A parada na entrada da fábrica

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Transcrição:

A parada na entrada da fábrica Naíres Raimunda Gomes Farias * Resumo: Este trabalho aborda o encaminhamento estratégico do Sindicato dos Metalúrgicos do Maranhão no trato dos trabalhadores vinculados ao chão de fábrica da ALUMAR (Alumínio/Maranhão), gestões 1997-2000 e 2000-2003. Os resultados destacam como principal instrumento de pressão a paralisação de horas na entrada da fábrica e com produção intocável. A idéia é atrasar a entrada dos trabalhadores. As conclusões assinalam mudanças na forma de tratar divergências entre partes e destacam a negociação e o confronto como importantes estratégias sindicais. Registram a relevância de atuações parciais, desde que articuladas a um horizonte além das demandas empresariais e ao dispor dos trabalhadores. Palavras-chave: Transformações no trabalho; sindicalismo; manifestações de reivindicações e protestos. The stop at the factory's entry Abstract: This work approaches the strategic direction of the Metallurgists Union of Maranhão in the workers' treatment linked to the ground of factory of ALUMAR (Aluminum/Maranhão), periods of 1997-2000 and 2000-2003. The results highlight, as main pressure instrument, the stoppage of hours in the entrance of the factory and with untouchable output. The idea is to delay the workers' entrance. The conclusions mark changes in the form of treating divergences among parts and underscore the negotiation and the confrontation as important syndical strategies. They register the relevance of partial performances, since articulated within a horizon beyond the business demands and to the workers usefulness. Key words: Transformations at the work place; syndicalism; manifestations of claims and protests. Introdução A proposta em apresentação é resultado de uma pesquisa no campo no âmbito das estratégias sindicais. A intenção é analisar o encaminhamento estratégico do Sindicato dos Metalúrgicos do Maranhão (SINDMETAL) no trato dos trabalhadores representativos de sua base no universo produtivo da ALUMAR (Alumínio/MA), procurando captar possibilidades da luta de classes, especificamente na organização à qual se vincula a metalurgia de ponta localizada no solo maranhense. Contou com uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo constituída de entrevistas com 25 trabalhadores do processo imediato da produção do alumínio, sendo 13 associados e 12 não associados ao sindicato. Os critérios para seleção dos entrevistados tomaram como referência os * Profª do Deptº de Serviço Social da UFMA, doutora em Serviço Social pela UFPE. End. eletrônico: nairesfarias@yahoo.com.br

trabalhadores vinculados regularmente no chão de fábrica da ALUMAR e em situação de associados e não associados ao SINDMETAL durante as gestões em estudo. A seleção dos entrevistados norteou-se pela técnica de bola de neve que requisita a cada entrevistado uma indicação de um outro possível; este por sua vez indica outro, que leva a outros, assegurando a efetivação da pesquisa junto aos operários e a sua conclusão assim que as questões se apresentavam saturadas. Ao observar que as informações estavam se repetindo, encerrei a coleta de dados na 25ª entrevista. Foram priorizados como instrumentos de coleta e organização de dados um roteiro de observação, de entrevistas e de análise das questões. A dinâmica da pesquisa de campo procedeu-se mediante entrevistas no sindicato e nas residências dos trabalhadores, reuniões informais com dirigentes sindicais e contatos com estudiosos do tema. Realizadas as entrevistas, deram-se os momentos: transcrição das fitas utilizadas nas entrevistas, organização do objeto de estudo e tratamento dos resultados apontados na pesquisa. Seguiram as etapas categorização dos dados e preliminar problematização com base nas indicações bibliográficas trabalhadas e nas demais referências apontadas na pesquisa empírica, mesmo não previstas nas hipóteses iniciais do projeto. Em termos gerais, a pesquisa procurou analisar a atuação estratégico-tática do SINDMETAL no campo das manifestações de reivindicações e protestos dos trabalhadores da ALUMAR nas gestões 1997-2000 e 2000-2003. Os resultados asseveraram estratégias de âmbito fabril e extramuros, enfatizando melhoria salarial como temática de maior solicitude, tanto em termos da negociação como da reivindicação, condições de trabalho, relações sindicato-sociedade, negociação representação patronal e sindical e parada na entrada da fábrica. Além dos investimentos no âmbito da comunicação, especificamente, o Jornal Marreta Neles e Rádio Capital, da educação via descontos a associados em faculdades particulares, da luta pela manutenção dos cinco turnos de revezamento, lazer, sindicalização, saúde e segurança do trabalhador e serviços médico-odontológicos e jurídicos. No campo específico das manifestações de reivindicações e protestos, a exposição dos resultados traz à tona as questões: um novo tempo, apesar dos perigos e novas e clássicas estratégias e um projeto delineado. Os perigos encontram-se imersos no contexto de intensificação de trabalho, terceirização, precarização e pressão face ao exército

