Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da a



Documentos relacionados
Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada ISSN: Universidade Federal da Paraíba Brasil

Título do Trabalho: Clínica Integrada: é possível promover saúde bucal numa clínica de ensino odontológico?

PREFEITURA MUNICIPAL DE BOM DESPACHO-MG PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO - EDITAL 001/2009 CARGO: ODONTÓLOGO CADERNO DE PROVAS

Palavras-Chave Cor, Espectrofotometria, Própolis, Resina composta, Café

Estudos com o extrato da Punica granatum Linn. (romã)...

Cárie Dental Conceitos Etiologia Profa Me. Gilcele Berber

ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE TINTURAS DE PLANTAS TROPICAIS SOBRE MICROORGANISMOS DA CAVIDADE BUCAL

MEDIDAS DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DE CÁRIE EM ESCOLARES ADOLESCENTES DO CASTELO BRANCO

MEDIDAS DE ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL PARA CONTROLE DA CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DO CASTELO BRANCO

Atuação Clínica e Microbiológica da solução de própolis para bochecho em crianças cárie ativas

Aspectos microbiológicos da Cárie Dental

DISCIPLINA ESTUDOS PREVENTIVOS EM CARIOLOGIA TEMA:

NILDICELI LEITE MELO ZANELA

AV. TAMBORIS ESQUINA COM RUA DAS PEROBAS, S/Nº - SETOR SÃO LOURENÇO CEP MUNDO NOVO GOIÁS FONES:

PALAVRAS-CHAVE Bioquímica, aula prática, efeito do ph, hidroxiapatita.

Título: PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL NA EMEB JOÃO MARIA GONZAGA DE LACERDA

Etiologia. cárie dentária

PROGRAMA DE DISCIPLINA

... que o nervo do dente é chamado Polpa e é responsável pela nutrição e sensibilidade dental?

TÍTULO: AUTORES INSTITUIÇÃO:

FÁTIMA BARK BRUNERI LORAINE MERONY PINHEIRO UNIVERSIDADE POSITIVO

Placa bacteriana espessa

Atividade de um enxaguatório bucal com clorexidina a 0,12% sobre a microbiota sacarolítica da saliva

PALAVRAS CHAVE: Promoção de saúde, paciente infantil, extensão

ÁREA TEMÁTICA: Saúde. Resumo

Efetividade no processo de desinfecção de escovas de cabelo utilizadas em salões de beleza da cidade de São Carlos por meio da utilização do

MICROBIOTA OU FLORA NORMAL DO CORPO HUMANO

Resistência aos antimicrobianos em Salmonella spp.

Cré d. Cód Sem Módulo Ementa Créd

Aliança para um Futuro Livre de Cárie

PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA. Orientações Gerais sobre as ações de Saúde Bucal no Programa Saúde na Escola

MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE SAÚDE DA MARINHA CENTRO MÉDICO ASSISTENCIAL DA MARINHA ODONTOCLÍNICA CENTRAL DA MARINHA

Como obter resultados com a otimização dos consultórios com os TSB e ASB

CÁRIE DENTÁRIA: CONSCIENTIZANDO ESCOLARES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA- RS

Título do Trabalho: O uso do xilitol em goma de mascar como coadjuvante no controle da placa bacteriana.

Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada ISSN: apesb@terra.com.br Universidade Federal da Paraíba Brasil

MODELO PROJETO: PRÊMIO POR INOVAÇÃO E QUALIDADE

ESTUDO IN VITRO DA DISSOCIAÇÃO IÔNICA DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO ASSOCIADO AO ALOE VERA

REGULAMENTO TÉCNICO PARA REGISTRO DE ANTIMICROBIANOS DE USO VETERINÁRIO

RESOLUÇÃO. Artigo 2º - O Currículo, ora alterado, será implantado no início do ano 2000, para os matriculados no 1º semestre.

