Com metodologia baseada nos princípios da Medicina Veterinária Preventiva, este plano de trabalho foi estruturado para a implantação do Monitoramento Sanitário Tilapicultura. 1. Programa Sanitário Este Programa Sanitário foi estruturado para atender a tilapicultura em suas diferentes modalidades e as diferentes fases de produção. Para isso, inclui o monitoramento sanitário de reprodutores e matrizes, ovos, larvas, pós-larvas, alevinos, juvenis e peixes em fase de terminação. Dessa forma, podemos gerenciar as doenças, identificando sua origem e implementando medidas para sua erradicação. Para implantar este programa sanitário, torna-se fundamental o diagnóstico das condições higiênico-sanitárias de toda a piscicultura, incluindo o diagnóstico contínuo de agentes patogênicos nos peixes em criação, condições de qualidade ambiental, manejo operacional, estrutura física incluindo o fluxo de insumos, além do nível técnico dos funcionários, uma vez que estes atuarão como protagonistas na implantação das medidas sanitárias. Portanto, a adequação da piscicultura com as medidas de biosseguridade requer capacitação, organização, trabalho em equipe, adequações na estrutura, disciplina, bem como coleta e armazenamento de informações diárias sobre a produção. As adequações propostas a cada propriedade serão desenhadas de acordo com suas particularidades, visto que cada sistema de produção é peculiar e demanda intervenções diferenciadas. Dispomos de ferramentas que atuam como indicadores das condições higiênico-sanitárias que refletem sobre as 1
condições de saúde dos animais bem como sobre a qualidade ambiental. Dessa forma, podemos oferecer um serviço completo de manejo sanitário que torna a propriedade uma referência em qualidade no mercado aquícola. 2. Objetivos Implantar medidas de biosseguridade, controle, profilaxia e erradicação dos patógenos que acometem a tilapicultura; Formar um Banco Epidemiológico com todas as informações das condições higiênico-sanitárias das pisciculturas envolvidas para que possamos rastrear patógenos e concentrar os esforços no foco de sua disseminação; Firmar parcerias com empresas do ramo da aquicultura para agregar produtos que possa potencializar o efeito de todas as medidas de profilaxia. 3. Atividades Desenvolvidas 3.1 Diagnóstico da estrutura física Inicialmente será realizado um mapeamento da estrutura física da propriedade com análises de risco e identificação dos pontos críticos de controle, os quais serão monitorados no programa sanitário. 3.2 Diagnóstico do manejo da propriedade Anamnese detalhada de todas as práticas rotineiras adotadas na propriedade, elaboração de POPs (Procedimentos Operacionais Padrão) conforme a necessidade e disponibilizadas aos colaboradores. 3.3 Diagnóstico das condições de qualidade ambiental A cada visita será realizada a aferição dos parâmetros de qualidade da água em vários pontos da propriedade, entre eles oxigênio dissolvido, temperatura, ph, condutividade, condutância específica, sólidos totais dissolvidos, por meio de sonda multiparâmetro YSI Professional Plus. Em 2
adição, será realizada a aferição da transparência com o auxílio de disco de Secchi e coletado água para realização da concentração de Amônia e Fósforo. 3.4 Diagnóstico parasitológico Em cada visita, serão coletados aleatoriamente animais destinados à realização do diagnóstico parasitológico, entre estes, deverão estar aparentemente sadios e outros moribundos. A técnica consistirá no raspado de tegumento, brânquia e análise a fresco do material. O diagnóstico será realizado macroscopicamente e com o auxílio de microscopia óptica. Os parasitos microscópicos diagnosticados serão ranqueados por meio do Escore Relativo de Parasitismo (Vide Anexo I). Posteriormente, serão tabulados os dados de diagnóstico parasitológico e calculada a Prevalência e Média do Escore Relativo de Parasitismo para cada agente. 3.5 Diagnóstico microbiológico Na propriedade serão realizados alguns métodos de triagem para o diagnóstico microbiológico, como a observação de lesões e sinais clínicos nos animais, bem como a metodologia de coloração das bactérias com o corante Gram. Para o isolamento bacteriano no laboratório, serão coletados indivíduos de interesse e encaminhados até a Central de Diagnóstico. Conforme a necessidade será realizado testes de resistência aos antimicrobianos nos isolados obtidos a partir de animais doentes. 3.6 Diagnóstico histopatológico Serão coletadas para exame complementar amostras para elucidar o potencial patogênico das doenças e confirmação de enfermidades sistêmicas. 4. Duração O programa tem a duração de 1 (um) ano para obtermos dados sobre o comportamento do sistema de produção em diferentes estações do ano. 3