recrutado como reserva pela empresa. Na seqüência, esboça breve discussão sobre a parada na porta da fábrica, atentando a peculiaridade tempo, espaço e limites dessa manifestação, comparando à dinâmica da greve. Ao término do estudo, apresenta as considerações finais, onde assevera mudanças na intervenção estratégico-tática do SINDMETAL. Mudanças nas formas, mas considerando vital o componente oposicionista na dinâmica sindical e o confronto como importante estratégia de intervenção. Por fim, apresenta a bibliografia recorrida, entendendo tratar-se de uma aproximação à temática. Entre novas e clássicas estratégias: a potencialidade sindical Os dados assinalam mudanças de estratégias. Mudanças que acontecem em um contexto determinado e em consonância com a processualidade da organização sindical. Essas mudanças não significam uma singularidade do cenário contemporâneo. O percurso marx-engelsiano, por exemplo, aponta diferenciais de análise no trato das estratégias e táticas sindicais, a começar pelos momentos históricos distintos a que se refere o debate. Questões como motins e movimento de destruição de máquinas, o movimento luddista, são tratadas no Manifesto do Partido Comunista (1977b). Em As Lutas de Classes na França, de Karl Marx, Engels (1977b) observa mudanças nas estratégias e táticas do movimento dos trabalhadores no contexto francês de 1895 em relação a 1848. Em vez da rebelião, considerada ultrapassada, requisitam-se sufrágio universal, vontade popular, agitação eleitoral, propaganda, atividade parlamentar e conquista de conselhos municipais de tribunais e de trabalho. Se na Miséria da Filosofia (2001) Marx observa as coligações operárias de caráter permanente e nacional, nos Estatutos da Associação Operária (1977b) a proposta é de organização internacional, enfatizando a necessidade de um centro de comunicação e cooperação entre as sociedades operárias de diversos países. A referência de estratégia ora aludida orienta-se nos estudos de Cardoso (1998, p.175), que a conceitua como ação no sentido de escolha dos meios disponíveis para atingir objetivos específicos. Entendo que o contemporâneo da questão dá-se no contexto de atuação do capital monopolista sob o predomínio de um padrão de acumulação ampliada do capital que, sob o sustentáculo de inovações tecnológicas, deixa rastros na diminuição do índice de trabalhadores empregaticiamente estáveis, estímulo à precarização e reforço ao alargamento do desemprego. Na esfera estatal, sai de cena o Estado necessário para gerir as

