A PSICOLOGIA CORPORAL NA BUSCA DO EQUILIBRIO DAS EMOÇÕES PARA O APRENDIZADO DA CRIANÇA. Palavras Chaves: Aprendizagem. Criança. Corpo. Emoção.

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Transcrição:

A PSICOLOGIA CORPORAL NA BUSCA DO EQUILIBRIO DAS EMOÇÕES PARA O APRENDIZADO DA CRIANÇA Glória Maria Alves Ferreira Cristofolini RESUMO A Emoção é parte integrante da personalidade humana. Estando em estado de equilíbrio, o ser humano será capaz de compreender e aprender sem traumas. Já que a plasticidade cerebral é hoje uma realidade comprovada, pode-se acreditar que a construção do saber será tão eficiente quanto à necessidade que o indivíduo tem em equilibrar corpo, mente e emoção. Quando este passa por todas as fases de desenvolvimento sem bloqueios, seu caráter terá mais facilidade de equilibrar-se. A sociedade, na qual a criança está inserida proporciona situações que faz com que manifeste comportamentos desajustados, encarregando-se de provocar cargas emocionais que favoreçam a formação de bloqueios. Cabe a escola buscar situações para que este indivíduo encontre caminhos e saiba ouvir seu corpo, expressar suas angustias e possa aprender com alegria. Palavras Chaves: Aprendizagem. Criança. Corpo. Emoção. Ao considerar que a psicologia corporal compreende todo o ser vivo como uma unidade, psiquismo (mente) e soma (corpo) como nos apresenta (VOLPI, 2003) pretende-se aqui partir para uma reflexão sobre as questões pedagógicas, acreditando-se no processo da construção de conhecimento. Esta idéia vai além da formação cognitiva, sendo vista como a harmonização do corpo, mente, emoção, numa perspectiva dinâmica de ação e reflexão. Sabe-se que o estado emocional da criança muitas vezes é uma barreira em seu aprendizado. A influência do emocional no cognitivo não só ocupa um amplo espaço na ação pedagógica, como também, deve ser visto como agentes na construção da ação pedagógica. Este estado emocional pode ser gerado em vários meios, como: social, escolar e familiar. A ação de uma pessoa quando contaminada por sua emoção, as reações são manifestas por meio do rubor ou manchas da pele, suor, tremor, frio, palpitações cardíacas. Isso acontece quando a emoção é acionada. Como também a agressividade e/ou a perda da fala. Reações estas que muitas vezes não se consegue entender por ser um conteúdo inconsciente. 1 www.centroreichiano.com.br

Como sabemos o cérebro humano é dividido em dois hemisférios, esquerdo e o direito. Sendo o hemisfério direito responsável pelas emoções e o esquerdo pela razão. No corpo, esse processo é ao contrário, em decorrência do cruzamento das fibras nervosas que partem desses hemisférios, ficando, portanto o lado esquerdo do corpo responsável pelas emoções e o lado direito pela razão. Sendo assim, o melhor é equilibrar lado esquerdo (emoção) e lado direito (razão). Quando este equilíbrio acontece o cérebro vai moldando-se a cada aprendizado e o indivíduo adaptando-se ao saber. Podemos dizer que o lado esquerdo é responsável pelo pensamento lógico, e o lado direito, pela criatividade. Exemplificando o pensamento de uma criança diríamos que o Esquerdo pensa: "A chuva é a água evaporada dos mares e rios, que se condensa nas nuvens e cai na terra." O Direito pensa: "Mãe, as nuvens estão espirrando!. O processo criativo vai desde sonhar até colocar em pratica, diria que é o uso integral do cérebro ( lado direito e esquerdo - razão e emoção). A competência, a criatividade tem um forte componente motivador, favorecendo mudanças de atitude, postura diante da vida, assim como melhoria nas relações inter pessoais. Provoca na pessoa o sentimento de que ela é capaz de sonhar, realizar atividades que jamais imaginara, de superar seus limites, lidar com situações difíceis e de controle emocional. É neste momento que percebemos a grande necessidade dos educadores estarem imbuídos em conhecer além da anatomia humana, seu potencial criador e a força emocional de cada ser. Com base no pensamento de Wilhelm Reich defensor da idéia de que a emoção age harmoniosamente com o corpo e com a mente, sendo um influenciado pelo outro, acredita-se também que a aprendizagem sofra influências significativas quando não se encontra em equilíbrio; já que o corpo contém a história do indivíduo e este exerce influência sobre a vida emocional de cada ser. Somos indivíduos unos, e, portanto, fluímos de acordo com nossa individualidade, nosso caráter e nossos bloqueios. Indivíduos que precisam ser amados e respeitados para então sermos capazes de compreender o mundo que nos cercam. Neste contexto acredita-se numa aprendizagem eficaz quando o verdadeiro sentido de respeito e amor for compreendido no seu real valor. Enquanto se pressionar o ser humano por intermédio de sansões e obrigatoriedades, enquanto não se perceber o ser humano como totalidade, corpo, mente, emoção e espírito, num 2 www.centroreichiano.com.br

