UEHPOSOL ESTUDOS DE SEMÂNTICA E ENUNCIAÇÃO. Instituição: UFSCar Universidade Federal de São Carlos

Documentos relacionados
O MEMORÁVEL NA RELAÇÃO ENTRE LÍNGUAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ANÁLISE DE TEXTO: UM OLHAR DE SEMANTICISTA. Sheila Elias de Oliveira 1

UMA NOÇÃO DE TEXTO. por Gabriele de Souza e Castro Schumm

O ACONTECIMENTO DISCURSIVO COMO GESTO DE INTERPRETAÇÃO: O POLONÊS DO PARANÁ

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE? UM ESTUDO DO HUMOR E DO ESTEREÓTIPO DO CASAMENTO EM TIRA CÔMICA

O SENTIDO DA PALAVRA POETA NO POEMA AUTOPSICOGRAFIA DE FERNANDO PESSOA

CIÊNCIA, LÍNGUA(GEM) E SIGNIFICAÇÃO: CONSIDERAÇÕES TEÓRICO- METODOLÓGICAS DE UMA SEMÂNTICA ENUNCIATIVA NO BRASIL

Argumentação, metáfora, textualidade e enunciação

MODERNIDADE E SUA INFLUÊNCIA NO SENTIDO DE LEITURA

IX SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS 21 e 22 de setembro de 2017

OS DISCURSOS SOBRE EDUCAÇÃO NAS PROPAGANDAS GOVERNAMENTAIS BRASILEIRAS

DACEX CTCOM Disciplina: Análise do Discurso. Profa. Dr. Carolina Mandaji

MEMÓRIA E ARGUMENTAÇÃO NA PROPAGANDA ELEITORAL 68

Linguagem como Interlocução em Portos de Passagem

OS SENTIDOS DA PALAVRA IDEOLOGIA NA MÚSICA DE CAZUZA

ESTUDO ENUNCIATIVO DA DESIGNAÇÃO DA EXPRESSÃO LÍNGUAJAR GAÚCHO NA OBRA DE DANTE DE LAYTANO: REFLEXÃO SOBRE A NOÇÃO DE ACONTECIMENTO

LÍNGUAS E ESPAÇOS DE ENUNCIAÇÃO

ANÁLISE DE DISCURSO de origem francesa. Circulação e textualização do conhecimento científico PPGECT maio 2015 Henrique César da Silva

ACONTECIMENTO E REESCRITURAÇÃO: SENTIDOS DE LIBERDADE VINCULADOS À NOÇÃO DE CIDADANIA EM ENUNCIADOS DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS DE 1824 E 1891

AGENCIAMENTOS ENUNCIATIVOS: O DIREITO DE DIZER EM PROCESSOS JURÍDICOS DO SÉCULO XIX. Cecília Ribeiro de Souza 1 Jorge Viana Santos 2 INTRODUÇÃO

V SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS FUNCIONAMENTO DISCURSIVO SOBRE ALIENAÇÃO PARENTAL NA MÍDIA BRASILEIRA

TEXTO E ENUNCIAÇÃO. Eduardo Guimarães

A DESIGNAÇÃO DE LEXICOGRAFIA PEDAGÓGICA

IX SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS 21 e 22 de setembro de 2017

SENTIDOS DE SENHORIO NO PÓS-ABOLIÇÃO: O PODER DO EX-SENHOR DEMONSTRADO NAS RELAÇÕES COM EX-ESCRAVOS

ENUNCIAÇÃO, DESIGNAÇÃO E METÁFORA: UM ESTUDO SOBRE O POLÍTICO NA LINGUAGEM 1

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS E ESPANHOL

OS SENTIDOS DA PALAVRA DEFICIÊNCIA NO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: UMA ANÁLISE ENUNCIATIVA

TÍTULO: A IRONIA E A CONSTRUÇÃO DE UM ETHOS FEMINISTA NO DISCURSO LITERÁRIO DE JANE AUSTEN

OS LUGARES DE ENUNCIAÇÃO NA DESIGNAÇÃO E NA ARGUMENTAÇÃO DE MARCHA PARA OESTE E PROGRESSO

O ENSINO DAS CONJUNÇÕES NUMA PERSPECTIVA SINTÁTICO-SEMÂNTICA

LED - LINGUAGEM, ENUNCIAÇÃO, DISCURSO. Instituição: UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

