negócios é Portugal Um castelo a reboque do automóvel Mais fortes no apoio às empresas e negócios.

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Transcrição:

TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 negócios é Portugal CÂMARA MUNICIPAL PALMELA NÃO É SÓ AUTOMÓVEL. TEM MUITO POR ONDE CRESCER AGROALIMENTAR O MILAGRE DO FRIO A PRODUZIR FRUTOS DE VERÃO Um castelo a reboque do automóvel A fábrica da Autoeuropa garante o destino de Palmela como segundo concelho mais exportador do país. Publicidade Mais fortes no apoio às empresas e negócios. O Santander e o tecido empresarial de Palmela, mais fortes para o futuro. pt.santanderadvance.com

2 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 RETRATO Um castelo a reboque da indústria automóvel No ano passado, Palmela viu mais de 2,5 mil milhões de euros saírem do país em bens. A Autoeuropa, claro, está no topo da lista do segundo maior exportador nacional. RÚBEN SARMENTO Infografia TERÇA-FEIRA 1 991. A joint-venture entre a Ford e a Volkswagen ditava uma mudança radical nos destinos de Palmela e na vida económica portuguesa. Vamos ter o maior projecto industrial de sempre, garantia Faria de Oliveira, ministro do Comércio e do Turismo, naquele Verão. Como estaria hoje o concelho sem a Autoeuropa, o gigante que nasceu de um dos maiores investimentos estrangeiros em solo portuguêsequeestimulouacriaçãode um parque com 19 fábricas fornecedoras? Em2006(jádepoisdasaídada Ford de Portugal), o concelho superava pela primeira vez os 2.000 milhões de euros em exportações, mas a linha do comércio internacional não se desenhousempre em crescendo. A maior quebra registou-se entre 2008 e 2009 (de 2,1 mil milhões para1,75 mil milhões), coincidindo com o ano fatídico em que aeconomiamundial começou atremer.depoisdareduçãoem173 milhões de euros entre 2015 e 2016, no ano passado, as exportações voltaram a recuperar para 2,55 mil milhões. Em2016 aindaaproduçãodo novot-rocnãohaviacriadooalvoroço que tem resultado num longo 30 OUT 2018 processodenegociaçõesentreaadministração e os trabalhadores a Volkswagen Autoeuropa facturou maisde1,5milmilhõesdeeuros,segundoosdadosqueainformad&b forneceu ao Negócios. É ela que lidera as contas e foi à sua volta que cresceramasmaioresexportadoras do concelho e, à boleia, seis países NOTA: A elaboração do ranking resulta da metodologia de análise da Informa D&B. A informação financeira considerada é baseada no balanço e demonstração de resultados individual e respectivos anexos financeiros publicados e existentes na base de dados Informa D&B. As empresas foram classificadas em 13 sectores de actividade, excluindo-se o sector financeiro e a Administração Pública, assim como as entidades sem empregados e as empresas offshores. Foram excluídas as empresas que não publicaram ou disponibilizaram a informação necessária. São apenas consideradas as empresas que se encontram activas. NEGÓCIOS É PORTUGAL 3 queneletêminvestido,posicionando-ocomoosegundomaiorexportador nacional. A Alemanha (Volkswagen Autoeuropa e ContinentalTeves),aDinamarca(Hempel), a Austrália (Amcor), a Coreia do Sul (Hanon Systems), a França (Faurecia)eaEspanha(Sociedade Luso Espanhola de Metais) são os combustíveis que empurram os contentores paraforado país. Os dez maiores volumes de negócios do concelho, porsuavez, superam um total de 2,7 milhões de euros, contribuindo significativamente para o peso de 1,1% da actividade económica de Palmela no tecido empresarial português. I Fonte: Informa D&B, IEFP, INE, Pordata

