BIODEPURAÇÃO DO LACTOSORO POR Lactobacilus bulgaricus e Streptococcus thermophilus

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Transcrição:

5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG BIODEPURAÇÃO DO LACTOSORO POR Lactobacilus bulgaricus e Streptococcus thermophilus Paulo A. PIZA 1 ; Amanda T. SANTINI 2 ; Thomas B. MORAES 3 ; Daniela C. OLIVEIRA 4 ; Alessandra L. S. SANDI 5 ; Polyana F. CARDOSO 6 ; Bianca S. SOUZA 7 RESUMO O lactosoro é altamente oxidável o que inviabiliza técnicas tradicionais de processamento. Assim, este trabalho avaliou a sua biodepuração por cepas de Lactobacilus bulgaricus e de Streptococcus thermophilus, constituintes do fermento para iogurte YO-MIX 499 LYO 100 DCU. O processo foi dividido em uma fase de incubação microaeróbia e em outra, de decantação anaeróbica. Através de ensaios físico-químicos e microbiológicos, concluiu-se que as cepas biodepuraram o substrato após o processo. INTRODUÇÃO Os atuais avanços tecnológicos têm causado sérios impactos no meio ambiente ao retirar insumos da natureza e gerar resíduos em grandes quantidades (SAMULAK et al., 2010). Na economia brasileira, um dos segmentos mais importantes é o setor agroindustrial que, no entanto, produz consideráveis quantidades de rejeitos sólidos e líquidos durante todo seu processo produtivo (LEUCENA e CHERNICHARO, 2005). Além do desperdício de energia, deve-se considerar a poluição ambiental, decorrentes da disposição não controlada dos efluentes no ambiente (PRADO e CAMPOS, 2008). 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Campus Muzambinho. Muzambinho/MG, email: paulo_piza@live.com; 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Campus Muzambinho. Muzambinho/MG, email: amanda_tsantini@yahoo.com.br; 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Campus Muzambinho. Muzambinho/MG, email: thomas_0022@hotmail.com; 4 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Campus Muzambinho. Muzambinho/MG, email: dandi_oliveira@hotmail.com. 5 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Campus Muzambinho. Muzambinho/MG, email: alessandra.sandi@muz.ifsuldeminas.edu.br; 6 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Campus Muzambinho. Muzambinho/MG, email: pdf.cardoso@hotmail.com; 7 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Campus Muzambinho. Muzambinho/MG, email: bianca.souza@muz.ifsuldeminas.edu.br.

Como os resíduos de atividades agroindustriais apresentam, em geral, grande concentração de material orgânico oxidável, o seu lançamento em corpos hídricos pode proporcionar grande decréscimo na concentração de oxigênio dissolvido nesse meio devido à sua metabolização. Isso pode causar morte de organismos aeróbicos por asfixia, exalação de odores e de gases agressivos, eutrofização e maior dificuldade no tratamento da água para o abastecimento público. Já a magnitude destes problemas depende da concentração de carga orgânica e da quantidade lançada, além da vazão do curso d'água receptor (MATOS, 2005). No Setor de Laticínios da Agroindústria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, no Campus de Muzambinho, processa-se, semanalmente, cerca de 3200 litros de leite. Deste total, 40% (1250 litros) é industrializado na fabricação de queijos minas frescal e muçarela gerando cerca de 85% (1060 de litros) de soro. Este é misturado com o restante dos efluentes e é descartado em fossas sépticas sem qualquer tratamento, oferecendo riscos à saúde e de contaminação de corpos hídricos e do solo. Este trabalho avaliou a biodepuração do lactosoro por cepas de Lactobacilus bulgaricus e de Streptococcus thermophilus constituintes do fermento lácteo para iogurte YO-MIX 499 LYO 100 DCU, utilizado no Setor Agroindustrial do Campus de Muzambinho. O processo foi realizado em duas fases: uma microaeróbia e outra anaeróbia. MATERIAL E MÉTODOS Amostras de lactosoro bruto, obtido pela produção de queijo minas frescal, foram caracterizadas através de análises físico-químicas e microbiológicas, realizadas no Laboratório de Bromatologia e Água do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais Campus Muzambinho. Os procedimentos analíticos foram realizados de acordo as diretrizes e metodologias recomendadas pela AOAC, 1990. Seguem os parâmetros físicoquímicos analisados: o ph, proteína, lipídios e resíduo mineral fixo (cinzas). Já as análises microbiológicas realizadas foram Staphylococcus aureus, fungos e leveduras e coliformes a 30 ºC e a 45 ºC segundo Silva et al. (2007). Foram utilizadas cinco garrafas pets de dois litros numeradas de 1 a 5, previamente higienizadas e expostas, por trinta minutos, à irradiação ultravioleta para incubarem o soro inoculado com o fermento utilizado na fabricação de iogurte,

