Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Conscientização Ambiental, Unidades Alimentares.



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Transcrição:

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS PELAS UNIDADES ALIMENTARES DO CAMPUS RECIFE DA UFPE FERREIRA, João Victor da Costa Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (DEN/UFPE) jvcosta2477@gmail.com ANDRADE, Monaliza Mirella de Morais Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (DEN/UFPE) monaliza.mirella@gmail.com PRIMO, Dário Costa Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (DEN/UFPE) darioprimo@gmail.com MENEZES, Rômulo Simões Cezar Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (DEN/UFPE) rmenezes@ufpe.br RESUMO A gestão sustentável dos resíduos sólidos urbanos é um dos grandes desafios na atualidade. Tecnologias de aproveitamento destes foram desenvolvidas e implementadas nas últimas décadas em diversos países, entretanto no Brasil as dificuldades ainda são grandes. A Política Nacial de Resíduos Sólidos Lei 12.305/2010, traça diretrizes para a gestão adequada dos resíduos no país e introduz o conceito de responsabilidade compartilhada. Instituições de ensino e pesquisa, portanto, tem papel essencial para a divulgação e capacitação de pessoas e instituições para cumprir tais exigências legais. Este trabalho realiza o diagnóstico dos resíduos em unidades alimentares (restaurantes, cantinas e quiosques) no campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco com o intuito de subsidiar a formulação do Plano de Gerenciamento de Resíduos da instituição. Iniciativas de concientização ambiental para separação dos resíduos nos estabelecimentos, resultado de quantificação e caracterização dos resíduos por unidade, bem como destinação correta para os mesmos serão discutidas. Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Conscientização Ambiental, Unidades Alimentares. 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o crescimento populacional atrelado ao maior consumo de materiais cada vez mais descartáveis, acarretou em um crescimento exponencial na geração de resíduos a nível mundial. Isso tornou este assunto um dos mais importantes da atualidade em relação aos impactos no ambiente e na saúde pública. No país, segundo o Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energético na Destinação de Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2013), em 2011 foram gerados aproximadamente 198 mil toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos no Brasil, ou seja, cerca de 1kg de lixo por habitante.

A situação dos RSU no Brasil ainda torna-se mais precária pela má destinação dos mesmos. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2012) apenas 58% dos resíduos coletados eram transportados para aterros sanitários no ano de 2012 (Figura 1). Os lixões e aterros controlados não são destinos adequados para deposição dos resíduos, pois em tais ambientes ocorre degradação ambiental, seja pela contaminação dos solos e lençóis freáticos, ou pela contribuição para intensificação do efeito estufa com a emissão de gases, em particular o metano. Figura 1. Destinação final de RSU (t.dia -1 ) no Brasil. Fonte: Pesquisa ABRELPE (2012). Buscando modificar a situação atual no Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010), através de Lei 12.305/2010, determina que todos as administrações públicas municipais devem construir aterros sanitários e encerrar as atividades dos lixões e aterros controlados até agosto de 2014, algo ainda longe de ser cumprido. A lei ainda propõe que apenas resíduos sem qualquer possiblidade de reaproveitamento ou reciclagem devem ser encaminhados para disposição ambientalmente adequada. A Lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010) reforça que o comprometimento com o tema dos resíduos é compartilhado por todos, como está previsto no capítulo II, Art. 3º, inciso XVII: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos. Este trecho da lei aborda um dos principais desafios na gestão dos resíduos: o reconhecimento pela população da problemática do RSU, esclarecendo seus impactos negativos ao planeta. Dessa forma, a educação ambiental surge como uma importante ferramenta de transformação das pessoas, fazendo delas cidadãos mais conscientes e comprometidos com o tema do meio ambiente. Um dos fatores substanciais nesse processo é a compreensão da necessidade em segregar os resíduos para uma futura