processo interativo, será difícil acontecer à verdadeira aprendizagem, principalmente quando nos referimos às nossas crianças. Por isso é que a sociedade continua a formar indivíduos infelizes, sem criatividade e inseguros, incapazes de pensar, analisar e criar novas teorias. Conforme cita MORAES (2003, p. 158) A nossa maneira de ser, de ver e perceber o mundo, de viver e conviver, de perceber ou não as contradições e injustiças condicionam as realizações e conhecimentos que construímos. Cabe aqui ressaltar também o pensamento de Maturana quando diz: A emoção é à base da razão, Os sentimentos e emoções provocam atividades neurais que interferem na capacidade do cérebro de processar informações, o que de certa forma esclarece porque as emoções obscurecem o pensamento. As emoções criam um determinado espaço de ação e reflexão. (MATURANA, 1998 p. 189) Portanto, é digno pensar que uma criança não possa estar feliz com sua capacidade de aprender e sinta-se sem condições de gostar de ir à escola para descobrir novos conceitos, quando se encontra em total desequilíbrio emocional. Se não é amada pela família e tão pouco pelo seu professor como poderá esta conquistar seu espaço? Federico Navarro em uma de suas declarações já dizia para ensinar algo a alguém é preciso primeiro amá-los (VOLPI, 2006). É constatado que estas mesmas crianças chegam aos ambientes escolares tensas, com dores de cabeça, dores de estômago e outras crises somatizadas pela gama emocional que compromete sua aprendizagem. As idéias Reichiana a respeito da influência das emoções sobre nosso corpo, e conseqüentemente sobre a aprendizagem, como também a influência que o corpo exerce sobre a vida emocional e vice-versa é tema significativo nas escolas Reichiana, pós e neo-reichianas. Segundo Lowen, a expressão corporal é a perspectiva somática da expressão emocional típica, que é vista, ao nível psíquico do caráter (1997, p.30). Para Navarro, A característica de todo ser vivo (planta ou animal) é a sensibilidade, cuja manifestação fundamental é o instinto, que realiza as condições de estabilidade com fenômenos de feedback. A sensibilidade, em uma acepção mais ampla, é responsável pelo sentimento, que, por sua vez se manifesta como afeto ou como emoção (2000 p. 42). 3 www.centroreichiano.com.br

Volpi & Volpi (2002, p.126) comenta o organismo direciona toda sua busca à satisfação prazerosa, no contato com o mundo. Caso se encontre ameaçado, o resultado é a contração e, por conseqüência, a dor. Vale aqui ressaltar a importância do conhecimento e compreensão das etapas do desenvolvimento emocional, apresentada por Volpi & Volpi. É a partir daí que chegamos ao entendimento dos traços de caráter do ser humano, como Reich, tão sabiamente apresenta em seus escritos. O conhecimento desse desenvolvimento vem colaborar para uma melhor compreensão da expressão da energia, que na psicologia corporal, é chamada de orgone, definida aqui como aquela sensação prazerosa que está dentro e fora do corpo. Esta, quando não satisfeita reflete na somatização; isto é manifestado nas dores, tristezas, angústias e outros males maiores. Podemos nos certificar desse comportamento, na citação de Reich, O organismo vivo funciona de maneira autônoma, para além da esfera da linguagem, do intelecto e da vontade, de acordo com as leis definidas da natureza. (REICH, 1998, p. 328). Pedagogicamente falando, sabe-se que estando o professor ciente e amadurecido destes conhecimentos, confiante de que a compreensão do desenvolvimento atingirá a criança no seu interior, poderá resgatar suas potencialidades e provocar a construção do saber. Como configura a proposta Reichiana, O bom estado emocional do educador é pré-requisito fundamental para um contato sensível e sintonizado com a criança... (ALBERTINI, 1994 p.77). Pode-se evidenciar ainda, a proposta de Reich, quando Albertini, 1994 em seu livro nos relata, que uma pessoa emocionalmente bloqueada estará propensa a desenvolver idéias errôneas sobre como a criança deveria ser e o que fazer em situações apresentadas como emocionais; causando certamente maiores problemas para sua vida futura. Quando o indivíduo passa pelas etapas de desenvolvimento com total equilíbrio sua vida estará comprometida de forma a tornar-se um indívíduo capaz de ultrapassar seus problemas e formar um caráter com o menor índice e comprometimento emocional, ou seja, mais harmonioso. São esses momentos que darão suporte para o equilíbrio emocional por toda a vida do sujeito. A cada etapa, novas experiências vão surgindo e os neurônios, responsáveis em gravar estas informações, vão ganhando as mais ricas memórias, favorecendo á formação de um caráter equilibrado. Portanto, a 4 www.centroreichiano.com.br