YO-MIX 499 LYO 100 DCU, composto por cepas de Lactobacilus bulgaricus e de Streptococcus thermophilus. A concentração de fermento utilizada foi de 14 g L -1 (m v -1 ). Com amostras das cinco garrafas, cujas tampas foram colocadas de modo a permitir a saída de gases, foram realizadas análises do lactosoro bruto, no início do experimento, e após seis dias de incubação em estufa bacteriológica a 37 ºC. As análises foram repetidas após doze e dezoito dias de incubação. Em seguida, as garrafas foram vedadas para decantarem anaerobicamente por quinze dias. Ao término deste período, novas análises foram realizadas. Já a variação de ph foi acompanhada diariamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores obtidos na caracterização físico-química do lactosoro fresco das cinco amostras foram 7,8% de extrato seco, 0,4% de lipídios, 0,4% de cinzas e 1% de proteína bruta. De acordo com Silva (2010), os valores médios dos constituintes do soro se devem à composição do leite utilizado e ao método realizado para sua coagulação. Para o soro doce obtido pela insolubilização enzimática da caseína no seu ponto isoelétrico estabelece os seguintes valores para extrato seco, lipídios, cinzas e proteína bruta, respectivamente: 6,7%, 0,2%, 0,6% e 0,9%. Assim, os percentuais obtidos estão próximos aos valores referenciais e quaisquer disparidades podem ser explicadas pela diferença composicional do leite utilizado na coagulação. Após os dezoito dias de incubação, houve redução de todos os valores, em relação ao soro fresco; assim como o ph, que diminuiu de 6,33 para, em média, 3,62 conforme a Figura 1. Já as análises físico-químicas efetuadas após quinze dias de decantação anaeróbia indicam redução média nos valores de extrato seco, lipídios e proteínas. No entanto, os valores de ph tenderam a estabilizar-se, enquanto que o teor médio de cinzas se elevou, em relação aos testes anteriores, conforme a Figura 2. De acordo com Robert (2008), o Streptococcus thermophilus é a primeira cepa a agir, sintetizando ácido láctico e liberando compostos nitrogenados, oriundos de proteólise, que estimulam o desenvolvimento das células de Lactobacilus bulgaricus. Este, por sua vez, também libera, por proteólise, substâncias nitrogenadas no meio, o que estimula o S. thermophilus e concretiza um ciclo simbiótico. No entanto, a constante liberação de ácido láctico por ambas as cepas

