ANÁLISE COMPARATIVA DA PREVALÊNCIA DE LOMBALGIA ENTRE MOTORISTAS DE ÔNIBUS DE TURISMO E COLETIVO URBANO



Documentos relacionados
OTRABALHO NOTURNO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE TAUBATÉ

PREFEITURA MUNICIPAL DE CHOPINZINHO PR SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE GESTÃO

Como Elaborar Um Projeto de Pesquisa

Relatório da IES ENADE 2012 EXAME NACIONAL DE DESEMEPNHO DOS ESTUDANTES GOIÁS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO EM PROFISSIONAIS DA LIMPEZA

1 INTRODUÇÃO. Ergonomia aplicada ao Design de produtos: Um estudo de caso sobre o Design de bicicletas 1 INTRODUÇÃO

DOCENTES DO CURSO DE JORNALISMO: CONHECIMENTO SOBRE SAÚDE VOCAL

5 Delineamento da pesquisa

PERFIL DOS CELÍACOS NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU-PR. Curso de Enfermagem 1,2

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO DE IDOSOS COM LOMBALGIA E SUA INTERFERÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

QUEIXAS E SINTOMAS VOCAIS PRÉ FONOTERAPIA EM GRUPO

CENSO DE ERGONOMIA. Autores: Hudson de Araújo Couto e Otacílio dos Santos Cardoso

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS SOBRE A SAÚDE DO HOMEM NO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRAS-PB.

TRABALHADORES DE SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO SUL

Considerada como elemento essencial para a funcionalidade

O IMPACTO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010

Ergonomia Corpo com Saúde e Harmonia

FORMULÁRIO DE PROGRAMA DE EXTENSÃO

AT I. ACADEMIA DA TERCEIRA IDADE Melhor, só se inventarem o elixir da juventude. Uma revolução no conceito de promoção da saúde.

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação-Porto\Portugal. Uma perspectiva comportamental em Adolescentes Obesos: Brasil x Portugal

Maria Inês Gazzola Paulino

Programa Corporativo Fitness Timbu

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Juarez Sabino da Silva Junior Técnico de Segurança do Trabalho

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA. Nome do(s) autor(es)

3 Metodologia de pesquisa

Conceito de pesquisa

ANÁLISE DE RELATOS DE PAIS E PROFESSORES DE ALUNOS COM DIAGNÓSTICO DE TDAH

ESCOLIOSE Lombar: Sintomas e dores nas costas

CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALEIAS (IHS 2004)

LER/DORT. Dr. Rodrigo Rodarte

AIDS E ENVELHECIMENTO: UMA REFLEXÃO ACERCA DOS CASOS DE AIDS NA TERCEIRA IDADE.

1 Introdução 1.1. Contextualização

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

UNAERP - UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIENCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA DO TRABALHO BRUNO MASSINHAN

Gerenciamento de Projetos Modulo II Ciclo de Vida e Organização do Projeto

DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM DIFERENTES CONTEXTOS SOCIAIS

CARACTERÍSTICAS POSTURAIS DE IDOSOS

CONDIÇÃO BUCAL DO IDOSO E NUTRIÇÃO: REFLEXÕES DA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA.

PALAVRAS-CHAVE: Uso Racional de Medicamentos. Erros de medicação. Conscientização.

O resultado de uma boa causa. Apresentação de resultados da campanha pela Obesidade do programa Saúde mais Próxima

Controle e Mapeamento de Doenças Ósteo-musculares. José Waldemir Panachão Médico do Trabalho Health Total - TRF3

O uso de práticas ergonômicas e de ginástica laboral nas escolas

PESQUISA SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR SUMÁRIO EXECUTIVO

PROJETO DE PESQUISA: passo a passo

Resumo das Interpretações Oficiais do TC 176 / ISO

AUTOMEDICAÇÃO EM IDOSOS NA REGIÃO SUL DO PARANÁ Gisele Weissheimer, Luciane Erzinger de Camargo

Displasia coxofemoral (DCF): o que é, quais os sinais clínicos e como tratar

O Projeto da Pesquisa. 1 - Escolha do Tema

Sumário Executivo Pesquisa Quantitativa Regular. Edição n 05

PREVALÊNCIA DE LOMBALGIA EM ALUNOS DE FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM A POSTURA SENTADA

DIMENSÕES DO TRABAHO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE: O ENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÕES DE TRABALHO PRECOCE

