Classificação dos locais das instalações eléctricas



Documentos relacionados
Critérios para selecção e Instalação de Equipamentos Eléctricos. Apresentado por Eng.º José Barão

PROJETO DE UMA INSTALAÇÃO DE UTILIZAÇÃO

Condutores e cabos eléctricos

Dimensionamento de Colunas

Calhas Técnicas Série 10. Série 16. Calhas para Instalações Eléctricas e Telecomunicações (pág )

Manual de Execução de Trabalhos em Equipamento de Contagem de Energia e de Controlo de Potência em instalações BTN ÍNDICE

Seminário Online DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES ELÉTRICOS

INDICE. Catálogo de cabos industriais e energia CAPÍTULOS

Tipos de linhas. Sumário Linhas Elétricas Dimensionamento. Aspectos Gerais Características Tipos de Linhas

FICHA TECNICA CONTRA RISCO DE INCENDIOS EM EDIFICIOS HABITACIONAIS COMERCIAS E INDUSTRIAIS

MANGAS DE PROTECÇÃO PARA REDES EM AÇO E POLIETILENO

RECOMENDAÇÕES PARA INSTALADORES SISTEMAS DE DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO MODELO SAFIRA

Alguns erros frequentes em cálculos de circuitos BT

Disciplina: Eletrificação Rural

PORTARIA N.º 949-A/2006 DE 11 DE SETEMBRO

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

Manual de Execução de Trabalhos em Equipamento de Contagem de Energia em instalações MT e BTE

Uma viagem pelas instalações elétricas. Conceitos & aplicações

LINHA Bt200. Conjunto de Manobra e Controle de Baixa Tensão. Bt200

NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS SOBRE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Secadores de Mãos Secadores de Cabelo Difusores de Sabonete Toalheiros Eléctricos

Instalações Elétricas Industriais

projecto de postos de transformação

OUTRAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

ACSS ACSS. ACSS Unidade de Instalações e Equipamentos. Especificações técnicas para Gás Combustível em Edifícios Hospitalares.

Pack Tempérys. Tempérys. Ventilação de conforto com regulação integrada > ventilação. caixas com bateria de aquecimento integrada e auto-regulada

Projecto de uma instalação de utilização.

Calhas em cor cinzento RAL 7035

Eletrodutos de PVC Rígido Tipo Rosqueável

Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Dimensionamento de Condutores e Eletrodutos

4 LINHAS ELÉTRICAS. Figura 5: Exemplos de fios e cabos.

Controlo Metrológico de instrumentos de medição e registo de temperatura Aspectos práticos do controlo metrológico

IT - 16 SISTEMA DE PROTEÇÃO POR EXTINTORES DE INCÊNDIO

Os procedimentos para determinar a resistência do condutor são:

TABELA DE PREÇOS TABELA PUBLICADA EM ADIBANK

Dimensionamento de disjuntores adequados para inversores sob influências específicas das instalações fotovoltaicas

Armário Outdoor com. Free Cooling ou Ar Condicionado.

CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE 1/40

NBR5410 SOB O PONTO DE VISTA DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO. Ivan Faccinetto Bottger

ACSS ACSS. Gás combustível em edifícios hospitalares. do Sistema de Saúde, IP ET 02/2006 V Especificações Técnicas para. Administração Central

INSTALAÇÕES HIDRO-SANITÁRIAS

Curso Instalador ITED

COMISSÃO TÉCNICA DE NORMALIZAÇÃO ELETROTÉCNICA CTE 64 Instalações Elétricas em Edifícios

Instalações Elétricas BT I. Odailson Cavalcante de Oliveira

Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão

LEI DE OHM. Professor João Luiz Cesarino Ferreira. Conceitos fundamentais

INSTRUÇÕES GERAIS ARMÁRIO ATI V2.2

5. Instalações de chegada

ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Índice. Página Redes de Segurança Guarda-corpos Andaimes metálicos Bailéus... 5

ILUMINAÇÃO DE SEGURANÇA

atron cabos, sa CABOS PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

NORMA TÉCNICA N o 16 SISTEMAS DE PROTEÇÃO POR EXTINTORES DE INCÊNDIO

PLANIFICAÇÃO ANUAL DE CONTEÚDOS

CAPÍTULO 1 MEDIÇÃO E O ERRO DE MEDIÇÃO

Assim, as classes R, E e I substituem o Estável o fogo (EF), Pará-Chamas (PF) e Corta-fogo (CF).

ANÉXO PADRÃO TERMO_ TERMOG RAFIA -

Fornecimento de energia eléctrica para festas e arraiais Aspectos regulamentares e regras técnicas

INSTALAÇÕES AT E MT. SUBESTAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO

APARELHOS DE ILUMINAÇÃO ELÉCTRICA E ACESSÓRIOS

Módulo de Alimentação de Controlo do Motor LQSE-4M-D Controlador de Motor CA 4 saídas. Unidade do. Painel de parede seetouch QSR.