PROCESSO SELETIVO EDITAL 23/2014

CONTROLE MECÂNICO DO BIOFILME DENTAL

CÁRIE DENTAL ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS

Indicador 24. Cobertura de primeira consulta odontológica programática

AVALIAÇÃO DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO ODONTOLÓLICO ESCOLAR, EM CRIANÇAS DE 4 A 5 ANOS DE IDADE

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU- USP

Efeito do uso de Peroxyl na redução da formação de placa bacteriana

SABO ETE LÍQUIDO E RIQUECIDO COM VITAMI A A DA PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus indica)

PROGRAMA DE DISCIPLINA FARMÁCIA CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS. Pré Requisitos: Química Analítica Quantitativa, Farmacologia.

ENAM Encontro Nacional de Aleitamento Materno. I Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável (ENACS) SANTOS, SP

Produtos Sunyata Pon Lee

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ODONTOLOGIA CURSO DE DOUTORADO

EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL: UMA EXPERIÊNCIA NA CRECHE DA COMUNIDADE MARIA DE NAZARÉ.

Doenças gengivais induzidas por placa

CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA

Escovação no Controle da Placa

TÉCNICAS DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTÁRIA EM CRIANÇAS

DENTPLAQUE Uma ferramenta lúdica e eficaz na construção da autonomia do indivíduo e no controle das doenças bucais.

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF. EDGARD SANTOS- UFBA - HUPES

CURSO DE BACHARELADO EM ODONTOLOGIA-FORMAÇÃO ODONTÓLOGO

QUEIXAS E SINTOMAS VOCAIS PRÉ FONOTERAPIA EM GRUPO

MANUAL INSTRUTIVO DOS CÓDIGOS ODONTOLÓGICOS DO SIA/SUS - TSB E ASB -

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA PLANO DE ENSINO

Avaliação da efetividade de higiene bucal em pacientes motivados EVALUATION OF THE OF ORAL HYGIENE EFFECTIVENESS IN MOTIVATED PATIENTS

RESENHA: Novas perspectivas na luta contra a dependência química provocada pela cocaína.

PLANEJAMENTO DA MANUFATURA

Câmpus de Araçatuba. Plano de Ensino. Docente(s) Suzely Adas Saliba Moimaz, Ronald Jefferson Martins, Renato Moreira Arcieri, Tânia Adas Saliba Rovida

Rota de Aprendizagem 2015/16 5.º Ano

RETIFICAÇÃO Nº 01 AO EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO N 001/2007

RESOLUÇÃO. Artigo 4º - Os alunos inseridos no regime anual seguem o currículo previsto na Resolução CONSEPE 38/96, até sua extinção.

A QUÍMICA E A CONSERVAÇÃO DOS DENTES RESUMO

Cranberry. Tratamento e prevenção infecção urinária

(22) Data do Depósito: 25/02/2015. (43) Data da Publicação: 20/09/2016

Mostra de Iniciação Científica em Odontologia

Higiene bucodental. Professora Monica Zeni Refosoco Odontologia UNOCHAPECÓ

Plano da Intervenção

APLICAÇÃO DE EXTRATO DE AÇAÍ NO ENSINO DE QUÍMICA.

ESCOLA BÁSICA D. DOMINGOS JARDO

Aula 12: ASPECTOS RADIOGRÁFICOS DAS LESÕES PERIODONTAIS

Estudo da prevalência de cárie dentária na dentição permanente em crianças de 6 a 12 anos da rede pública de ensino no município de Joinville (SC)

Regulamento Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica Sênior do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

ESPECÍFICO DE ENFERMAGEM PROF. CARLOS ALBERTO

Linha 1: Resposta biológica nas terapias em Odontologia.

Ação antimicrobiana do triclosan sobre

ISSN ÁREA TEMÁTICA:

Comparação do ganho de peso e desempenho de bezerras alimentadas com leite de descarte e leite normal durante a fase de aleitamento

PROVA ESPECÍFICA Cargo 23

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004

1º ANO MATRIZ CURRICULAR DE CIÊNCIAS NATURAIS. Eu um ser no ambiente

27/05/2014. Dentística I. Classe III. Classe I. Classe V. Terapêutica ou protética; Simples, composta ou complexa.