4 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 NEGÓCIOS É PORTUGAL 5 INDÚSTRIA COMPONENTES PERGUNTAS A PAULO PEREIRA Director-geral da Hanon Systems Portugal Os bons anos ímpares na vida da Autoeuropa O ar (condicionado) do futuro sopra de Carrascas Vamos ser pioneiros neste produto Em 1991 arranca; em 1997 tem um impacto de 2,2% no PIB; em 2001 atinge o recorde de vendas; 2011 é o segundo melhor ano; e em 2017 chega o T-Roc. Eis o motor de muitos milhões. SEMPRE A VENDER Valores em mil milhões de euros As vendas da Autoeuropa desde o pontapé de saída mais do que duplicaram. De 1995 a2016 subiram 128%, superando nesse ano os 1,5 mil milhões de euros. O pico foi, no entanto, atingido em 2001 com um volume de negócios de 2.273 milhões de euros. Aliás, durante este período houve cinco anos em que o volume de negócios superioros dois mil milhões de euros. Fonte: Autoeuropa Há dois momentos marcantes na vida económica de Palmela. Um foi aconstrução da Ponte 25 deabril(então,pontesalazar),inauguradaem1966;outrofoi,em1991,adecisãodajointventureentreafordeavolkswagen (VW) de implantar uma fábrica no concelho, sob o maior investimento estrangeirodirectonopaís de1.970 milhões de euros. Graças àautoeuropa,portugalcontacommaisdemil milhões de euros de facturação nas contasanuais.afábricapesacercade 1%doPIBeposicionaPalmelacomo o segundo maior exportador nacional, alémde tertransformado todaa mecânicaindustrialàsuavolta. Hoje,são29osespaçosdeactividadeseconómicasidentificadospela autarquialocalnoconcelho.sóoparque Industrial da Autoeuropa congrega 19 fornecedores da Volkswagen.Fabricamtintas,tapetes,portas, pneus,chapasmetálicas,eixos,cablagens, bancos, tanques de combustível, sistemasdeexaustão. ComaproduçãodonovoSUVda VW,oT-Roc,iniciadanoanopassado, aempresaanunciouqueiriaprecisar de mais 2.000 trabalhadores. Hoje, são perto de 5.000 pessoas a circular nos refeitórios e autocarros daautoeuropa,eaproximadamente 3.000 nas fábricas de componentes àsuavolta,desdeafaurecia,àvanpro ouàschnellecke. ArevoluçãoT-Roc AVolkswagenrejeitouopedidodereportagemdoNegóciosnafábricaicónicadaMargemSul,alegando questõesdeagenda.osúltimos15meses têm sido conturbados na unidade portuguesadaquelaquejáfoiamaior A Autoeuropa é o motor do concelho de Palmela. marcaautomóveldomundo(noano passado, foi ultrapassada pela Renault-Nissan), devido às mudanças no esquemaorganizativo afábrica passoudecincoparaseisdiasdetrabalhosemanaiseestá,desdeagosto, afuncionaremhoráriocontínuo,entreoutrasalterações.asnegociações entre acomissão de trabalhadores e a administração prolongam-se, havendojáumpré-acordoemrelaçãoa remuneração,compensaçãoefolgas quecarece,ainda,do sim dopessoal. Esseprincípiodeacordoémaispróximododesejodostrabalhadores, já quedeterminaopagamentododomingo a100% e aumentos salariais de 2,9% em cadaum dos próximos doisanos.mas,mesmoolhandopara ládas condições laborais, depois do T-Roc, a fábrica de Palmela nunca mais seráamesma. Aindaaquatro Luís Viegas meses do fecho de contas, aunidade fabril atingiu um recorde de produção de 139.667veículos. E amarca jádisse prever mais do que duplicar, esteano, ovolumede2017. Em 2016, quando a empresa completou 25 anos em solo português,facturoumaisde1,5milmilhões deeuros, segundodadosdainforma D&B. Mil milhões foram exportações,100%paraomercadocomunitário,comaalemanhacomoumdos principais mercados. Mas o conjuntodasimportaçõestambémfoisignificativo pertode785milhõesdeeuros. Segundo a mesma fonte, nesse ano,asvendascaíram(desde2015,o anododieselgate)14,5%eavariação dasexportaçõesfoide-26,95%,num movimentocontrárioaoqueseesperapara2017-2018. Masafábricajáchegouaapresentarvolumesdenegóciosde2mil milhõesdeeuros,em2011e2012,segundoaprópriamarca.em2011,foram produzidos 133.100 veículos e atingiu-se o segundo maior volume de vendas (só 2001 foi superior) de sempre,novalorde2.246milhõesde euros.isto,depoisdosinvestimentos de600milhõesdeeurosem2003e de 541 milhões quatro anos depois. Em2012,foraminvestidosmais200 milhões e o período entre 2014 e 2019representaumanovafasedeinvestimento, de677milhões. Agora, é aerasuv. A21 de Novembro,aorganizaçãoanunciouorgulhosamente: Esta semana, pela primeiraveznahistóriadavolkswagen Autoeuropa, serão produzidas mais de 800 unidades por dia, um marcoquesimbolizaanovafasede desenvolvimento daempresa. Há 20 anos, começaram a abastecer a Ford, passaram pela Visteon e, desde 2015, integram a sulcoreana Hanon Systems. Fazem compressores de ar condicionado para carros eléctricos. T inham-nos avisado que iríamos encontrarlimalhasdemetal e líquidos químicos,masafábricada HanonSystems, no ParqueIndustrialde Carrascas, tem um ar asséptico e geométrico,comonumpasseioimagináriopelacoreiadosul,ondefica asededamarca.aqui,nestemistode metalomecânicacom electrónica, produzem-se compressores de ar condicionadoparaveículoshíbridos eeléctricos.