IRACEMA JOSÉ DE ALENCAR
JOSÉ DE ALENCAR Fundador da literatura nacional brasileira
O AUTOR JOSÉ DE ALENCAR MESSEJANA CE 1 de maio de 1829 Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877 principal romancista do Romantismo brasileiro redescobrir o Brasil culturalmente criação de uma língua Brasileira (português + tupi) autor de romances urbanos regionalistas; históricos; indianistas ( O Guarani ; Iracema ; Ubirajara ) HISTORICAMENTE: Iracema é publicado em 1865, ou seja, durante o 2º REINADO
CEARÁ
CEARÁ
CEARÁ
CEARÁ As terras atualmente pertencentes ao Ceará foram doadas, em 1535, a Antônio Cardoso de Barros, mas este não se interessou em colonizá-las e nem sequer chegou a visitar a capitania A primeira tentativa séria de colonização portuguesa ocorre com Pero Coelho de Sousa, que lidera a primeira bandeira feita em 1603, demonstrando por isso certo interesse de Portugal em colonizar o Ceará. Em 1612, sob o comando de Martim Soares Moreno (considerado posteriormente o "fundador" do Ceará), foi construído, às margens do Rio Ceará, o Forte de São Sebastião.
O ROMANCE IRACEMA
O ROMANCE PRÓLOGO: CARTA AO DR. JAGUARIBE, CONTINUA NO FINAL DO ROMANCE (POSFÁCIO) NOTAS DO PRÓPRIO AUTOR POLÊMICA QUANTO À PRESENÇA DA LÍNGUA INDÍGENA NO ROMANCE CONTRA: FRANKLIN TÁVORA, CAMILO CASTELO BRANCO ETC A FAVOR: MACHADO DE ASSIS, HAROLDO DE CAMPOS ETC
ARGUMENTOS ARGUMENTO HISTÓRICO - COLONIZAÇÃO DO CEARÁ: Martim Soares Moreno, e os índios Jacaúna e seu irmão Poti (Antônio Felipe Camarão) lideraram a libertação das terras dos franceses e holandeses. MÍTICO: lenda do Ceará: nascimento de uma raça brasileira Moacir: filho de um português (Martim) e uma índia (Iracema) seria o primeiro cearense, e por extensão, o primeiro brasileiro ALEGORIA DO NASCIMENTO DA RAÇA BRASILEIRA
GÊNERO romance indianista ou romance histórico-indianista; prosa poética, poema em prosa ou prosa lírica: musicalidade nos parágrafos romance épico: origem de um povo, herói, lendas e guerras (TABAJARAS X PITIGUARAS, PORTUGUESES X HOLANDESES E FRANCESES)
INTERTEXTUALIDADES lenda do Ceará (aspecto mítico): nascimento de uma raça brasileira : MOACIR HISTÓRIA JACÓ E RAQUEL (BENONI: filho do sofrimento) MITO DE ADÃO E EVA ATALA E RENÉ DE CHATEAUBRIAND
NARRADOR 3ª Pessoa / narrador-onisciente privilegia os sentimentos e comportamento de Iracema, mas mostra o ponto de vista do Europeu, idealização da terra e da índia adequação entre os elementos da cor local (natureza brasileira) e dos elementos do romantismo europeu (concepção romântica da mulher europeia)
PERSONAGENS IRACEMA: símbolo (e metonímia) da América. Filha de Araquém, o pajé, guarda o segredo da Jurema, pois é a sacerdotisa da tribo dos Tabajaras Identifica-se com a terra, que se abre para a colonização europeia, depois morre por sua causa para gerar seus filhos mestiços torna-se o Ceará, a virgem dos lábios de mel (Ira + cema) Iracema é anagrama de América
MITO SACRIFICIAL PROFANA O BOSQUE SAGRADO, O SEGREDO DA JUREMA, SUA VIRGINDADE, SUA POSIÇÃO DE SACERDOTISA CONSEQUÊNCIAS: MORTE DOS IRMÃOS DA TRIBO, SOFRIMENTO, DOR DO PARTO, AMAMENTAÇÃO, MORTE DESCIDA AOS INFERNOS (TABAJARA TERRAS ALTAS, PITIGUARAS TERRAS BAIXAS) 1º BLOCO (TABAJARAS 7 DIAS BREVE FELICIDADE) 2º BLOCO (PITIGUARAS LONGO SOFRIMENTO) MORTE PARA GERAR O FILHO (MOACIR)
LEGITIMAÇÃO DA COLONIZAÇÃO BATUIRETÉ: A DESTRUIÇÃO DA CULTURA INDÍGENA NARCEJA E O GAVIÃO BRANCO PROFANAÇÕES (SACRIFÍCIOS) DE IRACEMA: ACEITAÇÃO DO RISCO DE SOFRIMENTO E MORTE ATITUDE DE DEVOÇÃO PARA COM UM BRANCO (AMOR) CUMPRIR SEU DESTINO VISÃO CONFORMISTA E LEGITIMADORA DA COLONIZAÇÃO (PELA DESTRUIÇÃO DA CULTURA INDÍGENA)
IRACEMA Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
RITA BAIANA (O CORTIÇO) Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele(...) uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
IRACEMA E MARTIM
IRACEMA (ANTÔNIO PARREIRAS)
PERSONAGENS MARTIM: personagem histórico e literário, pois representa o ideal cavalheiresco, o colonizador europeu (metonímia da Europa; tem saudades de sua pátria). Grande amizade com Poti, da tribo dos Pitiguaras e amor de Iracema (conciliação de brancos e índios no processo de colonização). Obs:. os índios seguem Martim, representa a extinção da raça indígena. (Martim Marte guerra, GAVIÃO BRANCO)