GUIA DE SAÚDE BUCAL E TRAUMATISMO DENTAL PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

DIFICULDADES PARA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA DE ENFERMAGEM NAS ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

EFEITO BIFIDOGÊNICO DO FRUTOOLIGOSSACARÍDEO NA MICROBIOTA INTESTINAL DE PACIENTES COM NEOPLASIA HEMATOLÓGICAS

Escrito por Administrator Ter, 02 de Fevereiro de :14 - Última atualização Qua, 10 de Março de :44

As tecnologias digitais da informação e comunicação na formação inicial de professores: uma análise dos cursos de Pedagogia da UNESP

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE NA LINGUAGEM R PARA CÁLCULO DE TAMANHOS DE AMOSTRAS NA ÁREA DE SAÚDE

Transcrição:

Rossana Vanessa Dantas de ALMEIDA* Ricardo Dias de CASTRO** Maria do Socorro Vieira PEREIRA*** Marçal Queiroz de PAULO**** Josemar Pereira SANTOS**** Wilton Wilney Nascimento PADILHA***** Cárie dentária; Própolis; Streptococcus mutans. Dental caries; Propolis; Streptococcus mutans. *Mestre em Odontologia Preventiva e Infantil - UFPB. Professora Responsável pela Disciplina de Odontopediatria da FACIMP (MA). ** Mestrando em Odontologia Social pela UFRN, Professor Substituto do Curso de Odontologia da UFRN. *** Professora Doutora da Universidade Federal da Paraíba. **** Professores Doutores da Universidade Federal da Paraíba. ***** Professor Doutor em Clínica Integrada pela Universidade de São Paulo. 87

