Curso de Súmulas Vinculantes

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Transcrição:

2017 Curso de Súmulas Vinculantes Profs: Jessica Carvalho Lucinda Teresa

Apresentação do Curso Olá pessoal, tudo bem? Sejam bem vindos a nossa aula de Súmulas Vinculantes para concursos! O tema é de extrema importância para quem almeja conquistar um cargo público, sendo cobrado em provas de diferentes níveis de dificuldade, conforme mostraremos ao longo das aulas por meio de questões de concursos para técnico, analista, promotor, juiz, auditor fiscal etc.. Ou seja, não importa qual é o concurso desejado, algumas súmulas aparecerão na sua prova. Ao estudar cada súmula, no início logo será identificada a qual disciplina ela se refere e você já saberá se deve pular ou não. Por exemplo, a primeira súmula objeto do nosso estudo é referente a direito do trabalho, matéria que não deverá ser estudada pelo futuro Auditor Fiscal da Receita (pelo menos não por enquanto rs), mas que deverá ser priorizada pelo futuro Juiz do Trabalho. Cronograma de Aulas Aula Conteúdo Data Aula 00 - Conceito de Súmula Vinculante - Súmulas Vinculantes na CF/88. - Súmulas Vinculantes 1 e 2 (com exercícios) 07/06 Aula 01 - Estudo da Lei n. 11.417/06 - Questões de concurso - Conceitos básicos de Constitucional e Administrativo 14/06 Aula 02 - Súmulas Vinculantes 3 a 16 - Questões de concurso 21/06 Aula 03 - Súmulas Vinculantes 17 a 25 - Questões de concurso 28/06

Aula 04 Curso de Súmulas Vinculantes - Súmulas Vinculantes 26 a 34 - Questões de concurso 05/07 Aula 05 - Súmulas Vinculantes 35 a 43 - Questões de concurso 12/07 Aula 06 - Súmulas Vinculantes 44 a 52 - Questões de concurso 19/07 Aula 07 - Súmulas Vinculantes 53 a 56 - Questões de concurso 26/07 Apresentação Pessoal Fazendo uma breve apresentação, meu nome é Lucinda Teresa, trabalho como Auditora Fiscal na Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná, e na preparação para a carreira fiscal sempre tive dificuldade para encontrar um material que fosse, ao mesmo tempo, completo e conciso sobre súmulas vinculantes. Então tive a ideia de preparar essa ferramenta junto com a Advogada Jessica Carvalho, atuante na esfera Cível de modo a ajudar aqueles que estão na luta, entre eles, parentes e amigos. Então é isso, pessoal! Prontos para começar o curso? Todos preparados? Um grande abraço, Jessica e Lucinda

Conceito de Súmula Vinculante - Do latim, summula, o ponto mais alto, o ponto essencial, a autoridade suprema - A súmula vinculante (SV) é um instituto jurídico criado para acelerar as decisões de matérias que já foram amplamente discutidas pelo judiciário, pois evita-se que uma matéria que já é objeto de súmula vinculante passe por todas as instâncias judiciais e, ao fim de tudo, chegue à mesma conclusão no STF. Isso acontece porque o verbete vincula todos os demais órgãos da justiça e também a Administração Pública Direta e Indireta. Ou seja, quando a administração pública ou os demais órgãos do judiciário se deparam com uma questão objeto de súmula vinculante, eles devem seguir a orientação dela, não podendo agir diferente, em regra. Vamos a um exemplo. De tanto os Tribunais julgarem ações envolvendo a cobrança de taxa de matrícula por universidades públicas, foi editada uma súmula vinculante dando fim a essa prática e a entendimentos diferentes por parte da Administração Pública (no caso as universidades) e dos juízes, que ora decidiam pela manutenção, ora pela proibição dessa prática. Perceba que essa medida assegura o princípio da igualdade no julgamento, evitando que a mesma norma seja interpretada de formas distintas para situações idênticas, gerando distorções na aplicação da lei. O mecanismo foi criado ainda para desafogar o STF, evitando que o tribunal continuasse a analisar grande número de processos gerados pelo mesmo fato. Entretanto, se o juiz constatar a ausência de similaridade entre a matéria apreciada no processo e a matéria objeto da SV, ele pode a partir da fundamentação dos fatos decidir sobre a questão não aplicando a súmula. Quanto ao conceito de casos idênticos é de suma importância atentar para os fatos narrados no processo, visto que estes podem afastar a semelhança entre os casos, sendo determinantes na aplicação ou não da súmula em questão. Súmula Vinculante na CF/88 Quando a Constituição da República foi promulgada trazendo em seu art. 5º, XXXV: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito não se esperava que a demanda por justiça fosse tamanha a ponto de, com o tempo, colocar em descrédito o referido Poder, devido à mora na resolução dos litígios. Com o objetivo de reverter esse problema de deficiência na prestação jurisdicional em que se encontrava o Poder Judiciário, as súmulas vinculantes foram introduzidas no