A ARGUMENTAÇÃO E MOVIMENTO DAS LÍNGUAS: O SIMBÓLICO NA CENA PÚBLICA DE LITÍGIO NO MANDADO DE SEGURANÇA PROCESSOS DE REPRESENTAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO

RESENHA DE ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: PCNS, GRAMÁTICA E DISCURSO [WITTKE, C. I. SANTA CRUZ DO SUL: EDUNISC, 2007]

RESENHA - ANÁLISE DO DISCURSO: PRINCÍPIOS E PROCEDIMENTOS REVIEW - DISCOURSE ANALYSIS: PRINCIPLES AND PROCEDURES

TÍTULO: A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO DA PERSONAGEM FÉLIX: DA NOVELA PARA AS PÁGINAS DO FACEBOOK

Questões-chave da lingüística da enunciação A lingüística da enunciação constitui um campo científico de estudos?...

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS E ESPANHOL - LICENCIATURA

A SINTAXE NO LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS ANÁLISE E DEBATE: UM DIÁLOGO COM O ENSINO

OS SUJEITOS BRASILEIROS NAS ENUNCIAÇÕES PRESIDENCIAIS: DE DEODORO DA FONSECA A GETÚLIO VARGAS

CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS DOS CONCEITOS DE CRIANÇA E ADOLESCENTE EM MATERIALIDADES LEGISLATIVAS. José Ricardo de Souza Rebouças Bulhões 1 INTRODUÇÃO

A ESCRITA INFANTIL: SENTIDOS E INTERPRETAÇÃO DOS REGISTROS DAS CRIANÇAS

6. PLANOS DE DISCIPLINAS

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS E ESPANHOL - LICENCIATURA

MÍDIA E DISCURSIVIDADE: DILMA E RADICAIS DO PT

V SEMINÁRIO DE PESQUISA E ESTUDOS LINGUÍSTICOS

UM ESTUDO DISCURSIVO DOS BLOGS: SENTIDOS DE/SOBRE. Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade

A DESIGNAÇÃO DA EXPRESSÃO LÍNGUAJAR GAÚCHO NA OBRA: O LINGUAJAR DO GAÚCHO BRASILEIRO

COLÉGIO MAGNUM BURITIS

Análise de Discurso Roteiro sugerido para a elaboração de trabalho de análise

GELPH GRUPO DE ESTUDOS LÍNGUA, POLÍTICA E HISTÓRIA. Instituição: UFSM Universidade Federal de Santa Maria

DA LEGISLAÇÃO AO INSTRUMENTO LINGUÍSTICO: O FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA DISCURSIVA.

A ESTRUTURA COMPOSICIONAL DA SENTENÇA JUDICIAL CONDENATÓRIA: PLANOS DE TEXTOS E AS SEQUÊNCIAS TEXTUAIS

APONTAMENTOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA AUTORIA EM RESENHAS ACADÊMICAS

DACEX CTCOM Disciplina: Análise do Discurso. Profa. Dr. Carolina Mandaji

Jornal Oficial do Centro Acadêmico da Universidade Vale do Acaraú.

Aula6 MATERIALIDADE LINGUÍSTICA E MATERIALIDADE DISCURSIVA. Eugênio Pacelli Jerônimo Santos Flávia Ferreira da Silva

significados que pretende comunicar em um determinado contexto sócio-cultural. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) leva em consideração que as

Koch, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997, 124 p.

EMENTAS DAS DISCIPLINAS DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO E DOUTORADO (Resolução nº 182/2017-CI/CCH 31/10/2017)

Letras Língua Portuguesa

H003 Compreender a importância de se sentir inserido na cultura escrita, possibilitando usufruir de seus benefícios.

