Reducao da. Maioridade Penal: o que voce precisa. essa ideia nao e boa. saber para entender que



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Transcrição:

Reducao da Maioridade Penal: o que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa.

Expediente Eta cartilha foi originalmente produzida e publicada pela equipe do Centro de Defea da Criança e do Adolecente do Ceará (CEDECA Ceará), teve ua 1ª edição publicada em março de 2007 e 2ª edição publicada em agoto de 2007. Eta verão, 3ª edição, foi atualizada e publicada pela equipe do Mandato É Tempo de Reitência, do Deputado Etadual Renato Roeno (PSOL Ceará). Texto originai: Patrícia Campo, Renata Soare, Renato Roeno Revião: Angeline Carolino Projeto gráfico: Nataha Cruz Tiragem: 20.000 Impreão: Expreão Gráfica Reprodução autorizada dede que citada a fonte. Fortaleza Maio de 2015

Apreentacao ta cartilha ganhou uma nova edição, com ua Edevida atualização, motivada, como da outra veze, pela expreão que ganha o debate nacional obre a redução da maioridade penal. Como abemo, o debate não é novo, nem muito meno o eforço ociai de reação à medida, como também não é o contínuo trabalho de indivíduo, organizaçõe e movimento ociai que reitem a divero retroceo ao direito humano de criança e adolecente. Ee debate vem acompanhado de uma preocupação legítima da população braileira: a crecente violência urbana. Com muita razão, eta é uma apreenão da ociedade braileira. Bata que etejamo minimamente atento à noa taxa de letalidade ou de encarceramento, por exemplo. Grande parte da peoa etão preocupada e demandando repota efetiva para o problema. Todavia, a manipulação de propota que não e propõem a encarar o problema com reponabilidade pode ignificar que enveredemo por caminho que ão verdadeira cilada. A oferta da redução da maioridade penal é uma cilada na medida em que ela pode ignificar não o enfrentamento da violência, ma mai oferta de violência à ociedade e, obretudo, ao adolecente e joven. Há quae dez ano, participei da contrução do textobae que deu a origem à primeira impreão deta cartilha, que também recebeu a contribuição competente de outra/o colega ao longo do ano. Novamente me valho da neceidade de contribuir para que a ideia Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. aqui exprea irvam para uma batalha fundamental: enfrentar a deinformação. A deinformação que e epalha e faz crer que não há reponabilização do adolecente autore de ato infracionai, que forma um convencimento frágil de que a redução é uma boa medida para enfrentar a violência, de que etaríamo na contramão no que e refere ao direito de criança e adolecente; como também a deinformação que e auenta de aber e e preocupar com a ituação de agonia vivenciada pelo itema ocioeducativo Brail afora. Então, eta cartilha erve à informação crítica, intrumento para indivíduo e eu coletivo etarem munido de recuro mínimo de reflexão obre o perigo que repreenta eta propota e a neceidade de que, ao contrário do que e propaga, defendamo o direito da população infantojuvenil e que ela deixe de er a principal vítima de violência em noo paí. A redução de direito nunca erá uma medida eficaz para enfrentar a violência, pelo contrário. O que defendemo é que noa energia e inteligência política e voltem para a redução da deigualdade e encarem uma agenda da promoção e realização do direito já reconhecido entre nó em divero pacto em noa ociedade. É tempo de reitência! Renato Roeno 03

Fica decretado que agora vale a verdade agora vale a vida, e de mao dada, marcharemo todo pela vida verdadeira. (O Etatuto do Homem, Thiago de Melo)

Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. Em todo lugar a crianca ao tratada da mema forma? ão. A concepção da infância e adolecência varia no tempo e no epaço. NOu eja, há algun éculo era uma, com o paar do tempo foi mudando até chegar ao que é hoje. Atualmente, exitem vária concepçõe que vivem lado a lado. Além dio, varia de um lugar para outro - no paíe do Oriente, a criança ão tratada de outra forma, diferente do Ocidente - e de cultura para cultura, por exemplo, a percepção da criança e do adolecente não é a mema na ociedade indígena e na demai ociedade. Dentro da cultura ocidental - que é a noa - durante a Idade Média, a criança era coniderada um adulto pequeno, ajudando o adulto na tarefa quotidiana, incluive em erviço peado e durante longa jornada de trabalho. Sua única educação era ea aprendizagem que acontecia no convívio comunitário. A ideia da família também era diferente da que temo hoje. Não havia, portanto, nenhum tratamento diferenciado para ee pequeno homen ou mulhere. Não havia tranição entre infância e vida adulta, nem a categoria de juventude. 05

06 E quando io comecou a mudar? o final da Idade Média a peoa começaram a enxergar a criança de outra Nforma. Abandonar ou não cuidar bem do filho, o que ante era comum, paou a er mal vito. No Brail, a infância também foi decoberta e contruída ao longo de ua hitória, com o agravante de que fomo o maior território ecravo do mundo e o que mai tardiamente aboliu a ecravidão negra, ou eja, falar de infância no paí é ituá-la em um contexto de ociedade ecravita. De lá para cá, vária concepçõe etiveram preente: aquela que acreditava que a criança pobre tinha meno direito que a rica; a que coniderava aquela em ituação de rico como um perigo para a ociedade; a que defendiam a criança como propriedade da família ou do Etado; a que fazia ditinção entre criança e menor, endo ete último a criança vinda da camada populare e que etaria ujeita ao vício e a toda orte de infortúnio, o abandonado e delinquente. No final da década de 80 e conolidou a concepção de que toda a criança e adolecente devem ter o memo direito, de que é reponabilidade de todo - Etado, família e comunidade - zelar pela garantia dee direito, mudando radicalmente da ideia de objeto para de ujeito, com direito à voz, à participação e a reponder por eu ato na medida adequada à fae de vida em que e encontram. Tal concepção foi conolidada com o Etatuto da Criança e do Adolecente, de 1990. Ee conceito, apear de contraditório, coexitem ainda hoje. Quem nunca viu, por exemplo, a imprena falar de menor infrator, empre que e trata de adolecente de baixa renda?

Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. Entao, pela lei, toda a crianca devem er tratada da mema maneira? im, ma infelizmente não é io que Sacontece. O fato de nacer negra, parda ou branca, na região ul ou no nordete, do exo feminino ou maculino, na zona urbana ou rural, por exemplo, influenciam - e muito em como erá a vida dea criança. Por io, o mai correto é falar em infância, adolecência e juventude, porque ela ão vária. A população infantojuvenil é muito expreiva no Brail, memo coniderando que há uma tendência de queda, devido ao declínio da taxa de natalidade. Na regiõe Norte e Nordete, o número de peoa abaixo de 24 ano upera 45% da população. E e a quantidade de peoa que vivem em ituação de pobreza nea regiõe é alta, na família com filho de até 17 ano a ituação da pobreza é pior ainda. (Dado da Síntee de Indicadore Sociai 2010 da Pequia Nacional por Amotra de Domicílio). Na região emiárida braileira, a ituação é ainda mai grave. Milhare de criança e adolecente, entre 10 e 14 ano, ão analfabeta, muita trabalham e vivem em família onde a renda per capta é menor do que meio alário mínimo por mê. Você pode etar e perguntando por que ea região é tão catigada e pode até penar que é porque não chove e que a culpa é da própria natureza. Ea é uma vião que muita peoa, principalmente do ul e udete, ainda têm quando ouvem falar em emiárido. Ma io não é verdade. Durante muito tempo e tentou combater a eca e o próprio emiárido com política totalmente equivocada. Hoje já e abe que, ao invé de combater, é precio penar forma alternativa de convivência com ee ecoitema, utilizando o potencial que exite - energia olar, vento, água da chuva que cotuma er concentrada em um memo período do ano, vegetação nativa... E, para reolver ee problema que dura éculo, é precio vontade política e ociedade mobilizada, exigindo de eu repreentante política éria para a região. 07

