ESTUDO COMPARATIVO DE DESCRITOR DE DOSE EM EXAMES PEDIÁTRICOS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

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Transcrição:

International Joint Conference RADIO 2014 Gramado, RS, Brazil, Augustl 26-29, 2014 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA - SBPR ESTUDO COMPARATIVO DE DESCRITOR DE DOSE EM EXAMES PEDIÁTRICOS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Jerusa Dalbosco Finatto 1, Ana Paula Pastre Froner 2, Juliana Pimentel 2, Ana Maria Marques da Silva 1 1 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Av. Ipiranga, nº 6681 - Partenon 90619-900 Porto Alegre, RS jerusa.finatto@acad.pucrs.br ana.marques@pucrs.br 2 Hospital São Lucas da PUCRS Av. Ipiranga, nº 6690 Jardim Botânico 90610-000 Porto Alegre, RS ana.froner@pucrs.br juliana.pimentel@pucrs.br RESUMO Este trabalho visa investigar o descritor de dose, CTDI volumétrico, de uma amostra de pacientes pediátricos submetidos a exames de TC de crânio, comparando os resultados com os níveis de referência diagnóstica da literatura. Foram coletados valores de CTDI volumétrico de todos os exames de TC de crânio realizados retrospectivamente em crianças de 0 a 10 anos de idade, em um período de 12 meses, em um hospital de grande porte. Os pacientes, em um total de 103, foram divididos em quatro grupos, onde o critério de separação utilizado foi a faixa etária, procurando utilizar a mesma divisão utilizada nas referências internacionais de descritores de dose. Em todas as aquisições utilizou-se o protocolo pediátrico e o controle automático de exposição (AEC, do inglês Automatic Exposure Control) disponível no equipamento. Os valores de CDTI com e sem a utilização do AEC para exames pediátricos, foram comparados. Observou-se uma redução de cerca de 100% no valor de dose absorvida devido ao uso do AEC. A partir dos dados coletados e analisados neste trabalho, conclui-se que é relevante a utilização de sistemas de redução de dose, como o Care Dose, para manter os valores de CTDI volumétricos dentro dos níveis de referência. Também é importante a observação da faixa etária das crianças para a escolha adequada dos parâmetros utilizados no protocolo do exame. Os valores obtidos estão de acordo com os níveis de referência diagnósticas já existentes na literatura. 1. INTRODUÇÃO A Tomografia Computadorizada (TC) ampliou de forma considerável os estudos radiológicos, por proporcionar imagens anatômicas de alta qualidade, assim como o aumento no número de indicações para a sua realização, associadas á relativa tendência de diminuição dos custos do exame. Porém, dentre os métodos de imageamento que utilizam radiação X, a TC é o que acarreta uma maior absorção de dose pelo paciente submetido a este exame. O grande desafio é promover um programa de garantia da qualidade que propicie um diagnóstico médico seguro com doses tão baixas quanto razoavelmente exequível. Este princípio de otimização deve ser observado ainda com maior atenção quando os pacientes submetidos são crianças, pois elas são mais sensíveis à radiação, devido à maior

população de células em processo de divisão nos diversos tecidos e órgãos em desenvolvimento, além do maior tempo de vida para a manifestação tardia dos efeitos da radiação ionizante. Esta já é uma preocupação entre profissionais de diversas áreas da saúde, existindo programas internacionais para redução de dose, como o Image Gently [7], que visa conscientizar os profissionais, chamar a atenção para o desenvolvimento de métodos que possam reduzir a dose sem comprometer a qualidade da imagem em exames pediátricos e traz orientações específicas para o profissional de física médica [11]. Podemos citar também o Image Wisely [9] que tem a mesma proposta para exames em adultos. Na radiologia pediátrica, as primeiras recomendações sobre proteção radiológica foram feitas pela NCRP 68 em 1978 [9]. Esta publicação apresenta que as crianças expostas são duas vezes mais susceptíveis a desenvolver leucemia, em relação aos adultos irradiados em radiodiagnóstico. Por isso, é necessário estabelecer protocolos específicos para exames pediátricos que visem a otimização das doses. O físico médico tem um papel fundamental neste meio, pois tem a responsabilidade de manter os equipamentos em bom estado de funcionamento e gerir a dose no paciente aconselhando os demais profissionais sobre as técnicas adequadas e sugerir atitudes que podem ajudar a diminuir a dose. A tecnologia disponível nos equipamentos mais modernos de TC possibilitam a modulação da corrente no tubo, conforme a variação de espessura da região anatômica estudada. Denominado de Controle Automático de Exposição, o AEC (do inglês, Automatic Exposure Control), possibilita a redução da corrente em áreas menos espessas, o que significa uma menor dose total absorvida pelo paciente. Os fabricantes de equipamentos de TC implementam o mecanismo de redução de dose com diferentes denominações, como Care Dose4D (Siemens), AutoMA ou SmartmA (GE), e ACS (Philips). Para realizar a estimativa de doses em TC, utilizam-se descritores de dose, como o CTDI (do inglês, Computed Tomography Dose Index) e o DLP (do inglês, Dose Length-Product), a partir do uso de um simulador de acrílico de 16 cm ou 32 cm. O CTDI pode ser expresso por: CTDI100, CTDIw e CTDIvol [1] e [8]. Para assegurar que a dose à qual o paciente está sendo submetido seja a mais baixa possível, mas ainda mantenha um diagnóstico confiável, existem valores de referência, denominados Níveis de Referência Diagnóstica (NRD). Esses níveis são determinados para pacientes adultos e pediátricos, podendo ser obtidos por equipamento, por conjuntos de equipamentos, ou por região geográfica [12]. Para pacientes pediátricos, os NRD geralmente são relacionados unicamente à idade. No entanto, crianças em fase de crescimento acelerado, com 5, 7 e 15 anos, por exemplo, podem apresentar grandes diferenças de pesos, dimensões do corpo e estaturas. Tais diferenças podem produzir um resultado distinto da dose recebida pela criança em exames de TC. O objetivo desse trabalho é investigar o descritor de dose, CTDI volumétrico (CTDIvol), de uma amostra de pacientes pediátricos submetidos a exames de TC de crânio, comparando os resultados com os NRDs da literatura. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

