São Paulo, 8 de setembro de 1999. BOLETIM GERAL PM 171 1 - DIRETRIZES A SEREM SEGUIDAS NO ATENDIMENTO DE LOCAIS DE CRIME Resolução SSP- 382, de 1/9/99 O Secretario da Segurança Pública Considerando que a Resolução SSP-177/92, de 8 de setembro de 1992, necessita ter vários dispositivos alterados, com o escopo de aprimorar procedimentos que visem à modernização da atuação das Polícias Civil e Militar e do Setor de Perícias; Considerando que o rápido e correto atendimento de locais de crime contribui, sobremaneira, para o sucesso da investigação criminal, agilizando a liberação de pessoas e coisas; Considerando que o conhecimento de conceitos sobre local de crime facilita o entendimento das normas relativas a sua preservação; Considerando que da eficiente preservação do local de crime depende o bom resultado dos exames periciais, a fim de serem evitadas irreparáveis dificuldades à consecução do exame pericial e da investigação criminal; resolve: SEÇÃO I Da Polícia Militar Artigo 1º - O policial militar ao atender um local de crime deverá isolar e preservar adequadamente a área imediata e, se possível, a mediata, cuidando para que não ocorram, salvo os casos previstos em lei, modificações por sua própria iniciativa, impedindo o acesso de qualquer pessoa, mesmo familiares da vítima ou outros policiais que não façam parte da equipe especializada. Artigo 2º - O policial militar transmitirá imediatamente a ocorrência ao COPOM que o retransmitirá ao CEPOL e este por sua vez acionará o Instituto
de Criminalística, o Instituto Médico-Legal e a Delegacia de Polícia competente, através de breve descrição, contendo: I - nome e RE do policial militar responsável pela transmissão; II - natureza da ocorrência, esclarecendo se é de autoria conhecida ou desconhecida; III - local, com citação precisa sobre o nome do logradouro (rua, praça, avenida), número, bairro, ponto de referência e outros que facilitem sua localização; IV - esclarecimento sobre o tipo de local, se é aberto ou fechado; público ou privado; se é de utilidade ou necessidade pública; de fácil ou difícil acesso. 1º - Havendo possibilidade, conhecer sobre as circunstâncias em que o delito ocorreu, exigindo prova de identidade das testemunhas arroladas. 2º - Tratando-se de ocorrência sobre acidente de trânsito ou crime contra o patrimônio, a descrição deverá sofrer a adequação necessária. Artigo 3º - O registro da ocorrência deverá ser elaborado somente após a transmissão referida no artigo 2º. Artigo 4º - Enquanto perdurar a necessidade de que o local seja preservado, não poderá este ser abandonado em qualquer hipótese, devendo ficar guarnecido por pelo menos um policial. Efetivadas as medidas atinentes à preservação do local, dever-se-á providenciar o registro no respectivo distrito policial. Artigo 5º - Deverão ser adotadas as seguintes normas, sob pena de responsabilidade: I - se o local for de difícil acesso, acionar o Corpo de Bombeiros; II - preservar o local, não lhe alterando a forma em nenhuma hipótese, incluindo-se nisso: a) não mexer em absolutamente nada que componha a cena do crime, em especial não retirando, colocando, ou modificando a posição do que quer que seja;
b) não revirar os bolsos das vestes do cadáver, quando houver; c) não recolher pertences; d) não mexer nos instrumentos do crime, principalmente armas; e) não tocar no cadáver, principalmente não movê-lo de sua posição original; f) não tocar nos objetos que estão sob guarda; g) não realizar a identificação do cadáver, a qual ficará a cargo da perícia; h) não fumar, nem comer ou beber nada na cena do crime; i) em locais internos, não usar o telefone, sanitário ou lavatório eventualmente existentes; j) em locais internos, manter portas, janelas, mobiliário, eletrodomésticos, utensílios, tais como foram encontrados, não os abrindo ou fechando, não os ligando ou desligando, salvo o estritamente necessário para conter risco eventualmente existente; k) tomar o cuidado de afastar animais soltos, principalmente em locais externos e, em especial, onde houver cadáver. Parágrafo único - a constatação do óbito da vítima torna desnecessária e prejudicial à investigação sua remoção para hospitais. SEÇÃO II Do Distrito Policial Artigo 6º - Recebida a comunicação da ocorrência por meio do CEPOL, a autoridade policial deverá certificar-se, no ato, se foram acionados o COPOM, o Instituto de Criminalística e o Instituto Médico-Legal, dirigindo-se imediatamente para o local. Parágrafo único - Se a comunicação for feita por particular, solicitar, via CEPOL, o apoio da Polícia Militar para efetuar a preservação da área nos moldes previstos no artigo1º.