destinação adequada, que inclui a reutilização, a reciclagem, a recuperação, o aproveitamento energético e a compostagem. Como ressalta a Abrelpe (2012), no Brasil a coleta de materiais recicláveis já é realidade, mesmo que em pequena escala: 59,8% dos municípios brasileiros apresentavam alguma iniciativa de coleta seletiva no ano de 2012 (Figura 2). Em contra partida, existe certa negligência no tocante ao resíduo orgânico, o qual constitui aproximadamente 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos (CORTEZ, 2011). Figura 2. Iniciativas de Coleta Seletiva nos Municípios em 2012. Fonte: Pesquisa ABRELPE (2012). Este trabalho tem como foco o estudo de estabelecimentos comerciais no setor de alimentos, aqui serão denominados por unidades alimentares. Elas são de especial importância, pois o brasileiro tem se alimenta cada vez mais fora do lar, devido ao crescimento socio-econômico que o país vema atravessando na última década (ABRASEL, 2011). No campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por onde circulam cerca de 30 mil pessoas diariamente, não poderia ser diferente. A universidade possui uma série de restaurantes, cantinas e quiosques que atendem parte deste público. Essas unidades produzem uma grande quantidade de resíduos, em especial, orgânicos e recicláveis, que são transportados diretamente para o aterro sanitário, sem que haja qualquer recuperação dos mesmos. A Coordenação de Prevenção e Gerenciamento de Resíduos e Efluentes (Coopere), estruturada dentro Prefeitura da Cidade Universitária (PCU-UFPE), está a frente do projeto de implementação de um sistema de gerenciamento de RSU no campus, de forma a criar uma Cidade Modelo no tema. Assim, a prefeitura auxiliou no diagnóstico dos resíduos gerados pelas unidades alimentares do campus.

2. METODOLOGIA 2.1. LEVANTAMENTO DAS UNIDADES ALIMENTARES A Prefeitura da Cidade Universitária realizou o levantamento das unidades alimentares que mantêm contrato assinado com a mesma, identificando assim 13 estabelecimentos, entre restaurantes, cantinas e quiosques. Um contato inicial foi realizado com os proprietários para introduzir a necessidade da adequação a Lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010) e solicitando a autorização para a visita de funcionáros da PCU-UFPE às unidades. Em seguida tais unidades foram visitadas para uma melhor compreensão da operação de cada uma, bem como os resíduos gerados pelas mesmas. Dessa forma foi possível levantar o número de usuários por dia, tipos de produtos comercializadosa existência ou não de refeições e o preparo dos produtos in situ ou não. 2.2. IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE RESÍDUOS PRODUZIDOS As unidades alimentares possuem como principal resíduo os orgânicos, gerados na preparação das refeições e lanches e nas sobras dos pratos e cubas. Além destes, também são descartados guardanapos, papéis toalha, luvas plásticas, diversas embalagens plásticas e de papel, esponjas de aço, louça quebrada, garrafas plásticas e de vidro, papelão, latinhas de alumínio, caixas tetra pak, latas de metal, entre outros. Como anteriormente mencionado, todo esse material era descartado misturado, sem que houvesse qualquer preocupação com a segregação para um possível reaproveitamento dos resíduos recicláveis ou orgânicos, visando a diminuição da degradação ambiental. 2.3. LOGÍSTICA DE SEGREGAÇÃO E COLETA Após as visitas alguns pontos foram devidamente esclarecidos, de forma que os resíduos produzidos nas unidades alimentares foram separados em três grandes categorias: orgânicos, recicláveis e rejeitos. A identificação dos tipos de resíduos é realizada pela coloração do saco plástico onde os mesmos são acondicionados. Padronizou-se a cor preta para orgânicos, a cor azul para recicláveis e a cor verde para rejeitos. A escolha desse padrão foi desenvolvida a partir da oferta dos sacos de lixo no mercado local e as quantidades necessárias dos mesmos, podendo citar como exemplo, os sacos pretos que são mais comuns e resistentes, logo foram escolhidos para acondicionar os resíduos orgânicos (material de maior densidade), por suportar uma carga maior. Em reunião com os proprietários das unidades alimentares apesentou-se um guia de segregação dos resíduos sólidos por eles gerados, indicando suas responsabilidades: Ampliar e melhor alocar os coletores na cozinha de forma a possibilitar a separação correta dos resíduos; A segregação é responsabilidade dos funcionários das unidades alimentares no momento do preparo e na coleta das sobras das refeições e lanches;

