DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direitos Constitucionais Penais e Garantias Const. do Processo Parte 4 Profª. Liz Rodrigues
- Art. 5º, LXIV, CF/88: o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. - Art. 5º, LVIII, CF/88: o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. - Art. 5º, LXII, CF/88: a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
- Além de serem garantias da pessoa que está sendo presa, parte da doutrina considera que são requisitos para a validade da prisão. - A comunicação imediata da prisão ao juiz competente permite que a autoridade judiciária verifique a sua legalidade, faça o relaxamento (se ilegal) ou conceda a liberdade provisória, se for o caso. - Como regra geral, a pessoa deve responder ao processo em liberdade.
- Audiência de custódia: no julgamento da ADPF n. 347, o STF determinou que estão obrigados juízes e tribunais, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão.
- A Res. N. 213/2015 do Conselho Nacional de Justiça regulamentou a audiência de custódia, determinando que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente da motivação ou natureza do ato, seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da comunicação do flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão (art. 1º).
- Art. 5º, LXXIV, CF/88: o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. - Art. 5º, LXXV, CF/88: o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença. - A gratuidade da justiça visa facilitar o amplo acesso ao Poder Judiciário e implica na isenção de despesas processuais (exemplo: ADI n. 3.394).
- Defensoria Pública: o art. 134 da CF/88 atribui à esta instituição a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita aos necessitados. - O STF entendeu como constitucionalmente intolerável a inércia de alguns Estados de implantar as defensorias públicas, não cabendo a alegação de reserva do possível (AI n. 598.212).
- Indenizações por erro judiciário: responsabilidade civil objetiva do Estado. - O art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da Justiça (RE n. 505.393).
- Art. 5º, LIX, CF/88: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. - O ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública pressupõe a completa inércia do Ministério Público, que se abstém, no prazo legal, de oferecer denúncia, ou de requerer o arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação, ou, ainda, de requisitar novas (e indispensáveis) diligências investigatórias à autoridade policial. (HC 74.276).
- Art. 5º, XLV, CF/88: nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. - Princípio da personalização da pena. - Apenas o autor da infração é responsabilizado pelos seus atos.
- A pena não se estende aos familiares e aos herdeiros do autor do crime e, em caso de falecimento deste, extinguese a punibilidade. - Por outro lado, é inadmissível o condenado fazer-se substituir por terceiro, absolutamente estranho ao ilícito penal, na prestação de serviços à comunidade (HC n. 68.309). - O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem jurídica superem a dimensão estritamente pessoal do infrator (AC 1.033 AgR-QO).
- Art. 5º, XLVI, CF/88: a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.
- Princípio da individualização da pena: as penas devem ser previstas, impostas e executadas de acordo com as condições pessoais de cada réu (Pinho). - É um processo que se desenvolve em três momentos o legislativo, o judicial (dosimetria da pena e discricionariedade do juiz na aplicação da sanção cabível, dentre as opções legais disponíveis) e o executivo (acompanhamento da execução penal).
- Progressão de regime prisional: a legislação brasileira prevê o sistema progressivo de cumprimento de penas e o condenado tem o direito de ser inserido em um regime inicial compatível com a sua condenação individualizada e o de progredir de regime de acordo com seus méritos. - A manutenção do condenado em regime mais gravoso seria um excesso de execução e não é cabível a ponderação dos direitos do condenado com os interesses da sociedade na manutenção da segurança pública (RE n. 641.320).
- As penas corporais devem ser executadas com a observância estrita do princípio da legalidade. - Súmula Vinculante n. 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os parâmetros fixados no Recurso Extraordinário (RE) 641320.