RESPOSTA DO FEIJÃO-CAUPI À ADUBAÇÃO FOSFATADA E POTÁSSICA EM LATOSSOLO AMARELO DO NORDESTE PARAENSE

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Transcrição:

RESPOSTA DO FEIJÃO-CAUPI À ADUBAÇÃO FOSFATADA E POTÁSSICA EM LATOSSOLO AMARELO DO NORDESTE PARAENSE Carlos Alberto Costa Veloso 1 ; Arystides Resende Silva 2 ; Jamil Chaar El-Husny 1 ; Alysson Roberto Baizi e Silva 1 ; Gladys Beatriz Martinez 3 1 Engº Agrônomo, Dr., Pesquisador, Embrapa Amazônia Oriental, Trav. Enéas Pinheiro S/N, Caixa Postal, 48, Belém, PA. 2 Eng Florestal, Dr., Pesquisador, Embrapa Amazônia Oriental, Trav. Enéas Pinheiro S/N, Caixa Postal, 48, Belém, PA. 3 Engº Agrícola, Dr., Pesquisador, Embrapa Amazônia Oriental, Trav. Enéas Pinheiro S/N, Caixa Postal, 48, Belém, PA. CEP: 66095-100. E-mail: carlos.veloso@embrapa.br.. Resumo Objetivou-se verificar em condições de campo os efeitos isolados e combinados da adubação com fósforo e potássio na produção de grãos de feijão-caupi. O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa Amazônia Oriental, no município de Bragança, PA. Foi usada a cultivar BR3 Tracuateua como planta indicadora, com espaçamento de 45 cm entre fileiras, com a densidade de 5 sementes/metro linear, num delineamento de blocos ao acaso, com os tratamentos dispostos num esquema fatorial 4 x 4, com quatro repetições, correspondendo a doses de fósforo (0, 40, 80, 120 kg ha -1 de P 2 O 5 ), na forma de superfosfato triplo, e quatro doses de potássio (0, 35, 70, 105 kg ha -1 de K 2 O), na forma de cloreto de potássio. A calagem foi realizada para elevação da saturação por bases a 60%, sendo realizada com 60 dias de antecedência do plantio. A adubação fosfatada foi realizada de uma única vez no sulco de plantio. A adubação potássica foi parcelada em duas vezes, 1/3 no plantio, 2/3 em cobertura na época do florescimento, de acordo com os tratamentos. Foi avaliada a produtividade, peso de 100 grãos, comprimento de vagem, número de vagens, número de grãos por vagem, peso de grãos por vagem a 13% de umidade. A aplicação anual de 80 kg.ha -1 de P 2 O 5 e 70 kg.ha -1 de K 2 O foi suficiente para atender à demanda da cultura do feijão-caupi e manter os teores de fósforo e potássio no solo próximo do nível crítico. Palavras-chave: Vigna unguiculata, nutrição mineral, fósforo, potássio. Introdução O feijão-caupi, conhecido também como feijão-macassar ou feijão-de-corda (Vigna unguiculata (L.) Walp.) é uma das fontes alimentares mais importantes e estratégicas para as regiões tropicais e subtropicais do mundo. No Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, constitui-se em uma das principais alternativas sociais e econômicas de suprimento alimentar para as populações rurais (FREIRE FILHO et al., 2005). O feijãocaupi apresenta baixa produtividade de grãos em âmbito nacional, podendo variar, dependendo da safra e do sistema agrícola, de 300 a 900 kg.ha -1. Isso se deve a vários fatores, como distribuição irregular das chuvas, uso de cultivares tradicionais de baixa produtividade, manejo fitossanitário e controle de plantas daninhas ineficientes, adoção de espaçamentos e de densidades de plantas incorretas e utilização de adubações inadequadas. Apesar de algumas tecnologias já terem sido desenvolvidas e adaptadas pelas pesquisas em algumas regiões produtoras do Pará, como a região Bragantina, os dados ainda são raros, com pouca abrangência local, impedindo uma sistematização segura para recomendação de adubação para a cultura na microrregião bragantina, implicando em riscos desnecessários para o produtor, na maioria das vezes subestimando, as necessidades reais da cultura na área de cultivo. 1