DIRETRIZES E PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DE PROPOSTAS DE CURSOS NOVOS DE MESTRADO PROFISSIONAL

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC PALMAS - TO

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC PALMAS - TO

Cefaleia Cefaleia tipo tensão tipo tensão

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC GOIÂNIA - GO

Palavras-chave: Fisioterapia; Educação Superior; Tecnologias de Informação e Comunicação; Práticas pedagógicas.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE NA LINGUAGEM R PARA CÁLCULO DE TAMANHOS DE AMOSTRAS NA ÁREA DE SAÚDE

3 Metodologia Tipo de pesquisa

Coluna no lugar certo Fisioterapeutas utilizam método que reduz dores nas costas em poucas sessões e induz paciente a fazer exercícios em casa

A SEGUIR ALGUMAS DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO CIENTÍFICO

Projeto 2.47 QUALIDADE DE SOFTWARE WEB

O título do projeto deve refletir a natureza do problema enfocado e ter um impacto significativo em seu leitor. Não deve ser muito extenso.

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) NOVEMBRO/2013

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PONTA GROSSA/PR: ANÁLISE DO ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DAS AULAS

Revisão de Estatística Básica:

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

VAMOS MANTER A POSTURA CORPORAL EM DIA!

A importância da Ergonomia Voltada aos servidores Públicos

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

Lesões Músculo-esqueléticas na Medicina Dentária

Psicopedagogia Institucional

CONHECIMENTO DE PROFESSORES ACERCA DO DESENVOLVIMENTO DE FALA E AÇÕES

Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida -SF-36. Sim, dificulta muito

EDUCAÇÃO FÍSICA PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS (PNEE): construindo a autonomia na escola

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS

TÍTULO: PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLE NCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLE NCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

ORIENTAÇÃO PARA ELABORAÇÃO E MONTAGEM DE PROJETO

CÂMARA TÉCNICA - 4ª REUNIÃO: QUALIFICAÇÃO DA ENTRADA DE BENEFICIÁRIOS EM PLANOS DE SAÚDE: DOENÇAS OU LESÕES PREEXISTENTES

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLE NCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

ESTUDO TEMÁTICO SOBRE O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA CAPACITAÇÃO OCUPACIONAL NO MUNICÍPIO DE OSASCO

RELAÇÃO DA POSTURA ADOTADA PARA DORMIR E A QUEIXA DE LOMBALGIA

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLE NCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL: ESTUDO DOS FATORES DE ATRASO E DE ADIAMENTO DA ADAPTAÇÃO

Transcrição:

ANÁLISE COMPARATIVA DA PREVALÊNCIA DE LOMBALGIA ENTRE MOTORISTAS DE ÔNIBUS DE TURISMO E COLETIVO URBANO Acadêmicos: José Francisco Mosso Neto e Amaro Cezar da Motta Barreto. Orientadores: Prof. Vagner Wilian Batista Sá e Profa. Rosa Maria Donadello Diogo Maini RESUMO O objetivo do presente estudo foi realizar uma análise comparativa da prevalência de lombalgia entre motoristas de ônibus de turismo e de coletivos urbanos. Materiais e Métodos: para atingir tal objetivo, foi aplicado o questionário epidemiológico, auto-aplicável, adaptado do Quebec Back Pain Disability Scale (QBPDS). A amostra foi constituída de 28 motoristas de ônibus de turismo (GT) e de 38 de coletivos urbanos (GC), totalizando 66 indivíduos. Empregou-se uma análise estatística descritiva para calcular as médias de idade e o índice percentual de indivíduos com mais de 15 pontos no QBPDS, portanto, eletivos à lombalgia, e a prevalência na amostra total. Resultados: as idades variaram no (GT) de 24 a 65 anos (média de 36,7 sd = 10,04), e no (GC) de 25 a 63 anos (média de 41,4 sd= 11,80). Os resultados do Quebec Back Pain Disability Scale mostraram uma baixa prevalência de lombalgia entre os indivíduos das amostras. Conclusão: encontrouse, neste estudo, uma baixa prevalência de lombalgia entre estes profissionais. Estudos futuros deverão ser realizados, utilizando outras metodologias e materiais, para confirmar ou refutar os resultados aqui encontrados. Palavras chave: Lombalgia, motoristas de ônibus, prevalência, Quebec Back Pain Disability Scale. ABSTRACT Objective: The objective of the present study was to carry through a comparative analysis of the prevalence of low back pain between tourism bus drivers and collective urban bus drivers. Materials and methods: To reach such objective, was applied the epidemiologist questionnaire, self applied, adapted from the Quebec Back Pain Disability Scale (QBPDS). The sample was built from 28 tourism bus drivers (TG), and from 38 collective urban bus drivers (CG), totalizing 66 individuals. It was used an descriptive statistics analysis to calculate the age averages and percentile index of individuals with more then 15 points on QBPDS, therefore elective for low back pain. Results: the ages on (TG) was between 24 and 65 years old (average of 36, 7 sd = 10,04), and on the (CG) between 25 and 63 years old (average of 41,4 sd o= 11,80). The results of the Quebec Back Pain Disability Scale had shown a low prevalence of low back pain for between individuals from analysis. Conclusion: was found on the study, a low prevalence of low back pain between these professionals. Future studies will be carried through by using another methodology and materials to confirm, or to refute the results here found. Keywords: Low back pain, bus drivers, prevalence, Quebec Back Pain Disability Scale. INTRODUÇÃO A lombalgia é a segunda causa mais comum para a procura de atendimento médico, chegando a 30% das consultas ortopédicas e a 50% dos pacientes atendidos na fisioterapia (DE VITTA, 1996). É considerado o segundo maior problema médico nas sociedades industriais modernas, em termos de afastamento das funções e diminuição da produtividade. Sua influência socioeconômica é vasta, levando, inclusive, à aposentadoria precoce (MORAES & SILVA, 2003).