Ma a educacao nao deveria romper ee ciclo de pobreza? everia e deve. O problema é que também na educação há grande deigualdade. DAvançamo no aceo ao enino fundamental, ma ainda falta muito para incluir a criança na educação infantil (creche e pré-ecola), por exemplo. O número de criança de família de baixa renda em creche é pequeno. Se o aceo deixa a deejar, a qualidade da educação é mai preocupante ainda! E é importante realtar que a Educação é um direito garantido na Contituição braileira e no Etatuto da Criança e do Adolecente e não e retringe ao aceo à ecola, ma também implica na permanência e na qualidade da educação que é ofertada. Penar qualidade é penar até memo a forma como ee etudante chega à ecola. Se ele tem que caminhar quilômetro de ditância, no ol ou na chuva, ou em condiçõe que coloquem em rico ua vida, ele já vai chegar à ecola canado, demotivado e, pode até abandonar o etudo! Sim, ma ter o direito violado nao jutifica praticar crime... nem diemo io! Apreentamo Eea análie para motrar que exite um verdadeiro apartheid na infância braileira. A partir dea conciência, vamo converar um pouco mai e tentar detrinchar o que etá por trá quando e fala em violência cometida por criança e adolecente. 08

Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. Reduzir a idade penal diminui a violencia? ão e vamo dizer o porquê. Ninguém quer nem aguenta mai a Nviolência urbana braileira. Todo mundo tem uma hitória para contar: alguma forma de violência que aconteceu com você ou com uma peoa próxima. A violência tem muita face: à veze etá perto, dentro de caa. Outra, etá longe. Em alguma veze é fíica: um oco, um chute, um tapa. Outra veze é picológica: uma palavra groeira, um geto, um olhar, o preconceito e a humilhação. No noo paí, tem ido cada vez mai fácil o aceo da peoa à arma de fogo, o que aumenta o número de vítima por uo deta arma, cauando muita dor e ofrimento. Por io, preciamo entender a violência e enfrentar a ua caua. Reduzir a maioridade é uma fala-olução, equivocada, implita, uperficial uma vez que não reolverá a caua do problema e meno trabalhoa para o getore. 09

violência tem muita caua: omo o paí com a quarta pior concentração de renda Ado mundo (há muita peoa muito pobre e pouca peoa muito rica); a cidade braileira etão degradada (a peoa moram e vivem mal, não têm aceo a lazer, cultura e erviço de boa qualidade); etá cada vez mai difícil coneguir um bom trabalho; falta educação de qualidade e o direito da maioria não ão garantido; a corrupção no deixa deanimado; temo cada vez meno tempo para dedicar à infância e à juventude; a natureza etá endo detruída e io no faz falta; a cultura da peoa etá cada vez mai individualita, falta olidariedade e vião de comunidade; muita gente ofre com a falta de perpectiva... Enquanto io, o meio de comunicação (TV, rádio, revita, atravé da propaganda, etc.) incentivam o conumo de tudo. Dizem o que é bom e bonito e o que precia er comprado. Em pouca palavra: o itema todo quer que você compre e e comporte de acordo com um padrão (homen branco, rico, heteroexuai...), porém a maioria da ociedade etá fora do padrão, a maioria não é branca, nem é rica e nem parece com o roto que vemo na TV. Io gera baixa autoetima e alienação, a peoa e entem mal e ozinha em eu problema. A partir daí, controem ua etratégia de vida e e comportam de um determinado jeito. Por io, no preocupamo com a violência na rua, ma também com a violência que começa em caa, na relaçõe da peoa e na comunidade. É a partir deta relaçõe que podemo também enfrentar a violência urbana, porque, para o crime exitir, é neceário encontrar um ambiente cultural, ocial, político e econômico favorável. A violência etão toda ligada e e alimentam: do pequeno delito ao crime organizado. A violencia e reultado de muita coia... 10

Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. Agora, quem ofre mai com a violencia? Alguem ganha com a violencia? odo mundo ofre, porém a juventude é a maior vítima da violência. Ao Tcontrário do que e pena, a juventude não mata mai, e im morre mai, epecialmente a juventude pobre, negra e que mora na periferia da grande cidade. Todo dia ão aainada 80 peoa entre 15 e 29 ano no Brail - 77% ão negro e 93% ão homen - (Mapa da violência 2014). Eta é a tragédia braileira: um paí que etá matando ua juventude, ua energia e, com ela, muita poibilidade e onho de mudar a ociedade. Tem muita gente ganhando com a violência. Todo o invetimento braileiro em egurança (público e privado) já é quae o memo que o aplicado (público e privado) em educação. Para cada trabalhador da egurança pública, exitem trê de egurança privada. Ganham o dono da emprea que vendem erviço de egurança para o pouco que podem pagar - ganham o dono de milícia e aquele que organizam equema paralelo de egurança ilegal. 11

Prender a peoa diminui a violencia? Melhora a ociedade? E certo prender adulto e adolecente junto? número de adulto preo no Brail quadruplicou no último 20 ano. Hoje ão O574 mil preo, formando a quarta maior população carcerária do mundo. A maioria tem entre 18 e 30 ano. Também o número de adolecente na intituiçõe de internação (a antiga FEBEM) creceu de forma alarmante (já ão mai de 23 mil no paí inteiro). Ou eja, o paí etá prendendo mai e prendendo mai o joven. Porém, prender mai não reultou em diminuição da violência, ao contrário. Primeiro: a caua da violência não etá relacionada omente à pena que erá aplicada a quem cometeu um crime. Segundo: a prião não melhora a ociedade nem a peoa. O itema priional hoje não cumpre toda a determinaçõe da lei e piora a peoa, com rara exceçõe. Quem já teve parente preo abe o que é io. Todo ofrem, o preo ai marcado, preciando de um eforço muito maior para mudar a relação dele com o mundo e com a peoa. Muito paíe etão alcançando uceo com outra forma de reponabilização, como pena alternativa, mai barata, que geram meno ofrimento e ão mai eficaze. 12 É por ete motivo que também não é certo colocar adolecente e adulto junto no itema priional. O adolecente etá numa fae epecial da vida, em deenvolvimento, e por io mai ucetível ao ambiente e à relaçõe que o cercam. Quae todo o paíe do mundo tratam de forma diferenciada o adolecente do adulto. A redução da idade penal, então, não eria um avanço, e im um retroceo.

Ma o Etatuto da Crianca e do Adolecente nao protege demai? O adolecente nao tem idade uficiente para entender quando fez algo errado? Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. ó queremo que a infância e a adolecência poam ter a condiçõe para Ndeenvolver ua melhore potencialidade. Todo mundo nace com potencial, que pode er deenvolvido até a hora da morte; porém, abemo que é neta fae - infância e adolecência que o deenvolvimento é mai inteno. Epecialita dizem que tudo o que acontece com uma criança até o 10 ano fica gravado na mente, e que a adolecência é um período difícil da vida, cheio de medo, contradiçõe, incerteza. Por io, preciamo de uma lei epecífica para criança e adolecente. É io que etá ecrito no ECA. Tem muita gente que fala mal dele em equer conhecê-lo. Ito não é uma atitude reponável. O Etatuto diz que toda a criança e todo o adolecente têm direito à vida, à aúde, à alimentação, à educação, ao eporte, ao lazer, à profiionalização, à cultura, à dignidade, ao repeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. O Etatuto diz ainda que é dever da família, da comunidade, da ociedade em geral e do poder público efetivar ete direito. Io, por acao, é proteger demai? 13