ordenamento jurídico brasileiro por meio da Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, chamada de Reforma do Judiciário. Dispõe o texto do art. 103-A da Constituição Federal e de seus respectivos parágrafos: Constituição Federal de 1988 Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. Da análise do texto, percebemos que: A aprovação, revisão ou cancelamento de súmula vinculante compete exclusivamente ao STF, porém a provocação para que uma dessas ações aconteça é compartilhada com os legitimados para propor ADIN e outros que a lei definir (a Lei nº 11.417/06 - que será objeto de estudo da nossa próxima aula - acrescentou o Defensor Público-Geral da União e os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares. Aprovação, revisão ou cancelamento de SV: - STF - 2/3 dos membros - quórum qualificado (essa informação está na Lei 11.417/06)

Provocação para aprovação, revisão ou cancelamento de SV: Presidente Governador Procurador Geral da República (chefe do MP) Mesa do Senado Federal Mesa da Câmara dos Deputados Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF Conselho Federal da OAB Partido político com representação no Congresso Nacional Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional Defensor Público-Geral da União Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) Tribunais de Justiça Tribunais Regionais (TRF, TRT, TRE) Tribunais Militares Legitimados para propor ADIN Incluídos pela Lei n. 11.417/2006 A vinculação é contada da publicação na imprensa oficial, mas os efeitos podem ser modulados para momento posterior; Ainda em relação ao art. 103-A, deve-se frisar que o efeito vinculante não atinge: a) o próprio STF, b) o Poder Legislativo em relação à sua atividade legiferante! (Ou seja, o legislador pode editar lei com conteúdo contrário a qualquer súmula vinculante e nesse caso, a administração pública deve aplicar a lei ao invés da súmula). Um aspecto interessante é o fato de as súmulas serem editadas apenas quando há controvérsia entre órgãos do judiciário ou entre esses e a administração pública. Ou seja, não dá ensejo à edição de súmula vinculante controvérsia apenas entre órgãos da administração pública, pois necessariamente deve haver o envolvimento da justiça. Isso significa que reiterados processos administrativos sobre o mesmo assunto que ora são

decididos de uma forma, ora de outra, mas que não são levados à justiça, não são tema de súmula vinculante. Além disso, não podemos esquecer que é necessário que toda essa controvérsia de decisões acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos. Por fim, a CF/88 estabelece que cabe reclamação ao STF quando uma súmula vinculante é aplicada incorretamente ou não é aplicada no caso em que é cabível. Constituição Federal de 1988 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (...) l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões Art. 103-A. ( ) 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. Acontecendo isso, o STF: a) anula o ato administrativo ou b) cassa a decisão judicial, e determina que outra seja proferida. Cassada a decisão judicial anterior, a nova decisão ou ato administrativo pode ser com a aplicação da súmula, se na anterior ela não foi aplicada, ou sem a aplicação da súmula, no caso de ela ter sido aplicada incorretamente ao caso. Atenção A reclamação não é recurso, mas sim ação autônoma de impugnação de ato judicial.

Vamos então conhecer a primeira Súmula Vinculante!! SÚMULA VINCULANTE 1 Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela lei complementar nº 110/2001. (DIREITO DO TRABALHO) Primeiramente, destacamos que essa súmula trata de fatos ocorridos durante os anos de 1988 a 1990, portanto a sua importância é reduzida, especialmente em provas. Conforme comentamos, toda súmula vinculante surge diante de um cenário polêmico. Portanto, precisamos saber como tudo começou. O Enunciado nº 21 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, defendia a desconsideração do acordo firmado entre o trabalhador e a Caixa Econômica Federal, em relação ao saldo expurgado (corrigido) de FGTS, veja: O trabalhador tem direito ao crédito integral sem parcelamento, e ao levantamento, nos casos previstos em lei, das verbas relativas aos expurgos de índices inflacionários de janeiro de 1989 (42,72%) e abril de 1990 (44,80%) sobre os saldos das contas de FGTS, ainda que tenha aderido ao acordo previsto na Lei Complementar n. 110/2001, deduzidas as parcelas porventura já recebidas. O acordo mencionado trata-se do Termo de Adesão, o qual prevê que a Caixa credite nas contas vinculadas do FGTS o complemento de atualização monetária resultante da aplicação, cumulativa, dos percentuais de 16,64% e de 44,8%, (percentuais inferiores aos índices inflacionários reais) sobre os saldos das contas mantidas, no período de 1º de dezembro de 1988 a 28 de fevereiro de 1989 e no mês de abril de 1990: Lei Complementar 110/2001 Art. 4º Fica a Caixa Econômica Federal autorizada a creditar nas contas vinculadas do FGTS, a expensas do próprio Fundo, o complemento de atualização monetária resultante da aplicação, cumulativa, dos percentuais de 16,64% e de 44,8%, sobre os saldos das contas mantidas, respectivamente, no período de 1º de dezembro de 1988 a 28 de fevereiro de 1989 e durante o mês de abril de 1990, desde que: I o titular da conta vinculada firme o Termo de Adesão de que trata esta Lei Complementar; (...)