peculiaridades da questão social, inclusive, para a população que se encontra fora do mercado oligopolizado. O contexto é de mundialização do capital e naturalização dessa questão, nos termos de Ianni (1989). O autor considera não haver empenho visível em revelar a trama das relações que produzem e reproduzem as desigualdades sociais. Para Ianni, culpabilizar, criminalizar ou mesmo responsabilizar um amplo segmento da sociedade civil, e não o sistema é defender a ordem estabelecida, sobretudo, quando se apresentam as desigualdades sociais como manifestações de fatalidades, carências etc. No âmbito das relações sindicais, as tendências de análises registram uma situação de refluxo do movimento de massa e de confronto vivenciado nos anos de 1980 na realidade brasileira. A propósito, um período propício às lutas sindicais, dado o forte movimento de greves, diferenciando-se do início dos anos de 1990, quando vivencia a hegemonia do discurso de abandono da postura de oposição. Os saldos são: declínio da atividade grevista, diminuição do número de filiados e tendência à moderação da luta. Nos termos de Cardoso (1998), que analisa estratégias e ação sindical nos anos de 1990, os sindicatos vivem hoje um de seus piores momentos, observando queda relativa e absoluta do número de trabalhadores sindicalizados; dificuldade de representação das camadas cada vez mais heterogêneas em termos de salário e condições de trabalho; baixa disposição dos trabalhadores em participar de mobilizações; queda na quantidade de greves e diminuição do número de trabalhadores abrangidos pelas negociações coletivas. No caso específico do SINDMETAL os dados são de mudanças na prioridade estratégico-tática. Reivindica-se a substituição da estratégia de confronto com o capital pela proposta proposição/negociação/participação dentro do ordenamento possível do capital, tal como observam Ramalho (1994), Bresciani (1997) e Leite (1997). As considerações de Antunes (1995), Boito (1999), Alves ((2000) e, em leitura mais recente, Túmulo (2002), enfatizam o ocultamento de interesses divergentes e a imediaticidade suscitada na proposta, sinalizando tratar-se de uma postura subserviente às determinações do empresariado 1. Simultaneamente, as mudanças se efetuam em queda de sindicalização, aumento de demissão, o que não se trata de uma realidade dos trabalhadores da ALUMAR e dos 1 Túmulo (2002), que trabalha a questão do ponto de vista da Central Única dos Trabalhadores, enfatiza mudanças na trajetória do sindicalismo nos últimos anos, destacando três períodos: O primeiro, de corte classista e anticapitalista, a perspectiva instrumental, que busca atender às demandas da conjuntura, do cotidiano sindical, ou das questões específicas, e o caráter propositivo e negociador sindical (2002, pp.235-236).

registros da Pasta de Demitidos das empresas vinculadas ao sindicato, mas parte de uma tendência mundial que incentiva recordes de produção, perdas de postos de trabalho e aprofundamento da situação de desemprego. As novas tendências apontam mudanças na forma de administrar o conflito. Por exemplo, este não diminuiria necessariamente, mas mudaria de forma, deixando a greve de ser o principal instrumento de pressão sobre as empresas. Nos termos de Rodrigues (2002), além da paralisação do funcionamento de setores de atividades, ganha espaços nas formas de pressão do sindicato uma diversidade de táticas. São denúncias públicas de atos contrários aos empregados da parte de empresas; atuação junto a organismos legislativos e governamentais; uso intenso da publicidade; manifestações de rua; sabotagem; boicote; seqüestro e detenção de dirigentes de empresas ou de autoridades públicas; pressões diretas sobre estâncias do poder; ocupação dos locais de trabalho; bloqueio de estradas e vias públicas; quebra-quebras e ações destinadas a influenciar a opinião pública. Diga-se de passagem, táticas que remetem às considerações de Lojkine (1989), embora se tratando de contextos diferenciados: Rodrigues (2002) reportando-se à realidade da América do Norte e Europa, e Lojkine (1989) à França. A proposta de um sindicalismo de terceiro tipo de Lojkine fundamenta-se na informação, no debate, na comunicação, na troca de informações, na conquista democrática da opinião pública, o que interpreta como mobilização de novo tipo. O autor faz alusão à experiência da Fábrica de Radares em 1991 na França. As considerações são de que enquanto uma declaração de greve contra demissões reunia oitenta pessoas no pátio da fábrica, lugar tradicionalmente simbólico de manifestação de forças, a petição recolhia 589 assinaturas em um efetivo de 977 assalariados (LOJKINE, 1989, p. 244). O autor cita táticas como batalha de opinião, trabalho formiga no sentido de conquistar a opinião da categoria e da população, emergência de um espaço público de discussão nas empresas e apreciação positiva das lutas cotidianas e do papel do panfleto, tido como instrumento de confrontação e convocação para o debate 2. 2 Lojkine (1989, p.15) toma como referência de pesquisa o movimento sindical da CGT (Central Geral dos Trabalhadores), especificamente a sua participação voltada a influir na escolha gestionária das empresas, onde os sindicatos são confrontados por reestruturações devastadoras e demissões maciças.