Carmen Lúcia. A soberba não é grandeza, é inchaço. O que incha parece grande, mas não está são. Santo Agostinho LÍNGUA PORTUGUESA CONTEÚDOS

Linguagem em (Dis)curso LemD, v. 9, n. 1, p , jan./abr. 2009

A CONSTITUIÇÃO DOS ESTUDOS SOBRE A LINGUAGEM NOS ANOS 50 A PARTIR DA ARTICULAÇÃO ENTRE A LÍNGUA E A HISTÓRIA

10/06/2010. Prof. Sidney Facundes. Adriana Oliveira Betânia Sousa Cyntia de Sousa Godinho Giselda da Rocha Fagundes Mariane da Cruz da Silva

COLÉGIO MAGNUM BURITIS

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO ESPAÇO SOCIAL PARA A MANIFESTAÇÃO DE IDEIAS

CRIAÇÃO LEXICAL: O USO DE NEOLOGISMOS NO PORTUGUÊS FALADO EM DOURADOS

COLÉGIO MAGNUM BURITIS

O PT E A POSIÇÃO DE SUJEITO RÉU NO ACONTECIMENTO DISCURSIVO DO JULGAMENTO DO IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF

A REESCRITURA DA LÍNGUA ESPANHOLA EM CONTEXTO NACIONAL E GLOBALIZADO Claudineia de Assis Maldonado

A FORMA-SUJEITO DO/NO DISCURSO NO PROCESSO METAFÓRICO DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS DO NOME PORTUGUÊS NA ARGENTINA

Letras Língua Portuguesa. SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA I LE0007, 45h

PÊCHEUX E A PLURIVOCIDADE DOS SENTIDOS 1

Produção do Português Escrito

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

O FUNCIONAMENTO DA NOÇÃO DE LÍNGUA EM DICIONÁRIOS

O DISCURSO NO CINEMA: FORMULAÇÃO E CIRCULAÇÃO DE SENTIDOS

COLÉGIO MAGNUM BURITIS

MÍDIA E EFEITOS DE SENTIDO DO ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO O CASO DA MÁFIA DOS SANGUESSUGAS

GUIMARÃES, Eduardo. História da Semântica. Sujeito, Sentido e Gramática no Brasil. Campinas, Pontes, 2004, 142 p. Maurício da Silva *

DISCURSO URBANO: SENTIDOS DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL.

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

VI Encontro Ouvindo Coisas - Das crianças imaginadas, às vozes das infâncias

A LINGUAGEM DISÁRTRICA DO SUJEITO RA E AS SUAS PARTICULARIDADES 119

Língua e Produção. 3º ano Francisco. Análise do discurso

A PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DOS GÊNEROS JORNALÍSTICOS 1

TEXTUALIDADE E ARTICULAÇÃO: SENTIDOS PRODUZIDOS PELA CONJUNÇÃO OU

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

(2) A rápida publicação deste livro pela editora foi um bom negócio.

1. FRASE E ENUNCIADO NA SEMÂNTICA ARGUMENTATIVA

ARGUMENTAÇÃO, TEXTUALIDADE E POLÍTICA DE LÍNGUAS: A LÍNGUA POLONESA DO PARANÁ

LÍNGUA PORTUGUESA E SUA APLICAÇÃO EM SALA DE AULA: A APRENDIZAGEM EM FOCO.

O DISCURSO CITADO: UM ESTUDO SOBRE A OBRA DE BAKHTIN

1ª Série. 2LET020 LITERATURA BRASILEIRA I Estudo das produções literárias durante a época colonial: Quinhentismo, Barroco e Neoclassicismo.

P R O G R A M A. OBJETIVO: Possibilitar, através de um maior domínio da frase e do parágrafo, uma melhor organização dos vários níveis de discurso.

Planejamento Anual 2015 Disciplina: Língua Portuguesa: Ação Série: 3º ano Ensino: Médio Professor: André

Transcrição:

UEHPOSOL ESTUDOS DE SEMÂNTICA E ENUNCIAÇÃO Coordenador: Soeli Maria Schreiber da Silva Instituição: UFSCar Universidade Federal de São Carlos Pesquisadores: Soeli Maria Schreiber da Silva; Georges Sosthene Koman; Gabriel Reis Moraes Machiaveli; Fernanda Pereira da Silva; Carolina De Paula Machado; Bárbara de Souza Freitas. Resumos: Resumo de apresentação do grupo. Resumos das pesquisas realizadas pelo grupo.