éaúnicafábricadahanonafazê-lo emsolo europeu. Entreoscorredores,brancosesemcheiro, háestações de trabalho translúcidas, ecrãs, robôs e parafusadoras automáticas,umgabinetemédico igualmente branco paraos trabalhadores. Estão apreparar-se para ampliaraunidade, porque vemaí a quartageraçãodecompressores,de ondesairáumarcondicionado amigo do ambiente, de tecnologiapor enquantosecreta, comorefereodirector-geral,paulopereira. A Hanon Systems é uma das maiores empresas do concelho de Palmelae,emboratrabalheexclusivamente parao sector automóvel, não fornece avizinhaautoeuropa. Em 2016, totalizaram negócios de quase 143 milhões de euros, segundoosdadosdainformad&b. 100% éparaexportação,afirmapaulopereira, indicando achina o maior comprador de carros eléctricos do mundo,aeuropa,asaméricasdo NorteedoSulcomoosdestinos. Em 2017, afrotaeléctricae híbridarepresentava1,4% do mercado automóvel mundial. Mas estáa crescer. Nomêspassado, atingiu-se umnovomáximo:quatromilhõesde A única fábrica da Hanon em solo europeu a produzir compressores de ar condicionado para veículos híbridos e eléctricos. veículosvendidos.epoderásereste ofuturo,também,dafábricadepalmela,que,nosúltimosanos,tem mantido volumes de negócio estáveiseatéesperaque2019seafigure comoumano decontenção. Onúmerodetrabalhadoressofreu,até,umaredução eram488 em 2016 e passaram para 450 no anoseguinte. PauloPereiraexplica: Tínhamos outrafábrica, emalgeruz,quejánãotinhavolumeefechou. Issoobrigouaumareestruturação. Cadeia mais completa Desde 1998, o ano em que a Ford (aindaem aliançacom avolkswagen)decidiuinvestirnestafábricade componentes,aconteceram diversastransformações, recordaoempresário, que acompanhou todo o processo.masfoiem2010queaqui selançaramosprimeiroscompressoresparaveículoseléctricosehíbridos,oqueaisolounopanoramados compressores.era,então,a geração 1. Recentemente, jáduranteaproduçãodaterceirageração,adicionou à metalomecânica a componente electrónica océrebrodocompressor, tornando acadeiade produçãomaiscompletaeocorpodetrabalhadoresmaisespecializado. Naáreadaprodução, o nível de automação anda próximo dos 80%, mas, mesmo assim, serão sempreprecisaspessoas,garanteo responsável. Quanto mais não seja, sãoelasque,longedasmáquinas,vão continuaradesenvolvertecnologias ao somdos mercados. Emarticulação comos engenheiros daalemanhae dacoreiado Sul, ainvestigaçãodepalmelaestácontinuamente àprocurade alteraçõesnosprocessoseemdetalhesdoproduto.foi assimquenasceuageração4. O protótipo que prevê um ar condicionado amigo do ambiente foi desenvolvido pela Alemanha, Coreia do Sul e Portugal, mas vai ser testado e produzido em Palmela. Quanto investe a empresa em inovação? Para se estar num mercado extremamente competitivo como é a indústria automóvel é da maior importância ter produtos inovadores. Um dos nossos mindsets é produzir algo que possamos reciclar a 100% e, efectivamente, o nosso produto, em fim de vida, é recuperável em termos dos materiais utilizados. E o ar, em si? É diferente do ar condicionado comum? Os compressores precisam de utilizar gás refrigerante, mas a tecnologia [compressor de quarta geração] que vamos lançar no futuro é exactamente isso: amiga do ambiente. Não posso revelar qual é, porque está em fase de protótipo, aqui em Palmela. Mas vamos ser pioneiros no seu lançamento deste produto, que já existe noutro tipo de aparelhos, mas não na indústria automóvel. É por causa disso que vão ampliar as instalações? Apesar de estarmos a construir um edifício novo, estamos estáveis do ponto de vista de volume [de negócios]. Esperamoséqueascoisassemodifiquem nos próximos anos. Tudo o que acontece na indústria automóvel é pensado a longo prazo. Portanto, podemos estar a falar de dois ou três anos até conseguirmos lançar um produto.