Em vez da greve como principal instrumento de pressão dos trabalhadores paralisação de horas na entrada da fábrica e com produção intocável. Greve combina com manutenção de produção? Rodrigues (2002), utilizando os dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), considera como greve os dias perdidos em razão das paralisações provocadas pelos sindicatos e empregados. O autor denomina como greve toda manifestação de conflitos de interesses que pode ser mais aguda ou menos aguda, sem pressupor, inevitavelmente, uma oposição irreconciliável entre o capital e o trabalho. (2002, pp.120-121). Cardoso (1998), que recorre a Cattani (1997), caracteriza greve como a cessação temporária do trabalho, decidida por um grupo de trabalhadores com o objetivo de ver atendidas suas reivindicações, específicas ou gerais, em certa parte imprevisíveis, expressando possibilidades de mudanças nas relações de produção e na estrutura de poder. É o momento em que o conflito capital/trabalho é acirrado e os trabalhadores partem para uma ação mais combativa 3. Nesse sentido, parada difere de greve, primeiro porque aquela se dá fora e não dentro da fabrica. O movimento pode vir a ocorrer de fora para dentro. O objetivo é criar obstáculos para os trabalhadores não chegarem ao trabalho. A estratégia inicia paralisando os ônibus na portaria, com fins de atrasar a entrada dos trabalhadores na empresa, constituindo-se em uma situação de alerta para o patronato. O diferencial: a produção não pára, dada a dinâmica ininterrupta do processo produtivo. Quando acontece a parada, a força de trabalho na ativa deve continuar a fazer o processo produtivo acontecer. Agora, há quem diga que essa perspectiva de paralisação possa facilitar uma certa operação tartaruga com o trabalhador, cansado de sua jornada, sendo obrigado a permanecer no serviço até o movimento parar. O perigo é sobrevalorizar o exercício de uma atuação ao dispor do empresariado, dado o quadro intransponível das relações capital/trabalho, quando a meta por intensificação de trabalho e lucro conjuga com desemprego, terceirização e exército de trabalhadores em reserva. Ademais, a realidade vem apontando que a proposta de paralisação de horas e não de dias, característica que Leôncio Rodrigues (2002) considera necessária para conceituar 3 Segundo Cardoso, as causas desse movimento são as mais variadas: questões salariais, lutas por redução da jornada de trabalho, readmissão de trabalhadores, terceirização, mão-de-obra temporária, estabilidade, greves de solidariedade, entre outras (1998, p.144-5).

greve, não se constitui entrave para o trajeto do SINDMETAL. Pelo contrário, é vista como manifestação viável de ser consolidada no campo possível do capital. A tendência é evitar manifestações prolongadas: prioriza-se movimentos de curta duração, sobretudo, considerando o mercado maranhense, onde a ALUMAR apresenta-se como empreendimento de ponta que oferece melhores condições de trabalho e salário, além do investimento tecnológico. A propósito, a tendência dos sindicatos hoje é procurar paralisar pontos estratégicos das empresas que envolvam um número pequeno de trabalhadores de forma a prejudicar toda a cadeia produtiva. Daí a razão de procurarem reduzir o número de trabalhadores formalmente paralisados. Os custos desses combates fazem com que a decisão de recorrer à greve seja seriamente ponderada, o que leva à tentativa de esgotar todos os recursos disponíveis de negociação antes que o início do movimento seja ordenado (2002, p.149-50). Rodrigues (2002) sugere as paralisações por empresa isolada como estratégia mais adequada para o contexto. Os resultados também registram o aspecto dificuldade de o trabalhador participar de uma parada nos horários administrativos, dado a vigilância da chefia e as ameaças de repressão ao que a empresa considera infração. Os dados são de entrada de funcionários na fábrica para cumprir suas atividades rotineiras enquanto a parada acontece. Há quem enfatize o caráter obrigatório da parada, além de almejar que sua ocorrência aconteça no momento da sua folga, ou quando estiver trabalhando. Enfim, considerando os limites postos pelo quadro mercadológico, a parada em vez de greve se apresenta como alternativa viável de atuação sindical. Preocupa-me ver no exercício dessas ações questões que Boito (1999) trabalha como neocorporativismo sindical ou defensivismo de novo tipo que trata Alves (2000), interpretando-o como reconhecimento cada vez maior do sindicalismo à sua esfera corporativa. E aí a relevância da análise de Rodrigues (2002), ao destacar a viabilidade do componente oposição na dinâmica sindical, partindo das divergências entre a administração das empresas e empregados, o que requer excluir das características de uma associação, como sindicato, funções relativas a cooperativas e sociedades de auxílio mútuo. O sindicato pode até contemplar essa peculiaridade de atuação, mas tendo como arranque de intervenção a perspectiva de que, enquanto houver capital, haverá resistência dos operários, e os sindicatos a forma principal de resistência cotidiana dos trabalhadores assalariados.