UEHPOSOL- ESTUDOS DE SEMÃNTICA E ENUNCIAÇÃO: TEXTUALIDADE,ARGUMENTAÇÃO, DESIGNAÇÃO - O LIVRO DIDÁTICO,ESCRAVIDÃO E POLÍTICA DE LÍNGUA Soeli Maria SCHREIBER DA SILVA, (UFSCar) xoila@terra.com.br Este resumo diz respeito aos projetos desenvolvidos na Unidade de Pesquisa em Estudos Históricos, Políticos e Sociais da Linguagem, do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos- UEHPOSOL. No início desse ano concluímos o Projeto FAPESP- 2015/16397-2. Nele abordamos o tema da escravidão com base na Teoria da Semântica do Acontecimento, fundada por Eduardo Guimarães(2002). Em livro publicado "Os Sentidos da Escravidão e outros temas: análises em Semântica do Acontecimento",organizado por mim e por Carolina de Paula Machado, pode-se ver os trabalhos desenvolvidos pelo grupo. Os diferentes temas estudados integram-se, na medida em que trabalhamos com designação, argumentação e textualidade na enunciação e na semântica. Atualmente, estamos estudando enunciações no livro didático. Nesta apresentação temos pesquisas iniciais sobre o livro didático e também trabalhos não concluídos sobre a escravidão. Bárbara de Souza Freitas, (Mestranda- CNPq) estuda enunciações no livro didático, analisando os adjetivos e conjunções numa perspectiva enunciativa, ou seja, como o sentido se produz e os memoráveis aí presentes. Gabriel Reis Moraes Machiaveli (Doutorando-CNPq) investiga e descreve a designação e a argumentatividade em enunciações que integram a palavra Ditadura no livro didático. Fernanda Pereira da Silva (UFSCar-IC) tem como propósito apresentar uma análise das designações de língua no livro didático; Georges Sosthene Koman estuda enunciações de nomes de rua na cidade de São Carlos na relação urbano/língua; Soeli Maria Schreiber da Silva(Coordenadora da UEHPOSOL) estuda as migrações,a imigração, refugiados e deslocados internos, analisando a designação, argumentação, argumentatividade e perspectivação em enunciações do livro didático e também o efeito de sentido de link que se apresenta no livro didático. Carolina de Paula Machado(Projeto FAPESP) mostrou o movimento semântico que marca a palavra escravidão, analisando a escravidão dos negros africanos e a escravidão significada como o regime republicano, ou então, como o trabalho remunerado nomeado como escravidão. Palavras-chave: Designação; Argumentatividade; Textualidade.

OS SENTIDOS DE ESCRAVIDÃO EM JORNAIS DO INÍCIO DO SÉCULO XX, UM ESTUDO SEMÂNTICO-ENUNCIATIVO Carolina DE PAULA MACHADO (UFSCar) carolinapmac@gmail.com O problema semântico que nos moveu para realizar esta pesquisa, realizada no interior do projeto de pesquisa regular Fapesp (2015/163972), foi o de sair do lugar comum dos sentidos da palavra escravidão que constituem os sujeitos brasileiros como sendo algo que aconteceu num passado distante, uma vez que a complexidade semântica dessa palavra e das outras a ela relacionadas simbolizam outras realidades que foram se modificando ao longo da história do Brasil. Historicamente, situamos a pesquisa na década de 20 do século XX, quando vigorava, desde 1889, a chamada 1ª República ou República Velha, regime considerado, supostamente, um regime democrático, que sucedeu o período Imperial no Brasil. Para que essa pesquisa se realizasse, buscamos, como materialidade, os jornais da época que estão digitalizados no site do jornal Folha de São Paulo. Nos anos 20, existiam os jornais Folha da Noite e Folha da Manhã, que mais tarde se tornariam apenas a Folha de São Paulo. Percorremos, assim, a palavra escravidão nos artigos jornalísticos e apresentamos uma reflexão sobre o resultado da análise semântica realizada. A pesquisa foi desenvolvida tendo como sustentação teórica uma semântica de base enunciativa e discursiva, chamada de Semântica do Acontecimento. Como o próprio nome diz, a enunciação é compreendida como um acontecimento de linguagem e é nesse acontecimento que os sentidos se dão, a partir de um recorte do passado de enunciações rememorado no presente da enunciação, sentidos estes que remetem ao real. Essa concepção teórica do sentido possibilitou que compreendêssemos o movimento semântico que marca a palavra escravidão que vai da escravidão dos negros africanos para a escravidão significada como o regime republicano, ou então, como o trabalho remunerado nomeado como escravidão, uma vez que esta designa o trabalho exaustivo. Temos um movimento que retoma o já dito para ressignificar a escravidão no presente do acontecimento enunciativo dos artigos jornalísticos sobre política, religião, o exército, etc. Palavras-chave: Escravidão; Sentido; Acontecimento enunciativo.