A deficiência de fósforo é a principal limitação da fertilidade do solo para o cultivo do feijão-caupi na região amazônica. De fato, diversos trabalhos têm mostrado haver resposta significativa à aplicação de fósforo (CARDOSO et al., 1998; CARDOSO; MELO, 1998; CARDOSO et al., 1998; MELO et al., 1997), entretanto raramente há resposta econômica ao uso de doses maiores que 60 kg/ha de P 2 O 5, mesmo em condição irrigada, na qual a produtividade alcançou valores acima de 2.250 kg/ha de grãos. Em Latossolo Amarelo, que adsorve pouco P, no cerrado de Roraima, Uchôa et al. (2009) mostraram que há resposta máxima de 1.200 kg/ha de grãos com o uso de 90 kg/ha de P 2 O 5, aplicados na linha de plantio. Provavelmente, os solos usados tenham baixa capacidade de adsorção de fósforo, tornando disponível para a planta a maior parte do nutriente aplicado, daí o uso de baixa quantidade de adubo. Em razão da maior quantidade de chuvas nas regiões Centro-Oeste e Norte, comparativamente à região Nordeste, a perda de potássio por lixiviação pode ser maior (VILELA et al., 2004). Esse fato também pode estar ocorrendo sob condição de cultivo irrigado. Isso pode levar à necessidade de uso de maior dose de potássio e da adoção de estratégia de parcelamento que permita deixar o nutriente por maior espaço de tempo na zona radicular de absorção ativa dos nutrientes. A quantidade de K 2 O recomendada na região Nordeste é baixa, em geral menor que 50 kg/ha. Isso ocorre porque a cultura só apresenta resposta ocasional à aplicação de potássio, fato constatado em diversos trabalhos realizados na região (MELO et al., 1996). Provavelmente, isso ocorre em virtude dos teores naturalmente médios a altos comumente encontrados na região (superior a 25 mg/dm 3 ), da baixa perda por lixiviação, ocasionada pelo baixo volume de chuvas, e da produtividade média de grãos muito baixa nos cultivos feitos nesses locais. O trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar em condições de campo os efeitos isolados e combinados da adubação com fósforo e potássio na produção de grãos de feijão-caupi na região do Nordeste Paraense. Material e Métodos O experimento foi conduzido em área do Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, no município de Bragança (PA), em um Latossolo Amarelo distrófico textura média. O solo apresentou as seguintes características químicas na profundidade de 0-20 cm: ph (CaCl 2 ) = 5,0; matéria orgânica igual a 7,85 g kg -1 ; P = 3 mg dm -3 ; (Mehlich 1) K= 27 mg dm -3 ; Ca = 0,5 cmolc dm -3 ; Mg = 0,3 cmolc dm -3 ; Al = 1,2 cmolc dm -3 ; H + Al = 4,79 cmolc dm -3 e CTC= 5,84 cmolc dm -3. As características granulométricas foram: 780 g kg -1 de areia, 80 g kg -1 de silte e 140 g kg -1 de argila (EMBRAPA, 1997). O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com três repetições, em esquema fatorial 4 x 4, correspondendo a quatro doses de P 2 O 5 (0, 40, 80, e 120 kg ha -1 ), na forma de superfosfato triplo e quatro doses de K 2 O (0, 35, 70 e 105 kg ha -1 ), na forma de cloreto de potássio. O preparo de área consistiu de uma aração e duas gradagens, sendo a primeira com grade aradora e a segunda com grade niveladora, passadas em sentidos transversais. A calagem foi realizada para a correção da acidez do solo, aplicando-se uma dose de calcário dolomítico (PRNT 90%) para elevar a saturação por bases do solo a 60%, de acordo com Raij et al. (1996). O corretivo foi incorporado, por ocasião do preparo de solo, de modo que metade da dose de calcário foi aplicada antes da aração e o restante antes da gradagem. Com relação à cultivar de feijão-caupi, utilizou-se o BR3-Tracuateua, sendo efetuada a semeadura em parcelas experimentais com dimensões de 5,0 m x 3,15 m, com sete linhas e espaçamento de 0,45 m, com cinco plantas por metro linear. Por ocasião do pleno florescimento (35 dias após a emergência), fez-se a coleta de 20 2