Além dio, etabelece que a partir do 12 ano qualquer peoa que tenha feito um ato contra a lei deve er reponabilizada. Porém, o itema de reponabilização do adolecente é diferente do itema do adulto e tem que er aim, para bucar uma medida que eduque o adolecente, para que ele contrua outra relação com ua vida e buque alternativa. Ninguém quer impunidade para quem cometeu um ato contra a lei. A reponabilização faz parte do proceo de aprendizagem do adolecente. O tratamento é diferenciado não porquê o adolecente não abe o que etá fazendo até memo uma criança de 5 ano abe quando faz uma coia errada ma im devido à condição peculiar de deenvolvimento em que e encontra e ao que a ociedade quer ao reponabilizá-lo: poibilitar a ele um recomeço de vida ou fazê-lo ofrer pelo erro cometido. Por io, o ECA prevê 6 medida ocioeducativa (advertência, obrigação de reparar o dano, pretação de erviço à comunidade, liberdade aitida, emiliberdade e internação), que devem er aplicada de acordo com a capacidade de cumpri-la, a circuntância do fato e a gravidade da infração. Além dio, o mai comum é que o adolecente inicie a prática de ato ilícito por um de menor gravidade, como um pequeno furto, por exemplo. Aim, e o Etatuto foe implementado, neta ocaião deveria ter ido aplicada a ele uma medida eficaz, que prevenie a reincidência. Há município braileiro onde io acontece, e o reultado têm ido batante poitivo. O itema do adolecente também é mai ágil. É mai fácil procear um ato cometido por um adolecente que procear o memo ato e cometido por um adulto. Tanto o adolecente quanto o adulto têm direito à defea. Infelizmente, muito braileiro não podem pagar advogado e não têm defenor público. Por io que o povo etá certo em dizer que ó quem vai preo é preto e pobre. 14

Ma a adolecencia nao eta mudando rapido? A peoa nao ficam adulta mai cedo? êm muita coia contraditória hoje. TÉ verdade que exite um proceo de erotização precoce. A criança e o adolecente têm aceo mai cedo a conteúdo obre o exo e a exualidade (mai um motivo para falar em caa com eu filho e ua filha obre io). Porém, a peoa não ficam mai adulta por caua dio. Pene em 40 ano atrá. Tente lembrar como era alguém de 15 ano em 1960 e como é alguém de 15 ano hoje. A adolecência dura mai. Eta é uma tendência no mundo inteiro, na medida em que a peoa vivem mai. Ma a adolecência hoje é diferente da adolecência de ontem. Atualmente, o conceito mai aceito é o de que não exite adolecência, e im adolecências em função do político, do ocial, do momento e do contexto em que etá inerido o adolecente. A adolecência guarda ainda epecificidade em termo de gênero, clae e etnia. Temo que tentar ouvir e repeitar também o que o adolecente hoje tem a dizer. Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. 3 ano nao e pouco para alguem que comete um crime? ene que o entido da medida é bucar a Peducação daquele adolecente e permitir que ele elabore um novo projeto de vida. Trê ano é muito tempo para a vida de um adolecente. É o tempo neceário para alguém, numa fae tão intena como é a adolecência, refazer eu caminho. Lembre-e: o objetivo da medida é tentar colaborar para que a peoa refaça ua vida e não fazê-la ter mai raiva e ódio da ociedade. Por io é neceário que haja, na unidade de internação, um projeto pedagógico que vá nee entido, de reocializar o adolecente. O Etatuto diz que a cada 6 mee o adolecente privado de liberdade erá avaliado para analiar o progreo de ua educação e de ua capacidade de exercer ua liberdade. Aim, ele poderá paar bem mai do que 03 ano no itema ocioeducativo, por exemplo, aindo da internação e indo para a emiliberdade. Io é o que etá na lei, que deve er cumprida, e para cumpri-la preciamo de recuro público, participação da comunidade, um Judiciário comprometido com a cidadania e muita competência técnica. Enfim, preciamo de uma nova vião e de um outro projeto que permita a participação ativa do adolecente. 15