DESIGNAÇÃO DE LÍNGUA NOS TEMAS TRATADOS NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA Fernanda Pereira da SILVA (UFSCar) fernandastz14@hotmail.com Esse trabalho tem como propósito apresentar uma análise das designações de língua no livro didático de Língua. Para tal, realizaremos reflexões caracterizando o funcionamento das designações nas atividades e textos no livro didático de Língua Portuguesa, observando e caracterizando a cena enunciativa, que por sua vez está inserida em um espaço de enunciação. Nessa cena, onde aquele que fala ou aquele para quem se fala não são pessoas, mas uma configuração do agenciamento enunciativo. São lugares constituídos pelos dizeres e não pessoas donas do seu dizer. (Guimarães, 2002, p.23), analisaremos as figuras de enunciação, ou seja, compreender de que lugar social e lugar do dizer o autor do livro didático enuncia, configurando o agenciamento enunciativo. A partir dos recortes realizados neste material instrucional, estudaremos o memorável recortado das designações que funcionam no presente do acontecimento. A opção por estudar as designações de língua no livro didático justifica-se por tratar de um material de circulação nacional, fundamental para a formação e instrução do aluno, no qual, em alguns casos, chega a ser o primeiro livro presente nos lares brasileiros. Temos como propósito sustentar nossas análises a partir da base teórico-metodológica da Semântica do Acontecimento, uma vez que essa teoria considera que o sentido da palavra é construído no enunciado, na relação que se dá entre a memória das enunciações e o acontecimento. O corpus da nossa pesquisa e que servirá para as análises é composto por recortes retirados de um livro didático de Língua Portuguesa do Ensino Médio, o Viva Português. Dessa forma, procuramos com esse trabalho elucidar algumas indagações: Quais são as designações de língua nos temas tratados no livro didático de Língua Portuguesa? Como essas designações se relacionam com o agenciamento enunciativo? As atividades e textos apresentam qual memorável? Esses questionamentos nos levam para o nosso objeto de pesquisa. Palavras-chave: Semântica; Designação; Livro Didático.

A DESIGNAÇÃO DE DITADURA, A ARGUMENTAÇÃO E ARGUMENTATIVIDADE NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA: UMA ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA SEMÂNTICA DO ACONTECIMENTO Gabriel Reis Moraes Machiaveli (UFSCAR) gabriel.machiaveli@gmail.com O presente trabalho pretende elaborar uma análise da palavra ditadura nos livros didáticos de História, distribuídos gratuitamente em todas as escolas públicas do Brasil entre os anos de 2016 e 2018. Nosso objetivo é investigar e descrever a designação, a argumentação e a argumentatividade de Ditadura no livro didático. Trata-se de um assunto de suma importância política e histórica, que vamos analisar enunciativamente. Tomamos como aporte teóricometodológico os estudos sobre semântica do linguista brasileiro Eduardo Guimarães (2007; 2002; 2007; 2011;2018), bem como toda sua contribuição teórica sobre acontecimento, temporalidade, cena enunciativa, espaço de enunciação, memorável e DSD (Domínio Semântico de Determinação). Deste modo, além dessas contribuições teóricas também desenvolveremos uma busca teórica sobre a Ditadura Militar no Brasil, a fim de nos elucidar sobre o acontecimento em questão, e também sobre os memoráveis expostos nas repetições e reescriturações ao longo dos textos sobre a ditadura no livro didático (REIS, 2005; 2014; MOTTA, 2008, 2013). Nosso objetivo central é observar o acontecimento ditadura no livro didático e como essa palavra é designada, isto é, qual é sua produção de significação. Entre nossos objetivos específicos está: elaborar um estudo sobre o conceito de integração, inicialmente proposto por Benveniste (1988) e retomado por Guimarães (2002), que indica que um texto é caracterizado por enunciados que o integram, ou seja, o texto é uma unidade de significação integrada por enunciados. De outra parte, buscaremos identificar e descrever a argumentatividade e a argumentação. Sobre argumentatividade, nosso estudo baseia-se na análise de conjunções, conectivos, articuladores, e a orientação argumentativa; tendo como livro-base Texto e Argumentação de Guimarães (2007). Nossas leituras pré-análise sugerem que a palavra ditadura é pouca utilizada, sendo reescriturada por regime militar, governos militares, comando militar etc. Esta pesquisa financiada pela CAPES busca compreender de que forma estas reescriturações dão sentido à ditadura no livro-didático. Palavras-chave: Ditadura; Argumentatividade; Designação.

