscal do governo, que eliminaram os subsídios e levaram a uma perda de espaço relativo para a gasolina, um novo ímpeto, recente no mundo devido o retorno aos aumentos no preço do petróleo, as perspectivas de esgotamento das reservas, os riscos geopolíticos decorrentes da dependência do petróleo de países politicamente instáveis e os compromissos mais sólidos com a questão ambiental desde a assinatura do Protocolo de Quioto (KYOTO PROTOCOL, 1997), fizeram renascer a atenção nas fontes alternativas de energia. O biodiesel, a célula combustível de hidrogênio e, principalmente, o etanol passaram a constar de forma definitiva da agenda dos governos e das políticas de praticamente todos os países (BASTOS,2007). O etanol ou álcool etílico, de forma molecular C 2 H 6 O, é um tipo de álcool incolor e solúvel em água, produzido através da fermentação da sacarose por determinadas leveduras (LEITE, 2006). Os avanços da biotecnologia, especialmente na produção de etanol, oferecem oportunidades para a utilização econômica de resíduos agroindustriais. Estudos recentes apontam o excelente 1Mestrando em Ciência dos Alimentos, DCA, duduxlx@msn.com 2 Professor Adjunto, DCA/UFLA, jlembi@dca.ufla.br 3 Professora Adjunto, DCA/UFLA, fqueiroz@dca.ufla.br 4 Mestrando em Ciência dos Alimentos, DCA, icostag@yahoo.com.br 5 Mestrando em Ciência dos Alimentos, DCA, greginaldo@gmail.com

potencial da utilização destes resíduos do ponto de vista econômico, por não envolver custo associado ao cultivo da matéria-prima. Diferentes biocombustíveis podem ser obtidos de diferentes matérias-primas através de diferentes processos térmicos, químicos e bioquímicos. A partir de açúcares e amidos (cana-de-açúcar, mandioca, milho, beterraba e trigo), utilizando-se processos fermentativos, podem ser produzidos etanol, butanol, etil, butil, éter e outros produtos químicos (BALAT & BALAT, 2009). O café destaca-se como o produto agrícola de maior relevância para o Brasil e para o estado de Minas Gerais (SAENGER et al., 2001). No ano de 2009, a produção brasileira apresentou um total de 39,4 milhões de sacas de 60 kg. Sendo que 50,3% do total foram produzidos em Minas Gerais 25,8% no Espírito Santo, 8,6% em São Paulo (CONAB, 2010). O Produto Interno Bruto de Minas Gerais em 2009 foi de 44,8 milhões de reais sendo que 33,93% do total representado pela produção de café (CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA- CEPEA, 2010). Devido a grande importância do café para o Brasil e para Minas Gerais os resíduos de sua produção tornam-se uma boa alternativa para utilização na produção de álcool combustível. Existem duas formas de beneficiamento do café: por via úmida e por via seca. O processo por via seca é a técnica mais simples e comum. Neste processo, os frutos são secos ao sol ou em secadores artificiais e levados a uma máquina descascadora para a remoção do material que envolve os grãos de café, que são os produtos de interesse econômico (OLIVEIRA et al., 2001a; VILELA et al., 2001). No processamento por via úmida têm como resíduo principal a polpa do café. A polpa do café e a casca contêm quantidades de cafeína, taninos e matérias orgânicas, o que torna tóxico em sua natureza, resultante do problema de descarte. Sendo este material rico em natureza orgânica, o que faz este substrato útil para processos microbianos com intuito de obter produtos de valor agregado e contribuindo para diminuição da poluição causada por esses resíduos agroindustriais (PANDEY, 2000). O objetivo desse trabalho foi produzir etanol a partir do resíduo gerado no processamento úmido de café cereja. MATERIAL E MÉTODOS Material Foram utilizadas polpa de café e água de lavagem do processamento úmido do café cereja cedidos por um agricultor da região de Lavras/MG, caldo de cana-de-açúcar e água destilada. Os seguintes tratamentos foram realizados: Tratamento 1- Foi triturada a polpa de café com água e o líquido resultante com teor de sólidos solúveis foi utilizado para diluir o caldo de cana-de-açúcar para 15º Brix e posterior fermentação. Tratamento 2- Foi utilizado apenas caldo de cana-de-açúcar diluído com água destilada para 15º Brix. As fermentações foram realizas em erlenmeyers de 500 ml dispostos em incubadora a uma temperatura de 28ºC durante 48 horas. Para o estudo cinético, foram retiradas amostras do mosto fermentado nos tempos 0, 12, 24, 38 e 48 horas. As amostras foram centrifugadas a 3000 rpm/5 min e o sobrenadante foi separado para análises de teor de sólidos solúveis, ph e açúcares redutores totais. Microrganismo Utilizou-se fermento biológico (Saccharomyces cerevisiae) da marca Fleischmann. Teor de Sólidos solúveis O consumo de substrato foi acompanhado através da medição do teor de sólidos solúveis totais ( Brix), utilizando refratômetro modelo RT-30ACT da marca Intrutherm. ph Foi determinado o ph do mosto fermentado em potenciômetro digital, modelo QUIMIS, tipo Q-400 calibrado com soluções tampão ácida e neutra, com valores de ph, respectivamente, 4,00 e 7,00. Açúcares Redutores Totais