6 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 NEGÓCIOS É PORTUGAL 7 ROBÓTICA PERGUNTAS A NUNO FLORES Director-geral da Introsys AVolkswagen não chega para os robôs de Palmela Os robôs colaborativos serão a próxima ruptura A Introsys começou apensar na desminagem humanitária e hoje fornece o segundo maior produtor de automóveis do mundo. O próximo passo é em direcção a outros sectores. BRUNO COLAÇO Fotografia Por detrás de uma porta marcada pela palavra armazém estátudomenosum armazém. O grosso da produção da Introsys fundadaem 2002 para criar robôs móveis terrestres mas que mais tarde acabou por ceder aos ditames do mercado tornando-sefornecedoradosector automóvel é, aliás, imaterial. Eles constroemo sistemanervoso dos braços armados que soldam peças de carroçaria, encaixam tejadilhos e capôs. Em cada movimento preciso,atecnologiaajudaasubtrair centésimos de segundo. Todos somados, resultam em grandes ganhosdeprodutividade, umadaspalavras preferidas dos alemães da Volkswagen, os seus principais clientes. Noanopassado, aempresanascidanafaculdadedeciênciaetecnologiadauniversidadedelisboa facturou 21 milhões de euros; em 2016,eraaoitavamaiorexportadora de Palmela (segundo os dados queainformad&bforneceuao Negócios);acadamêspagamaisde ummilhãodeeurosemordenados; e tem uma subsidiária no México, uma start-up na China e outra na Alemanha. Começaram pela Ford, quando ainda não havia empresa e os irmãos-fundadores Nuno e Luís Flores colaboravam em regime freelancer com a unidade de Valência; em 2004, entraram no barco Volkswagen através da Autoeuropa; e entretanto já apanharam as ondas dabmw, Audi e Mercedes. Da mesma forma que não sabemos como entrámos na trajectória do crescimento, também não sabemos como é que isto se pára. Criar uma empresa na China é uma experiência. Se aqui se faz uma empresa na hora, lá faz-se num ano. NUNO FLORES Director-geral da Introsys Robôs vivos Embora hoje possa não parecer, nadanaintrosysserelacionava, inicialmente, com o mundo automóvel. Aempresasurgiuinstigadapelo universo dos robôs móveis. O primeiro, com quatro rodas que parecemtervindodeumabicicleta, está no tal armazém da empresa. André Silva, investigador, aproxima- -separaexplicarcomoéqueointrobot totalmentedesenhadopor nós começou por fazer vigilância de perímetros, com a ajuda de tecnologialaser, câmarasestereoscópicas e câmaras de visão nocturna, mas depressa evoluiu para outrosterritórios. Sehojeelepodeser osegurançapermanentedeumafábrica, tambémpodeserutlizadona vertente militar ou florestal. Nos primeiros tempos, a Introsysinvestiusobretudoeminvestigação para desenvolver um robô dedesminagem, atéperceberqueo lado humanitário não pagava as contas. Masforamasinvestigações àvoltadointrobotque permitiram ganhar conhecimento para desenvolveroutrasinovações,afirmaandré Silva. Entreasinvençõesdaempresa, destaca-se, ainda, oagv[automatedguidedvehicle],umrobôdesenvolvidonumconsórciode17 parceiros (liderado pela Introsys) comoobjectivodetornarmaiságeis os procedimentos da indústria 4.0. Queremos chegar à linha [de produção] epoderintroduzirumamodificaçãorapidamente,explicaandré. São todos robôs vivos àvolta dos quais os investigadores trabalham continuamente à procura de novas soluções. 35 FACTURAÇÃO AIntrosys calcula facturar 35 milhões de euros em 2022. 230 TRABALHADORES Aempresatem 230 trabalhadores, 70 na unidade do México. A Introsys vê nos robôs colaborativos a próxima grande ruptura. Garante que investe 2,5% a 3% do volume de negócios em investigação e desenvolvimento. 95% DE EXPORTAÇÕES A maioria das vendas é para a Alemanha. O principal cliente é a Volkswagen. 3 INVESTIMENTO Investimento total na ampliação das instalações de Palmela será de 3 milhões de euros. Maçãs e matadouros Nós queríamos produzir robôs móveis.elesnuncaforamvendidos mas deixaramumaherançadentro daorganização, explicao director- -geral, Nuno Flores. Hoje, a Introsys investe 2,5 a 3% do volume de negócios em investigação e desenvolvimento. É uma necessidade. Muitas vezes, as pessoas que estão exclusivamente focadas nas tarefas do dia-a-dianão têm apossibilidade de se reinventar, de reinterpretararealidade oude criarnovos mecanismos. Mas nós pretendemos, através das tecnologias que desenvolvemos, atingirnovos mercados, analisa. Apesar de manter o foco numa das maiores indústrias mundiais, a empresatemtestadoosseusconhecimentos noutros campos, tentandoanteciparastendênciasdaindústria e a sua crescente dependência darobótica. Osrobôscolaborativos estãonocentrodaestratégia. Osdesafios do futuro prendem-se com a capacidade de os robôs manipularem uma coisa tão complexa quantoumtecido. Ou, porexemplo, imagine-seumrobôadesmancharuma vitelanummatadouro. Eraumacoisaimpensável hádez anos mas hoje já temos de