Talvez a principal causa da dificuldade de se estudar a lombalgia seja a carência de uma explicação patogênica plausível para a maioria dos casos, e para os quais não é possível definir um diagnóstico específico da etiologia da dor lombar. Eles são geralmente diagnosticados como portadores de lombalgia mecânica e pode-se defini-la como uma dor localizada na região lombar de início insidiosa, vaga ou muito intensa. As endorfinas e outros neuromoduladores da nocicepção são liberados quando o nível da dor é muito intenso e quando há estresse associado. A depressão e ansiedade também interagem na percepção da dor através de mecanismos inibitórios e facilitatórios ainda não adequadamente elucidados. Talvez vias noradrenérgicas e serotoninérgicas estejam envolvidas no mecanismo normalmente associado à dor crônica (DE VITTA, 1996). O diagnóstico da lombalgia é difícil devido a inúmeros fatores, entre eles traumas mecânicos, tipos de ocupação, características comportamentais e psicossociais, com o aparecimento de disfunção ou algia na região lombar (SILVA, BONFIM & SILVA, 2005). Algumas situações cotidianas, entre as quais a manutenção da postura sentada por períodos prolongados, são agressoras das estruturas músculo-esqueléticas da coluna lombar e, conseqüentemente, consideradas como fatores determinantes da lombalgia (SOUZA, FONSECA & SÁ, 2006). Quanto ao tipo de atividade profissional, para cada categoria existe uma característica peculiar de exigência mental e motora. Desta forma é provável que os fatores de risco para a dor na coluna determinarão o tipo de desordem e os locais atingidos específicos para cada atividade exercida. Isto é, em algumas profissões, pode-se estar mais suscetível ao desenvolvimento de dores lombares, como em motoristas de ônibus, que possuem importante papel social, mas solicitam ações específicas para a realização de suas tarefas (QUEIROGA & FERREIRA, 2005). Dentre os fatores de risco que podem afetar a categoria dos motoristas de ônibus, podese relacionar o estresse, o medo, a ansiedade e a duração da dor que interferem no mecanismo da ativação do sistema morfínico envolvido na modulação da analgesia (WEINER et al., 2004). Dessa forma o objetivo do presente estudo foi realizar uma análise comparativa da prevalência de lombalgia em motoristas de ônibus de turismo e de coletivo urbano. 2