necessidade dos educadores de estarem cientes das referidas etapas torna-se urgente, para que tenhamos crianças mais felizes e adultas mais equilibradas. Educadores hábeis são capazes de obter conhecimento de uma criança fazendo uso da anamnese, sua história contida no período gestacional dará suporte a este professor para conhecer e contribuir com o desenvolvimento infantil. Finalizo este artigo com a belíssima citação de Reich, quando postula em seu livro Análise do Caráter, que: O homem sonha, agindo por obscuros sentimentos oceânicos, em vez de dominar sua experiência, e é destruído em sonhos. Mas o sonhar do homem é apenas uma insinuação da possível fruição da vida vegetativa. Talvez a ciência consiga, um dia, realizar o sonho da felicidade terrena da humanidade. Talvez, então, a questão irrespondível sobre o significado da vida desapareça e seja substituída pela realização concreta da vida. (REICH, 2004 p.327) Considerações Finais Pode-se perceber que a Psicologia corporal traz grandes contribuições para a educação. Quando valorizamos nosso corpo e utilizamos a mente de forma a dar conteúdos e compreensão ao aluno, estamos facilitando-o e contribuindo para a aprendizagem. Não importa encher crianças e/ou adultos de conteúdos desconectados de uma realidade e nem tão pouco de idéias que os deixem inseguros ou sem prazer como ser cognoscente que é. Vale resgatar seus princípios de valores, harmonizarem o corpo para trabalhar bem com a mente. A sabedoria de Reich em propor dinâmicas que colabore para os desbloqueios das couraças musculares visa garantir o ser humano de libertar-se de seus traumas e assim aprender a viver na tranqüilidade. É preciso auxiliar e propiciar aos educandos e educadores a equilibrar corpo e mente para então levá-los ao aprendizado das mais diferentes teorias. Assim como a psicologia precisa prestar atenção no discurso verbal e na postura corporal de um paciente para detectar e sentir seus maiores anseios, também a pedagogia precisa exercitar-se a ouvir seus alunos e buscar solucionar os maiores traumas que bloqueiam a aprendizagem de nossas crianças. 5 www.centroreichiano.com.br

REFERÊNCIAS ALBERTINI, P. Reich, história das idéias e formulação para a Educação. São Paulo: Ágora, 1994. LOWEN, A. O corpo em Terapia. São Paulo: Summus, 1977. MATURANA, H. Da Biologia à Psicologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. MORAES, M. C. Educar na Biologia do Amor e da Solidariedade. Petrópolis: Vozes, 2005. NAVARRO, F. Metodologia da vegetoterapia Caracter-Análítico. São Paulo: Summus, 2000. VOLPI J. H &. Volpi, S. M. Crescer é uma aventura! Desenvolvimento emocional segundo a psicologia Corporal. Curitiba: Centro Reichiano, 2002. VOLPI J.H. Anotações em sala de aula. Especialização em Psicologia Corporal. Curitiba: Centro Reichiano, 2006 REICH, W. Análise do Caráter. 3ª Tiragem. São Paulo: Martins Fontes, 2004. AUTORA Glória Maria Alves Ferreira Cristofolini/SC - é Mestre em Educação, Pedagoga, Especialista em Orientação Educacional e Supervisão Escolar. Professora de Metodologia da Alfabetização e Práticas de Ensino na Universidade do Vale do Itajaí/SC. Idealizadora e Coordenadora do Projeto Resgatando Valores que se perdem na Sociedade Atual. Cursando Especialização em Psicologia Corporal no Centro Reichiano, Curitiba. PR E mail: gmafc@terra.com.br 6 www.centroreichiano.com.br