OS NOMES DE RUA: UM LUGAR DA LÍNGUA NACIONAL Georges Sosthene KOMAN (UFSCar) georges.hi5@yahoo.fr Analisando os nomes de rua de algumas instituições são-carlenses, examinaremos as ligações entre o processo de urbanização e a legitimação do fato nacional por meio de duas entradas: a língua, de um lado, e a circulação de saberes históricos, culturais e filosóficos no espaço urbano, de outro. Em paralelo, observaremos a formação sintática dos nomes questionando a relação entre a língua e a construção dos objetos e espaços nomeados. Os objetos urbanos inscritos no espaço e seus nomes são aqui considerados como objetos históricos cujo estudo pode trazer contribuição para a compreensão de acontecimentos específicos da prática da linguagem. As inscrições urbanas (o que é do linguístico no espaço urbano) são lugares singulares para estudar os efeitos da memória (e do esquecimento) na história de uma língua e de um espaço nacional. A história dos signos urbanos (odônimos, arquitetura) não é uma herança passiva que a atualidade mantém ou arruína, essas formas simbólicas são os efeitos do trabalho das formassujeito-histórico que os fizeram assim como mudanças nas ideologias dominante da era. Neste trabalho, a nossa atenção é dada especificamente ao estudo diacrônico dos nomes de rua, às mudanças de formas e sentidos. A presença e a modificação dos nomes de rua, nos residentes, atesta, de um lado, a necessidade de identificar melhor espaços urbanos, e de outro, nos cidadãos, a afirmação de um espaço nacional. Isto permite levantar o papel da urbanização no processo de construção de uma língua nacional e seu espaço. O imaginário de localização que os odônimos urbanos constroem é paralelo à aparente estabilidade da língua nacional. Estes dois fenômenos são parte integrante do mesmo fato político: a identificação, pelo estado, do sujeito em cidadão (ORLANDI, 2001), quer dizer, num indivíduo que deve saber onde ele anda, ter certeza da língua que ele fala e conhecer suas origens e tradições. Neste trabalho empreitaremos as ideias de Eduardo Guimarães sobre o funcionamento semântico enunciativo dos nomes, no intuito de esboçar algumas observações sobre o espaço e sua história constituídos de materialidades que fazem sentidos para o pesquisador que objetiva analisar de modo paralelo o processo de identificação do sujeito enquanto cidadão e a estabilidade da língua nacional. Palavras-chave: Nomes de rua; Língua nacional; Espaço urbano.