A cárie dentária tem sido descrita como uma doença de etiologia multifatorial que necessita da interação entre fatores do hospedeiro, dieta e placa dental. O processo carioso não se desenvolve na ausência da placa dental ou de carboidratos fermentáveis oriundos da dieta sendo considerada uma doença dieta-bacteriana (BUISCHI, 2000; MALTZ, 2000; ZERO, 1999). Recentemente, o termo placa dental tem sido substituído por biofilme dental, que reflete a característica dinâmica de sua formação e composição. Na prevenção da cárie necessita-se de condutas direcionadas a minimizar o desafio cariogênico e aumentar a resistência da superfície dentária. Isto pode ser alcançado através do controle do biofilme dental mecânica e/ou quimicamente (STOOKEY, 1998). A remoção mecânica do biofilme é um fator importante na prevenção da cárie e igualmente da doença periodontal. Frente a limitações dos métodos mecânicos, recomenda-se lançar mão de agentes químicos visando o controle do biofilme. Dessa forma, os agentes químicos têm sido empregados com a finalidade de reduzir a população de microorganismos, em particular bactérias cariogênicas. Dentre os microrganismos encontrados no biofilme dentário, os S. mutans podem contribuir de forma expressiva no processo carioso (ZERO, 1999). Diversos trabalhos têm avaliado as propriedades antimicrobianas de substâncias indicadas na prevenção e controle do biofilme e da cárie. Algumas delas, como a clorexidina e os fluoretos, são bastante discutidas na literatura científica; outras ainda são pouco exploradas pela ciência odontológica, a exemplo dos extratos vegetais. Dentre os agentes empregados com potencial antimicrobiano, a clorexidina parece ser a substância que vem apresentando as melhores características em função de suas particularidades, (VINHOLIS et al, 1996). Os efeitos benéficos advindos do seu uso são documentados na literatura, onde vários estudos demonstraram o seu potencial antimicrobiano, inibindo o acúmulo de biofilme e o aparecimento da doença periodontal, além do efeito antimicrobiano seletivo, especialmente sobre S. mutans (PETERLINI et al, 1998; ZANELA et al, 1997; ZANELA; BIJELLA; ROSA, 2002). Por outro lado, seus efeitos colaterais não são poucos, podendo causar pigmentação dos dentes, interferência gustativa, descamação da mucosa e resistência de germes quando do uso diário prolongado, além de possuir sabor amargo (BARROS; FIORINI, 2000; CURY et al., 2000). Na Odontologia atual, produtos à base de extratos naturais vêm sendo empregados com propósito terapêutico in vivo (PEREIRA, 2002). Grande parte dos produtos de origem vegetal apresenta em sua composição substâncias com atividade anticariogênica que podem suprimir o crescimento de bactérias presentes na cavidade bucal, além de inibir a síntese de glucano a partir da sacarose pela glicosiltransferase. A própolis é uma substância resinosa elaborada pelas abelhas da espécie Apis mellifera através da coleta de brotos, flores e exsudatos de plantas, nas quais as abelhas acrescentam secreções salivares, cera e pólen para elaboração final do produto (KOO et al., 2002b; MANARA et al., 1999). É encontrada nas colméias, onde é responsável pela impermeabilização, isolamento térmico, vedação e tratamento anti-séptico (SANTOS, 1999). Várias substâncias químicas têm sido isoladas da própolis, sendo os flavonóides considerado o composto biologicamente ativo (KOO et al 2002b). Tem sido relatada atuação antimicrobiana expressiva do extrato de própolis contra bactérias grampositivas e gram-negativas (FERREIRA; VALENTE; BARBOSA, 1996; WOISKY; GIESBRECHT; SALATINO, 1994), e especificamente contra bactérias colonizadoras do biofilme, (GEBARA; ZARDETTO; MAYER, 1996), além do efeito inibitório sobre a síntese de glucano (KOO et al, 2000) somado ao fato de sua capacidade de inibir o desenvolvimento da lesão cariosa em animais (IKENO; IKENO; MIYAZAWA, 1991; KOO et al., 1999). Sua incorporação em produtos de higiene oral tem sido estimulada pelos resultados promissores obtidos tanto na formulação de dentifrícios (BAAKILINI; LARA; PANZERI, 1996; PANZERI et al., 1999) como no emprego em soluções de bochecho, reduzindo os níveis de S. mutans (MORAES et al, 1996 STEINBERG; KAINE; GEDALIA, 1996; ZÁRATE-PEREIRA, 1999), o acúmulo de biofilme (KOO et al., 2002a; MURRAY; WORTHINGTON; BLINKHORN, 1997) e a doença gengival (DUARTE; KFOURI, 1999; MOTA, 2000). O presente estudo objetivou verificar a atuação de uma solução anti-séptica à base de própolis sobre índices clínicos de acúmulo de biofilme e doença gengival, bem como nos níveis salivares de S. mutans em crianças cárie ativa. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da a Universidade Federal da Paraíba (47 Reunião Ordinária em 23/11/2003). Foram realizados testes in vitro a fim de se determinar à concentração do bochecho de própolis. 88