2. METODOLOGIA Foram coletados os valores de CTDI volumétrico de todos os exames de TC de crânio realizados retrospectivamente em crianças de 0 a 10 anos de idade, em um período de 12 meses, em um hospital de grande porte. As imagens foram adquiridas em um tomógrafo da marca Siemens, modelo Somaton Emotion 16 canais. Os pacientes, em um total de 103, foram divididos em quatro grupos, onde o critério de separação utilizado foi a faixa etária, procurando utilizar a mesma divisão utilizada nas referências internacionais de descritores de dose: Grupo 1 (19 pacientes) - de um dia a sete semanas de vida; Grupo 2 (35 pacientes) - de oito semanas a 12 meses de vida; Grupo 3 (33 pacientes) - de 1 a 5 anos; e Grupo 4 (16 pacientes) - de 6 a 10 anos. Em todas as aquisições destes grupos utilizou-se protocolo pediátrico e o controle automático de exposição (AEC) disponível no equipamento. Neste equipamento, o controle automático de exposição é denominado Care Dose 4D (CD) pelo fabricante [10]. Paralelamente, foram coletados dados de 25 pacientes pediátricos que não foram submetidos a exames de TC utilizando a redução de dose. Os valores de CDTI com e sem a utilização do AEC para exames pediátricos, foram comparados. Os dados foram coletados do sistema PACS do hospital e este trabalho foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da instituição. As referências utilizadas para a comparação dos resultados foram 5 trabalhos realizados sobre níveis de referência diagnóstica em diferentes locais. São eles: REINO UNIDO: Conselho Nacional de Proteção Contra Radiações (NRPB, do inglês National Radiation Protection Board), apresentou uma pesquisa no Reino Unido, em 2003, com 850 protocolos padrão e 2000 pacientes relativos a 12 exames comuns de CT em adultos e crianças amplamente distribuído em 126 equipamentos tomográficos. Os descritores de dose usados neste documento foram: CTDIw, CTDIvol e DLP. Os níveis estabelecidos foram para exames de crânio e tórax em diferentes grupos de idade (0-1 ano, 5 anos, 10 anos em pacientes pediátricos [5]. ALEMANHA: Foram estabelecidos níveis de dose em exames de crânio, ossos/seios da face, tórax, abdômen total e coluna lombar para 5 grupos de pacientes pediátricos (recém-nascidos, até 1 ano, 1 à 5 anos, 6 à 10 anos e 11 a 15 anos) em termos de CTDIvol e DLP [6]. SUIÇA: Alamo-Maestre e colaboradores, realizaram um estudo que estabeleceu NRD para quatro grupos de idade (< 1 ano, 1 5 anos, 5 10 anos e 10-15 anos) em crianças. Os descritores de dose usados também foram o CTDIvol e o DLP [2]. ALEMANHA: O Departamento Federal de Proteção Contra Radiação (BfS, do alemão Bumdesmant für Strahlenschutz), estabeleceu níveis de dose em exames de crânio, ossos/seios da face, tórax, abdômen total e coluna lombar para pacientes adultos e pediátricos, em termos de CTDIvol e DLP. Em pacientes adultos, os exames que possuem NRD são TC de crânio, face (diagnóstico de tumor), face (diagnóstico de sinusite), tórax, lombar (axial ao disco vertebral), lombar (ósseo), abdômen superior, abdômen total e bacia. Já em pacientes pediátricos, os níveis de referência para exames de seios da face, crânio, tórax, e abdômen, são separados por grupos de peso/idade [4]. BRASIL: Em um estudo retrospectivo, os valores de CTDI vol e o DLP de pacientes pediátricos que realizaram exames de crânio, tórax e abdômen, foram obtidos no arquivo Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.