Artigo 7º - Ao chegar ao local, além do estrito cumprimento às normas prescritas no Art. 5º desta Resolução, deverá a autoridade policial: I - verificar a natureza da ocorrência (homicídio, suicídio, morte natural, morte acidental, acidente de trânsito ou outra); II - tratando-se de crime, verificar se é de autoria conhecida ou desconhecida; III - sendo de autoria conhecida, confirmar o acionamento do Instituto de Criminalística; IV - tratando-se de homicídio de autoria desconhecida, acionar, imediatamente a Divisão de Homicídios, do DHPP que ficará incumbida de requisitar o exame necroscópico; V - tratando-se de crime contra o patrimônio, que deixou vestígios, acionar o Instituto de Criminalística, transmitindo os dados da ocorrência ao CEPOL que o retransmitirá ao DEPATRI. Artigo 8º - As comunicações realizadas deverão ser confirmadas por documento. Artigo 9º - Se a autoridade policial da área não puder, por motivo imperioso, comparecer ao local, deverá acionar, via CEPOL, o Delegado Operacional da Seccional respectiva e, na impossibilidade deste, a autoridade policial do Distrito Policial mais próximo do local. Artigo 10º - As autoridades policiais referidas no artigo anterior, uma ou outra, deverão comparecer imediatamente ao local e agir nos termos desta seção, informando, ao final, a autoridade policial da área, para formalização da ocorrência. SEÇÃO III Da Divisão de Homicídios do DHPP Artigo 11º - Chegando ao local de sua competência, a autoridade policial deverá acionar, via rádio, imediatamente, o carro de cadáver, mesmo antes de iniciar seus trabalhos de levantamento.
Artigo 12º - Desde que a equipe já esteja no local e constatando tratar-se de crime de autoria conhecida, o perito criminal deverá proceder à competente perícia, enviando ao Distrito Policial interessado o respectivo laudo. SEÇÃO IV Do Instituto de Criminalística Artigo 13º - Tomando conhecimento da existência da ocorrência de crime do qual resultou morte ou lesões corporais, em especial em via pública ou em casos de grandes tragédias, sendo óbvia a necessidade de realização de exame pericial, deverá o Instituto de Criminalística adotar providências imediatas para que seja designado perito criminal, o qual se dirigirá prontamente ao local, dando conhecimento ao CEPOL, para que este provoque a formalização da requisição do exame pericial. Artigo 14º - O Instituto de Criminalística deve dar prioridade máxima ao local com vítima fatal, em especial em via pública, comunicando o CEPOL, mesmo antes de iniciar seus trabalhos, para acionar o carro de cadáver e provocar a emissão de mensagem pelo Distrito Policial. Artigo 15º - Havendo necessidade de que perdure a preservação do local após a diligência preliminar, a fim de serem realizados exames complementares, deverá o perito criminal comunicar a necessidade aos policiais incumbidos do atendimento à ocorrência, bem como, incontinenti, ao distrito policial, zelando para que seja esta comunicação ratificada na forma documental, o mais breve possível. 1º - Perdurando a preservação do local após a diligência preliminar, continuam prevalecendo as normas prescritas no Art. 5º, ressaltando-se que, sequer entre os intervalos das diligências periciais, poderá ser admitido o acesso de qualquer pessoa estranha ao trabalho do Instituto de Criminalística. 2º - O perito criminal incumbido da realização da perícia do local deverá zelar para que este seja liberado o mais prontamente possível, devendo documentar a comunicação do ato, ficando certo que o retardamento injustificado da liberação do local acarretará pena de responsabilidade. Artigo 16º - Estando a equipe no local e constatando tratar-se de crime de autoria desconhecida, o perito criminal deverá proceder à competente perícia,
enviando o respectivo laudo à Divisão de Homicídios do DHPP, nos casos em que for acionada. SEÇÃO V Do Instituto Médico-Legal Artigo 17º - O Instituto Médico-Legal deve atender às solicitações de carro de cadáver feitas, também por rádio do CEPOL. SEÇÃO VI Dos Conceitos Artigo 18º - Local de crime é todo o sítio onde tenha ocorrido um evento que necessite de providência da polícia, devendo ser preservado pelo policial que comparecer até sua liberação pela autoridade. Artigo 19º - Local de crime interno é todo sítio que abrange ambiente fechado. Artigo 20º - Local de crime externo é todo sítio não coberto. Artigo 21º - Locais de crime relacionados são dois ou mais sítios interligados entre si e que se relacionam com um mesmo crime. Artigo 22º - Área imediata ao local de crime é aquela onde ocorreu o evento. Artigo 23º - Área mediata ao local de crime é aquela que cobre as adjacências ou cercanias de onde ocorreu o evento. SEÇÃO VII Das Disposições Finais Artigo 24º - A polícia como um todo e seus integrantes, individualmente, cada um dentro de sua parcela são responsáveis pelo rápido e correto atendimento de local de crime. Artigo 25º - Se o primeiro atendimento do local de crime for feito por policial civil, este ficará incumbido, em caráter excepcional, das providências de preservação até a conclusão da perícia técnica.
Artigo 26º - O rápido e correto atendimento do local de crime tem por objetivos contribuir para o sucesso da investigação criminal e minimizar a angústia das partes envolvidas. Artigo 27º - Qualquer ato que opere contrariamente ao interesse da sociedade, caracterizando o retardamento injustificado no atendimento à ocorrência, em que fase seja, será passível de sanção. Artigo 28º - A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, em especial a Resolução SSP-177, de 8/9/92 e a Resolução SSP-244, de 3/6/98. DOE 167, DE 2SET99).