folhas trifolioladas por tratamento para a determinação dos teores de N, P, K, Ca e Mg. A amostragem foi feita no terço mediano das plantas da área útil das parcelas. As amostras foram acondicionadas em sacos de papel, secas em estufa de circulação forçada de ar a 65 C, pesadas e moídas. As amostras do material colhido foram digeridas em ácido nítrico e perclórico concentrados, segundo metodologia descrita por Malavolta et al. (1997). Aos 70 dias após a semeadura, realizou-se a colheita do feijão-caupi, obtendo-se a produtividade de grãos, com umidade de grãos a 13%. Os dados foram submetidos à análise de variância e, conforme a significância, as médias dos métodos de aplicação foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, e as doses de P e K foram submetidas à análise de regressão. Resultados e Discussão Na Figura 1, são apresentados os efeitos da aplicação da adubação fosfatada e potássica na produtividade de grãos de feijão-caupi. Verifica-se que a adubação fosfatada aumentou significativamente a produção de grãos, com pontos de máxima produção na dose próxima a 80 kg.ha -1 de P 2 O 5, nos dois anos de cultivo. Quanto ao potássio, a dose que proporcionou produção máxima foi de 70 kg.ha -1 de K 2 O. Eram esperadas respostas positivas à aplicação de fósforo, pois o teor desse nutriente no solo era baixo, enquanto o teor de potássio no solo era considerado médio, na área experimental. (A) (B) 450 Produtividade de grãos (kg ha-1) 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 Bragança y = -0,1608x2 + 28,111x + 167,95 R² = 0,9862 0 40 80 120 Dose de P2O5 (kg ha-1) Produtividade de grãos (kg ha -1 ) 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Bragança y = 0,0435x2-2,2014x + 152,95 R² = 0,9583 0 35 70 105 Dose de K 2 O (kg ha -1 ) Figura 1. Efeito das doses de fósforo (A) e de potássio (B) na produção de feijão-caupi no Nordeste Paraense. Cravo & Souza (2007) recomendam o uso de até 60 kg/ha de K 2 O em solos com menos de 40 mg/dm 3 de K disponível, para uma expectativa de produtividade de até 1.800 kg/ha. Entretanto, em solo com 3 mg/dm 3 de P e 29 mg/dm 3 de K, do município de Ponta de Pedras, Rodrigues & Teixeiras (2007) produziram 1.097 kg/ha de grãos secos de feijão-caupi cv. BR-3 Tracuateua, usando 380 kg/ha de formulado NPK 18-18-18. 3

Os teores de nutrientes nas plantas de feijão-caupi determinadas na fase de florescimento são apresentados na Tabela 1. Os teores de nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio foram afetados significativamente com a aplicação das doses de fósforo e potássio, em exceção de magnésio. Mas, isso significa que houve resposta significativa do feijão-caupi à aplicação da adubação fosfatada e potássica, na produção de grãos. A aplicação de doses mais elevadas de fósforo e potássio promoveu um aumento considerável nos teores de P e K nas plantas do feijoeiro. As respostas à adubação fosfatada e potássica apresentadas neste experimento, em termos de produtividade de grãos de feijão-caupi, são similares às obtidas em outros trabalhos de pesquisas realizados na região amazônica (CRAVO; SOUZA, 2007) e no Nordeste (CARDOSO et al., 1998). Tabela 1. Teores médios de macronutrientes (g/kg) nas folhas do feijão-caupi na floração, sob diferentes doses Doses P 2 O 5 kg.ha -1 de fósforo e potássio, Bragança, PA ano 2012. Teor nas folhas N P K Ca Mg g.kg -1 0 48,78 b 3,50 b 23,17 a 6,30 b 3,38 a 40 48,86 b 3,56 b 23,35 a 6,65 ab 3,53 a 80 49,71 ab 3,96 a 25,56 a 6,95 ab 3,53 a 120 51,81 a 3,74 ab 24,74 a 7,36 a 3,63 a Doses K 2 O kg.ha -1 0 49,83 ab 3,52 a 20,73 b 6,27 a 3,24 b 35 51,65 a 3,55 a 23,43 ab 6,90 a 3,33 b 70 50,23 a 3,67 a 26,28 a 7,07 a 3,55 ab 105 47,44 b 3,70 a 26,38 a 7,03 a 3,94 a (1) Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não apresentam diferença significativa, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Conclusões A aplicação de doses de 80 kg ha -1 de P 2 O 5 e de 70 kg ha -1 de K 2 O no primeiro ano de cultivo foram suficientes para atender à demanda da cultura do feijão-caupi e manter os teores de fósforo e potássio no solo próximo do nível adequado Referências CARDOSO, M.J.; MELO, F. de B. Efeito da adubação fosfatada e da densidade de plantio na produtividade de grãos de feijão-caupi em regime de sequeiro. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, Caxambú, 1998. Resumos expandidos... Caxambú: UFLA/SBCS/SBM, 1998. p.187. CARDOSO, M.J.; MELO, F. de B.; ANDRADE JÚNIOR, A.S. de; ATHAYDE SOBRINHO, C.; RODRIGUES, B.H.N. Níveis de fósforo, densidade de plantas e eficiência de utilização da água em caupi de portes ramador e moita, em Areia Quartzoza. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA, 12., Fortaleza, 1998. Resumos expandidos... Fortaleza: UFC/Dep. de Solos, 1998. p.146. FREIRE FILHO, F.R.; LIMA, J.A.A.; RIBEIRO, V.Q. Feijão-caupi: Avanços tecnológicos. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2005, 519 p. 4

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