Para a determinação de açúcares redutores totais foi utilizado o método DNS (ácido 3,5 dinitrossalicílico) desenvolvido por Miller (1959). As amostras retiradas durante a fermentação foram diluídas e os resultados foram expressos em g.l -1. Teor Alcoólico Foi analisado o teor de etanol do mosto fermentado para amostras retiradas nos tempos 24, 38 e 48 horas, em Ebuliômetro 3750, da marca Universal e os resultados foram expressos em GL. Rendimento da fermentação alcoólica (Yp/s) e Eficiência Fermentativa (Ef) O rendimento da produção de foi calculado em gramas de etanol produzido por gramas de açúcares redutores totais consumidos (equação 1). Yp/s = E _ (1) (So-S) onde, E= concentração final de etanol (g.l -1 ); So= concentração inicial de açúcares redutores totais (g.l -1 ); S= concentração final de açucares redutores totais (g.l -1 ). A eficiência fermentativa foi calculada pela relação entre o rendimento do etanol observado no processo e o rendimento teórico (equação 2). Ef = Yp/s x 100 (2) 0,511 RESULTADOS E DISCUSSÃO Teor de Sólidos Solúveis Totais Durante a fermentação foi medido o teor de sólidos solúveis totais em tempos prédeterminados (Figura 1). Os valores obtidos para os dois tratamentos foram semelhantes. Para o primeiro tratamento o teor de sólidos solúveis totais diminuiu de 15,2 para 4,3ºBrix, já para o segundo tratamento de 15º para 4 ºBrix. Figura 1 Teor de Sólidos Solúveis Totais Comparando com os resultados obtidos por Carvalho et al (2008), os quais realizaram fermentações utilizando mosto diluído apenas com água destilada para 15 Brix. Ao final da fermentação foi medido o teor de sólidos solúveis totais por leitura direta em refratômetro obtendo o valor de 4,0 Brix.

ph Os valores de ph das amostras dos dois tratamentos (Tabela 1) foram semelhantes, mostrando que não existiram diferenças na fermentação, ou seja, não houve desvio da fermentação alcoólica para a produção de ácidos. Tabela 1 ph dos fermentados Tempo ph tratamento 1 ph tratamento 2 0 4,5 4,4 12 4,0 4,2 24 3,7 3,8 38 3,6 3,6 48 3,6 3,7 Açúcares Redutores Totais Os teores de açúcares totais (Figura 2) mostraram a semelhança no comportamento do consumo de açúcar durante a fermentação. Com isso fica evidente que não houve influencia da polpa do café na fermentação alcoólica. Pela curva percebe-se que praticamente todo açúcar foi consumido durante as primeiras 24 horas. Figura 2 Açúcares Redutores Totais Teor alcoólico As análises de etanol realizadas apresentaram como resultados (Tabela 2), valores finais para a concentração alcoólicas iguais a 7,03º GL para o primeiro tratamento contendo apenas caldo de cana e polpa de café e para o segundo tratamento 7,13ºGL, as produções alcoólicas foram próximas, portanto não houve desvio da produção de álcool quando se adiciona o caldo casca de café. Tabela 2 Teor alcoólicos dos tratamentos Tempo ºGL Tratamento 1 ºGL Tratamento 2 0 0 0 24 6,13 6,67 38 6,67 6,83 48 7,03 7,13