ANÁLISE ENUNCIATIVA DO LIVRO DIDÁTICO:PERTINÊNCIA ENUNCIATIVA, PERSPECTIVAÇÃO E ARGUMENTATIVIDADE OS TEMAS MIGRAÇÃO, IMIGRAÇÃO, REFUGIADOS E DESLOCADOS INTERNOS Soeli Maria SCHREIBER DA SILVA, (UFSCar) xoila@terra.com.br Nossa pesquisa dá-se a partir da Semântica da Enunciação, analisando textos do livro didático do ensino fundamental que tratam do tema da migração, imigração, refugiados e deslocados internos, com base em (GUIMARÃES 2009, 2011,2017,2018) e DIAS (2013). Olhamos o funcionamento do enunciado integrado ao texto (GUIMARÃES, 2011) para a produção de sentido. São fundamentais os conceitos de pertinência enunciativa e perspectivação (DIAS, 2013) e o conceito de Argumentação e Argumentatividade (GUIMARÃES, 201, 2018). Quando se trata de pertinência enunciativa, vamos apontar a relação memória/atualidade para produzir a perspectivação. A perspectivação funciona numa relação do passado com a atualidade. Dependendo da pertinência enunciativa a atualidade desloca o memorável. Já na argumentatividade vamos descrever a alocução na cena enunciativa, no acontecimento de enunciação. É enquanto agenciado que o falante se constitui como locutor. Na argumentatividade a orientação dá-se para a construção textual. Para esta apresentação analisamos o texto integrado por links e ícones que indicam filme, publicação e dicionário sobre o assunto numa relação com definições, estatísticas e exemplos. Interessa para nós, além disso, mostrar na relação de integração, que o texto do livro didático produz um efeito de sentido de link e também que na passagem produzida pelo link tem-se outras modalidades de texto no cinema, na internet, no dicionário. Há uma significação nessa relação que vai permitir mostrar a relação do texto do livro didático e outros textos.essa migração do link para o livro didático permite uma reformulação do espaço enunciativo. Podemos dizer que no texto que analisamos em migração internacional, essa formação nominal apresenta uma perspectivação de mudança de país de origem para residência em outro país. No texto, depois da definição de migração internacional, temos uma especificação tem se acelerado nos últimos 45 anos. Seguimos, então, descrevendo o texto. Palavras-chave: Livro Didático; Argumentatividade; Perspectivação.

ENUNCIAÇÃO E SENTIDO NO LIVRO DIDÁTICO: UMA ANÁLISE DE ADJETIVOS E CONJUNÇÕES NUMA PERSPECTIVA ENUNCIATIVA Bárbara de Souza FREITAS, (UFSCar) freitasbarbaras@gmail.com Pesquisas têm apontado os livros didáticos como difusores de sentidos que fortalecem ideias estereotipadas de determinados grupos sociais e valores culturais hegemônicos (SILVA; CARVALHO, 2004; DOS SANTOS; DOMINGUES, 2017). No entanto, esses estudos não analisam linguisticamente como funcionam as enunciações. Tomando por base pesquisas que abordam a temática do livro didático e tendo em vista os procedimentos adotados, torna-se relevante analisar como o sentido se produz e os memoráveis (GUIMARÃES, 2002) aí presentes. O eixo deste estudo que é financiado pela CAPES, dessa maneira, tem por objetivo analisar adjetivos e conjunções no livro didático de História do 9º ano do Ensino Fundamental II Projeto Araribá. Desenvolve-se aqui um estudo das classes gramaticais numa perspectiva enunciativa, que explora as categorias da Língua Portuguesa para além da abordagem da gramática normativa tradicional, trabalhando, conforme proposto por Dias (2007), com o plano da organicidade e com o plano do enunciável, em que se dá a regulação discursiva, marcada pelo histórico. Seguindo essa abordagem de estudo das categorias linguísticas, toma-se por base a teoria da Semântica do Acontecimento, de Eduardo Guimarães, e a partir daí o conceito de Domínio Semântico de Determinação DSD (GUIMARÃES, 2007) dos adjetivos presentes em recortes selecionados para análise e estuda-se a orientação argumentativa das conjunções selecionadas nos recortes, de acordo com o trabalho do autor em Texto e Argumentação: um estudo de conjunções do português (2007). Para análise do corpus, serão utilizados os conceitos: cena enunciativa (GUIMARÃES, 2005); designação (GUIMARÃES, 2007); reescrituração (GUIMARÃES, 2009); e memorável (2002). Essa análise, então, se delineará para os adjetivos, a partir da identificação das relações de designação dos nomes e dos procedimentos de reescrituração, que estabelecerão o DSD dos adjetivos selecionados para estudo e, em seguida, o agenciamento enunciativo será mostrado por meio do conceito de cena enunciativa. Quanto às conjunções, além desses procedimentos citados para constituição do DSD das expressões cujos sentidos são constituídos pela presença da conjunção no recorte, será constituída a orientação argumentativa. Esta permitirá a identificação das conclusões interpretativas argumentadas pelas conjunções (que, possivelmente, acabam por constituir os sentidos das enunciações pelos memoráveis), bem como o detalhamento de como se dá o agenciamento enunciativo nos recortes em que estas se apresentam. Palavras-chave: Livro didático; Estudo enunciativo; Discurso ideológico.