16 E quando quem pratica o ato infracional e uma crianca? ualquer peoa pode praticar ato ilícito, Qindependentemente da idade, exo, clae ocial, cor/raça/etnia. Por io o ECA também previu o atendimento para criança autora de ato infracional. Nee cao, a opção da lei foi por medida adminitrativa, que envolveem epecialmente a participação familiar e comunitária, em vita da ituação epecial de deenvolvimento da criança, da ua maior dependência familiar e de ua capacidade de cumprir obrigaçõe etabelecida. Quando a criança (peoa com meno de 12 ano) pratica ato infracional, ela não pode er conduzida a uma delegacia de polícia, muito meno obrigada a cumprir uma medida ocioeducativa. A criança deverá er levada imediatamente ao Conelho Tutelar para que, juntamente com eu pai ou reponávei, eja orientada, acompanhada e, e neceário, colocada em algum programa detinado a criança, atravé de uma da medida de proteção previta no Etatuto. Ao Conelho Tutelar caberá a análie do cao, a aplicação da medida mai adequada a ela e o acompanhamento de eu deenvolvimento. O juiz é o reponável pela aplicação da medida de proteção no Município onde não exite Conelho Tutelar. Entao, modificar a a lei nao muda nada? udar muda, ó que para pior. MImagina o que eria colocar hoje mai de 20 mil adolecente no itema priional? No Ceará, o itema etá lotado, realidade que não difere do retante do paí, aí eriam neceário mai gato com preídio, quando é muito mai barato e proveitoo para o adolecente e para a ociedade manter uma vaga na ecola ou em um programa ocioeducativo em meio aberto do que uma vaga em uma intituição de retrição de liberdade. Mudar a lei é iluão ou falta de eriedade. É iluão, porque o problema da violência não é de lei. Pode er falta de eriedade de algun político para ganharem voto com o ofrimento da população. Se há impunidade no Brail, o problema é outro: é policial, judicial, político... Mudar a lei, prender mai, matar a peoa, nada dio vai reolver a violência urbana, nem garantir a paz, nem diminuir o ofrimento enorme que é ter ido vítima de violência. Ninguém vai deixar de cometer crime por caua do tamanho do tempo de prião. Prender mai hoje é garantia de aumentar o número de peoa que cometem crime amanhã.

E nao vamo fazer coia alguma? Reducao da Maioridade Penal: O que voce precia aber para entender que ea ideia nao e boa. im, preciamo fazer muito porque a Situação urgente é não podemo eperar ó por mudança de longo prazo. Preciamo de uma outra egurança pública: mai invetimento, melhore alário para ter o melhore quadro na polícia, mai inteligência contra o crime organizado, evitar a corrupção e a ilegalidade no meio policial. É neceário colocar a prefeitura para debater com a ociedade a egurança. A açõe preventiva podem, na maioria da veze, er executada pelo município (projeto de cultura, eporte e lazer). Devemo envolver a comunidade no debate, é precio diputar cada criança e adolecente com o itema que o leva para o caminho do tráfico e da violência. Preciamo de educação de qualidade em tempo integral (dentro e fora da ecola). Preciamo de profiionalização e oferta de trabalho. O Judiciário e o itema penal também preciam penar eu deafio e erem mai criativo: invetir mai em outra forma de enfrentar a violência. Também é neceário mudar o foco e não olhar omente para o agreor. É urgente atender a vítima da violência no eu ofrimento. Tudo io ão política pública. Sem política pública de qualidade não teremo direito. Sem direito, a violência acha o caminho livre para properar. Enfim, podemo oferecer um outro projeto de paí para a adolecência e a juventude. Não um paí que prenda mai, ma um paí que permita que a peoa andem em medo pela rua. Preciamo tratar a quetão com mai eriedade. Não podemo querer para o filho do outro, algo que não queremo para noo filho. Todo omo reponávei pelo que acontece com a infância e adolecência. Não preciamo de mai prião para o joven, preciamo de mai direito repeitado, mai jutiça e mai olidariedade. A paz não vem do medo. Vem da jutiça, da olidariedade, do r e p e i t o m ú t u o, d o e n t i m e n t o d e reponabilidade pelo mundo. 17