A origem da própolis empregada é a região sul do estado de São Paulo e na obtenção do extrato esta foi pulverizada e macerada em meio hidroalcoólico, obtendo-se uma solução de própolis a 60% e determinada à atividade antimicrobiana sobre linhagem de S. mutans ATCC 25175 em meio sólido para determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM). Estabelecida a CIM do extrato de própolis, foi confeccionada a solução de bochecho conforme preconiza Zárate-Pereira (1999, 2003) que emprega uma concentração superior a CIM encontrada devido às condições inerentes da cavidade bucal. Dessa forma, foi empregada a solução de bochecho de própolis numa concentração de 6,25%. Por meio de ensaio clínico cruzado 15 crianças foram submetidas às soluções de própolis e clorexidina. Empregou-se inicialmente a solução própolis diariamente, por quinze dias consecutivos. Após o período de repouso de dias (intervalo), as crianças utilizaram à solução controle (clorexidina) conforme o Quadro 1. Os bochechos foram diários, no mesmo horário, supervisionados e executados durante 60 segundos. Recomendava-se que após a realização dos bochechos as crianças aguardassem um período de 30 minutos para ingestão de alimento ou bebida. Nos finais de semana as soluções para bochecho foram entregues em potes identificados e orientados pelos responsáveis. Foram mensurados as condições doença gengival e acúmulo de biofilme dentário através do índice de sangramento gengival (ISG) e Índice de Higiene Oral Simplificado respectivamente, antes (T 0) da aplicação das soluções de bochecho e 24 horas após (T 1) o término do último bochecho em ambas as fases. Foram obtidas amostras salivares antes (T 0) da aplicação das soluções de bochecho e após (24 horas T 1; 7 dias T 7; 15 dias T 15; dias T ) o término do último bochecho, em ambas as fases para contagem dos níveis de S. mutans. O meio de cultura empregado foi o Ágar Mitis Salivarius Bacitracina (MSB) segundo técnica preconizada por Gold, Jordan e Van Houte (1973). Q uadro 1. Dem onstração esquem ática dos tem pos (T 0, T 1, T 7, T 15 e T ) avaliados no experim ento e ordem de em prego das soluções de bochecho. 1ª Fase Intervalo 2ª Fase Intervalo PRÓ PO LIS Coleta de dados CLO REXIDINA Coleta de dados T 0 T 1 T 7 T 15 T T 0 T 1 T 7 T 15 T 15 dias dias 15 dias dias A Tabela 1 mostra os valores médios dos níveis 5 salivares de S. mutans em UFC/mlx10 observados antes (T 0) da aplicação das soluções de bochecho (própolis e clorexidina) e após (24 horas T 1; 7 dias T 7; 15 dias T 15; dias T ) o término do último bochecho. 30 20 15 8 14 15 30 5 Tabela 1. Valores médios de S. mutans (UFC/mlx10 ) obtidos antes (T ) e 24 horas (T ), 7 dias (T ), 15 dias (T ) e 0 1 7 15 dias (T ) após a realização dos bochechos de própolis a 6,25% e clorexidina a 0,12%. 10 7 10 23 22 29 Soluções T 0 T 1 T 7 T 15 T Própolis 9,52 2,63 6,10 2,83 8,79 Clorexidina 8,79 2,17 4,35 4,56 6,26 0 Própolis Clorexidina Antes 24 horas 7 dias 15 dias dias A Figura 1 ilustra através de gráfico boxplot os diferentes níveis salivares de S. mutans obtidos antes e após o emprego das soluções de bochecho de própolis e clorexidina. Figura 1. Distribuição dos níveis salivares de S. mutans antes (T 0 ) e 24 horas (T 1), 7 dias (T 7), 15 dias (T 15) e (T ) dias após a realização dos bochechos de própolis a 6,25% e clorexidina a 0,12%. 89