reduz o ph do meio até começar a inibir, primeiramente, o S. thermophilus. O L. bulgaricus, por sua vez, cresce lentamente no início da fermentação, mas permanece viável por mais tempo que o S. thermophilus. Figura 1. Aspectos físico-químicos do soro incubado. Figura 2. Aspectos físico-químicos do soro decantado anaerobicamente. Desse modo, a comparação dos dados obtidos após dezoito dias de incubação e quinze dias de decantação anaeróbia evidencia a redução dos valores médios de extrato seco, lipídios e proteína bruta, a qual pode ser explicada pela metabolização destes compostos realizada pelas cepas inoculadas. No entanto, a porcentagem geral de cinzas pode ter se elevado devido à perda de umidade durante a incubação, o que teria concentrado o soro incubado. Em se tratando dos aspectos microbiológicos, o lactosoro fresco apresentou valores médios de fungos e leveduras, coliformes 30 ºC, coliformes 45ºC e Staphilococcus coagulase positiva, respectivamente, iguais a: log 1,778; log 1,740 g- 1; log 1 g-1 e log 1,477 g-1. Com dezoitos dias de incubação a média de todos os indicadores caiu, exceto a de fungos e leveduras, como pode ser visto na Figura 3. No entanto, todos os índices apresentaram redução média após os quinze dias de decantação anaeróbia, embora os valores de fungos e leveduras continuassem elevados em relação aos outros organismos coforme apresenta a Figura 4. Já os inóculos foram morfologicamente monitorados, a cada seis dias, por microscopia óptica com Método Gram. A redução dos valores microbiológicos médios do lactosoro incubado por dezoito dias, em relação ao material fresco, pode ser justificada pela elevação da acidez, pela produção de metabólitos inibidores e pela competição pelo substrato

causadas pelas cepas de inóculo. Todavia, o número de fungos e leveduras pode ter aumentado devido à maior resistência destes organismos em meio acidificado. Figura 3. Aspectos microbiológicos do soro incubado. Figura 4. Aspectos microbiológicos do soro decantado anaerobicamente. A queda de todos os índices microbiológicos após quinze dias de decantação anaeróbia pode ser explicada pela restrição de oxigênio, além dos fatores apontados anteriormente. CONCLUSÕES O S. thermophilus e o L. bulgaricus reduziram a concentração média de lipídios, proteínas e extrato seco, após os processos de incubação microaeróbia e de decantação anaeróbica. Já o ph se estabilizou por volta de 3,67 após os 33 dias totais do experimento. Microbiologicamente houve redução de todos os índices após a fase de decantação. Deste modo, as cepas inoculadas foram capazes de realizar a biodepuração do lactosoro doce. Isso abre caminho para o desenvolvimento de novas técnicas de depuração biotecnológica e de obtenção bioenergética. AGRADECIMENTOS Aos técnicos e professores do Setor Agroindustrial e do Laboratório de Bromatologia e Água do Campus de Muzambinho pela colaboração, e ao NIPE pelo financiamento do projeto (061/2011) e pela bolsa de iniciação científica concedida (BIC Jr).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS - A.O.A.C. - Official Methods of the Association of the Agricultural Chemists. 15.ed. v.2., Washington, 1990. LEUCENA,M.V.,CHERNICHARO,C.A.L. Avaliação experimental da compostagem de RSU submetidos a etapa prévia de tratamento anaeróbio. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA, 23., 2005, Campo Grande. Anais... Campo Grande: CBESA, 2005. p. 09. MATOS, A. T. CURSO SOBRE TRATAMENTO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2005, p. 1. PRADO,M.A.C, CAMPOS, C.M.M. Produção de Biogás no tratamento dos efluentes Líquidos do processamento de Coffea arábica L. em reator anaeróbico UASB para potencial aproveitamento na secagem secagem do café. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 3, p. 938-947, 2008. ROBERT, N. F. Dossiê técnico: fabricação de iogurtes. São Paulo: REDETEC, p. 12, 2008. SAMULAK, R.; BITTENCOURT, J. V. M.; PILATTI, L. A.; KOVALESKI, J. L. BIODIGESTOR COMO OPÇÃO PARA TRATAMENTO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS. Ponta Grossa, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, [20--], p. 2 e 3. SILVA, A. C. F. M. Tratamento de resíduos líquidos de laticínios em reator anaeróbio compartimentado seguido de leitos cultivados. 148 p. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010. SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. São Paulo: Varela, 2007.