equacionar, tanto porque há cada vez menos pessoas a querer trabalhar em matadouros como porque a tecnologia o permite. É na indústria de manufactura, queproduzemtermosunitários,de um carro a uma caixa de fruta, em que nos vamos continuar a focar, resume o director-geral. Começaram pelos sistemas Ford,mas,comasaídada marca de origem americana de Palmela, rapidamente se adaptaram à Volkswagen, hoje o principal cliente. Focados na inteligência artificial, querem diversificar o negócio com a ajuda de cobôs. Por que dificuldades passaram nos primeiros anos? Não gosto muito de recordar os primeiros anos. A empresa não era um prazer até 2008, 2009. Mas acho que isto é capaz de ser comum a todas as start-ups, que começam com uma grande paixão, mas depoisoesforçoédetalforma grande e é tudo tão difícil Mesmo as coisas que hoje parecem muito simples, na altura eram grandes feitos, como cobrar facturas, conseguir crédito bancário ou arranjar colaboradores. Não havia mecanismos para nada. Hoje é fácil encontrar colaboradores? É difícil. Por isso, vamos implementar um hub de inovação digital [uma infra-estrutura representativa das tecnologias de inovação digital da península de Setúbal e do Alentejo]. Acreditamos que assim seremos muito mais reconhecidos junto dos nossos públicos-alvo, nomeadamente ao nível das engenharias e cursos técnicos. Também vai permitirpromover as tecnologias da indústria 4.0 junto dos parceiros e oferecer serviços diferenciados de formação. A nossa Training Academyvaipassaraestarintegrada no hub, com formações de cariz técnico e tecnológico, em parcerias com a academia. Estão a ampliar as instalações quase para o dobro. O que vai mudar em termos de produção? Vamos começar a produzir soluções chave-na-mão para a aplicação de robôs colaborativos em ambiente industrial. Ou seja? São robôs que podem trabalhar ao lado de seres humanos sem haver necessidade de equipamentos de segurança adicionais. Se lhes tocar, eles afastam-se. E podem ajudar a executar manobras. O robô pode auxiliar a transportar uma coisa muito pesada, acompanhando movimentos. Os robôs colaborativos cobôs são uma nova tendência da robótica e provavelmente a próxima ruptura tecnológica a implementar na nossa indústria. Temos um robô capaz de meter fruta numa caixa, separandoafrutaboadarestante,através da análise de um sistema de visão artificial. Algo impensável há cinco ou seis anos. Isso quer dizer que vão entrar noutras áreas? Sim. Já começámos a fazer coisas muito pequenas em áreas muito diferentes, mas ainda não gostava de revelar. Vamos implementar um hub de inovação digital em Palmela. NUNO FLORES Director-geral da Introsys

8 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 AGROALIMENTAR O milagre do frio a multiplicar frutos de Verão TOME NOTA Achegarao primeiro milhão Palmela tem muitas horas de sol como substracto produtivo. Mas, sem a ciência, a Seven Berries não poderia pensar em atingir a fasquia de um milhão de euros. Juntaram-se para ganhar escala e competir no mercado internacional. Distribuir framboesas nos meses em que aofertaéescassa representa o olho para o negócio da Seven Berries. Noinícioeramsete quintas. E nem haviaverbo. Começaram nas framboesas, cadaum por si, masrapidamentese cruzaramnaquiloquesãoasalegrias e dificuldades davidade agricultor. Ouvimosmuitasdaquelashistórias de pessoas que deixaram o empregoparasededicaremàagriculturae tudopareciaummarderosas. Não era. Háumaparte muito duranisto,reconheceinêssardinha,daseven Berries, um agrupamento de cincoprodutoresquecolhemfrutos deseisquintas(numtotalde7,7hectares), sobretudo framboesas, mas tambémalgunsmirtilos.juntaram- -se para ganhar escala e entrar na rotadasexportações.hoje,vendem Soraia Pereira e Inês Sardinha cuidam das framboesas da Seven Berries. quase90%daproduçãoparainglaterra,françaealemanha,tantopela apetência destes mercados pelos frutos vermelhos como porque são geografiasquepermitemotransporteterrestre. Quem olha para uma plantaçãode1,2hectaresnumdiaquentedeoutonodopoceirão, empalmela,talvezsedeixeromantizar, masdebucólicootrabalhodasevenberriestempouco. Encontrar recursoshumanosparaosdiasde colheita e fazer face à média de 250 mil euros investidos em cada quinta(numasomaderecursosà banca, afundos do ProDer ProgramadeDesenvolvimentoRural e a capital próprio) têm sido tarefascomplexasparaestesempreendedoresque,namaioria,vieramde áreasdistantesdaagricultura. Por outrolado,ocampoexigeumapresençaimprevista. Todososdiashá ajustes, sejaanívelderega, pragas, etc., diz Miguel, dacand&berry. Framboesas de Janeiro Desanimador? Nem por isso, até porque a curva de resultados vai emcrescendo. Embreve, aempresa prevê chegar às 150 toneladas deproduçãoeaumhorizontede ummilhãodeeurosdefacturação. Valoresapenaspossíveisporquese agregaram e porque conseguiram aumentar a produtividade das framboeseiras. NaWildbessy, porexemplo, as plantas, cultivadas emsubstracto, crescem em vasos negros dentro deestufasbrancas.ofactodenão estarem directamente no solo tem a vantagem da mobilidade, já que, em alturas estratégicas, as plantassãotransportadasparaarcasatemperaturasentreos2e 3 C. É um período de dormência. Depois regressam prontas a produzirmaiscedo.