Quer aber mai? inda retam dúvida? Então, entre em contato com a gente ou com outra Aentidade que compartilham dea luta pela defea do direito de criança e adolecente. Se você ouber de algum cao de violência cometida contra criança e adolecência, faça a ua parte: denuncie! Procure o Conelho Tutelar de ua cidade e exija o cumprimento do que prevê o Etatuto da Criança e do Adolecente. Você ainda não conhece o ECA? Não tem problema. Acee o ite http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei/l8069.htm ou procure um exemplar na entidade que trabalham com o público infantojuvenil. Exitem livro bem intereante que contam a hitória da infância no mundo, como A hitória ocial da criança e da família, de Philippe Ariè; Hitória Social da Infância no Brail, de Marco Cezar Freita; Criança e Adolecente no Brail: Porque o Abimo entre a Lei e a Realidade, de Ângela Pinheiro e A intitucionalização de criança no Brail, de Irene Rizinni e Irma Rizinni. Vale à pena procurá-lo, além de vário outro que podem oferecer outro ubídio para a defea do direito humano de criança e adolecente. 18

Gloario Adolecente Para o Etatuto da Criança e do Adolecente (ECA), adolecente é a peoa entre 12 e 18 ano incompleto. Como, biologicamente, é difícil preciar quando começa e termina a adolecência, o ECA optou pelo critério etário que não implica juízo obre maturidade, capacidade ou dicernimento. Conelho Tutelar Colegiado compoto de cinco membro ecolhido pela ociedade para garantir o cumprimento do direito da infância e da adolecência empre que algum direito for ameaçado ou violado. O Conelho Tutelar deve er a c i o n a d o p e l a p o p u l a ç ã o p a r a p r o c e d e r o encaminhamento urgente de oluçõe, podendo para io requiitar erviço público e fazer denúncia ao órgão reponávei. Deve er um órgão de atuação permanente que faça parte do cotidiano da comunidade. Cada município deve definir em lei municipal quanto Conelho Tutelare terá, e o conelheiro erão remunerado e a forma de participação da comunidade na ecolha. O mandato é de trê ano. Conelho Municipai e Etaduai do Direito da Criança e do Adolecente Órgão deliberativo e controladore da açõe para a atenção da infância e adolecência. A ua compoição é dividida entre repreentante do governo e de organizaçõe da ociedade civil ligada à infância. O conelho etaduai ão compoto por repreentante do governo e da ociedade civil do etado e têm podere para garantir que a política pública do etado não negligenciem a promoção e defea do direito da população infantojuvenil local. Já o conelho municipai ão compoto por repreentante do governo e da ociedade civil da cidade. Além de traçar a diretrize da política, cabe ao conelheiro acompanhar e avaliar programa ocioeducativo e de proteção de menino e menina. O conelho também devem interferir empre que identificarem devio, abuo e omiõe na entidade, governamentai ou não, que atuam na área da infância e da juventude. Por exemplo, cao o governo não defina orçamento para o Conelho Tutelare, o conelheiro podem apontar ao Minitério Público que a lei não etá endo cumprida. A maior parte do conelho funciona em condiçõe precária, ituação que empre pode merecer atenção por parte da imprena. Criança É a peoa com até doze ano de idade incompleto. É reconhecida pela legilação braileira e pela ONU como peoa em condição epecial de deenvolvimento que deve er tratada como ujeito de direito e que demanda atenção prioritária por parte da ociedade, da família e do Etado. Doutrina da Proteção Integral Conidera criança e adolecente como cidadão, em condição peculiar de deenvolvimento, que merecem er tratado como prioridade aboluta. A ua proteção é dever da família, da ociedade e do Etado. A doutrina baeou a elaboração do Etatuto da Criança e do Adolecente, da Convenção Internacional do Direito da Criança e da Declaração Univeral do Direito da Infância e determina que o direito de criança e adolecente devem er univeralmente reconhecido. 19

