ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO Pedido de Providências - 23/2004 ^Id: 100299 ^Solicitante: ^ANOREG - Associação dos^notários^e^^registradoresdo Estado de Mato Grosso Vistos. Cuida-se de consulta, processada como Pedido de Providências, formulada pela^anoreg- Associação dos^notários^e^^registradoresdo Estado de Mato Grosso, com fundamento no ^art. 38 da Lei 8.935/94, na qual indaga sobre as providências a serem adotadas pelos oficiais de registro imobiliário do Estado de Mato Grosso, por força das novas exigências^e^ dúvidas surgidas para a aplicação da Lei 10.267/2001^e^ seus posteriores normativos. Com a peça inaugural vieram vários documentos, entre eles as cópias da Lei 10.267/2001, do Decreto 4.449/2002^e^os provimentos das ^Corregedorias de Justiça dos Estados de São Paulo^e^Mato Grosso do Sul acerca do tema, os quais têm como desnecessário o processo de retificação do^art. 213 da Lei de Registros Públicos, desde que atendidos os requisitos^e^critérios dos ^ 3 o a 8 o, do^art. 9 o, do Decreto 4.449/2002, estabelecendo mais celeridade ao ato quando não houver conflito de interesses. ^É^ a síntese do necessário. Decido. Conforme se observa no texto do Decreto ^n. 4.449/2002, que regulamenta a Lei 10.267/2001, mais precisamente na leitura do^art. 9 o^e^ seus parágrafos, somado ao valoroso auxílio dos estudos^e^ normas ^colacionados a este expediente,^é^perfeitamente coerente o entendimento de que se o imóvel rural - quando previamente ^georreferenciado perante o^incra, acompanhado de todos os ^docwéntos previstos no^art.9 o, 5 o, do^dec.4.449/2002^e^no ^art. 176, 3 o,^dpxtífci 10.267/2001,^e^da declaração de que foram respeitadas as divisas do imóvel^e^os direitos de todos os^confrontantes- apresentar área real divergente, para mais ou para menos, da área intitulada anteriormente, mas que ^Ç!) ^KtCLBl 2 1^JUL2004 ^ANOREG ^'^ ^^^^^ ^Mt A as.: ANEXE A
ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO não extrapole os limites previstos em lei, poderá ser regularmente averbado, independentemente da interferência judicial. Essa compreensão, sobre a qual parece não haver dúvidas por parte da^requerente/consulente,uma vez que esta só deseja saber como se deve proceder quando forem encontradas superfícies com divergências superiores a 5% (cinco por cento),^é^a que se extrai da atenta leitura do^art.9,^ 3 o^e^4, do Decreto 4.449/2002, como se vê a seguir: ^" 3 o Para osfins^e^efeitos do 2 do^art. 225 da Lei^n 6.015, de 1973, a primeira apresentação do memorial descritivo segundo os ditames do 3 o do^art.176^e^do 3 o do^art.225 da mesma Lei, ^e^ nos termos deste Decreto, respeitadas as divisas do imóvel^e^ os direitos de terceiros^confrontantes,não caracterizará irregularidade impeditiva de novo registro, devendo, no entanto, os subseqüentes estar rigorosamente de acordo com o referido 2 o, sob pena de incorrer em irregularidade sempre que a caracterização do imóvel não for coincidente com a constante do primeiro registro de memorial ^georreferenciado, excetuadas as hipóteses de alterações expressamente previstas em lei." ^" 4 o Visando a finalidade do 3 o,^e^ desde que mantida a descrição das divisas do imóvel^e^ os direitos de terceiros^confrontantes, não serão opostas ao memorial ^georreferenciado as ^discrepâncias de área que não excederem os limites ^preceituados na legislação vigente." (destaquei) Tem-se, assim, que, na interpretação harmoniosa dos aludidos parágrafos com o 8 o do mesmo artigo, deverá o oficial encaminhar ao juiz de direito competente para o processo de retificação previsto no^art.213 da Lei 6.015/73, sempre que as ^discrepâncias de área encontradas no memorial descritivo do imóvel^georreferenciadoexcederem os limites^preceituadosna legislação vigente ou quando não forem apresentadas as declarações constantes do 6 o^e^a certidão prevista no I o. Muito embora tenha sido intenção do legislador, por meio do Decreto 4.449/2002, criar uma modalidade de retificação mais ágil, dependente apenas da anuência dos^oolifínantes^e^da certificação da inexistência de sobreposição da ^pougonal pelo ^INCRA, tenho que essa forma menos burocrática, que^disfíerma intervenção judicial, deve ocorrer nas situações em que a divergência de^árejsfor insignificante, tanto que tolerada pela própria lei, ^RLC.KBÍ 2 1^JUL2004 ANO ^Rbt MT Asa.: ANEXE ^ i
ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO sob pena de se retirar do crivo judicial matéria de relevância^e^necessária segurança jurídica. Sobre o tema, faz-se oportuno registrar aqui o entendimento de ^Walter^Ceneviva,em sua obra "Lei dos Registros Públicos Comentada": "A intervenção judicial necessária^e^a imprescindível ouvida do Ministério Publico se ajustam^à^garantia do direito real. A ^rctificabilidade do registro^é^conveniente, desde que subordinada a rigorosos limites de controle judicial. O Ministério Público intervém como fiscal da lei", (destaquei - 15 a edição. São ^Paulo:Saraiva. 2002,^p.427) A cautela sugerida pelo jurista na retificação do registro resulta ainda mais evidente quando ele argumenta que mesmo nos casos de "erro evidente", em que a retificação poderá ser feita pelo próprio oficial^(art. 213, I o, da Lei 6015/73), não está este autorizado a corrigir de ofício: "Mesmo que o oficial conheça de erro grave não tem autorização legal para corrigi-lo por iniciativa própria. Pode, todavia, no cumprimento de seu dever funcional, denunciar a falha, mediante promoção a seu juiz corregedor, ao qual incumbirá determinar ciência ao interessado.^inexisteprevisão legal para o procedimento sugerido, mas a solução se ajusta^à^função pública do oficial ^e^ aos fins de autenticidade, segurança^e^eficácia dos atos jurídicos, a que se destinam os registros públicos^(art.1 )" (destaquei -^oh.^dt.,^p.429-430) Assim, com o advento do Decreto 4.449/2002^e^a despeito da iminente modificação do texto da Lei de Registros Públicos - que, ao que parece, ampliará a competência do Oficial do Registro de Imóveis ^-, tem-se, por ora, que apenas nas ocasiões em que as divergências de áreas forem iguais ou inferiores a 5% (cinco por cento), para mais ou para menos,^é^ que se poderá efetuar a ^averbação do imóvel rural com dispensa de procedimento administrativo de retificação que implique na intervenção judicial, independentemente do que prescreve o item 12.1.28 da^cngcgj/mt,que deve ser adequado às normas^recentes^enquanto não alterado. Por fim,^c^prúngoem parte do entendimento esposado nestes autos de que o ^disposta-río ^krt. 500 do Código Civil não se aplica^à^ matéria em comento, uma vez que a fração lá utilizada, embora refira-se especificamente ^à^ transação entre ^as ( taartei envolvidas em ato negociai^e^na venda^ad^corpus.^é 2 1^JUL^iQOfc ^ANORtG ^- 1 MT ^A««.: ^ANfiTE
^[YJLX)^4O ^'vuo>uíjl0nu H l ESTADO DE MATO GROSSO PODER.JUDICIÁRIO OFÍCIO ^N ^766/04-CGJ-SUP Cuiabá, 19^dejulhode 2004. Senhora Presidente: De ordem superior, encaminho a Vossa Senhoria, para conhecimento, cópia da decisão proferida pelo ^Exmo. Sr.^Des.^MARIANO^ALONSO RIBEIRO TRAVASSOS, Corregedor Geral da Justiça, nos autos do Pedido de Providências ^n 23/2004, concernente ao procedimento a ser utilizado para registro de imóveis rurais, em face da Lei federal^n 10.267, de 28/08/01, regulamentada pelo Decreto^n 4.449, de 30/10/02, que alterou a redação dos artigos 176^e^225 da Lei de Registros Públicos. Respeitosamente, ^Bel a. ANGELA^CRISTÍKAPAES FARIAS ^MATIS ^SupervisoraMa-Secretaria da ^Corregedoria ^RECKBl 2 1 ^JUL 2004 ANO ^REC MT Ilustríssima Senhora ^Bel'. ^NIZETE ^ASVOLINSQUE * Presidente da Associação dos^notários^e^^registradoresdo Estado - ^ANOREG-MT ^CUIABÁ-MT ^PP 23/2004^(M.100299) ^SAMTS/samts ^Corregedoria Geral da Justiça - Centro Político^e^ Administrativo - ^CPA-Caixa Postal^n 1071-CEP 78050-970-Cuiabá-Mato Grosso Telefones: ^(oxx)65-617.311673117/3118/3251 ^e3142(fex) ^-e-mail: concgedoria.dof@tj.mlgov.br
ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO eventualmente mencionada, por analogia, como parâmetro para os limites permitidos na alteração de áreas. Em face do exposto, determino seja expedido^e^ encaminhado ofício circular a todos os^notários^e^^registradores dos Cartórios de Registro de Imóveis deste Estado, para ciência desta decisão, arquivando-se, em seguida, o presente feito, com baixas^e^ anotações de costume. Remeta-se cópia^à^^consulente. Publique-se. Cumpra-se. ^Cuiabá-MT, 13^dejulhode 200 ^DES.^MARIANO^ALONSORIBEIRO TRAVASSOS ^Corregedor-Geral da Justiça ^KH ^.KBÍ 2 1^JUL2004 ANO ^REG - MT A»».; ANEXE
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR CORREGEDOR GERAL DE JUSTIÇA DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO ^CorrwdoV» ^Sar.l da ^Juitica Datai 81/86/84 16:11 ^NUBÍBTM-B-GOJ'* 4 ^ANOREG-MT - ASSOCIAÇÃO DO^NOTÁRIOS^E^ ^REGISTRADORES DO ESTADO DO MATO GROSSO, por meio dos procuradores subscritos, com fulcro no artigo 38 da Lei 8.935, de 18/11/1994, vem, perante Vossa Excelência, interpor PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS face aos motivos a seguir ^elencados: 1. Considerando que a Lei ^n 10.267. de 28/08/2001, regulamentada pelo Decreto^n 4.449, de 30/10/2002, alterou a redação dos artigos 176^e^225 da Lei de Registros Públicos. 2. Considerando que tais modificações introduziram novos procedimentos na sistemática dos registros, em especial tratando-se de imóveis rurais. ^*rt
3. Considerando que a agricultura ^e^ a pecuária estão dentre as principais atividades econômicas do estado de Mato Grosso, introduzindo um novo conceito de relações econômicas definidas como ^"agronegócios", por conseqüência estas atividades necessitam dos serviços das serventias de registros de imóveis, na busca da garantia da publicidade, autenticidade, segurança^e^ eficácia de seus atos jurídicos. 4. Considerando existirem questionamentos sobre quais os procedimentos que deverão ser adotados pêlos oficiais de registro de imóveis para identificação^e^^averbação de áreas rurais quando na execução dos serviços de ^georreferenciamento, face às exigências das normas supracitadas, forem encontradas superfícies com divergências superiores a ^5%(cinco por cento), para mais ou para menos, considerando esse percentual sobre a área anteriormente titulada, em atenção especial ao parágrafo 3 o^e^ 4 o, do artigo 9 o, do Decreto 4.449, de 30 de outubro de 2002. 5. Considerando existirem dúvida quanto ^à^ aplicação do artigo 500 do Código Civil^à^ espécie, bem como o disposto no capítulo 12.1.28 do^cngcgjmt por ser anterior a Lei ^n 10.267, de 28/08/2001, 6. Considerando que tal matéria já foi solucionada pela ^Corregedoria de Justiça do Estado de São Paulo através do Provimento CG ^N 09/2004, bem como pela ^Corregedoria de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul pelo
Provimento ^n 03, de 31 de março de 2004, onde tratam das situações acima questionadas entendendo ser desnecessário o processo de retificação do artigo 213 da Lei de Registro Públicos, quando atendidos os requisitos^e^critérios dos parágrafos 3 o a 8 o, do artigo 9 o, do Decreto 4.449/2002, estabelecendo um processo mais célere de retificação quando não há conflito de interesses. Confiante no sábio discernimento desta Egrégia ^Corregedoria Geral de Justiça ^e^ ante ao exposto, a ^ANOREG/MT solicita de Vossa Excelência quais as providências a serem adobadas pelos oficiais de^reglsiro imobiliário do Estado de Mato Grosso por força das novas exigências^e^ dúvidas surgidas perante a aplicação da Lei 10.267/2001 ^e^ seus posteriores normativos. Cuiabá, I o de junho de 2004. ^ÍA^A^WW^fiM^LSg&RlHHO ^ragabo DANIEL ^FRANSOSI ADVOGADO