édestaformaque conseguemcomercializar framboesas durante quase todo o ano(comaexcepçãodefevereiro e o início de Março), o que permite ter mais poder negocial. Entre os 1,2 hectares, há ainda 200 metros quadrados reservados atestes. São[cinco]variedadesnovasquetestamosemcampo,emparceriacomumaempresaitaliana.Assim estamos na linha da frente, acreditam. Podemdescobrirnovos sabores,variedadescujadurabilidade sejamaior(parajá, comaenrosadira,aduraçãomédiaéde12dias) eplantasemqueacolheitasejamais fácil, umpontoafavorparaumaactividade100% manual. AESTRATÉGIA Só não temos fruto no mês de Fevereiro e na primeira quinzena de Março.Duranteorestodoano produzimos, contam os empresários. Para isso, estudam as fórmulasmaiseficazesdepodae submetem as plantas a temperaturasbaixas(entre2e3 C),numa espécie de processo de hibernação que depois as torna mais produtivas. No final, conseguem terummelhorpodernegocial com os mercados externos, por apresentarem produto em épocas de pouca oferta. Ao mesmo tempo, conseguem distribuira necessidade de mão-de-obra pelo tempo, estando menos expostos à pressão de encontrar recursos humanos para um dos sectores com maior escassez em Portugal. PRINCIPAIS CONCORRENTES Embora as maiores concentrações de produções de frutos vermelhos do país estejam no Algarve e no litoral alentejano, não são os nacionais os principais concorrentes da Seven Berries. Ao exportarem 90% dos frutos, os produtores de Palmelacompetem essencialmente com o Sul de Espanha e Marrocos. PERSPECTIVAS DE CRESCIMENTO Actualmente, a produção de framboesas acontece numa superfície total de 7,7 hectares, mas é possível duplicar a área produtiva. O volume de facturação previstoparaesteanoéde850mil euros e a empresa não deverá demorar a chegar ao primeiro milhão, segundo as previsões.

TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 NEGÓCIOS É PORTUGAL 9 VESTUÁRIO Fitness brasileiro em corpo português TOME NOTA Experimentar sem medo A estratégia da Oito.Um é tentar e, se for preciso, errar. Só assim e sem capital para outra estratégia se conhece o mercado com as próprias mãos. Queriam criar vestuário técnico para idosos, acabaram por apostar tudo no fitness. Criada em 2015, a Oito.Um encomenda roupa ao Brasil e vende 95% em Portugal. Joana estava grávida de oito semanas e um dia. Manuel, o pai, estava desempregado com a cabeça cheia de ideias. Era preciso criar alguma coisa e, fosse o que fosse, iria chamar-se Oito.Um. Hoje, que a marcaestácriadaecontinuaaservir de inspiração, Manuel Sousa reconhecequeonomenãoéofortedonegócio, sobretudonacomunicaçãocomoestrangeiro,ondeos ditongos são non gratos. Mas a linha de vestuário desportivo da Clothing Concept, que aposta (quase) tudo no comércio online, estáacrescer. Não é fácil vender conforto; é preciso experimentar, enquadra ManuelSousa,responsáveldaempresa,noarmazémdaZonaIndustrial das Carrascas. Além disso, o confortotemváriasdimensões.no casodaoito.um,asroupas,assume, não descaem e não há transparênciasindesejadas,comunsnovestuáriodebaixaqualidadedurantea práticadeexercíciofísico.eisonde Manuel Sousa, formado em electrotécnica e telecomunicações, e Joana Vitorino, personal trainer num ginásio, viram que poderiam ganharvantagem.doisanosemeio depois do lançamento da marca, 35% dos clientes compram mais do que uma vez, o que prova que, depois de testada a reputação dos tecidos e peças de fitness, mais de meiocaminhoestátraçado,acreditao empresário. Fitness? Brasil Aescolhadestesegmentodesportivotevediferentesrazões.Umafoi o boom do fitness em Portugal, outraofactodemanuelejoana A Clothing Concept escolheu Oito.Um como sua marca. Aempresatem registado uma média de 350 encomendas mensais, a maioria via online. estaremligados ao circuito dos ginásios e terem começado a receber pedidos de diferentes direcçõesnumafaseaindaembrionária daempresa. Conhecemos, àvontade, maisde100ginásiosdenorteasuldopaís,contextualizamanuel Sousa. O passo seguinte foi procurar quem os pudesse fornecernamedidaexactadasuaimaginação. Encontraram uma fábrica no Brasil, um país muito bem conotado relativamente à roupa desportiva, e testaram algumas peças junto do público-alvo. Por outro lado, era necessário trabalharcomumfornecedorcapazde responder a pequenas encomendas. Como diz o empresário, há muitas marcas a trabalhar com grandestecidos, masnormalmente