MATERIAIS E MÉTODOS CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO Este estudo realizou uma investigação epidemiológica de cunho descritivo que, segundo Pereira (1995), tem o objetivo de informar sobre a distribuição de um evento em uma população determinada, em termos quantitativos; no nosso caso é prevalência, onde não há a necessidade de formação de grupo-controle para a comparação de resultados, ao menos como é feita nos estudos analíticos. AMOSTRA A amostra constituiu-se de 28 motoristas de transporte de turismo (GT), e de 38 motoristas de coletivo urbano (GC), totalizando 66 indivíduos adultos. Os fatores de inclusão foram que todos deveriam ser do sexo masculino, voluntários, residentes no estado do Rio de Janeiro e funcionários da empresa de transporte e turismo Real Brasil Ltda., na função de motoristas de ônibus. Foram excluídos os indivíduos que estavam afastados da empresa por algum motivo, os que não exerciam o cargo de motorista de ônibus e ainda os que responderam os questionários de forma incompleta ou incorreta. INSTRUMENTOS Para que os objetivos propostos fossem alcançados aplicou-se o questionário epidemiológico, auto-aplicável, adaptado do Quebec Back Pain Disability Scale (QBPDS), desenvolvido e validado por Kopec em 1995, que tem como objetivo avaliar a influência da lombalgia nas atividades de vida diária (AVDs), com pontuação variando de 0 a 100, sendo considerado portador de lombalgia aquele que obtenha 15 ou mais pontos (anexo 1). PROCEDIMENTOS O questionário foi aplicado em dois dias alternados e pela manhã, horário em que a maioria dos motoristas se encontrava disponível. Foram reunidos no auditório da empresa sem a presença de seus supervisores, para assegurar que houvesse o máximo de fidedignidade nas respostas. Ao serem abordados pelos autores, lhes foi explicado, de modo geral, em que consistia o estudo, dando-se ênfase para que respondessem a todas as perguntas, especificamente, para dor lombar e não em outra região corporal. Esclareceu-se a relevância do estudo em benefício dos próprios pesquisados, a importância da veracidade das respostas do questionário e que somente os autores tomariam conhecimento das mesmas. 3

Foram elaborados o Termo de Informações da Pesquisa à Empresa (anexo 2) e o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo 3), garantindo o sigilo das informações individuais, assim como a ausência de identificação dos funcionários. ANÁLISE ESTATÍSTICA Empregou-se uma análise estatística descritiva, onde foram calculadas as médias de idade dos grupos, o percentual de indivíduos com mais de 15 pontos no QBPDS, para demonstrar em qual destes havia uma prevalência de lombalgia. E a prevalência de lombalgia na amostra total. RESULTADOS A amostra inicial foi constituída de 79 indivíduos. Treze foram excluídos do estudo por responder de forma inadequada ao Quebec Back Pain Disability Scale. Os grupos foram formados por 28 motoristas de ônibus de turismo (GT) e 38 motoristas de coletivo urbano (GC), totalizando 66 indivíduos. A faixa etária do (GC) variou de 25 a 63 anos (média de 41,4 sd=11,80), enquanto que para o (GT) variou de 24 a 65 anos (média de 36,7 sd=10,04), conforme a tabela 1. Tabela 1. Distribuição da amostra conforme a faixa etária. 18 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 total média anos anos anos anos anos GC 09 11 06 10 02 38 41,4 GT 05 10 07 04 02 28 36,7 Total 14 21 13 14 04 66 Legenda: GC: coletivo urbano; GT: transporte de turismo As faixas etárias onde ocorreram as maiores diferenças no número de indivíduos entre os grupos foram as de 18 a 29 anos e 50 a 59 anos, conforme a figura 1. 4

figura 1. Diferença do número de indivíduos por faixa etária entre os grupos. 12 11 10 9 10 10 8 6 4 5 4 6 7 4 6 GC GT TOTAL 2 0 18 a29 anos 30 a 39 anos 1 1 40 a 49 anos 50a 59 anos 2 2 0 60 a 69 anos Os resultados do QBPDS mostraram que no GC n=38 quatro indivíduos atingiram pontuação igual ou acima de 15 pontos, enquanto no GT n=28 apenas um indivíduo atingiu este escore. Estes resultados demonstraram que houve uma prevalência de lombalgia no (GC) em relação ao (GT) de 6,95%, como mostra a tabela 2. Tabela 2. Resultados do questionário Quebec Back Pain Disability Scale. Amostra igual ou acima de 15 pontos percentual GC n=38 4 10,52% GT n=28 1 3,57% Diferença entre os grupos 6,95% Legenda: GC: coletivo urbano; GT: transporte de turismo Na amostra total (n=66) houve uma baixa prevalência de lombalgia entre estes profissionais, já que apenas 14,09% destes apresentaram tais sintomas, percentual muito menor que o encontrado por Bréder em (2006), onde a prevalência de lombalgia foi de 40% entre os indivíduos de sua amostra (n=20). 5