Os valores médios obtidos do Índice de Sangramento Gengival (ISG) e Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS) mensurados antes (antes - T 0) e após (24 horas - T 1) o término do último bochecho de própolis a 6,25% e clorexidina a 0,12% são apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Valores médios do ISG e IHOS obtidos antes (T 0) e 24 horas (T 1) após a realização dos bochechos de própolis a 6,25% e clorexidina a 0,12%. Soluções T 0 - ISG T 1 - ISG T 0 - IHOS T 1 - IHOS Própolis 23,02% 14,61% 2,09 1,89 Clorexidina 17,58% 8,84% 2,36 2,07 Sendo a cárie dentária uma doença de caráter multifatorial, necessitando especialmente da interação entre bactérias e dieta cariogênicas, os S. mutans contribuem de forma significativa no desenvolvimento do processo carioso. Assim, soluções antimicrobianas podem ser empregadas na sua prevenção e controle, minimizando o risco e atividade. Diversos trabalhos investigaram a atividade antimicrobiana da própolis sobre diferentes microrganismos (PANZERI et al., 1999; WOISKY; GIESBRECHT; SALATINO, 1994), observando interferência no seu crescimento conforme a concentração e o contato com o extrato (FERREIRA; VALENTE; BARBOSA, 1996). Comparando a atuação das soluções teste (própolis) e controle (clorexidina) sobre as contagens de S. mutans obtidos nos diferentes momentos (Figura 1) observa-se que 24 horas após o término dos bochechos de própolis ocorreu ação expressiva sobre os níveis salivares, bem como da solução controle, com reduções de 72,3% e 75,3%, respectivamente. A atuação antimicrobiana observada neste estudo, sobre os níveis de S. mutans, coincide com os resultados obtidos por Moraes et al. (1996), Steinberg, Kaine e Gedalia (1996) e Zárate-Pereira (1999), conferindo a própolis eficiência sob a forma de bochechos diários. Conforme análise estatística, a solução de própolis a 6,25% interferiu de forma significativa no crescimento dos microrganismos (p<0,001), sendo observada redução semelhante quando do emprego da solução de clorexidina a 0,12% (p<0,01). Decorridos dias da aplicação das soluções de bochecho, os níveis bacterianos se mostraram próximos aos valores iniciais, não identificando diferenças significativas entre estas contagens (T 0 x T ) para ambas as soluções. Zárate-Pereira (1999) verificou que após 7 e 90 15 dias o término dos bochechos os níveis de S. mutans tendiam aos valores inicias. Em todas as contagens realizadas não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na atuação antimicrobiana das soluções de própolis e clorexidina sobre os níveis de S. mutans. O desempenho da solução de própolis sobre a condição gengival mensurada pelo ISG revelou redução significativa no incremento da doença (p<0,05), porém a clorexidina apontou maior potencial inibitório (p<0,01). Na literatura há relatos da atuação da própolis sobre a condição gengival, considerando-a um recurso terapêutico e preventivo no controle da doença periodontal. Mota (2000) verificou uma redução acentuada em relação ao sangramento gengival (27,3%) e à condição gengival (9,8%) com o uso de uma solução de própolis a 10%. Panzeri et al. (1999) verificaram redução significativa na condição gengival aos 15 dias (p<0,05) e 30 dias (p<0,01) após a utilização de um dentifrício contendo própolis a 3%. Contrário a esses resultados, Duarte e Kfouri (1999) não verificaram redução na condição gengival com uso de uma solução de própolis a 0,84%. Através do índice IHOS, o emprego da solução de própolis promoveu uma redução não significativa (p>0,05), diferindo da clorexidina (p<0,05). Este alteração não significativa sobre o acúmulo de biofilme dentário decorrente do uso da própolis concorda com os resultados encontrados por Murray, Worthington e Blinkhorn (1997) onde a clorexidina promoveu uma redução consideravelmente maior comparada à própolis. Duarte e Kfouri (1999) e Mota (2000) igualmente relataram redução não significativa resultante do uso da própolis, observando decréscimo de 13,3% e 5,4% respectivamente sobre o acúmulo de biofilme dentário. Assim, a solução própolis mostrou-se eficiente no controle químico do biofilme dentário, ratificando sua atuação como agente antimicrobiano, tendo desempenho clínico e microbiológico semelhante à solução de bochecho a base de clorexidina. A partir da metodologia empregada e dos resultados obtidos pode-se concluir que a solução de b o c h e c h o d e p r ó p o l i s a 6, 2 5 % r e d u z i u significativamente os níveis de S. mutans, atuou sobre as condições de doença gengival e acúmulo de biofilme, demonstrando comportamento semelhante ao da clorexidina, podendo ser indicado como agente químico terapêutico.