em grande escala. Motivados pelos ginásios que conheciam, começarampelomercado físico, mas rapidamente se desviaram para o mundo online, por acreditarem que gerava mais possibilidades e por analisarem um mercado ainda verde em Portugal a esse nível. Hoje, é esta a principal via de vendas da empresa, que tem registado uma média de 350 encomendas mensais e prevê atingir 500 acurto prazo. A Clothing Concept fechou o ano passado com uma facturação de 320 mil euros e, parajá, o principalobjectivoéequilibrarascontas, eliminando as dívidas à famíliaeàbanca, contraídasparafazer arrancar o sonho de um negócio próprio, sob um investimento inicial de 200 mil euros. INVESTIR EM TEMPO A Oito.Um tem canalizado os fundos sobretudo para o stock, recursos humanos e marketing. Mas muito do investimento tem sido na aprendizagem. O tempo de investigação, análise de marcas e mercados, e as tentativas e erros que esta pequena empresa experimenta pesam nas contas. DO GINÁSIO AO VESTUÁRIO Primeiro, o casal pensou em abrir um ginásio, depois em criar uma marca de vestuário para pessoas mais velhas, em que tivessem mais facilidade em vestir e despir, conta o fundador. Mas a dificuldade de financiara investigaçãonaáreaeaprocuradomercado ditaram outro caminho. PASODOBLE: UM PARA A FRENTE, OUTRO PARA TRÁS Embora o mercado online não seja delimitado por fronteiras físicas, a empresa tem encontrado outras barreiras. Numa tentativa de entrada em Espanha, no ano passado, o público-alvo terá percebido nitidamente que o produto não era nacional e surgiram entraves culturais. A Oito.Um viu- -se obrigada a recuar. BRASILNÃOÉPELOPREÇO Há muitas pessoas que pensam que sai mais barato encomendar do Brasil, mas averdade é que sofremos umataxação bastante elevada na alfândega. Portanto, compramos ao mesmo preço do que se fosse em Portugal, só que a qualidade é outra, resume Manuel Sousa.

10 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 TERÇA-FEIRA 30 OUT 2018 NEGÓCIOS É PORTUGAL 11 POLÍTICA EX-LIBRIS ÁLVARO BALSEIRO AMARO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PALMELA Palmela poderia abastecer Lisboa Oteatroque alimenta e a comida que é cultura Carregada de património edificado, a começar pelo icónico castelo, Palmela guarda também um longo historial no teatro e a herança gastronómica de um tecido marcadamente rural. Apesar do peso esmagador da indústria automóvel, Álvaro Balseiro Amaro rejeita a dependência total do sector. Há muito para crescer noutras áreas, como a agroalimentar, defende. Penso que o diálogo [na Autoeuropa] tem dado frutos, mas a dada altura parecia estar um bocadinho sozinho nesta confiança. C ommuitasvozesvaticinando asaídada Volkswagen Autoeuropa de Portugal pelas dificuldadesnasnegociações com os trabalhadores da fábrica, o presidente da Câmara de Palmela sempre foi emitindo sinais de confiança. A uma dada altura parecia estarumbocadinho sozinho, diz. As longas negociações na Autoeuropa não o têm feito pensar que o concelho está demasiado dependente da fábrica da Volkswagen? Palmelaéumterritóriodeoportunidadesparainvestimentosdenaturezamuitodiversificada.Oquetemos procurado fazer é estimar, incentivar e criar sinergias em torno do parque industrial automóvel, mastambémdeoutraslinhasdetrabalho. Nós falamos da Autoeuropa mastambémtemosdefalardavisteon,dafaureciaoudahanonsystems,queestáafazerumaampliação num investimento de 50 milhões de euros. Mas temos outro cluster,queéodavinhaedovinho. São agentes que estão cá sempre, nosmomentosmenosbonsenos melhores, e com uma qualificação queotornamdeterminante.poroutrolado,estamosnumafasedefixaçãodelogísticaedeserviços,etambémdeatracçãodestart-ups.enão é por ser moda, é mesmo uma necessidade. Depois há o turismo de natureza, o património, o território Há quem esteja a apostar no alojamento local, que é umaloucura. Num ano e meio, passámos de umadúziaemeia[dealojamentos] para 139 [na semana de 15 de Outubro]. Os números do turismo são interessantes mas poderiam ser muitomais,porqueoalojamento está esgotado em muitas épocas. Precisamos de mais investimento. Mas as maiores empresas estão ligadas ao ramo automóvel e quase metade do volume de negócios do concelho vem da Autoeuropa. É insofismável que háaqui uma grande dependênciae se acontecessealgonãoeraapenasoconcelhode Palmelaquesairiaempobrecido.Mas tambémencontramos,porexemplo, a Ermelinda Freitas [vinicultura] comumvolumedeexportaçãoede negóciosmuitoimportante. Alguma vez temeu a saída da Autoeuropa de Palmela? Não.Todasasminhasdeclarações sempre foram no sentido de umaenormeconfiançananegociação, compreendendoqueassisterazãoaostrabalhadoresnumconjuntodematériasequeháquestõesestratégicasenecessidadesdeprodu- çãodaempresa.pensoqueodiálo- gotemdadofrutos, masaumadada altura parecia estar um bocadinho sozinho nesta confiança. Já houve aíosvelhosdorestelotodosadizer que aquilo ia fechar, mas a produção não tem parado. Falou também no sector agroalimentar. Que dimensão ele toma no concelho? No meu entender, não se pode cingiraos vinhos e estáaindasubaproveitado. Em todas as freguesias PERFIL Opresidente cantautor Aos 57 anos, Álvaro Balseiro Amaro (CDU) cumpre o segundo mandato como presidente da Câmara de Palmela. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e com o mestrado em Relações Interculturais, na área de Ciências da Educação, foi promotor editorial na Porto Editora, teve uma pequena empresa a Abecedário Papelarias e foi professor na Escola Secundária 3.º CEB de Pinhal Novo, freguesia onde foi presidentedajuntaentre1997e2009. Em paralelo, é músico e compositor. Com o nome artístico Amaro, o presidente já pisou vários palcos. No ano passado, apresentou o mais recente álbum, Amaro Máscaras. há investimentos interessantíssimos de uma nova geração de empreendedores, formados noutras áreas, que vêm parao mundo rural investir na maçã riscadinha ou nos frutos silvestres O eixo Poceirão- Marateca, além de permitir ter ali uma grande plataforma logística, com possibilidades de ligação ao PortodeSines,aSetúbal,aumfuturo aeroporto em Alcochete/Benavente, ao Alentejo e a Badajoz, tem um potencial agrícola que não estádevidamenteexplorado. PoderiaabastecerLisboa, comoooeste. O que têm feito para incentivar negócios agrícolas? Discriminação positiva nas taxas [urbanísticas] no âmbito daregularização das actividades económicas,[emqueosempresários] pagamsó 50%; e tambémoutras facilidades em taxas administrativas. Naindústria,fizemosomesmopara as zonas ouparques industriais devidamente estruturados. Estamos cáparaagilizarprocedimentosefoi tambémisso que levoudois outrês grupos,comoavisteonouahanon, quetinhaminvestimentosprevistos para outros países, a escolher Portugal.Naturalmente,houveinfluência do Estado central, mas o poder local fez o seupapel. A morosidade dos processos de licenciamento não pode afastar investidores? Éverdade. Muitosempresários queixam-se e têm razões para isso. Aquiloqueseapregoahojedelicenciamentoszeroedesmaterialização e desburocratização geralmente é propaganda. E digo isto com muita mágoa. Àsvezeséfácillegislar, mas depois há plataformas que não interagemumascomasoutraseprocedimentosquenãobatemcerto. É bastante desgastante. Quanto ao turismo, vão nascer mais hotéis em Palmela? Estamos em contacto com grupos hoteleiros que operam em todo omundoetemosprocuradotrabalharcommédias empresas. O alojamentolocaléimportante,masaqualificaçãodaofertatambémtemdeser um factor distintivo. O município está a preparar um conjunto de incentivos que resulta numa redução naordemdos75%emdiversastaxas para unidades hoteleiras que criem umnúmeromínimodecamas. Poucas pessoas sabem que o golfe atrai ao concelho milhares de turistas, comoéocasodogolfedomontado [MontadoHotel&GolfResort],que estáapensaremampliar. Depoishá o PalmelaVillage, que temasuacapacidadeporaproveitar;etemosoutro projecto a arrancar, mas ainda não vale apenafalar nisso. Mas são projectosestratégicosparanós. CULTURA O BANDO À SOLTA Nasceu no ano da liberdade, 1974, assumindo-se, assim, como uma das cooperativas culturais mais antigas do país. Com espectáculos assíduosnumacasadecampoem ValedosBarris, Palmela, oteatro obandotem-sepautadopeladescentralização, desdequecomeçou pelo teatro de rua e pela animação para públicos infantis, escolas e associações culturais até abordagens mais experimentais, sempre com especial atenção à cenografia. Nestes 44 anos, apresentaram ao público mais de 100 criações (maioritariamente de autores portugueses) através de perto de 5.000 espectáculos. No entanto, foi umadas companhias de teatro que recebeu cortes no financiamento da Direcção-Geral das Artes. GASTRONOMIA OCOELHOEACARAMELA Coelhoselvagem, feijãoencarnado, vinho, alhoefolhasdelouroformam a base de um dos pratos mais representativos de Palmela. A popularidade do prato fez com que, em Outubro, ele passasse a ser o centro dos Fins-de-Semana Gastronómicos do concelho. Não muito longe no palato, há também a Sopa Caramela, cuja onomástica, diga-se, nãoépropriamentesimpática. Conta-seque, tendoem contaodespovoamentodestapartedapenínsuladesetúbal atéàconstrução da primeira ponte sobre o Tejo, grande parte dos trabalhos sazonaiseram asseguradosporhabitantesdabeiralitoral, queeram localmente conhecidos como caramelos. Terão sido eles, nesse tempo, a implantar na região a reconfortante sopa de feijão, batata, couve, carne e enchidos de porco. Desde 2016, Pinhal Novo recria, no mês de Maio, o Mercado Caramelo, em honra da dita sopa.

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