Os resíduos devem ser separados em três categorias. Estas são diferenciadas pela cor do saco de lixo : Resíduos orgânicos (saco preto): cascas de frutas e verduras; restos da limpeza de carnes; ossos; sobra das refeições; Recicláveis (saco azul): papéis; caixas de papelão e tetra pak; tampa de garrafas; latas de óleo, leite em pó e de conservas; latas de refrigerante e suco; embalagens em geral; garrafas PET; plásticos e vidros. OBS: Todo o material reciclável deve ser higienizado para retirar os restos de matéria orgânica antes de serem encaminhados para o saco azul. Caso seja inviável a limpeza dos mesmos será considerado como rejeito e destinado para um saco verde; Rejeito (saco verde): papéis adevivos, papel carbono, papel celofane, papel higiênico, papel toalha, papéis metalizados, papéis parafinados e papéis plástificados; fita crepe; guardanapo; clips; grampos; esponjas de aço; cabos de panelas; espelhos; cerâmicas e porcelanas; outos materiais que forem inviáveis a retirada da matéria orgânica. Os sacos de lixo não devem exceder os 40 kg para facilitar a operacionalização e não impactar a saúde da equipe de coleta. Uma medida proposta é a compra de sacos de menor volume para os resíduos orgânicos; Todos os sacos devem ser etiquetados e numerados para identificação do local gerador. Esta é feita a partir de uma numeração de 1 a 13, correspondendo cada número a uma unidade alimentar; Os resíduos devem ser dispostos nas casas de lixo de cada centro sempre às 9 horas e às14 horas, quando o caminhão da coleta estará recolhendo os mesmos diariamente (dias úteis). Resíduos perigosos, tais como baterias e lâmpadas fluorescentes, devem ser encaminhadas para PCU-UFPE, onde terão um acondicionamento adequado até sua disposição final ambientalmente correta, segundo Manual para Gerenciamento de Resíduos Perigosos (FONSECA, 2009). A coleta é realizada por um caminhão caçamba da Prefeitura da Cidade Universitária em horários exclusivos e já indicados para tais estabelecimentos. Os três funcionários que realizam essa tarefa foram instruídos sobre o processo de quantificação dos resíduos e a importância da segregação dos mesmos. Munidos de três tabelas, uma para cada categoria de resíduo (Figura 3), e uma balança portátil de gancho de máximo 40 kg, realizam diariamente (dias úteis) a pesagem dos resíduos produzidos pelas unidades alimentares. Até o presente momento, foram realizadas pesagens em um período de 47 dias, e os dados aqui apresentados correspondem à média observada nesse período.

Figura 3. Tabelas para a quantificaçao dos resíduos gerados nas unidades aiimentares do campus Recife da UFPE. Fonte: PCU-UFPE (2014). 2.4. TREINAMENTO DE FUNCIONÁRIOS Os funcionários e proprietários foram instruídos inicialmente sobre o tema dos RSU em uma apresentação expositiva, a qual continha os seguintes tópicos: Importância do tema dos RSU e suas consequências; Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei 12.305/2010; Hierarquia na gestão de resíduos, com ênfase na destinação ambientalmente adequada; Necessidade do diagnóstico dos resíduos; Segregação dos resíduos: orgânicos, recicláveis e rejeitos; Detalhamento dos resíduos que pertencem a cada categoria. As unidades alimentares receberam o Guia de Separação dos Resíduos em Unidades Alimentares, elaborado pela COOPERE para auxiliar na implementação do processo de segregação. Também foram entregues informativos para dar suporte aos funcionários: Logística de separação dos resíduos nas unidadedes alimentares (Figura 4); Identificação dos resísduos orgânicos que devem ser segregados (Figura 5); Identificação dos recicláveis e rejeitos que devem ser segregados (Figura 6).

Figura 4. Logística empregada para a segregação dos resíduos de unidades alimentares do campus da Universidade Federal de Pernambuco. Fonte: PCU-UFPE (2014). Figura 5. Identificação dos resíduos orgânicos que devem ser segregados pelas unidades alimentares do campus da Universidade Federal de Pernambuco. Fonte: PCU-UFPE (2014). Figura 6. Identificação dos recicláveis e rejeitos que devem ser segregados pelas unidades alimentares do campus da Universidade Federal de Pernambuco. Fonte: PCU-UFPE (2014).

2.5. SUPERVISÃO Após a adequação de parte dos estabelecimentos, iniciou-se a fase de supervisão das atividades. Esta foi realizada in situ, através de visitas nas quais se verificou a qualidade do trabalho na segregação dos resíduos. Este mecanismo ainda funcionou como um meio de orientação e esclarecimento de dúvidas. Fotos foram tiradas para registrar as falhas e bons exemplos por parte das unidades alimentares, servindo como base dos relatórios expostos aos proprietários para cobrança de melhorias (Figura 7). Figura 7. Segregação dos resíduos em unidades alimentares do campus Recife da UFPE. Fonte: PCU-UFPE (2014). Sem dúvida esta é a etapa mais complexa, pois envolve a operação em si. Algumas unidades mostraram-se resistentes as mudanças. Mas no momento todas estão engajadas com o tema, e espera-se que em breve estas também estejam separando seus resíduos. Figura 8. Banner para divulgação de unidades alimentares participantes do projeto de gestão de resíduos. Fonte: UFPE (2014).

