CARACTERIZAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS COM PLANTIO DE EUCALIPTO NO MUNICÍPIO DE CÂNDIDO SALES, BA

Documentos relacionados
ZONEAMENTO EDAFOCLIMÁTICO PARA A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp) NO ESTADO DO TOCANTINS

Cadeia Produtiva da Silvicultura

Boletim de Agropecuária da FACE Nº 32, Abril de 2014

Viabilidade Econômica De Povoamentos De Eucalipto Para Fins Energéticos Na Microrregião De Vitória Da Conquista-BA

Carvão. Vegetal. na produção do Aço Verde. Solução renovável a favor de uma economia de baixo carbono. Imagem ArcelorMittal /Eduardo Rocha

Anais do 1º Simpósio Internacional de Arborização de Pastagens em Regiões Subtropicais

Danos Provocados por Gafanhotos (Orthoptera: Acrididae) em Eucalyptus Urograndis em Vitória da Conquista-Ba

A qualidade de mudas clonais de Eucalyptus urophylla x E. grandis impacta o aproveitamento final de mudas, a sobrevivência e o crescimento inicial

LCF Recursos Florestais em Propriedades Agrícolas. SILV 02 Seleção de Espécies/Procedências e Clones

Produtores rurais discutem o custo de produção do eucalipto na região de Eunápolis-BA

LCF Recursos Florestais em Propriedades Agrícolas. SILV 02 Seleção de Espécies/Procedências e Clones

Modelagem da disponibilidade mecânica do harvester no corte de povoamento florestal

5% Plantada 35% Plantada 65% Nativa. 95% Nativa

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ESPÉCIES DE EUCALIPTO DE MÚLTIPLO USO EM MATO GROSSO DO SUL

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS EFEITOS SOBRE OS PLANTIOS DE EUCALIPTO

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Implantação de sistema silvipastoril com eucalipto

Uso da terra na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai no Brasil

Crescimento em altura em um povoamento clonal de Tectona grandis L.f. em sistema silvipastoril, Alta Floresta-MT

DEMANDA E USOS DA FLORESTA DE EUCALIPTO

COMPARAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE EUCALYPTUS UROPHYLLA X EUCALYPTUS GRANDIS 1 INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS DE MÚLTIPLO PROPÓSITO, EM WENCESLAU BRAZ, PR

Congresso Florestal Nova Prata Maio 2015

ArcelorMittal BioEnergia Ltda PRODUÇÃO DE MADEIRA EM REGIÃO DE DÉFICIT HÍDRICO

Fausto Takizawa. Como chegamos até aqui e aonde queremos chegar?

DIFERENÇAS DE DENSIDADE BÁSICA (KG/M 3 ) DA MADEIRA DE EUCALYPTUS EM RELAÇÃO AO AMBIENTE DE PLANTIO E AO TIPO DE MATERIAL GENÉTICO

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

Oportunidades de Negócios com Plantação de Árvores Políticas para Plantio de Árvores (PSS) Fausto Takizawa Secretário Geral da Arefloresta

QUANTIFICAÇÃO DO VOLUME E INCREMENTO PARA EUCALYPTUS GRANDIS W. HILL MAIDEN. 1

L C F Recursos Florestais em Propriedades Agrícolas

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL PRODUTIVO MADEIREIRO DE TRÊS CLONES DE EUCALYPTUS EM REGIÃO LITORÂNEA DO RIO GRANDE DO NORTE

A Concentração de Terra

AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE Eucalyptus urophylla X Eucalyptus grandis EM TERCEIRA ROTAÇÃO PARA FINS ENERGÉTICOS

1. Visão Geral. 1. Aspectos Legais e Tributos. 2. Aspectos Econômicos. 3. Aspectos Produtivos. 4. Aspectos Mercadológicos. 5. Análise estratégica

Realização: Execução:

Avaliação Preliminar de Híbridos Triplos de Milho Visando Consumo Verde.