Em outras palavras, ao firmar o termo de adesão, o titular de uma conta vinculada do FGTS receberia um complemento da atualização monetária do FGTS, desde que firmasse o compromisso de não ajuizar uma pretensão em juízo para reclamar as diferenças de correção monetária dos expurgos do FGTS. Atualização monetária pelo termo de adesão à 16,64% e 44,8%, Atualização monetária real à 42,72% e 44,8% Para o STF, o aludido Enunciado é inconstitucional, uma vez que afasta, de ofício, ato jurídico perfeito e acabado (termo de adesão), contrariando a garantia prevista pelo inciso XXXVI do art. 5º da Constituição Federal de 1988, in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 5º (...) XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Também foi afastada a aplicação do Código de Defesa do Consumidor nesse caso, uma vez que o FGTS não possui natureza contratual, mas estatutária, decorrente da lei, Por fim, reforçou-se que os acordos foram facultativos e trouxeram fórmula que permitiu recursos ao pagamento de todos os correntistas, de acordo com índices legitimados pelo STF. Desse modo, aprovou-se na Sessão Plenária de 30/05/2007, o enunciado da Súmula Vinculante nº 1, consolidando entendimento de que a desconsideração, de ofício, do acordo firmado entre correntistas e a instituição Financeira, visando o recebimento de valores expurgados da conta de FGTS é inconstitucional. Em suma, o verbete vinculante vem desobrigar o Banco do pagamento, judicial, das correções dos saldos das contas relativas aos planos econômicos, consideradas no período de 1988 a 1990, com base no acordo fixado no termo de adesão realizado entre a Caixa Econômica Federal e o correntista. Então, após firmado o termo de adesão entre as partes, nenhuma decisão de instâncias inferiores ao STF poderá exigir que a CEF pague as correções dos saldos das contas de FGTS.

SÚMULA VINCULANTE 2 É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. (DIREITO CONSTITUCIONAL/ADMINISTRATIVO) Essa súmula é de fácil entendimento e de cobrança mais recorrente. Sua intenção é pacificar o entendimento de que toda lei ou ato normativo editado pelos Estados ou Distrito Federal sobre esse assunto será considerado inconstitucional pelo judiciário. Percebam que, pela súmula, não há proibição do Poder Legislativo Estadual ou Distrital legislar sobre consórcios, sorteios, bingos e loterias, pois vimos que a SV não vincula o Poder Legislativo ao seu entendimento. Porém, uma vez editada tal norma, estará sujeita ao controle de constitucionalidade quando confrontada no judiciário. Assim dispõe a Constituição Federal sobre o assunto: CF/88 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XX - sistemas de consórcios e sorteios; (...) Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Sempre a lei editada pelos Estados ou DF sobre o assunto será considerada inconstitucional? Depende! Pois sendo a competência privativa da União, ela pode autorizar os Estados a legislar sobre isso, desde que por meio de Lei Complementar. Nem de maneira complementar ou concorrente cabem aos Estados legislar sobre consórcios e sorteios, dependendo obrigatoriamente de autorização por Lei Complementar. Por último, é importante destacar que o STF estendeu a interpretação de consórcios e sorteios incluindo também bingos e loterias.

Vamos praticar? QUESTÃO 1 - Prova: XI Exame de Ordem da OAB (2013) Após reiteradas decisões sobre determinada matéria, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou enunciado de Súmula Vinculante determinando que é inconstitucional lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. O Estado X, contudo, não concordando com a posição do Supremo Tribunal Federal (STF), edita lei dispondo exatamente sobre os sistemas de consórcios e sorteios em seu território. A partir da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. a) O Supremo Tribunal Federal (STF) poderá, de ofício, declarar a inconstitucionalidade da norma estadual produzida em desconformidade com a Súmula. b) Qualquer cidadão poderá propor a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante que, nesse caso, será declarada mediante a decisão de dois terços dos membros do Supremo Tribunal Federal (STF). c) É cabível reclamação perante o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a validade da lei do Estado X que dispõe sobre os sistemas de consórcios e sorteios em seu território. d) A súmula possui efeitos vinculantes em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, mas não vincula o Poder Legislativo na sua atividade legiferante. Comentários: Essa questão exige amplo conhecimento de controle de constitucionalidade, porém seria facilmente resolvida caso você lembrasse uma informação que vimos nessa aula: a súmula não possui efeitos vinculantes para o Poder Legislativo na sua atividade legiferante! A alternativa A está incorreta. No Brasil, o exercício do controle de constitucionalidade é exercido de forma mista, na medida em que comporta tanto o controle difuso quanto o controle concentrado. O controle difuso é aquele que poder ser exercido por qualquer juiz ou tribunal no exercício da jurisdição. Nesse caso, tem-se um processo constitucional subjetivo, pois as partes litigam em juízo pelo reconhecimento de algum direito, sendo sua finalidade principal a