Como suporte, além das visitas para esclarecimento de questões, a PCU-UFPE, em nome da Coopere, iniciou a divulgar as ações dos restaurantes e cantinas para a separação de seus resíduos, demonstrando uma consciência ambiental dos mesmos e sensibilizando os usuários a cooperarem. Essas propagandas foram difundidas pela Assessoria de Comunicação (Ascom) da UFPE, que publica edições diárias de informações, eventos e notícias da UFPE enviadas por e-mail para toda a comunidade do campus, e via Rádio Universitária. Outra iniciativa, que será implantada em breve, são banners para indicar as unidades participantes do projeto de gestão de resíduos (Figura 8). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o primeiro contato com as unidades alimentares foi possível fazer uma especificação das mesmas, quanto ao porte e serviços oferecidos, indicando também em média o número de refeições por dia (Tabela 1). Tabela 1. Listagem e especificação das unidades alimentares no campus Recife/UFPE. Fonte: PCU-UFPE (2014). Número Tipo de unidade Produzem resíduos orgânicos Serve refeições Refeições/dia 1 Restaurante Universitário Sim Sim 3000 2 Cantina Sim Sim 100 3 Quiosque Não Não - 4 Cantina Sim Não - 5 Cantina Não Não - 6 Quiosque Não Não - 7 Restaurante Sim Sim 70 8 Cantina Sim Não - 9 Restaurante Sim Sim 30 10 Restaurante Sim Sim 190 11 Restaurante Sim Sim 205 12 Restaurante Sim Sim 174 13 Restaurante Sim Sim 172 É importante perceber que alguns dos estabelecimentos não geram resíduos orgânicos, uma vez que comercializam apenas lanches e outros produtos previamente prontos, e a sobra dos mesmos é insignificante. As unidades 4 e 8, mesmo sem oferecer refeições, precisam de sacos pretos para acondicionar as sobras da preparação de sucos de laranja e das saladas de fruta. O Restaurante Universitário é a unidade que recebe maior volume de usuários diariamente, mais até do que as outras 12 juntas. Infelizmente foi um dos estabelecimentos que ainda não aderiu à separação dos resíduos por justificativa de dificuldades de logística interna, mesmo após treinamentos com seus funcionários. Espera-se que a nova empresa contratada para gerenciar a unidade possa implantar o sistema de segregação o mais rapidamente possível. Por enquanto, a única informação que disponibilizaram em relação aos resíduos foi uma estimativa de 400 kg/dia de biomassa residual proveniente do preparo dos alimentos. O mesmo não inclui o peso referente às sobras dos pratos e cubas. Além da unidade alimentar número 1, não foram considerados nesta pesquisa dados dos estabelecimentos 5 e 6, também pelo não enquadramento a logística de separação dos

resíduos. Os demais foram quantificados na hora da coleta, como citado na metodologia. Tais rsultados estão indicados abaixo como a quantidade dos resíduos gerados por dia pelas unidades alimentares (Figura 2) e a média diária de resíduos por refeição para as mesmas (Figura 3). Tabela 2. Quantificação dos resíduos gerados pelas unidades alimentares do campus Recife da UFPE. Fonte: PCU-UFPE (2014). Número Orgânicos Recicláveis (kg/dia) Rejeitos (kg/dia) (kg/dia) 2 47,59 9,64 8,05 3-9,84 20,41 4 17,10 5,85 8,56 7 47,43 7,15 8,33 8 18,35 6,31 6,05 9 12,55 5,40 5,72 10 46,33 4,85 6,83 11 38,71 4,96 23,62 12 40,16 7,47 15,45 13 37,52 6,53 11,89 Total 305,74 68,00 114,91 Tabela 3. Média diária resíduos por refeição gerados por unidade alimentar do campus Recife da UFPE. Fonte: PCU-UFPE (2014). Número Orgânicos (g/refeição/dia) Recicláveis (g/refeição/dia) Rejeitos (g/refeição/dia) 2 476 96,4 80,5 3 - - - 4 - - - 7 678 102,1 119 8 - - - 9 418 180 190,7 10 244 25,5 35,9 11 189 24,2 115,2 12 231 42,9 88,8 13 218 38,0 69,1 Média 351 72,7 99,9 A composição gravimétrica dos resíduos gerados pelas unidades alimentares do campus Recife da UFPE está indicado a seguir (Figura 9). Levando em consideração ainda os 400 kg estimados pelo Restaurante Universitário, temos por média 700 kg/dia de resíduos orgânicos gerados pelas unidades alimentares no campus Recife da UFPE.