BAAKILINI, M. F.; LARA, E. H. G; PANZERI, H. Adición de própolis en formulaciones de dentífricos. Evaluación de sus propriedade y estabilidad. Rev Fola Oral, São Paulo, v. 2, n. 6, p. 130-133, dez.1996. BARROS, L. M.; FIORINE, J. E. Efeito da clorexidina e da água ozonizada sobre os S. viridans da placa bacteriana supragengival. Rev Assoc Paul Cir Dent, São Paulo, v. 54, n. 1, p. 185-190, jan./fev. 2000. BUISCHI, Y. P. Promoção de saúde bucal na clínica odontológica. São Paulo: Artes Médicas, 2000. CURY, J. A.; ROCHA, E. P.; KOO, H.; FRANCISCO, S. B.; CURY, A. A. D. B. Effect of saccharin on antibacterial activity of chlorhexidine gel. Braz Dent J, Ribeirão Preto, v. 11, n. 1, p. 29-34, jan./jun. 2000. DUARTE, C. A.; KFOURI, L. S. Ação da própolis sob a forma de bochechos na formação da placa bacteriana e gengivite. RGO, Porto Alegre, v. 47, n. 2, p. 82-84, abr./jun. 1999. FERREIRA, R. C. V.; VALENTE, P. H. M.; BARBOSA, A. D. Atividade antibacteriana da própolis. LECTA USF, Bragança Paulista, v. 14, n. 2, p. 65-93, jul./dez. 1996. GEBARA, E. C. E.; ZARDETTO, C. G. D. C.; MAYER, M. P. A. Estudo in vitro da ação antimicrobiana de substâncias naturais sobre S. mutans e S. sobrinus. Rev Odontol Univ São Paulo, São Paulo, v. 10, n. 4, p. 251-256, out./dez. 1996. GOLD, O. G.; JORDAN, H. V.; VAN HOUTE, J. A selective medium for Streptococcus mutans. Arch Oral Biol, Oxford, v. 18, n. 11, p. 1357-1364, Nov. 1973. IKENO, K.; IKENO, T.; MIYAZAWA, C. Effects of propolis on dental caries in rats. Caries Res, Basel, v. 25, n. 5, p. 347-351, 1991. KOO, H.; ROSALEN, P. L.; CURY, J. A.; PARK, Y. K.; IKEGAKI, M.; SATTLER, A. Effect de Apis mellifera propolis from two brazilian regions on caries development in desalivated rats. Caries Res, Basel, v. 33, n. 5, p. 393-400, Sep./Oct. 1999. MOTA, H. C. N. Avaliação clínica da própolis sobre a placa bacteriana e gengivite. 87f. Dissertação (Mestrado e Odontologia Preventiva). Natal: Faculdade de Odontologia da UFRN; 2000. PANZERI, H.; PEDRAZZI, V.; OGASAWARA, M. S.; ITO, I. Y.; LARA, E. H. G.; GABARRA, F. R. Um dentifrício experimental contendo própolis: avaliações físicas, microbiológicas e clínicas. Rev ABO Nac, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 26-30, fev./mar. 1999. PERREIRA, J. V. Estudos com o extrato da Punica granatum Linn. (romã): efeitos antimicrobiano in vitro e avaliação clínica de um dentifrício sobre microrganismos do biofilme dental. 88f. Tese (Doutorado em Estomatologia), João Pessoa: UFPB/ UFBA, 2002. PETERLINI, C.; ELMADJAN NETO, M.; VALLE, P. D.; ROMERO, S. S. Efeitos adversos da clorexidina. Rev Odontol Univ Santo Amaro, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 32-34, jan./jun. 1998. SANTOS, V. R. Própolis: antibiótico natural alternativo em Odontologia (revisão de literatura). Rev CROMG, Belo Horizonte, v. 5, n. 3, p. 192-195, set./dez.1999. STEINBERG, D.; KAINE, G.; GEDALIA, I. Antibacterial effect of propolis and honey on oral bacteria. Am J Dentistry, San Antonio, v. 9, n. 6, p. 236-239, Dec.1996. STOOKEY, G. K. Caries prevention. J Dent Educ, Washington, v. 62, n. 10, p. 803-811, 1998. TWETMAN, S.; GRINDEFJORD, M. Mutans streptococci