defesa de direitos, e não a declaração de inconstitucionalidade da lei. Para avaliar a procedência ou improcedência do pedido, o julgador pode aferir incidentalmente a constitucionalidade de determinado ato normativo. Assim, em face de o controle difuso ter como uma de suas características a aferição meramente incidental da constitucionalidade, a compor a fundamentação da decisão, prevalece no STF que ele pode ser feito até mesmo de ofício. Mas essa regra não vale no controle concentrado com finalidade abstrata, que é exercido com exclusividade pelo STF no Brasil, formando um processo constitucional objetivo, voltado à defesa da supremacia formal da Constituição, e não de direitos subjetivos de particulares. No controle concentrado, portanto, o objeto da ação é a aferição da compatibilidade do ato normativo do Poder Público (objeto) com a Constituição (parâmetro). Nesse caso, pressupõe-se que o STF não poderá declarar a inconstitucionalidade de lei de ofício, sendo necessária a provocação por algum dos atores legitimados à propositura da ADIN, elencados no rol do art. 103 da CF/88. (revise a tabela de legitimados). A alternativa também está incorreta ao afirmar que o STF pode declarar a inconstitucionalidade da norma produzida em desconformidade com a Súmula. Veja bem, o STF deve ter como parâmetro para declaração de inconstitucionalidadede da lei a Constituição da República, e não as súmulas. Essas não equivalem a normas constitucionais, não podendo servir como parâmetro de controle. Conforme vimos, a defesa do cumprimento de súmula vinculante deve ser feita por meio da reclamação, ação autônoma de impugnação de ato judicial A alternativa B está incorreta. Já conhecemos o rol de legitimados, não estando entre eles qualquer cidadão, senão vejamos: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - o Procurador-Geral da República; V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VII - partido político com representação no Congresso Nacional; VIII - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional; IX - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 2) Legitimados da Lei 11.417/06 (assunto da próxima aula): VI - o Defensor Público- Geral da União; XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares. A alternativa C. também está incorreta. Pela questão, seria cabível reclamação para questionar a validade de uma lei. Porém, conforme dispõe a Constituição em sua alínea l do inciso I do art. 102, a reclamação é cabível para:

a) preservação da competência do STF, b) garantir a autoridade de suas decisões. A jurisprudência do STF tem corroborado esse entendimento, não sendo possível questionar a validade de uma lei ou ato normativo por meio de reclamação. A alternativa D é a correta. Nos termos do 2º do art 102 da CF/88, a súmula possui efeitos vinculantes em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. QUESTÃO 2 - Juiz de Direito Substituto de Carreira - TJ/MS (2008) - FGV No que tange à competência constitucional dos entes da Federação, é incorreto afirmar que: a) é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. b) é inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. c) compete aos Estados e ao Distrito Federal legislar, concorrentemente com a União, sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico, urbanístico, limitandose à competência da União, nesses casos, estabelecer normas gerais. d) a lei federal é hierarquicamente superior à lei estadual, somente não prevalecendo se houver norma constitucional estadual no mesmo sentido. Igualmente, a lei estadual é hierarquicamente superior à lei municipal, e só não prevalece se houver norma na Lei Orgânica municipal no mesmo sentido. e) mediante lei complementar, pode a União Federal autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias de sua competência privativa. Comentários: A alternativa A está correta. Veja o que diz o inciso I do art. 30 da Carta Magna: Art. 30 - Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local; Assim, é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. O STF editou duas súmulas que corroboram tal entendimento: 419. Os municípios têm competência para regular o horário de comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas. 645. É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. A alternativa B está correta, pois é exatamente o enunciado da Súmula vinculante n. 2 estudada nessa aula. STF Súmula Vinculante nº 2 É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. A alternativa C está correta, pois a questão combina exatamente o estabelecido no 1º e no inciso I, ambos do art. 24 da CF/88: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. A alternativa D é a incorreta, visto que a lei federal não é hierarquicamente superior a lei estadual. A alternativa E também está correta. É o que dispõe o parágrafo único do art. 22 da CF: Art.22 (...) Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Ficamos por aqui. Bons estudos e até a próxima aula!