Uso de recursos lúdicos na assistência à criança hospitalizada: relato de experiência

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Transcrição:

Revista Intercâmbio - vol. X - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 238 Uso de recursos lúdicos na assistência à criança hospitalizada: relato de experiência Ana Augusta Maciel de Souza 1 Mirela Lopes Figueiredo 2 Patrícia Fernandes do Prado 3 Simone Guimarães Teixeira Souto 4 INTRODUÇÃO A hospitalização é vista como uma situação extremamente perturbadora na vida de qualquer ser humano e tem contornos especiais quando se trata de um acontecimento na infância, pois as crianças ficam imersas em um ambiente novo, repleto de restrições e rotinas, com pessoas desconhecidas. Além disso, são submetidas a procedimentos geradores de medo e dor (SOUZAet al., 2011). O planejamentodo cuidado a essa clientela deve garantir o respeito e a dignidade da criança e de sua família em todas as etapas, incluindo-se a atenção não somente à saúde física, mas também aos cuidados com as necessidades emocionais e sociais que o infante apresenta, considerando-o como um ser em crescimento e desenvolvimento cuja autonomia deve ser incentivada (VASQUES et al., 2014). Para amenizar osfatores traumáticos e estressantes decorrentes da hospitalização, inserir atividades lúdicas como uma forma de cuidado é uma das estratégias de humanização que podem também influenciar de forma positiva no progresso do tratamento ao longo da internação (BEUTER, 2004).O brincar é um direito de toda criança e ativa o seu desenvolvimento sensório-motor e intelectual, assim como o processo de interação social com as pessoas. Quando uma criança brinca, ela libera sua capacidade de inventar e criar um mundo, tornando-a mais 1 Mestre em Ciências. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros. Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. ana.maciell@hotmail.com 2 Mestre em Ciências. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros. Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. mirelalfigueiredo@yahoo.com.br. 3 Mestre em Ciências da Saúde. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros. Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. patyfprado@uol.com.br 4 Mestre em Ciências. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros. Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. sigtei@yahoo.com.br

Revista Intercâmbio - vol. X - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 239 alegree propicia melhores condições para a recuperação, facilitando a comunicação do profissional com o pequeno paciente(marinelo; JARDIM, 2013). Foi pensando nos desafios e problemas inerentes à hospitalização das criançasque foi criado em 2016, o projeto de extensão: Pró-brincar: programa de atenção integral à criança hospitalizada do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros. O projeto tem como principal objetivo utilizar o lúdico como recurso terapêutico na assistência ás crianças internadas nos hospitais de Montes Claros, assegurando o respeito aos preceitos do cuidado atraumático e da Política Nacional de Humanização. Para o desenvolvimento das atividades, o projeto promove a inserção do Brinquedo Terapêutico (BT), como uma forma de cuidado, visando propiciar que as informações sejam passadas para as crianças como algo que faz parte do seu cotidiano, como é o brincar. Nesses casos, o uso do brinquedo é um instrumento fundamental na assistência à criança por ser uma prática integradora, tornando suapermanência mais agradável e descontraída ao aliviar sua ansiedade. Portanto, o brincar passa a ser visto como um espaço terapêutico capaz de promover não só a continuidade do desenvolvimento infantil, como também a possibilidade de, através dele, a criança hospitalizada melhor elaborar esse momento específico em que vive (RAMOS; OLIVEIRA, 2008). A contação de histórias nas unidades de internação pediátrica é outra estratégia de humanização desenvolvida pelo projeto, proporcionando à criança hospitalizada um momento de relaxamento, de descontração e equilíbrio, promovendo o seu bem estar físico, emocional, intelectual e social,e criando condições favoráveis para tornar sua recuperação mais fácil. Nestetrabalho, propomosapresentar as atividades realizadas pelo projeto a fim de compartilhar a experiência da prática do brincar na rotina das instituições hospitalares pediátricas como instrumento facilitador do cuidado e da humanização. METODOLOGIA Trata-se deum estudo descritivo do tipo relato de experiência de um grupo de docentes que participam do projeto de extensão Pró-brincar: programa de atenção integral à criança hospitalizada, sobre as ações lúdicas desenvolvidas em unidades pediátricas de dois hospitais de Montes Claros, MG.