Doutrina da Situação Irregular Bae da legilação e da prática aitencial-correcionalrepreiva de atendimento à criança e ao adolecente até o advento do Etatuto da Criança e do Adolecente (ECA). Por ea doutrina, o Direito e o atendimento e ocupariam da criança e adolecente que apreentaem uma ituação irregular derivada da própria conduta (infraçõe), da conduta familiar (mautrato) ou da ociedade (abandonado). Etatuto da Criança e do Adolecente Conjunto de norma gerai válido para todo o paí e para toda a criança e adolecente, definindo eu direito e devere bem como o direito, devere e obrigaçõe do Etado, da família e da ociedade. Reultado de ampla mobilização popular, o ECA (Lei Federal 8.069/90) foi promulgado em 13 de julho de 1990 e entrou em vigor no Dia da Criança daquele ano. Ao adotar a doutrina da proteção integral à criança e ao adolecente, mudou radicalmente a orientação dada ao atendimento à população infantojuvenil, etendido hoje a toda a criança e adolecente do paí. O antigo Código de Menore, ubtituído pelo ECA, tinha caráter punitivo e aitencialita e dirigia-e apena àquele que etavam em ituação irregular, principalmente o abandonado e infratore. O Etatuto amplia o podere do cidadão e do município na getão do aunto relativo à criança e adolecente permitindo que a ociedade faça valer eu direito. Apear de etar há mai de 25 ano em vigor, muita da determinaçõe do ECA não aíram do papel, o que tem gerado uma intena mobilização por parte de peoa e intituiçõe que e dedicam à caua da infância e adolecência. Medida Socioeducativa É uma medida jurídica que, na legilação braileira, e atribui ao adolecente autore de ato infracional. A medida ocioeducativa é aplicada pela autoridade j u d i c i á r i a c o m o a n ç ã o e o p o r t u n i d a d e d e reocialização. Poui uma dimenão coercitiva, poi o adolecente é obrigado a cumpri-la como anção da ociedade, e outra educativa, poi eu objetivo não e reduz a punir o adolecente, ma a prepará-lo para o convívio ocial. O Etatuto da Criança e do Adolecente (ECA) prevê ei diferente medida: advertência; obrigação de reparar o dano; pretação de erviço à comunidade; liberdade aitida; emiliberdade e internação. Política Pública Conjunto de diretrize garantida por lei, que poibilita a promoção e garantia do direito do cidadão. É importante que e diferenciem o termo público (que atende a toda a população) e governamental (promovido pelo divero órgão do governo). Numa ociedade verdadeiramente democrática, a ociedade civil participa ativamente da definição e, principalmente, do acompanhamento da implantação da política pública. Gloário completo no endereço da Agência de Notícia do Direito da Infância - ANDI: www.andi.org.br 20

Fica decretado que, a partir dete intante, havera giraoi em toda a janela, que o giraoi terao direito a abrir-e dentro da ombra; e que a janela devem permanecer, o dia inteiro, aberta para o verde onde crece a eperanca. Fica decretado, por definicao, que o homem e um animal que ama e que por io e belo, muito mai belo que a etrela da manha. Fica proibido o uo da palavra liberdade, a qual era uprimida do dicionario e do pantano enganoo da boca. A partir dete intante a liberdade era algo vivo e tranparente como um fogo ou um rio, e a ua morada era empre o coracao do homem. (O Etatuto do Homem, Thiago de Melo)