digital do protocolo do exame. A amostra total consistiu em 131 exames, sendo 53 exames de crânio, 40 de tórax e 38 de abdômen. Destes, 36 exames foram analisados em relação à correlação do CTDI vol e do DLP com idade, peso, diâmetro anteroposterior e lateral.[3]. 3. RESULTADOS Inicialmente foram comparadas as médias de CTDIvol utilizando o mecanismo de redução de dose Care Dose4D (CD) com as médias de CTDIvol sem a utilização do AEC. O desvio padrão das medidas foi determinado para as médias com CD. No caso dos dados sem CD, o desvio padrão é zero devido ao uso de protocolos com mesmo valor de parâmetros e/ou pela amostra única em alguns grupos de faixa etária. A análise pode ser visualizada na figura 1. Observou-se uma redução de cerca de 100% no valor de dose absorvida devido ao uso do AEC, particularmente no caso de crianças mais jovens, pertencentes aos grupos 1 e 2, menores de 1 ano de idade. CTDI volumétrico (mgy) 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Médias e Desvio Padrão Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Média CTDI vol (mgy) - COM CARE DOSE Média CTDI vol (mgy) - SEM CARE DOSE Figura 1: Valores das médias obtidas com e sem CD e o desvio padrão das médias com CD. A distribuição dos valores de CTDIvol obtidos neste trabalho comparados aos níveis de referência diagnóstica encontrados na literatura para as faixas etárias, é apresentada na figura 2 onde podemos ver que os NRD internacionais possuem valores próximos entre si para cada faixa etária e que para exames realizados em crianças menores de 1 ano e sem CD, do nosso estudo, os valores de CTDIvol ficam acima das referências. Para os exames do nosso estudo realizados com CD, os valores de CTDIvol ficam dentro dos valores de referência em todas as faixas etárias. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

CTDI volumétrico (mgy) 60 50 40 30 20 10 0 Distribuição dos NRD's Recém nascidos Menores de 1 anos De 1 a 5 anos De 6 a 10 anos Figura 2: Comparação entre os dados obtidos neste trabalho de CTDIvol e os NRD da literatura. 3. CONCLUSÕES A partir dos dados coletados e analisados neste trabalho, conclui-se que a utilização de sistemas de redução de dose, como o Care Dose4D, é extremamente relevante para manter os valores de CTDI volumétricos dentro dos níveis de referência diagnóstica apresentados na literatura. Esta importância é particularmente relevante na faixa etária das crianças menores, pois a escolha adequada dos parâmetros utilizados no protocolo do exame determina a submissão de crianças a doses otimizadas. De forma a dar continuidade deste trabalho, pretende-se estender este estudo para uma amostragem maior de pacientes e para outros equipamentos e hospitais. Este estudo será particularmente importante para serviços especializados em radiologia pediátrica, para a otimização das doses em crianças, que possuem alta radiossensibilidade. AGRADECIMENTOS Agradecemos o setor de diagnóstico por imagens do Hospital São Lucas da PUCRS pela colaboração na obtenção e compreensão dos dados. Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.

REFERÊNCIAS 1. AAPM Report No 96, The Measurement, Reporting, and Management of Radiation Dose in CT (2008). 2. Alamo-Maestre, et al, CT radiation dose in children: a survey to establish age-based diagnostic reference levels in Switzerland, European Society of Radiology, Vol. 18, pp. 1980 1986 (2008). 3. Aurich, N.K, Níveis de Referência Diagnóstica de Tomografia Computadorizada em Pacientes Pediátricos, Porto Alegre (2012). 4. BfS, Referenzwerte für diagnostische und interventionelle Röntgenuntersuchungen, Bundesamt für Strahlenschutz, http://www.bfs.de/de/ion/medizin/referenzwerte02.pdf (2010). 5. Dunn, et al, Doses from Computed Tomography (CT) Examinations in the UK - 2003 Review, Health Protection Agency - NRPB (2005). 6. Galasnki, et al, Paediatric CT Exposure Practice in the Federal Republic of Germany, Medizinhische Hochschule Hannover. http://www.mhhannover.de/fileadmin/kliniken/diagnostische_radiologie/download/repor t_german_paed-ct-survey_2005_06.pdf (2005). 7. Image Gently, http://www.imagegently.org/. 8. Image Wisely, The CTDI Paradigm: A Practical Explanation for Medical Physicists, http://www.imagewisely.org/imaging-modalities/computed-tomography/medical- Physicists/Articles/The-CTDI-Paradigm. 9. National Council on Radiation Protection and Measurements. Radiation Protection In Pediatric Radiology, Report No. 68, Bethesda, MD: NCRP (1978). 10. Siemens, Somaton Emotion 6/16-slice configuration Application Guide (2007). 11. Strauss, K, "Child-size the radiation delivered to pediatric patients, http://www.imagegently.org/whatcanidoasa/physicist.aspx#2037486-ct. 12. V. TSAPAKI, et al, Dose Reduction in CT while Maintaining Diagnostic Confidence: Diagnostic Reference Levels at Routine Head, Chest, and Abdominal CT, IAEAcoordinated Research Project. Radiology, 240(3), pp. 828-834 (2006). RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.