Eixo Temático ET Meio Ambiente e Recursos Naturais

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Transcrição:

Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 1: Congestas 2013 275 Eixo Temático ET-05-019 - Meio Ambiente e Recursos Naturais ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS EM MUNICÍPIOS COM USINAS HIDROELÉTRICAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TOCANTINS Júlio César Ibiapina Neres 1 ; Fernando Barnabé Cerqueira 2 ; José Iran Cardoso da Silva 3 ; Rogério de Sousa Gomes 4 ; Higino Flávio de Freitas Ramos 4 ; Nelson José Maciel Gonçalves 1 ; Liberta Lamarta Favoritto Garcia Neres 4 1 Prof. Msc. Faculdade Guaraí, Guaraí-TO; 2 Prof. Msc. Faculdade Guaraí, Guaraí-TO, Doutorando em Biodiversidade e Biotecnologia pela Rede Bionorte, Palmas-TO; 3 Pós-Doutorando em Agronomia, Gurupi-TO, UFT; 4 Prof.(a) Esp. Faculdade Guaraí, Guaraí- TO. RESUMO O presente estudo teve por objetivo caracterizar os impactos ambientais nos municípios inseridos na bacia hidrográfica do Rio Tocantins, considerando-se os dados acerca da cobertura vegetal e uso da terra, providos por imagens de satélites. Foi realizado o mapeamento do uso da terra nos municípios com usinas hidroelétricas no vale do rio Tocantins, através de ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, como subsídio para compreensão dos processos socioambientais. A análise temporal de imagens de satélite permitiu a identificação da dinâmica de paisagem para os municípios diretamente envolvidos com a construção das hidroelétricas, incluindo as taxas brutas de desmatamentos, bem como a evolução dessa ao longo do tempo. A construção de usinas hidroelétricas trazem sérios impactos ambientais, como a criação de grandes áreas alagadas e a mudança no ciclo de vida destes rios represados (ressaltase aqui uma maior emissão de Metano, um gás de efeito estufa). Por outro lado, deve-se considerar os impactos ambientais atrelados a estes empreendimentos, normalmente acompanhados por uma significativa redução da cobertura vegetal nativa (fisionomias de savana e floresta). Palavras-chave: Rio Tocantins; Análise ambiental; Usinas hidroelétricas. INTRODUÇÃO No cenário nacional, o Rio Tocantins figura dentre os maiores sistemas hidrográficos do país (sistema Araguaia-Tocantins), passando por vários estados brasileiros (ANA, 2006), com diversos projetos implantados para a geração de energia hidroelétrica. Nesta bacia, as condições físico-hidrográficas facilitam a multiplicação de reservatórios e quedas de água. A Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins, compreendida em parte do Centro-Oeste e Norte do Brasil, possui uma área de 918.273 km 2 (11 do território nacional), abrangendo os estados de Goiás (e o Distrito Federal), Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Pará. OBJETIVO O presente estudo teve por objetivo caracterizar os impactos ambientais nos municípios inseridos na bacia hidrográfica do Rio Tocantins, considerando-se os dados acerca da cobertura vegetal e uso da terra, providos por imagens de satélites.

276 Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 1: Congestas 2013 METODOLOGIA No presente estudo foi restrito a área da Bacia Hidrográfica do Tocantins (182.401 km 2 ), envolvendo os estados de Goiás, Maranhão, Pará e Tocantins. Foram selecionados 43 municípios envolvidos diretamente pelos reservatórios das usinas hidroelétricas no rio Tocantins (Tabela 1). Tabela 1. Municípios envolvidos pelos reservatórios das usinas hidroelétricas no Rio Tocantins. Goiás Campinaçu Campinorte Cavalcante Colinas do Sul Minaçu Niquelândia São Luis do Norte Uruaçu Maranhão Campestre do Maranhão Carolina Estreito Porto Franco Ribamar Fiquené Pará Breu Branco Itupiranga Jacundá Marabá Novo Repartimento São João do Araguaia Tucuruí Fonte: IBGE. Tocantins Aguiarnopólis Babaçulandia Barra do Ouro Bom Jesus do Tocantins Brejinho de Nazaré Filadélfia Ipueiras Itaguatins Itapiratins Lajeado Maurilândia do Tocantins Miracema do Tocantins Palmas Palmeirópolis Palmeirante Paranã Pedro Afonso Peixe Porto Nacional São Salvador Tocantinópolis Tupirama Tupiratins O trabalho consistiu no mapeamento dos remanescentes de vegetação da área de estudo, através da interpretação de imagens de satélite. Foram utilizadas imagens do satélite Landsat (sensor MSS), obtidas ao longo dos anos de 1979 a 1981, e imagens do satélite sino-brasileiro CBERS 2 (sensor CCD), referentes ao ano de 2006. Ao todo, foram obtidas 69 imagens, entre 1979 e 2006, georreferenciadas e organizadas em mosaicos, de acordo com o ano: mosaico referente a 1980 (dados de 1979 a 1981) e 2006, cobrindo dois momentos históricos da bacia do Rio Tocantins. Na Figura 1 pode ser observado de forma ilustrativa as etapas aplicadas no processamento de cada imagem, a partir do softwares ENVI e ArcGIS.

Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 1: Congestas 2013 277 Figura 1. Da esquerda para a direita, exemplo das etapas de processamento aplicadas para cada uma das 69 cenas, ao final mosaicadas para a área de estudo: 1) Imagem de satélite (padrão de cores RGB - MIR/NIR/RED). 2) NDVI (geração do índice de vegetação). 3) Classificação (fatiamento por intervalos de valores do NDVI). 4) Edição 1 (reclassificação, em duas classes uso e não-uso); 5) Edição 2 (filtro para preenchimento de pequenos vazios). 6) Mapa final (formato vetorial, com duas classes uso e não-uso). RESULTADOS E DISCUSSÃO No Estado de Goiás, que possui as usinas de Serra da Mesa e de Cana-Brava, teve redução da cobertura vegetal nativa em poucos municípios, mais proeminente em Minaçu (34). No geral, para uma significativa parte dos municípios, houve um pequeno acréscimo de vegetação, devido ao processo de regeneração da cobertura natural ou por reflorestamentos, caso de Campinorte (14) (Tabela 2). Tabela 2. Quantificação da vegetação remanescente (INR) para os anos de 1980 e 2006, nos municípios envolvidos por empreendimentos hidroelétricos no Estado de Goiás. Municípios Área mun. Campinaçu 198.170 111.017 56 121.398 61 Campinorte 107.210 40.831 38 55.806 52 Cavalcante 697.950 319.848 46 327.299 47 Colinas do Sul 171.450 101.053 59 108.817 63 Minaçu 287.160 229.827 80 132.759 46 Niquelândia 987.900 487.378 49 468.138 47 São Luis do Norte 58.810 17.242 29 18.556 32 Uruaçu 214.970 76.854 36 89.131 41 Total 2.723.620 1.384.050 50,81 1.321.904 48,53 Já Estado do Maranhão as transformações na cobertura vegetal em 5 municípios envolvidos pelo surgimento de usinas hidroelétricas na bacia do rio Tocantins, ocorreram de forma progressiva, causando sensíveis mudanças na paisagem deste estado. Os municípios de Campestre do Maranhão, Porto Franco e Estreito foram os que sofreram as maiores reduções na cobertura (os dois primeiros com 35, e o terceiro com 24, respectivamente) (Tabela 3).

278 Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 1: Congestas 2013 Tabela 3. Quantificação da vegetação remanescente (INR) para os anos de 1980 e 2006, nos municípios envolvidos por empreendimentos hidroelétricos no Estado do Maranhão. Municípios Área mun. Campestre do Maranhão 61.820 46.799 76 24.268 39 Carolina 649.000 321.216 49 274.508 42 Estreito 272.770 201.219 74 137.719 50 Porto Franco 142.250 119.276 84 69.430 49 Ribamar Fiquene 73.840 68.848 93 52.050 70 Total 1.199.680 757.358 63,13 557.975 46,51 Dentre os municípios estudados no Estado do Pará, Marabá se destacou pela maior redução da cobertura vegetal nativa (12), enquanto os demais não ultrapassou 7 (Tabela 4). No entanto, em alguns municípios houve um acréscimo de cobertura vegetal neste período avaliado, sendo provavelmente um indicativo de regeneração e reflorestamento. Tabela 4. Quantificação da vegetação remanescente (INR) para os anos de 1980 e 2006, nos municípios envolvidos por empreendimentos hidroelétricos no Estado do Pará. Municípios Área mun. Breu Branco 398.900 226.557 66 305.b487 77 Itupiranga 791.460 536.826 82 619.480 78 Jacundá 201.480 181.745 47 124.585 62 Marabá 1.515.790 1.129.337 81 1.042.068 69 Novo Repartimento 1.546.410 1.064.715 82 1.157.892 75 São João do Araguaia 130.170 93.133 74 87.377 67 Tucuruí 209.550 141.465 61 141.834 68 Total 4.793.760 3.373.778 77,60 3.478.723 72,56 Para o Estado do Tocantins boa parte dos municípios apresentaram uma queda na cobertura vegetal nativa. Os municípios de Tupirama (24 de redução no INR), Filadélfia (13), Miracema do Tocantins (12) e São Salvador (11) foram os que sofreram as maiores variações no INR (Tabela 5). Em diversas pesquisas esta perdas de cobertura do solo têm apontado para uma expansão das atividades agropecuárias no Estado do Tocantins e em outros da região nordeste do país (SANO et al., 2008; FERREIRA et al., 2010).

Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 1: Congestas 2013 279 Tabela 5. Quantificação da vegetação remanescente (INR) para os anos de 1980 e 2006, nos municípios envolvidos por empreendimentos hidroelétricos no Estado do Tocantins. Municípios Área mun. Aguiarnópolis 23.880 22.185 55 13.027 54 Babaçulândia 191.640 110.676 55 104.433 54 Barra do Ouro 111.110 63.486 56 63.629 57 Bom Jesus do Tocantins 133.820 94.531 70 89.046 67 Brejinho do Nazaré 172.890 69.842 45 64.818 37 Filadélfia 199.650 109.116 62 100.910 51 Ipueiras 81.650 38.807 57 41.051 50 Itaguatins 82.770 45.343 58 51.670 62 Itapiratins 124.100 69.135 67 77.707 63 Lajeado 30.130 23.432 65 17.678 59 Maurilândia do Tocantins 79.240 28.802 33 36.088 46 Miracema do Tocantins 266.700 192.953 61 130.954 49 Palmas 247.490 170.058 47 116.932 47 Palmerópolis 171.020 128.583 63 83.354 49 Palmeirante 247.230 88.471 37 101.911 41 Paraná 1.216.090 574.476 54 641.024 53 Pedro Afonso 205.030 101.889 49 96.553 47 Peixe 511.120 272.813 55 250.041 49 Porto Nacional 446.410 251.982 43 174.569 39 São Salvador 142.760 103.582 79 98.139 69 Tocantinópolis 108.180 69.884 38 60.007 55 Tupirama 71.580 34.095 42 17.470 24 Tupiratins 89.910 32.039 35 27.761 31 Total 4.954.400 2.696.180 52,94 2.458.772 49,62 CONCLUSÕES A análise temporal de imagens de satélite permitiu a identificação da dinâmica de paisagem para os municípios diretamente envolvidos com a construção das hidroelétricas, incluindo as taxas brutas de desmatamentos, bem como a evolução dessa ao longo do tempo. Construção de usinas hidroelétricas trazem sérios impactos ambientais, como a criação de grandes áreas alagadas e a mudança no ciclo de vida destes rios represados (ressalta-se aqui uma maior emissão de Metano, um gás de efeito estufa). Uma vez que os serviços ambientais mencionados tendam a ser comprometidos com a implantação de empreendimentos hidroelétricos (de pequeno, médio ou grande porte), juntamente com outras atividades de cunho agropecuário, torna-se essencial a realização de um ordenamento territorial por parte dos Estados e municípios, já

280 Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 1: Congestas 2013 realizado para outras atividades humanas de grande impacto socioambiental (como as de cunho industrial e agrícola), optando-se sempre pelas áreas de menor sensibilidade em termos ecológicos, ou mesmo por outros projetos com fontes de energia limpa e renovável, tais como a solar e a eólica. Por outro lado, deve-se considerar os impactos ambientais atrelados a estes empreendimentos, normalmente acompanhados por uma significativa redução da cobertura vegetal nativa (fisionomias de savana e floresta). AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação (Mestrado) em Ciências Ambientais e Saúde - Pontifícia Universidade Católica de Goiás, com apoio do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (LAPIG/UFG). REFERÊNCIAS ANA. Agência Nacional de Água. Plano estratégico do Tocantins-Araguaia Brasil. 2006. Disponível em: <http://www.ana.gov.br>. Acesso em: 10/12/2007. FERREIRA, M.E.; MIZIARA, F.; FERREIRA JÚNIOR, L.G.; SOARES-FILHO, B. Land Cover Change Dynamics over the Brazilian Savanna: Future Scenarios and Perspectives of Conservation. In: The Meeting of the Americas - Foz do Iguaçu. EOS Transactions of the American Geophysical Union, v. 91, 2010. SANO, E.E.; ROSA, R.; BRITO J.L.; FERREIRA, L.G. Mapeamento semidetalhado (escala de 1:250.000) da cobertura vegetal antrópica do bioma Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 1, p. 153-156, 2008.