figura 2. Prevalência de lombalgia na amostra total. 70 60 66 50 40 30 38 28 GC GT TOTAL 20 10 0 n 10,52% 14,09% 3,57% percentual DISCUSSÃO Os resultados deste estudo revelaram uma baixa prevalência de lombalgia entre os indivíduos do GC e o GT, e também na amostra total (n=66). O fato destes profissionais permanecerem na postura sentada por várias horas não foi fator desencadeante de dor lombar na maioria dos motoristas avaliados (85,91%). Fato corroborado pela pesquisa de Huet e Moraes (2003), que relataram que o desconforto na região lombar baixa não mostra relação com a função destes indivíduos. Silva (2004) também encontrou como resultado de seu estudo que o trabalho na posição sentada em motoristas não mostrou associação com a dor lombar, mas sim uma compressão excessiva da tuberosidade isquiática, levando a uma irritabilidade dos tecidos moles adjacentes, principalmente em indivíduos de estatura elevada. Para De Vitta (1996), a permanência na postura sentada por mais de 4 horas diárias é um dos fatores agravantes para o surgimento de dores lombares, independente de idade ou sexo, e em particular nestes profissionais. Tanto De Vitta (1996) quanto Balbinot (2002) concordaram que há uma transmissibilidade de vibrações causadas pelo ônibus, que é um outro fator agravante para o surgimento da lombalgia nesta população. 6

Bréder em (2006) encontrou em seu estudo que as variáveis horas trabalhadas e fatores psicossociais (ansiedade, sentimento de tristeza, estresse, insatisfação no trabalho, nível de educação) se comportaram como fatores de risco para lombalgia. O uso do questionário auto-aplicável deve ser levado em consideração, já que não foi mensurado, neste estudo, o nível de educação dos indivíduos, o que pode interferir nos resultados do mesmo, podendo haver informações discordantes da realidade de cada indivíduo entrevistado no momento de respondê-lo. Outro fator que deve ser levado em conta é que o questionário foi aplicado somente em motoristas que atuavam na profissão, e que este fato pode não refletir a realidade, já que não foi possível mensurar se haviam outros profissionais afastados de suas atividades em função de lombalgia no momento da realização deste estudo, o que poderia modificar este resultado, e que também outros fatores deveriam ter sido investigados, tais como índice de massa corporal (IMC), estatura, tempo de profissão e história patológica pregressa de cada indivíduo. CONCLUSÃO O presente estudo revelou uma baixa prevalência de lombalgia entre o GC e o GT (6,95%), e na amostra total (14,09% para n=66). Estudos futuros deverão ser realizados utilizando-se outras metodologias e materiais, para confirmar ou refutar os resultados aqui encontrados, ou oferecer substratos mais precisos que conduzam a programas de prevenção e tratamento, assegurando uma melhor saúde ocupacional e qualidade de vida a estes profissionais, e a população em geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALBINOT, A. & TAMAGNA, A. Avaliação da transmissibilidade de vibração em bancos de motoristas de ônibus urbanos: Um enfoque no conforto e na saúde. vol. 18 n. 1. Revista Brasileira de Engenharia Biomédica. São Paulo, ago. 2002, p 31-38. BRÉDER, V. F. et al. Prevalência de lombalgia em motoristas de ônibus urbano. vol. 7. n. 4. Revista Fisioterapia Brasil. Rio de Janeiro, jul. 2006, p 290-294. DE VITTA, A. A lombalgia e suas relações com o tipo de ocupação, coma a idade e o sexo. vol. 1. n. 2. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Paulo, jul. 1996, p 67-72. HUET, M. & MORAES, A. Medidas de pressão sob a pelve na postura sentada em pesquisas de ergonomia. vol. 4. n. 6. Revista Fisioterapia Brasil. Rio de Janeiro, ago. 2003, p 438-444. KOPEC, J. A. et al. The Quebec Back Pain Disability Scale. Measurement Properties. Disponível em: http:/ www.pubmed.com.br/oamis. Acesso em: 23 jun. 2007. MORAES, E. R. P. & SILVA, M. A. G. A prevalência de lombalgia em capoeiristas do Rio de Janeiro. vol. 4. n. 5. Revista Fisioterapia Brasil. Rio de Janeiro, mar. 2003, p 311-319. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1995. 7