Quantificação da serapilheira acumulada em um povoamento de Eucalyptus saligna Smith em São Gabriel - RS

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DO MUNICÍPIO DE JATAÍ-GO: Subsídios às atividades agrícolas

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Sistemas Agroflorestais modelo BR SAF RR 01 - Roraima

Inventário Florestal Nacional do Brasil IFN-BR FLORESTAS PLANTADAS. Ministério do Meio Ambiente

FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O SUCESSO DE UM EMPREENDIMENTO FLORESTAL

CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ORIZÍCOLA NO RIO GRANDE DO SUL E REGIÃO FRONTEIRA OESTE

Divulgação preliminar

Síglia Regina Souza / Embrapa. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) Sustentabilidade do agronegócio com preservação ambiental

FATORES DE SUCESSO PARA A ALTA PRODUTIVIDADE DE FLORESTAS

ARRANJOS ESPACIAIS NO CONSÓRCIO DA MANDIOCA COM MILHO E CAUPI EM PRESIDENTE TANCREDO NEVES, BAHIA INTRODUÇÃO

Reunião do CCT e COPILs dos projetos PCFPO e PETRA. Levantamento Técnico-Econômico do setor florestal no Mato Grosso e região Noroeste

Custo da produção de abacaxi na região do Recôncavo Baiano

O Presente e Futuro do Setor Florestal Brasileiro XIV Seminário de Atualização sobre Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal

ANÁLISE DA PLUVIOMETRIA NO MUNICÍPIO DE AREIA- PB: I- ESTUDO DO INÍCIO DURAÇÃO E TÉRMINO DA ESTAÇÃO CHUVOSA E OCORRÊNCIA DE VERANICOS RESUMO

as árvores plantadas são o futuro das matérias-primas renováveis

Anais do III Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais

Deposição e Acúmulo de Serapilheira em sistema de ilpf no município de Ipameri Goiás

ESTIMATIVA DA PRECIPITAÇÃO EFETIVA PARA A REGIÃO DO MUNICÍPIO DE IBOTIRAMA, BA Apresentação: Pôster

CLONAGEM NO GRUPO GERDAU HISTÓRICO DA PROPAGAÇÃO VEGETATIVA NA FAZENDA DO GAMA

Espécies exóticas plantadas em SC

Programa Estadual de Desenvolvimento Florestal de Mato Grosso do Sul

DIMENSIONAMENTO DO MERCADO CAPIXABA DE PRODUTOS DE MADEIRA DE ORIGEM NATIVA

Sobre o Cultivo de Eucalyptus

Projeções Indicam o Brasil Como o Próximo Maior Produtor Mundial de Soja (Safra 18/19)

AVALIAÇÃO DAS DEGRADAÇÕES AMBIENTAIS NO SOLO CAUSADO PELAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS NO MUNICÍPIO DE DAVID CANABARRO/RS

Boletim Agrometeorológico

DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICIPIO DE SÃO MATEUS/ES

Apresentação do Setor de Florestas Plantadas no Brasil

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Qualidade da Madeira de Eucalyptus. Jose Lívio Gomide

Distribuição Da Precipitação Média Na Bacia Do Riacho Corrente E Aptidões Para Cultura Do Eucalipto

EUCALIPTOCULTURA NO NORDESTE BRASILEIRO: Estudos de casos em pequenas e médias propriedades. Prof. Adalberto Brito de Novaes

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

ANÁLISE DA PERDA DE RENTABILIDADE DA MADEIRA REMANESCENTE EM CEPAS DE Eucalyptus urophylla

STCP.COM.BR CONSULTORIA ENGENHARIA GERENCIAMENTO

Boletim Agrometeorológico

BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO 1996

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1213

PALAVRAS-CHAVE: Adubação; Alimento; Clima; Metabolismo MAC.

ANÁLISE COMPARATIVA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE COM ALIMENTAÇÃO A BASE DE PASTO E CONFINAMENTO NO SISTEMA COMPOST BARN.

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA CULTIVADOS NO SEMI-ÁRIDO BAIANO

AS FLORESTAS NO MUNDO

CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DA MAMONEIRA FERTIRRIGADA EM MOSSORÓ RN

Avaliação da altura do Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) após diferentes níveis de adubação de plantio

LEVANTAMENTO E MANEJO ECOLÓGICO DE PRAGAS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAF S): ESTUDO DE CASO DE UM SAF SUCESSIONAL NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL

DIAGNÓSTICO DA FRORICULTURA DA ZONA URBANA E PERIURBANA DE BELÉM. Apresentação: Pôster

Análise da estatística de acidentes do trabalho de 2007 a 2012 em florestas plantadas no Brasil

A AMPLIAÇÃO DOS CULTIVOS CLONAIS E DA DEMANDA POR MUDAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS

INFLUÊNCIA DA MARCHA DE CARBONIZAÇÃO NOS RENDIMENTOS GRAVIMÉTRICOS DO CARVÃO, LICOR PIROLENHOSO E GASES NÃO CONDENSÁVEIS, DA MADEIRA DE JUREMA-PRETA

DENSIDADE DE SEMEADURA E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO TRIGO DE SEQUEIRO CULTIVADO EM PLANALTINA-DF