O vinho produzido após a fermentação pode possuir de 5% a 9% v/v de etanol (LIMA,2001). Dependendo da quantidade de açúcar presente no inicio da fermentação, quantidades superiores de álcoois inibem a atividade da levedura. Carvalho et al.(2008), observou ao final da fermentação que o caldo de cana fermentado possuía uma concentração de etanol de 6% v/v, sendo o valor encontrado neste trabalho superior aos encontrados pelos autores. Considerando-se a densidade do etanol igual 0,79 g.ml 1, pode-se dizer que a produção deste álcool durante a fermentação foi de 55,54 g etanol/l de fermentado para o primeiro tratamento e 56,64 g etanol/l de fermentado. Rendimento da fermentação alcoólica (Yp/s) e Eficiência Fermentativa (Ef) O rendimento (Yp/s) para o primeiro tratamento foi de 0,417 e para o segundo tratamento foi de 0,418, sendo o máximo de rendimento de produção de etanol com relação ao consumo de açúcar igual a 0,511, os valores obtidos estão distantes desse valor teórico, isto pode ser explicado por diversos motivos dentre eles a utilização de fermento biológico na fermentação e utilização de parte do açúcar para manutenção das células. A eficiência fermentativa para o primeiro tratamento foi de 81,75% e para o segundo tratamento de 81,89%, ambos os valores superiores aos encontrados por Carvalho et al.(2008), que obtiveram a eficiência de 80% para fermentação do caldo de cana-de-açúcar diluído apenas com agua destilada. CONCLUSÃO Esses resultados preliminares indicaram que é possível a utilização do caldo resultante da trituração da polpa de café para adição ao caldo de cana-de-açúcar. O rendimento e tempo de fermentação não foram alterados pela adição de polpa ao caldo de cana. Esse processo apresenta a vantagem de aproveitar o resíduo gerado no processamento úmido do café. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO BALAT, M.; BALAT, H. Recent trends in global production and utilization of bio-ethanol fuel. Applied Energy, v.86, n. 12, p. 2273-2282, dez. 2009. BASTOS,V.D.ETANOL, ALCOOLQUÍMICA E BIORREFINARIAS. BNDES Setorial, Rio de Janeiro,v.1, n. 25, p. 5-38, mar. 2007 CARVALHO,W.; CANILHA,L.; ALMEIDA e SILVA, J.B. Cinética da fermentação e balanço de massa da produção de cachaça artesanal. Brazilian Journal Food Technology, Lorena, n. 12, dez. 2008. Disponível em: < http://bjft.ital.sp.gov.br/artigos/especiais/especial_2009_2/v12ne_t0001.pdf>>. Acesso em: 10/06/2010. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. PIB agro mineiro. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pibmg/files/2009/01jan_dez.pdf. Acessado em 10 de agosto de 2010. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Indicadores agropecuários. Disponível em <http://www.conab.gov.br>. Acesso em 12 agosto 2010. LEITE, R. C. DE C. Biomassa, a esperança verde para poucos. Disponível em www.http://agenciact.mct.gov.br Acesso em15 de agosto de 2010.

LIMA, U. de A. Aguardentes. In: AQUARONE, E., LIMA, U.A.; BORZANI, W.. Biotecnologia Industrial: alimentos e bebidas produzidos por fermentação. São Paulo: Edgard Blücher, 2001. v. 5. p. 145-182. MILLER, G. L. Use of dinirosalicylic acid reagent for determination of reducing sugar. Analytical Chemistry, Washington, v. 31, n. 3, p. 426-428, mar. 1959. PANDEY, A.; SOCCOL, C.R.; NIGAM, P.; BRAND,D.;,OHAN,R.; ROUSSOS,D. Biotechonological potential of coffee pulp and coffee husk for bioprocesses. Biochemical Engineering Journal, Netherlands,v.6, n.2, p153-162, jan. 2000. SAENGER, M.; HARTGE, E.U.; WERTHER, J.; OGADA, T.; SIAGI, Z. Combustion of coffee husks. Renewable Energy, Oxford,v. 23,n.1, p. 103-121,mai. 2001. VILELA, F. G.; PEREZ, J. R. O.; TEIXEIRA, J. C.; REIS, S. T. Uso da casca de café melosa em diferentes níveis na alimentação de novilhos confinados. Ciência Agrotecnologia, Lavras, v.25, n.1. p.198-205, jan./fev.2001. KYOTO PROTOCOL TO THE UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE CHANGE. 2000. Disponível em: < http://treaties.un.org/doc/source/recenttexts/kyotoen.htm>. Acessado em 10 de agosto de 2010