QUEIROGA, M. R. & FERREIRA, S. A. Ocorrência de dor na coluna vertebral em motoristas de ônibus e bombeiros militares. vol. 7. n. 1. Revista de Traumato-Ortopedia. Londrina, out. 2005. RODRIGUES, F. L. & VIEIRA, E. R. Comparação entre o duplo flexímetro e o eletrogoniômetro durante o movimento de flexão anterior da coluna lombar. vol. 7. n. 3. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Paulo, set. 2003, p 269-274. SILVA, G. V. & BONFIM, A. B. C. & SILVA, M. A. G. Disfunção muscular e lombalgia em pilotos de helicóptero. Revista Fisioterapia Brasil. vol. 6. n. 4. Rio de Janeiro, fev. 2005, p 281-289. SILVA, M. C. & FASSA, A. G. & VALLE, N. C. J. Dor lombar crônica em uma população adulta do Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. vol. 2, n. 20. Cad. Saúde Publica. Paraná, ago. 2004, p 1-12. SOUZA, M. C. M. G. & FONSECA, V. S. & SÁ, V. W. B. Prevalência de lombalgia em surfistas amadores. vol. 10. n. 1. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Paulo, out. 2006. WEINER, D. K. et al. Fatores de pré-disposição clínica da dor lombar persistente em adultos. vol. 112. Revista da Associação Internacional para o Estudo da Dor. São Paulo, 2004, p 214-220. 8

ANEXOS ANEXO 1 QUEBEC BACK PAIN DISABILITY SCALE THE QUEBEC BACK PAIN DISABILTY ESCALE Este questionário é sobre a forma como a sua dor na coluna está afetando sua vida diária. Pessoas com problemas na coluna podem encontrar dificuldades em realizar algumas das suas atividades diárias. Gostaríamos de saber se você encontra dificuldades em realizar algumas das atividades listadas abaixo, em função da sua dor. Para cada atividade existe uma escala de 0 a 5. Por favor, escolha apenas uma opção de resposta para cada atividade (não pule nenhuma atividade) e marque um X na coluna correspondente. 9

1. Levantar da cama Hoje você encontrou dificuldade em realizar uma ou mais das seguintes atividades abaixo? 2. Dormir durante a noite 3. Ao virar-se na cama 4. Dirigir o carro 5. Permanecer de pé por 30 min. 6. Permanecer sentado por várias horas 7. Subir um lance de escadas 8. Andar de 300/400 metros 9. Andar vários quilômetros 10. Alcançar prateleiras altas 11. Arremessar uma bola 12. Correr 100 metros 13. Tirar comida ou objetos da geladeira 14. Arrumar sua cama 15. Colocar meias 16. Curvar-se para limpar alguma coisa 17. levantar uma cadeira 18. Puxar ou empurrar portas pesadas 19. Carregar duas bolsas de mantimentos 20. Levantar e carregar malas pesadas 0. 1. 2. 3. 4. 5. Nenhuma Mínima Alguma Dificuldade Muita Incapaz dificuldade dificuldade dificuldade moderada dificuldade de fazer ANEXO 2 10

TERMO DE INFORMAÇÃO DA PESQUISA À EMPRESA TERMO DE INFORMAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA Ex. mo. Sr. Diretor executivo da Empresa de Transporte e Turismo Real Brasil Ltda. Venho por meio desta informar a intenção de realizar um estudo científico sobre a prevalência de lombalgia em motoristas de ônibus de turismo e de coletivos urbanos junto à empresa em questão, e solicitar a sua autorização para tal evento. Ressalvamos que o referido estudo não acarretará danos físicos ou mentais a nenhum de seus funcionários e que os resultados, possivelmente, contribuirão para uma melhor qualidade de vida dos mesmos. Atenciosamente, Vagner Wilian e Sá - Professor José Francisco Mosso - acadêmico Amaro Cezar - acadêmico 11

ANEXO 3 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO 12

TERMO DE CONSENTIMENTO Caro participante, Venho por meio desta solicitar a sua participação consentida em um estudo científico, preenchendo um questionário específico para mensurar a prevalência de lombalgia em motoristas de ônibus. Ressalvamos que a coleta de dados não acarretará qualquer dano físico ou mental para o senhor e que, para mais esclarecimentos, procure orientação através do acadêmico que administrará o referido questionário. Esclarecemos, ainda, que as perguntas respondidas com clareza e verdade irão colaborar com o conhecimento da prevalência de lombalgia nos motoristas de ônibus e, possivelmente, o desenvolvimento de técnicas e objetivos mais específicos para esta população. Eu:, aceito participar do estudo, estando esclarecido da proposta do mesmo. Assinatura: Identidade: Gratos por vossa colaboração Prof. Vagner Willian e Sá Ac. José Francisco Ac. Amaro Cezar 13