supression by chlorhexidine gel in toddlers. Am J Dentistry, San Antonio, v. 12, n. 2, p. 89-91, Apr.1999. VINHOLIS, A. H. C. et al. Mecanismo de ação da clorexidina. Rev Periodontia, São Paulo, v. 5, n. 3, p. 281-283, jan./jun.1996. WOISKY, R. G.; GIESBRECHT, A. M.; SALATINO, A. Atividade antibacteriana de uma formulação preparada a partir de própolis de Apis mellifera. Rev Farm Bioquím Univ São Paulo, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 19-, jan./jun. 1994. KOO, H.; GOMES, B. P.; ROSALEN, P. L.; AMBROSANO, G. M.; PARK, Y. K.; CURY, J. A. In vitro antimicrobial activity of propolis and Arnica montana against oral pathogens. Arch Oral Biol, Oxford, v. 45, n. 2, p. 141-148, Feb. 2000. KOO, H.; CURY, J. A.; ROSALEN, P. L.; AMBROSANO, G. M.; IKEGAKI, M.; PARK, Y. K. Effect of a mouthrinse containing selected propolis on 3-day dental plaque accumulation and polysaccharide formation. Caries Res, Basel, v. 36, n. 6, p. 445-448, Nov./Dec. 2002. KOO, H.; ROSALEN, P. L.; CURY, J. A.; PARK, Y. K.; BOWEN, W. H. Effects of compounds found in propolis on Streptococcus mutans growth and on glucosyltransferase activity. Antimicrob Agents Chemother, Washington, v. 46, n. 5, p. 1302-1309, May. 2002. MALTZ, M. Cárie dental: Fatores relacionados. In: PINTO, V. G. Saúde bucal coletiva. São Paulo: Santos, 2000. p. 319-339. MORAES, E.; OTA, C.; FANTINATO, V.; SHIMIZU, M. T. Influência da própolis na contagem de estreptoccocos do grupo mutans. In: Reunião Anual da SBPqO, 13, 1996. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, 1996. p. 111. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa, v. 6, n. 1, p. 87-92, jan./abr. 2006 ZANELA, N. L. M. et al Influência de bochechos com soluções de digluconato de clorexidina a 0,2%, fluoreto de sódio a 0,05% ph 3,4 e esteviosídeo a 0,1% na inibição da placa dentária in vivo, em crianças. Rev Fac Odontol Bauru, Bauru, v. 5, n. 1/2, p. 71-78, jan./jun.1997. ZANELA, N. L. M.; BIJELLA, M. F. T. B; ROSA, O. P. S. The influence of muothrinses with antimicrobial solutions on the inhibition of dental plaque and on the levels of mutans streptococci in children. Pesq Odontol Bras, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 101-106, abr./jun. 2002. ZÁRATE-PEREIRA, P. Análise da atividade de bochechos contendo fluoreto de sódio 0,05%; fluoreto de sódio 0,2% e própolis 5% acrescida de fluoreto de sódio 0,05%, sobre níveis salivares de estreptococos do grupo mutans em pacientes cárie-ativos. 74f. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 1999. ZÁRATE-PEREIRA, P. Avaliação in situ da ação de própolis de Apis mellifera no desenvolvimento da cárie dentária e na formação do biofilme dental. 116f. Tese de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2003. 91

ZERO, D. T. Dental caries process. Dent Clin North Amer, Philadelphia v. 43, n 4, p. 635-663, Oct. 1999. Recebido para publicação: 24/11/05 Enviado para reformulação: 13/12/05 Aceito para publicação: 16/01/06 Correspondência: Rossana Vanessa Dantas de Almeida Faculdade de Imperatriz - FACIMP Av. Prudente de Morais, s/n - Qd. 1 a 6 Resid. Kubitscheck Imperatriz - MA. CEP: 65900-000 E-mail: rossanacd@hotmail.com 92