Figura 9. Composição gravimétrica dos resíduos gerados pelas unidades alimentares do campus Recife da UFPE. Fonte: PCU-UFPE (2014). 4. CONCLUSÕES A questão do aumento excessivo da produção de RSU desencadeia vários problemas socioambientais, causados principalmente pela inexistência de uma gestão sustentável do mesmo, onde ocorra pelo menos a segregação e a destinação adequada dos resíduos. A prática atual de negligenciar o problema do lixo encontra-se em processo de mudança no Brasil devido à Política Nacional de Resíduos Sólidos, que institui uma série de obrigações e boas práticas para o gerenciamento dos resíduos, entre elas uma identificação dos RSU produzidos. Buscando se enquadrar na Lei 12.305/2010, o desenvolvimento da logística de separação dos resíduos pela cor do saco plástico nas categorias de orgânico, reciclável e rejeito, e a pesagem dos mesmos na hora da coleta, mostrou-se viável, podendo assim ser reproduzida por outras instituições com características semelhantes. Os treinamentos aos funcionários e proprietários, juntamente a supervisão periódica, foram essenciais para concietização sobre tema RSU. As iniciativas tomadas por cada um destes para se adequar ao Guia de Separação dos Resíduos em Unidades Alimentares demostraram o comprometimento com o projeto e iniciaram discussões entre eles a cerca da necessidade do reaproveitamento dos resíduos. Para cada tipo de resíduo gerado propõe-se a destinação adequada: Os resíduos perigosos, como pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes, devem ter destinação ambientalmente adequada seguindo as políticas ambientais; Rejeitos devem ser destinados para aterros sanitários, onde terão sua disposição adequada; Materiais recicláveis devem ser destinados para associações de catadores para que ocorra o beneficiamento dos mesmos, como está prescrito na PNRS; Os resíduos orgânicos, por sua vez, inicialmente continuarão a ser destinados ao aterro sanitário, mas em médio e longo prazo espera-se que sejam beneficiados por processos biológicos, como a compostagem e a biodigestão anaeróbia.

REFERÊNCIAS ABRASEL, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES. Disponível em: <www.abrasel.com.br>. Acesso em: 21 out. 2011 ABRELPE. Atlas Brasileiro de Emissões de GGE e Potencial Energético na Destinação de Resíduos Sólidos na Destinação de Resíduos Sólidos. Associação Brasileira de Empresas de Limeza Pública e Resíduos Especiais. São Paulo: 2013. 12 p. ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. Associação Brasileira de Empresas de Limeza Pública e Resíduos Especiais. São Paulo: 2012. BRASIL. Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010. Institui a Política nacional de resíduos Sólidos; altera a lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, nº 147, p. 3, 03 de agosto de 2010. CORTEZ, C. L. Estudo do potencial de utilização da biomassa resultante da poda de árvores urbanas para a geração de energia: estudo de caso. AES Eletropaulo: São Paulo, 2011. DEMAJOROVIC, J. Da política tradicional de tratamento do lixo, á política de gestão de resíduos sólidos, as novas prioridades, Revista de Administração de Empresas. São Paulo v. 35 n. 3 p. 88-93 maio/junho, 1995. FONSECA, J. C. L. Manual para gerenciamento de resíduos perigosos. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho ; colaboração de Mary Rosa Rodrigues de Marchi São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. LIMA, M. J. H; OLIVEIRA, S. N. E.; CAJAZEIRAS, P. J. Uso da compostagem em sistemas agrícolas orgânicos. Fortaleza: Embrapa-CE, 2004. NOVAES, R.F.V. Microbiology of anaerobic digestion. São Paulo: CETESB, 1980. 13p. OLIVEIRA, A. C. E.; SARTORI, H. R.; GARCEZ, B. T. Compostagem. Piracicaba: USP, 2008. RUSSO, T. A. M. Tratamento de resíduos sólidos. Coimbra, Portugal: UC, 2003.