Portanto pode ser realizado por período de 6 (seis) meses classificado como alta e baixa estação. As visitas de diagnóstico serão mensais em unidades de engorda. Já as fazendas produtoras de alevinos receberão duas visitas ao mês no período de 6 (seis) meses de maior produção, sendo reduzido para uma visita ao mês no período remanescente 6 (seis) meses de menor produção. As informações geradas em cada propriedade estarão mantidas sob caráter sigiloso pela equipe PreVet. 5. Cronograma Mês Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Reconhecimento e mapeamento da piscicultura x x Diagnóstico das condições higiênico-sanitárias x x x x x x x x x x x x Emissão de laudos de diagnóstico x x x x x x x x x x x x Emissão de relatório epidemiológico x x Apresentação dos resultados x x 4
6. Equipe José Dias Neto Médico Veterinário, Gestor de Programas Sanitários. Mestre em Aquicultura pelo Centro de Aquicultura da Unesp CAUNESP, campus de Jaboticabal e especialista em Homeopatia Veterinária pelo Instituto Homeopático François Lamasson em Ribeirão Preto - SP. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=k4214133z7 Fernanda de Alexandre Sebastião Bióloga, com experiência na área de Microbiologia, com ênfase em Microbiologia e Biologia Molecular, atuando principalmente nos seguintes temas: isolamento de bactéras ictiopatogênicas (principalmente Flavobacterium columnare e Aeromnas hydrophila), biotecnologia, patologia de organismos aquáticos. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do Pedro Henrique de Oliveira Viadanna Médico Veterinário, com mestrado em Patologia pela USP. Trabalho com patologia de animais aquáticos (peixes, anfíbios, répteis e invertebrados aquáticos), animais silvestres e domésticos. Doutorando em Aquicultura pelo CAUNESP, com foco em epidemiologia e patologia de herpesvírus. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=k4221635j3 Rose Meire Vidotti Zootecnista, mestrado em Zootecnia pela FCAV, UNESP (1997) e doutorado em Aquicultura pelo Centro de Aqüicultura, UNESP (2001). Atualmente é - Pesquisador Cientifico do Pólo APTA Centro Norte Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento - São José do Rio Preto -SP e Professora credenciada no Programa de Pós-graduação em Aqüicultura do CAUNESP. Atua na área de Aproveitamento de Resíduos das Cadeias Produtivas da Pesca e Aqüicultura. Tem experiência nas áreas Zootecnia e Recursos Pesqueiros, com ênfase em Piscicultura, atuando principalmente nos seguintes temas: tecnologias para o aproveitamento integral do pescado e nutrição de peixes. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do 5
ANEXO I Escore Relativo de Parasitismo (ERP) ERP nível 1: Infestação parasitária baixa, sendo observado um ou mais parasitos porém em pequena quantidade, que por sua vez, não representam eminentes riscos à saúde dos animais. Portanto, infestações parasitárias com este nível estão sob controle. ERP nível 2: Infestação parasitária moderada, sendo observado maior quantidade de parasitos, que por sua vez, indica o início do desequilíbrio da relação parasito: hospedeiro: ambiente. No entanto, não observa-se prejuízos representativos aos peixes. ERP nível 3: Infestação parasitária alta, sendo observado grande quantidade de parasitos, que por sua vez, indica o agravamento do desequilíbrio da relação parasito: hospedeiro: ambiente. Neste nível podem ser observados os primeiros sinais clínicos da doença, com importantes lesões patológicas nos órgãos afetados, inclusive podem ocorrer casos de óbito. ERP nível 4: Infestação parasitária severa, sendo observado excessiva quantidade de parasitos, que por sua vez, indica intenso desequilíbrio da relação parasito: hospedeiro: ambiente. Neste nível são observados sinais clínicos evidentes da doença, muitas vezes com lesões patológicas irreversíveis, inclusive com possíveis casos de mortalidade massiva. Em cada avaliação realizada nas propriedades será calculada a média aritmética do ERP de todos os peixes utilizados para diagnóstico. O valor obtido será utilizado como critério dentro dos diferentes níveis de biosseguridade. 6