Entendo a viabilidade da estratégia confronto e contestação para o contexto, convivendo ao lado das requisições cotidianas que se supõem articuladas a uma perspectiva para além das requisições fabris, até mesmo no sentido de reverter as demandas do capital ao dispor dos trabalhadores. Considero tratar-se de uma proposta que supera os limites restritos à própria fábrica, direcionando-se para além das requisições do capital e em uma perspectiva de classe, como trabalham Antunes (1995), Boito (1999), Alves (2000) e Túmulo (2002) ao abordarem as estratégias sindicais no Brasil. Antunes (1995), por exemplo, propõe como desafio para o sindicalismo articular contestação a combates defensivos norteados por um prisma anticapitalista. Alves (1992) acentua que, apesar de necessária, a ação sindical de contestação à lógica do capital não é suficiente para permitir elaborar uma contra-hegemonia a essa lógica e resistir à sua nova ofensiva na produção. Para tanto, exige-se ir além do campo da produção, articulando-se com um movimento político mais amplo, capaz de possibilitar a consciência de classe, além de permitir o sentido contestador da ação sindical à lógica do capital na produção. No horizonte, a proposta de inversão radical da estratégia sindical possível, tendo como referência a perspectiva de um sindicalismo combativo, de confronto e de corte classista e anticapitalista, outrora vivenciado. (TÚMULO, 2002). Do ponto de vista dos interesses de classe do proletariado, o autor observa a imprescindibilidade de a CUT reencontrar suas raízes, retomar sua garra e combatividade e repensar sua atual trajetória política, no sentido de construir sua estratégia numa perspectiva de cunho classista. Que a CUT, para além das lutas especificamente sindicais, voltasse a inscrever em sua bandeira a insígnia revolucionária: Pelo fim do trabalho assalariado! (TUMULO, 2002, p. 255). A sugestão é de que temáticas como salários, direitos, dispensas, aumento de ritmos produtivos, entre outras, sejam articuladas a um projeto direcionado para além do capital. Algo que Mészáros (2002), ao se referir aos países de capitalismo avançado, sugere articular demandas parciais com o objetivo de negação e transformação do capital. Enfim, considero haver mudanças nas estratégias do SINDMETAL, entendendo a relevância das estratégias parciais, desde que articulados a um horizonte além do quadro empresarial com capacidade de generalizar-se para um movimento de confronto à lógica do capital. Mudanças nas formas, mas considerando o componente oposicionista como vital na dinâmica sindical.