PERSONAGENS POTI: lealdade, coragem e amizade, código de honra e integração ao cristianismo, irmão de Jacaúna que é o chefe da tribo dos Pitiguaras (é batizado no cristianismo como Antônio Felipe Camarão. (santo, rei e o Poti = camarão) Moacir: o filho da dor, o primeiro brasileiro, nascimento de uma raça mestiça
PERSONAGENS ARAQUÉM: pai de Iracema, pajé da tribo dos Tabajaras, sabedoria, coragem serena e hospitalidade indígena ANDIRA: irmão de Araquém, justiça e força física CAUBI: irmão de Iracema, o senhor dos caminhos IRAPUÃ: chefe dos Tabajaras, tribo de Iracema, oposição a Martim, pois também ama Iracema, símbolo do ciúmes e do índio que resiste à colonização, raivoso e impetuoso ( mel redondo )
PERSONAGENS JACAÚNA: irmão de Poti, chefe da tribo dos Pitiguaras BATUIRETÉ: avô de Poti e Jacaúna, simboliza a sabedoria (profetiza a destruição dos índios: Martim = gavião branco ) JAPI: cachorro, lealdade e amizade (Poti e Martim) ARÁ, a Jandaia: amiga de Iracema, Ce ará = o canto da jandaia
ARÁ OU JANDAIA (CEARÁ)
ESTILO: ROMANTISMO Nacionalismo e idealização valorização da terra, da natureza e do índio história de amor, melancolia, morte, saudade SACRIFÍCIO e TRANSGRESSÃO de Iracema e, por extensão, do índio (extinção da sua cultura para que o Brasil fosse colonizado) Visão positiva, conciliadora da colonização, a religião católica vista como a verdadeira religião
LINGUAGEM valorização da linguagem indígena, termos em tupi : natureza, nomes próprios, lugares, animais, objetos, ou língua brasileira cor local: lugares e acidentes geográficos do Ceará, como Mucuripe, Quixeramobim, Maranguape, Mecejana, Jacarecanga, Porangaba etc. Presença da mitologia indígena: Tupã, Jaci, Anhangá
LINGUAGEM ROMANCE DO COMO : COMPARAÇÕES E SÍMILES ele manda Iracema para trás, como o goiamum, e guarda sua lembrança, como um maracujá guarda sua flor todo o tempo até morrer. ; como a cobra que tem duas cabeças em um só corpo, assim é amizade do Coatiabo e Poti
IRACEMA (JOSÉ MARIA DE MEDEIROS)
LINGUAGEM como a ostra que não deixa o rochedo, ainda depois de morta, assim é Iracema junto a seu esposo ; como o jatobá na floresta, assim é o guerreiro Coatiabo entre seu irmão e esposa: seus ramos abraçam os ramos do ubiratã, e sua sombra protege a relva humilde. Comparação das personagens a elementos naturais em busca de um efeito de linguagem primitiva presa à concretude sensorial
LINGUAGEM DISPOSITIVO DA APOSIÇÃO (APOSTO) : função de traduzir ou explicar palavras de origem indígena Iracema, a virgem dos lábios de mel ( ira = mel, cema = lábios, boca); Tu és Moacir, o nascido do meu sofrimento ; tabajara, o senhor das aldeias ; chamavam aquele sítio de Mecejana, que significa a abandonada ; chamavam aquela lagoa de Porangaba, ou a lagoa da beleza, porque nela se banhava Iracema, a mais bela filha da raça de Tupã
LINGUAGEM PERÍFRASES: a filha dos olhos negros ; a filha de Araquém a virgem o guerreiro branco o estrangeiro PARATAXE: predomínio das orações coordenadas, ou justaposição sintática. (estilização da linguagem indígena)
TEMPO E ESTRUTURA TEMPO MÍTICO OU POÉTICO - indicações de tempo pela natureza (como fazem os índios) a lua cresceu ; três sóis havia que Martim... ; quatro luas tinham alumiado o céu depois que Iracema... ; o galo da campina ergue a poupa escarlate fora do ninho ; passava os já tão breves, agora longos sóis... ; o cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu...
TEMPO E ESTRUTURA TEMPO HISTÓRICO:- início do século XVII (1603-1604), durante o domínio espanhol (até 1611) a) capítulo I: deslocado da ordem cronológica, invocação (faz da narrativa um grande flashback, ou seja, tudo já aconteceu, portanto o narrador conhece tudo), poderia ser colocado depois do cap.xxxii (ou antes do último); partida de Martim e Moacir do Ceará; b) do capítulo II ao XXXII: do encontro de Iracema e Martim até a morte de Iracema; c) capítulo XXXIII: 1608 - volta de Martim para o Brasil e 1611 - fundação da cidade.
OUTRAS LINGUAGENS
DISCUSSÃO: O ÍNDIO NO BRASIL Iracema voou Para a América Leva roupa de lã E anda lépida Vê um filme de quando em vez Não domina o idioma inglês Lava chão numa casa de chá Tem saído ao luar Com um mímico Ambiciona estudar Canto lírico Não dá mole pra polícia Se puder, vai ficando por lá Tem saudade do Ceará Mas não muita Uns dias, afoita Me liga a cobrar: -- É Iracema da América