Áreas de Concentração da Produção Nacional de Milho no Brasil

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ANÁLISE DE ADOÇÃO DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) VARIEDADE BRS 'FORMOSA' NA MICRORREGIÃO DE GUANAMBI - BA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

APLICAÇÃO DO MÉTODO DIRETO VOLUMÉTRICO PARA MENSURAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA VAZÃO DE NASCENTE NA SERRA DA CAIÇARA, NO MUNICÍPIO DE MARAVILHA, ALAGOAS

INFLUÊNCIA CLIMÁTICA NA PRODUÇÃO DE MILHO (Zea mays l.) NO MUNICÍPIO DE SUMÉ-PB

CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE MILHO PARA SILAGEM EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO SUL DE MG

PROMOVENDO A DIVERSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS

ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE ETENE INFORME RURAL ETENE PRODUÇÃO E ÁREA COLHIDA DE TOMATE NO NORDESTE.

Produção de Celulose de Eucalyptus no Brasil: Desafios e Novos Desenvolvimentos

História do Eucalyptus no Brasil (e a demanda de madeira)

MODELAGEM HIPSOMÉTRICA DE CLONES DE EUCALYPTUS spp. NA CHAPADA DO ARARIPE PE

Análise Comparativa do Crescimento Inicial de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden (MYRTACEAE) e Guazuma ulmifolia Lam. (Malvaceae)

Avaliação de Teste Clonal de Eucaliptos Multiespécies em Mato Grosso do Sul 1

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO DE PROPRIEDADES RURAIS COM PLANTIO DE EUCALIPTO NO MUNICÍPIO DE CÂNDIDO SALES, BA Paloma Silva Oliveira (1) ; Anselmo Eloy Silveira Viana (2) ; Aline Pereira das Virgens (3) ; Fabrício Vieira Dutra (4) (1) Mestranda em Ciências Florestais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB, palomasilvoliveira@gmail.com; (2) Professor, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, ae-viana@uol.com.br; (3) Mestranda em Ciências Florestais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB, apereira.aline@hotmail.com. (4) Mestrando em Fitotecnia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, fabríciovieira94@hotmail.com. RESUMO O Eucalipto devido às características de rápido crescimento, produtividades e sua ampla diversidade de espécies é empregado para os mais diversos usos. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de caracterizar propriedades rurais que produzem eucalipto, pertencentes ao município de Cândido Sales BA. Foram aplicados 19 questionários. Os proprietários rurais foram identificados por meio de indicação sucessiva de outros produtores da região. O levantamento de dados foi realizado in loco. Os dados foram sistematizados na planilha eletrônica do Microsoft Office Excel 2010 e no software SAEG, com análise de frequência simples. Constatou-se que os entrevistados são em sua maioria os proprietários da área. As propriedades podem ser classificadas de acordo o módulo fiscal da região como médias e grandes. As áreas com plantio de eucalipto em sua maioria não ultrapassam 100 ha. Mais da metade dos entrevistados não desejam realizar o plantio de eucalipto novamente. A maioria dos produtores apresenta o Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais CEFIR. O principal destino da madeira é a produção de carvão. Palavras-chave: Eucaliptocultura; Silvicultura; Diagnóstico Florestal INTRODUÇÃO De ocorrência natural na Austrália, o gênero Eucalyptus, pertencente à família das Myrtaceae, inclui mais de 600 espécies e subespécies adaptadas às inúmeras condições de solo e clima. Devido às características de rápido crescimento, produtividade e sua ampla diversidade de espécies, são empregadas para os mais diferentes usos, tais como: produção de madeira, fabricação de moirões, postes, móveis, produção de carvão, óleos essenciais e produção de papel (HIGA et al., 2000; TONELLO & TEIXEIRA FILHO, 2011). Segundo a Indústria Brasileira de Árvores - IBÁ (2017) a área total de árvores plantadas no Brasil totalizou 7,84 milhões de hectares em 2016. As florestas plantadas de eucalipto ocupam 5,7 milhões de hectares de área no País. Os plantios estão distribuídos, em sua maioria, nos estados de Minas Gerais (24%) que apresenta maior área plantada, São Paulo (17%) e no Mato Grosso do Sul (15%). A Bahia é o quarto maior estado em área plantada, com 612,199 ha (IBÁ, 2017). O estado se destaca pela produção de celulose, celulose solúvel, papel, ferro liga, móveis, serrados, madeira tratada, carvão vegetal e lenha para o processamento de grãos. Os plantios são bem distribuídos por todo território baiano, localizados principalmente nas regiões Extremo Sul, Litoral Norte, Oeste e Sudoeste (ABAF, 2015). Embora o eucalipto seja considerado a melhor opção para suprir a demanda florestal futuramente (VENTURINI et al., 2014), diversos fatores devem ser considerados para que as florestas plantadas consigam atender ao mercado consumidor. Para tanto, é necessária à descrição e a análise de aspectos sociais e ambientais, com o propósito de reconhecer os problemas existentes. 1