Transformador de média tensão

COBRE: TUBOS E OBRAS ARTESANAIS

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES

Relés de Nível. Manual de Instalação. Relé de Nível Inferior (RNAI) Relé de Nível Superior (RNAS) C REV 1

7. Exemplos de Aplicação

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DE PROJETO ELÉTRICO PARA CONSTRUÇÃO DAS CASAS POPULARES DO LOTEAMENTO DE INTERESSE SOCIAL PRESIDENTE KENNDY ES

CONDUTORES ELÉTRICOS

DEOP DIRETORIA DE ENGENHARIA E OPERAÇÕES EPE PLANEJAMENTO E ENGENHARIA MANUAL DE TUBULAÇÕES TELEFÔNICAS PREDIAIS

INSTRUÇÕES GERAIS PARA LUMINÁRIAS DE UTILIZAÇÃO DOMÉSTICA

Fabricação de um cabo elétrico

Todos os dados de medição. Sempre disponíveis. Em qualquer dispositivo.

Compensação. de Factor de Potência

NOTA TÉCNICA nº 10 Complementar do Regime Jurídico de SCIE

INSTRUÇÕES GERAIS ARMÁRIO ATI V3.2

A DESATIVAÇÃO OU REMOÇÃO DA CHAVE SIGNIFICA A ELIMINAÇÃO DA MEDIDA PROTETORA CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS E RISCO DE VIDA PARA OS USUÁRIOS DA INSTALAÇÃO.

instalação de sistemas de terras

Aula 08 Instalações Elétricas de Distribuição. Professor Jorge Alexandre A. Fotius

PRS 9. Instruções de funcionamento Programador PRS 9

INSTRUÇÕES GERAIS ARMÁRIO ATI

INSTALAÇÕES AT E MT. SUBESTAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO

MANUAL DA TORRE ARREFECIMENTO

A N E X O V I I I M Ó D U L O S C O N S T R U T I V O S D E L I N H A S E R E D E S D E D I S T R I B U I Ç Ã O S U B M E R S A S

Capítulo 02. Resistores. 1. Conceito. 2. Resistência Elétrica

TRANSFORMADORES MOLDADOS EM RESINA

Capítulo 5. Linhas elétricas. 5.1 Aspectos gerais 26/04/2010

Tabelas de Dimensionamento

MÉTODO DE INSTALAÇÃO (Tabela 33 da NBR5410/2004)

NA Distância entre contatos abertos 3 mm Montagem em circuito impresso. Vista do lado do cobre

Chaminés Cálculos e Normas aplicáveis

Aquecimento e Refrigeração

NOVIDADES 2013 ZEMBE E+S

Aterramento. 1 Fundamentos

Canaletas PVC Sistema X & Acessórios

Siemens AG 2009 SIRIUS SENTRON SIVACON. Catálogo LV Baixa Tensão Corte, protecção e comando. Answers for industry.

Posto de transformação compacto de manobra interior MT/BT até 1000 kva - 24/36 KV KIOBLOC. índice. apresentação 2. características 3.

Transcrição:

Classificação dos locais das instalações eléctricas Quando se concebe uma instalação eléctrica devem avaliar-se as condições ambientais dos vários locais, para que a selecção dos equipamentos e das canalizações seja a mais adequada. Segundo as Regras Técnicas de Instalações Eléctricas de Baixa Tensão (RTIEBT) a classificação dos locais depende de factores de influências externas. http://www.prof2000.pt/users/lpa

Factores de influências externas Estes factores são identificáveis mediante um código alfanumérico, constituído por duas letras e um algarismo, cujo significado é conforme a tabela. Codificação das influências externas Elementos constituintes do código 1ª Letra do código Significado de cada elemento Categoria Geral Categoria das influências Ambiente Utilização Construção de edifícios A B C 2ª Letra do código Natureza da influência A até S (17 naturezas) A até E (5 naturezas) A e B (2 naturezas) Número Classe 1 a 8 1 a 5 2 e 4 Exemplos: AA4 BE2 CA1 A - Categoria geral: Ambiente A - Natureza da influência: Temperatura ambiente (ver tabela seguinte) 4 - Classe: Temperado (-5ºC a + 40ºC) (ver quadro 51A(AA) das RTIEBT Parte 5 / Secção 51) B Categoria geral: Utilização E Natureza da influência: Natureza dos produtos tratados ou armazenados (ver tabela seguinte) 2 Classe: Riscos de incêndio (ver quadro 51A(BE) das RTIEBT Parte 5 / Secção 51) C Categoria geral: Construção de edifícios A Natureza da influência: Materiais de construção (ver tabela seguinte) 1 Classe: Não combustíveis (ver quadro 51A(CA) das RTIEBT Parte 5 / Secção 51) 2

Resumo dos factores de influência externa 3

Escolha do tipo de equipamento eléctrico a utilizar 4

As características dos invólucros dos equipamentos eléctricos em relação às influências externas são definidas a partir de códigos: IP XX IK XX O código IP é definido por dois dígitos: o primeiro indica o grau de protecção contra a penetração de corpos sólidos AE (variável de 0 a 6); o segundo indica o grau de protecção contra a penetração de líquidos AD (variável de 0 a 8) Quadros 51A(AE) e 51A(AD) das RTIEBT Parte 5 / Secção 51 5