Conclusão Tempos modernos em um novo tempo: o tempo do SINDMETAL, novas e clássicas estratégias e um projeto delineado, enfim, os dados assinalam mudanças de estratégias e táticas. Propõe-se negociação entre representação patronal e sindical. Sob a outra face da moeda, as considerações são de uma proposta de colaboração ou conciliação com os interesses empresariais. Ao lado do clássico encaminhamento greve, que deixa de ser o principal instrumento de pressão do sindicato, ganham espaço na dinâmica contemporânea táticas, como denúncia pública, manifestações de rua, bloqueio de estradas e vias públicas, trabalho formiga, boca-boca, entre outras. Em vez de furar pneus de ônibus; prioriza-se o discurso de conscientização do trabalhador, mesmo que se trate de uma perspectiva subserviente às determinações da política empresarial. Uma peculiaridade do contexto: priorizar movimentos de curta direção. Detalhe: desde que esgotadas todas as possibilidades de negociação, acordos e desacordos com o patronato, com a manifestação se apresentando como último recurso possível. Em vez de greve, até pela ausência de uma organização interna dentro da fábrica, manifestações reivindicatórias e de protestos com tempo determinado na entrada da fábrica, a paralisação. Os dados são de uma manifestação com possibilidades de parar a maioria vinculada ao sindicato, mas não a totalidade dos trabalhadores, e tampouco traz impactos no itinerário produtivo da ALUMAR, que não pára, mesmo com o bloqueio do sindicato na BR que dá acesso à empresa e nos bairros por onde transitam seus ônibus. Desafios para o SINDMETAL? Trabalhar com a perspectiva de que há mudanças na forma de tratar divergências entre partes, entendendo o confronto como importante estratégia, é uma possibilidade de atuação sindical. Considero relevante o desempenho de atividades parciais ou defensivas, desde que articulado a um horizonte além do quadro empresarial requisitado, até no sentido de reverter as demandas do capital ao dispor dos trabalhadores. A perspectiva é reforçar a articulação de necessidades imediatas como salários, direitos, condições de trabalho a um projeto além do capital. É extrapolar o espaço da produção generalizando para um movimento de contestação e confronto à lógica do capital. Considero pertinentes as paralisações de horas que acontecem na porta da ALUMAR, até como arranque de organização. Agora, observando as deliberações do

capital internacional, necessário se faz avaliar as condições de concretização de manifestações que possam obstaculizar o acesso completo à produção. A proposta de greve, para além das paradas, apresenta-se como valioso instrumento de pressão e organização. Até pela radicalidade de parar a produção da mais-valia e com ela o processo produtivo que se requisita ininterrupto. A questão é como ter assegurado respaldo e legitimidade da base, compreendendo a necessidade de uma intervenção política junto à massa recrutada como reserva. No calor do debate, a expectativa de ser desencadeada uma organização interna dos trabalhadores dentro da fábrica capaz de repercutir em um movimento de massa com horizontes fincados em um trabalho de base e de âmbito internacional. E aí a relevância do trabalho educativo desencadeado pelos diretores do sindicato que trabalham na fábrica. A sugestão é de que o SINDMETAL intermedeie um trabalho de formação que dê acesso ao conhecimento teórico na perspectiva da classe trabalhadora. Urge trabalhar quadros de dirigentes revolucionários para a classe. Referências: ALVES, Giovanni. O novo e precário mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Boitempo, 2000. ALVES, Giovanni. Marx e Engels e os limites do sindicalismo. Dissertação (Mestrado). Campinas, Unicamp, 1992. ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995. BOITO JÚNIOR. A política neoliberal e sindicalismo no Brasil. São Paulo: Xamã, 1999. BRESCIANI, Luís Paulo. Os desejos e o limite: reestruturação industrial e ação sindical do complexo automotivo brasileiro In: LEITE, Márcia de Paula. O trabalho em Movimento reestruturação produtiva e sindicalismo no Brasil. São Paulo: Papirus, 1997. CARDOSO, Ana Cláudia Moreira. Emprego: estratégia e ação sindical nos anos 90. O caso dos metalúrgicos do Estado de São Paulo. Tese (Doutorado). São Paulo, USP, 1998. IANNI, Otávio. A questão social. Revista USP, São Paulo, nº 3, pp. 145-154, set./out./nov. 1989. LEITE, Márcia de Paula. Reestruturação produtiva e sindicato: o paradoxo da modernidade In:. O trabalho em movimento reestruturação produtiva e sindicalismo no Brasil. São Paulo: Papirus, 1997. LOJKINE, Jean. O tabu da gestão cultura sindical entre contestação e proposição. [Tradução Maria Helena Rauta Ramos e Jean Robert Weisshaupt]. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. MARX, Karl. As lutas de classe na França de 1848 a 1850 In: Karl Marx e Friedrich Engels. Textos III, São Paulo: Sociais, 1977b. MARX, Karl. Manifesto do Partido comunista In: Karl Marx e Friedrich Engels. Texto III, São Paulo: Sociais, 1977b.

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