Revista Intercâmbio - vol. X - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 240 As ações são realizadas semanalmente nas pediatriasdos Hospitais Nossa Senhora das Mercês e Clemente de Faria, onde previamente a equipe planeja as atividades. O projeto conta comdiscentes voluntários e docentes do curso de Enfermagem. Estratégias de abordagemcom a criança cujofoco é a comunicação foram trabalhadas com os acadêmicos participantes do projeto com o objetivo de que, como um futuro profissional, tenham subsídios para prestar uma assistência adequada às necessidades da criança. Foi realizado treinamento com oficina preparatória, aula teórica e discussões de artigos científicos. Para a implementação da atividade do Brinquedo Terapêutico utiliza-se brinquedoscomo bonecos de pano representativos da família e profissionais de saúde, materiais hospitalares, como agulhas, seringas, equipos, gaze e esparadrapo. Além disso, também utiliza-se objetos infantis representativos do cotidiano da criança, como panelas, fogão, espelho, telefone, animais, entre outros.a brincadeira pode ser realizada na brinquedoteca, na enfermaria ou outro local que seja conveniente, com a finalidade de promover bem-estar psicofisiológico dessa clientela. A técnica do BT pode ser classificada em três tipos: dramático ou catártico, que possibilita a descarga emocional; instrucional, que objetiva explicar os procedimentos a que a criança será submetida e capacitador de funções fisiológicas, que permite que a criança seja capacitada para utilizar suas funções de acordo com seu desenvolvimento (RIBEIRO; ALMEIDA; BORBA, 2008).As sessões do BT necessitam de um profissional para direcionar a criança, não devem ultrapassar de 15 a 45 minutos e podem ocorrer desde o momento da internação (MELO; LEITE, 2008). Para aatividade decontação de histórias nas unidades de internação pediátricasão selecionadas algumas obras de Rubem Alves, da Coleção "Estórias para pequenos e grandes". Cada sessão tem a duração em média de 50 minutos, dividida em três momentos: contação em grupo, discussão do conteúdo moral de cada tema e das impressões causadas pelo texto através da verbalização das crianças e acompanhantes e representação de elementos essenciais da história utilizando-se recursos como desenhos, massa de modelar, entre outros. Antes de

Revista Intercâmbio - vol. X - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 241 iniciar a contação nas unidades, é realizado o convite para as crianças e acompanhantes nos quartos para a participação da atividade de leitura. O local de contação é organizado pelos acadêmicos e docentes. O projetoatendeu ao preconizado pela Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012) que envolve seres humanos, com a aprovação pelo comitê de ética e pesquisa da UNIMONTES, parecer nº 2885 que tem como foco além da extensão, a pesquisa e o ensino. RESULTADOS Entre2016e setembro de 2017foram abordadas491 pessoas entre crianças e acompanhantes que participaram de ações desenvolvidas pela equipe do projeto.por meio das atividades realizadas, foi possível perceber como as brincadeiras terapêuticas têm contribuído para humanizar o ambiente hospitalar. Utilizando o lúdico como estratégia, é possível desmistificar a imagem do hospital como um espaço solitário para um espaço mais humanizado e de integração, onde haja vida, alegria, solidariedade humana e encontros entre as pessoas que proporcionem troca de experiências. Nos encontros, em que seutilizou o Brinquedo Terapêutico, foi observado uma mudança significativa no comportamento das crianças entre o antes e o depois da atividade. O uso desse método permite ao infante uma maior autonomia, por se tornar sujeito na condução do brincar, proporciona melhor compressão e aceitação dos procedimentos a serem realizados, alívio da tensão decorrente da hospitalização e melhor relação com a equipe de saúde, além de possibilitar aos pais melhor conhecer a capacidade de seus filhos e tranquilidade na assistência prestada, o que contribui para a humanização do cuidado (RIBEIRO; BORBA; MAIA, 2013). A práticadecontar histórias é uma ferramenta essencial que também provou ser um elemento propulsor e facilitador de comunicação e humanização. Essa estratégia contribui para que o ambiente hospitalar, considerado como lugar de doença, se torne um ambiente alegre. Favorecendo a aprendizagem, estimulando a leitura, o acesso às histórias infantis e aos livros propiciando uma boa interação com os contadores de história, que passam a ser importantes no processo de enfrentamento da doença e busca pelo restabelecimento da saúde. Mesmo com