O código IK é definido por um digito indicando o grau de protecção contra acções mecânicas (impactos) AG (variável de 00 a 10) Códigos Classe de influências externas Graus de protecção AG1 Fracos IK02 AG2 Médios IK07 AG3 Fortes IK08 a IK10 Quadro 51A(AG)das RTIEBT Parte 5 / Secção 51 Exemplo: Características de invólucros (graus e protecção mínimos) em locais de habitação para os conjuntos de aparelhagem (quadros eléctricos): IP20 IK02 Grau de protecção contra a presença de corpos sólidos estranhos pequenos 2,5mm e o grau de protecção contra a presença de água é desprezável. Grau de protecção contra impactos: Fraco 6

Escolha do tipo de canalização eléctrica Canalizações eléctricas são os conjuntos constituídos por um ou mais condutores eléctricos e pelos elementos que garantem a sua fixação e, em regra, a sua protecção mecânica (por exemplo tubos). 7

Tipos de canalizações Parte 5 Secção 521 das RTIEBT A selecção do modo de instalação das canalizações eléctricas, no que se refere a condutores e aos cabos deve ter em conta a natureza do local a natureza das paredes e dos outros elementos de construção que as suportam (ocos da construção, caleiras, enterradas, embebidas, à vista, linhas aéreas, imersas) e a protecção contra as influências externas. -Condutores nus sobre isoladores -Condutores isolados: em condutas circulares (tubos) em calhas em condutas não circulares sobre isoladores -Cabos monocondutores ou multicondutores: sem fixação (nos cabos multicondutores) com fixação directa em condutas circulares (tubos) em calha em condutas não circulares em caminhos de cabos, escadas e consolas auto-suportados 8

Suponhamos que escolhíamos uma canalização embebida constituída por condutores isolados (H07V-U ) em condutas circulares (tubos VD). Condutor H07V-U 1X1,5. Tubo rígido VD Correntes admissíveis nos condutores A vida útil dos condutores e do seu isolamento dependerá do esforço térmico que vierem a suportar, isto é, do aquecimento provocado pela passagem de corrente de serviço (I B ) ( 70ºC para o policloreto de vinilo PVC e 90ºC para o polietileno reticulado XPLE ou o etileno - propileno EPR). Segundo o Quadro 52H (Parte 5 / Secção 52) das RTIEBT a instalação de condutores isolados em condutas circulares (tubos) embebidas em elementos da construção termicamente isolantes remete-nos para o método de referência A do Quadro 52-C1 (Parte 5 / Anexos) que nos indica as correntes admissíveis para os condutores de 1,5 mm 2 que é de 14,5 A. 9

Designação simbólica de condutores e cabos isolados até 450/750 V, segundo o HD 361. 07 - U 1 X 1,5 10

Exemplos de designação de condutores e cabos Resumo da norma CENELEC HD 308 S2 11

A norma EN 50086 é a norma aplicável na Europa que define os ensaios e as performances técnicas dos tubos e acessórios, que asseguram uma completa protecção dos condutores e cabos eléctricos. 12

13

14

Exercício de aplicação Com um circuito independente do quadro eléctrico, pretendemos alimentar com condutor H07V-U enfiado em tubo VD embebido na parede, uma máquina de lavar roupa com uma potência aparente (S) de 3,3 KVA. a) Determine a corrente de serviço (I B ). b) Verifique se a secção mínima do condutor para o circuito de tomadas (2,5 mm 2 ) é suficiente. c) Determine a queda de tensão na linha, sabendo que o comprimento do condutor de cobre que alimenta a máquina é de 10 metros. d) Prove que a queda de tensão determinada na alínea anterior está dentro da queda de tensão admitida pelo Regulamento. Notas: A resistividade do cobre é de 0.0225 Ω.mm 2 /m A queda de tensão máxima admissível nos circuitos de tomadas e/ou força motriz é de U = 5% 15

a) S = U x I I = S / U I = 3300 / 230 I = 14,3 A b) O condutor H07V-U de 2,5 mm 2 admite uma corrente (I Z ) de 19,5 A (*), logo é suficiente (I z > I B ) c) R = (ρ x l) / s R = (0.0225 x 10) / 2,5 R = 0,09 Ω U = R x I U = 0,09 x 14,3 U = 1,3 V d) A queda de tensão máxima admissível nos circuitos de tomadas e/ou força motriz é de U = 5% ora, 5% x 230 V = 11,5 V logo, a queda de tensão determinada na alínea anterior ( U = 1,3 V) está dentro da queda de tensão máxima admitida pelo Regulamento ( U = 11,5 V). (*) Segundo o Quadro 52H (Parte 5 / Secção 52) das RTIEBT a instalação de condutores isolados em condutas circulares (tubos) embebidas em elementos de construção termicamente isolantes remete-nos para o método de referência A do Quadro 52-C1 (Parte 5 / Anexos) que nos indica as correntes admissíveis para condutores de 2,5 mm 2 que é de 19,5 A. Lucínio Preza de Araújo 16