Deste modo, com uma caracterização é possível descrever uma determinada área a fim de destacar suas particularidades, e assim propor alternativas apropriadas (RODRIGUES & MAY, 2000). Neste contexto, informações acerca da cadeia produtiva do eucalipto podem contribuir na identificação e análise da atividade florestal do município. E com isso, auxiliar no aumento da produtividade e competitividade da região, com a perspectiva de inserção das propriedades rurais no negócio de madeira plantada, para suprir o fornecimento contínuo e crescente de madeira. Este trabalho teve como objetivo, caracterizar propriedades rurais pertencentes ao município de Cândido Sales BA que cultivam eucalipto. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido no município de Cândido Sales BA, sob as coordenadas 15º30 18 Latitude Sul e 41º14 21 Longitude Oeste de Greenwich. O município está localizado na porção sudoeste do estado da Bahia. De acordo a classificação climática de Köppen, o clima da região é classificado como Aw- clima tropical com estação seca, com chuvas concentradas nos meses de outubro a março e com período seco de abril a setembro. A precipitação média anual é de 767,4 mm com temperatura média anual de 20,4 ºC. A altitude média é de 627m. Predominam no município solos do tipo Latossolos e Luvissolos (SEI, 2012). Para caracterização dos produtores e de suas propriedades rurais foram aplicados 19 questionários, contendo 10 perguntas. Os proprietários foram identificados por meio da indicação sucessiva dos próprios produtores que informavam os demais, até não haver novas sugestões. O processo foi iniciado por intermédio de um produtor com elevado conhecimento da região, que auxiliou em todas as abordagens do estudo. As entrevistas foram feitas in loco, nos meses de setembro e dezembro de 2016 e nos meses de abril, maio, julho e agosto de 2017. Os dados foram sistematizados na planilha eletrônica do Microsoft Office Excel 2010 e no software SAEG, com análise de frequência simples. RESULTADOS E DISCUSSÃO No estudo realizado, verificou-se que 68,4% dos entrevistados, são proprietários da terra, 21,05% são gerentes, e 5,26% representam tanto o regime de parceria da terra, quanto áreas que são disponibilizadas para serem utilizadas por descendentes (Figura 1). De acordo com o censo agropecuário do IBGE realizado no ano de 2006, no município de Cândido Sales, 66,06% dos produtores eram proprietários das terras, um número pouco abaixo do valor encontrado. Figura 1. Condição dos produtores em relação à propriedade, no município de Cândido Sales BA, 2017. Em relação ao tamanho das propriedades, a soma de duas classes que apresentaram menos de 100 ha representou 26,31% (Figura 2) e a soma das demais classes que variou entre 151 a 800 ha representou 57,89% dos entrevistados. A classe de 351 a 400 ha apresentou maior frequência, contribuindo de forma mais expressiva com o percentual de 21,05%. Propriedades acima de 1.000 ha representaram um total de 15, 78% na região. 2

Figura 2. Tamanho das propriedades avaliadas, no município de Cândido Sales BA, 2017. De acordo a classificação do INCRA (2017) com base no módulo fiscal, os imóveis rurais podem ser divididos em minifúndio, pequena propriedade, média propriedade e grande propriedade. No município de Cândido Sales o módulo fiscal equivale a 35 ha. Considerando os dados, somente 26, 31% puderam ser classificadas como pequena propriedade. As áreas mais citadas representaram as médias e grandes propriedades. Aproximadamente 73,68% dos entrevistados plantam eucalipto em propriedades com menos de 100 ha (Figura 3), sendo que deste total 47,36% plantam somente até 50 ha. A área média ocupada por plantios de eucalipto nas propriedades foi de 55 ha. No entanto, o desvio-padrão da média (320, 89 ha) foi elevado devido ao comportamento amostral, que indicam dados heterogêneos. Essa discrepância pode ser compreendida a partir da própria origem dos dados. Assim, na pesquisa foi encontrado um único produtor que apresentou uma área plantada de 1.300 ha, como houve também outro caso com o plantio realizado em apenas 1 ha. Figura 3. Distribuição, em porcentagem, da área com plantio de eucalipto em propriedades avaliadas por classes de área em Cândido Sales BA, 2017. Mais da metade dos entrevistados (52,63%) afirmaram não ter interesse em plantar eucalipto novamente. O desinteresse demonstrado por dar continuidade aos plantios florestais aparentemente pode ser atrelado aos insucessos relatados principalmente com a seca, ataque de pragas e a falta de assistência técnica. No entanto, do total de produtores que apresentaram interesse em continuar o plantio, 44,4% declararam dispor de até 100 ha para ampliação do plantio (Figura 4). Nesse mesmo sentindo, 44,4% dos produtores dispõem de áreas que variam de 151 a 1,000 ha para ampliação do cultivo, 11,11% dos produtores não souberam definir qual o tamanho da área que poderia ser destinada para ampliação do plantio. 3