Revista Intercâmbio - vol. X - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 242 as limitações físicas e clínicas provenientes da doença, a criança ou adolescente hospitalizados interagem frente à história e conseguem conviver melhor com sua enfermidade e com o processo de internação (SOUSA; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2012). Dessaforma,o lúdico, enquanto medida terapêutica promove a continuidade do desenvolvimento infantil, permitindo que os traumas da hospitalização não deixem marcas permanentes. Reduz a tensão, a raiva, o conflito, a frustração e ansiedade, permitindo maior interação com a equipe de saúde, para que seja atingido o principal objetivo, que é a recuperação da saúde da criança doente. Diante do lúdico a criança aceita melhor o tratamento e dele obtém melhores resultados (MEDEIROSet al., 2013). Concomitante aisso, a consolidação dessas práticas no interior do ambiente hospitalar é de fundamental importância para o discente conscientizar-se de seu compromisso político e social e, portanto, compreender que o ensino não está desarticulado com a pesquisa e a extensão. Assistir a criança em situação de adoecimento e em ambientes, tradicionalmente, não indicados para realização de vivências lúdicas, possibilita ao estudante que novos conhecimentos sejam construídos e re-significados, propiciando a socialização dos discentes no meio acadêmico e comunitário. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso do lúdico no ambiente hospitalar é um importante recurso terapêutico para a recuperação das crianças internadas e deve fazer parte da assistência humanizada de enfermagem, contribuindo para o bem-estar dos pacientes e de seus acompanhantes. Esperamos comas ações desenvolvidaspeloprojeto,contribuir para o aprimoramento da humanização do atendimento hospitalar, ajudando as crianças internadas a restabelecerem sua saúde, de maneira menos traumática, tornando, mais agradável à sua permanência no hospital e de sua família. REFERÊNCIAS

Revista Intercâmbio - vol. X - 2017/ISNN - 2176-669X - Página 243 BEUTER, M. Expressões lúdicas no cuidado: elementos para pensar/fazer a arte da enfermagem. 200, p.196. Tese (doutorado) Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem Anna Neri, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Estabelece diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília; 2012. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html> Acesso em 20 set. 2017. MARINELO, GS; JARDIM, DP. Estratégias lúdicas na assistência ao paciente pediátrico: aplicabilidade ao ambiente cirúrgico. Rev. SOBECC, São Paulo. abr./jun. 2013; 18(2): 57-66.Disponível em: <http: www.server02.facene.com.br. MEDEIROS, CML; LACERDA, ORM; SOUZA, IVB; LUCENA, ALR; MARQUES, DKA. O lúdico no enfrentamento da hospitalização: percepção da família. Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança, 2013;11(2): 116-30. Disponível em: <http: www.server02.facene.com.br... download... 2Fhome 2Fdeployer 2Fsiste... >. Acesso em 24 set. 2017. MELO, LL.; LEITE, TM. O brinquedo terapêutico como facilitador na adesão ao tratamento de diabetes mellitus tipo 1 na infância. Pediatria Moderna, São Paulo, v. 44, n. 3, p. 100-103, 2008. RIBEIRO, CA.; ALMEIDA, FA.; BORBA, RIH. A criança e o Brinquedo no Hospital. In: ALMEIDA, F. A.; SABATÉS, A. L. (Org.). Enfermagem pediátrica: a criança, o adolescente e sua família. São Paulo: Manole, 2008. p. 65-77. RIBEIRO, CA; BORBA, R. I. H; MAIA, EBS. O preparo da criança e da família para procedimentos terapêuticos. In: In: Associação Brasileira de Enfermagem; GAÍVA, MAM; RIBEIRO, CA; RODRIGUES EC, organizadores. PROENF Programa de Atualização em Enfermagem: Saúde da criança e do Adolescente: Ciclo 8. Porto Alegre: Artmed/Panamericana; 2013. p.9-49. SOUSA LD, GOMES GC, SILVA MRS, SANTOS CP, SILVA BT. A família na unidade pediátrica: percepções da equipe de enfermagem acerca da dimensão cuidadora. CiêncEnferm. 2011;17(2):87-95. Disponível em:<http://www.scielo.cl/pdf/cienf/v17n2/art_10.pdf>. Acesso em 15 set. 2017. SOUSA, MP; NASCIMENTO, AR; ARAUJO, HML. Projeto era uma vez: promovendo a educação e humanizando o atendimento de crianças hospitalizadas com a contação de histórias.2012. Disponível em: <http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/comunicacao_19.pdf>.ace sso em 15 set. 2017. VASQUES, RCY; CASTILHO, AMCM; BOUSSO, RS; BORGHI, CA; SAMPAIO, OS. Dando voz às crianças: considerações sobre a entrevista qualitativa em pediatria.reme Rev Min Enferm. 2014; 18(4):1016-20. Disponível em: http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20140075. Acesso em 15 set. 2017.