Figura 4. Distribuição, em porcentagem, da área disponível para plantio de eucalipto em propriedades avaliadas por classes de área, em Cândido Sales BA, 2017. Grande parte dos entrevistados (78,94%) apresentaram propriedades regularizadas via o Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais CEFIR. O CEFIR no Estado da Bahia corresponde ao Cadastro Ambiental Rural, no âmbito federal, que foi requerido com base na atualização do novo Código Florestal (Lei nº 12.651/ 2012). Por se tratar de uma regularização obrigatória, algumas propriedades ainda estão em processo de regularização. A data limite estabelecida pela lei é de até 31 de dezembro de 2017, sendo possível a prorrogação por mais um ano, por ato do Chefe do Poder executivo (BRASIL, 2017). O principal destino da madeira após o primeiro corte foi carvão (Figura 5), onde 50% dos produtores declararam produzir para esse fim. Seguido por 37, 5% que destinam a madeira para lenha, e 6,25 % que produzem para celulose e dormentes. Figura 5. Porcentagem dos principais destinos da madeira, em Cândido Sales BA, 2017. CONCLUSÕES Os produtores entrevistados, em sua maioria, são proprietários das terras onde realizam o plantio florestal e não desejam plantar eucalipto novamente. A maior parte das propriedades, de acordo o módulo fiscal da região, foram classificadas como médias e grandes. As áreas com plantio de eucalipto, em sua maioria, ocupam até 100 ha. A maioria dos produtores apresentou regularização da propriedade via o Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais CEFIR. A produção de carvão é a principal utilização da madeira, após o primeiro corte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4

ABAF - Associação Baiana das Empresas de base Florestal. Relatório ABAF 2015 ano base 2014. Bahia: 2015. 16 p. Disponível em:< http://www.abaf.org.br/categoria/publicacoes/>. Acesso em: 30 set. 2017. BRASIL. Código Florestal Brasileiro. Lei Federal N 12.651, de 25 de maio de 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 12 set. 2017. HIGA, R. C. V.; MORA, L. M.; HIGA, A. R. Plantio de Eucalipto na Pequena Propriedade Rural. Colombo: Embrapa Floresta (Embrapa Florestas. Documentos, 54), 31 p., 2000. IBÁ - Indústria Brasileira de produtores de Árvores. Relatório IBÁ 2017 ano base 2016. Brasília: 2017. 100 p. Disponível em:< http://iba.org/pt/biblioteca-iba/publicacoes>. Acesso em: 30 set. 2017 INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Classificação de imóveis rurais. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/tamanho-propriedades-rurais> Acesso em: 10 out. 2017 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA IBGE. Cidades@ Bahia Cândido Sales. Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/candidosales/pesquisa/24/27745>. Acesso em: 10 out. 2017. RODRIGUES, A.C.G.; MAY, P. SAF e o planejamento do uso da terra: Experiência na Região Norte Fluminense RJ. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 3, Manaus, 2000. Anais... Manaus: Embrapa, 2000. p. SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Estatística dos municípios Baianos. v. 4, n. 1. 458 p., 2012. Disponível em: < http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&id=76&itemid=110> Acesso em: 18 set. 2017. TONELLO, K. C.; TEIXEIRA FILHO, J. Efeito das variáveis ambientais no comportamento ecofisiológico de dois clones de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla: condições de campo. Scientia Forestalis, v. 39, n. 92, p. 419-431, 2011. VENTURINI, N.; CAMPINHOS JÚNIOR, E.; MACEDO, G. L. R.; VENTURIM, P. R. Histórico. In: VALE, B. A.; MACHADO, C. C.; PIRES, M. M. J.; VILAR, B. M.; COSTA, B. C.; NACIF, P. A. Eucaliptocultura no Brasil: silvicultura, manejo e ambiência. Viçosa, MG: SIF, 2014, p. 19-37. 5