TRATAMENTO DO CHORUME DO ATERRO METROPOLITADO DE GRAMACHO RIO DE JANEIRO - BRASIL



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RESOLUÇÃO CRH Nº 10 /09, DE 03 DE DEZEMBRO DE 2009.

Transcrição:

TRATAMENTO DO CHORUME DO ATERRO METROPOLITADO DE GRAMACHO RIO DE JANEIRO - BRASIL Gandhi Giordano(*) Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Tecma Tecnologia em Meio Ambiente Ltda Professor na UERJ nos cursos de graduação, especialização e mestrado, com trabalhos na área de controle da poluição urbana e industrial. Diretor técnico da Tecma, responsável pelo desenvolvimento de tecnologias para o controle da poluição ambiental incluindo laboratórios para análises de águas e efluentes domésticos,chorumes e efluentes industriais. Joao Alberto Ferreira José Carlos de Araújo Pires Comlurb Companhia de Limpeza Urbana/ Rio de janeiro Elizabeth Ritter Juacyara Carbonelli Campos Thereza Christina de Almeida Rosso (*): Rua Riviera, 28, Jacaré Rio de Janeiro RJ, 20975-050 BRASILTel.:+55(21)2501-3315 Fax: +55(21) 2201-3956. e-mail: gandhi@tecma-tecnologia.com.br RESUMO O aterro metropolitano do Rio de Janeiro recebe até 7000 toneladas de resíduos urbanos e gera aproximadamente 384 m 3 de chorume diariamente. No início de janeiro de 2000 foi iniciada a operação da estação de tratamento de chorume Desde esta data o chorume tratado tem sido descartado para a baía de Guanabara. Parte do volume gerado 184 m 3 diários, tem sido recirculado. O sistema de tratamento é composto de equalização em lagoa, tratamento físico-químico de coagulação e clarificação e correção do ph, seguida de tratamento biológico aeróbio por lodos ativados. O polimento do chorume é obtido pelo processo de membranas de nanofiltração. As dificuldades encontradas referem-se a baixa biodegradabilidade das substâncias formadoras do chorume, às concentrações de amônia superiores a 1500 mg/l e concentrações de cloretos superiores a 8000 mg/l na época do início da operação da estação. Além da remoção da matéria orgânica medida como DBO e DQO, obtem-se excelente redução de amônia, da cor e da toxicidade do chorume. O efluente tratado apresenta aspecto claro, sem odor e com as características físicoquímicas conforme as permitidas pela legislação ambiental regional. Palabras chave: chorume, tratamento, coagulação, nanofiltração. INTRODUÇÃO A disposição e o gerenciamento de resíduos urbanos e industriais constitui um dos grandes desafios do gerenciamento ambiental no Brasil. Atualmente no Brasil são geradas diariamente 240 mil toneladas de resíduos. A 1

maior parte desses ainda é disposta no solo, sem nenhum controle ou cuidado, provocando então sérias conseqüências para o ecossistema natural e para a saúde humana, principalmente nos grandes centros urbanos. No Estado do Rio de Janeiro, o segundo parque industrial do país, a situação não é muito diferente. Com a população de 13 milhões de habitantes, distribuída em 92 distritos municipais e com somente 10% desses municípios possuindo sistema de disposição de resíduos sólidos apropriados. No caso específico da Baía de Guanabara, durante o período de 1977 até 1995, em uma área de 1,4 milhões de metros quadrados, localizada no Município de Duque de Caxias, foi usado como depósito de resíduos, sendo os resíduos sólidos dispostos e estocados sobre o solo degradado, sem nenhum cuidado ou controle. Durante este período, esta área originalmente de manguezais, recebeu aproximadamente 25 milhões de toneladas de lixo. Parte desses resíduos foi queimada, pois o aterro apresentava diversos focos de incêndio. Esta descontrolada disposição no solo, afetou uma grande parte do estuário do Rio Iguaçu, o qual flui para a Baía de Guanabara além de sufocar a vegetação e assorear outros braços de rios da área. Com o objetivo de transformar o depósito de resíduos no aterro sanitário de Gramacho, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB) introduziu uma série de modificações na área. Essas modificações objetivaram adaptar o aterro às diretrizes técnicas promulgadas pelo órgão ambiental do Estado (FEEMA), e minimizar os potenciais problemas de contaminação. Essas mudanças objetivaram melhorar as condições de trabalho e criar uma cooperativa de catadores de lixo. Os catadores removem produtos recicláveis depositados no aterro, e agora 550 estão registrados como cooperados e outros 400 trabalham independentemente. Entre outras muitas ações, encontra-se o objetivo do tratamento do chorume gerado no aterro. Considerando o grande volume de resíduos gerados e as precárias condições do aterro, 4 (quatro) etapas do trabalho foram desenvolvidas, incluindo monitoramento e várias metodologias para resolver estes problemas. Com a vida útil estimada até 2004, a estação de tratamento de chorume foi inaugurada, em janeiro de 2000. O objetivo deste trabalho é apresentar um histórico sumário do monitoramento e metodologias adotadas para o tratamento do chorume gerado e uma visão de sua importância na qualidade da água da Baía de Guanabara. CARACTERIZACÃO DA ÁREA A Baía de Guanabara está localizada no sul do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, entre as latitudes 22 0 24 e 23 0 57 S, longitudes 42 0 33 e 43 0 19 W. Em relação a esta locação geográfica, a bacia hidrográfica da Baía de Guanabara é vista como uma área intertropical, possuindo um clima quente e chuvoso, tipicamente tropical. A área integral envolve a Baía de Guanabara e sua bacia hidrográfica e podem ser consideradas como um complexo ecossistema costeiro, com ilhas e estuários em seu interior. Sua linha de costa é caracterizada pela presença de praias, enseadas, extensas área de manguezais, apesar de muitas atividades industriais (indústrias químicas e petroquímicas, indústria naval e produção de alimentos), áreas de grande densidade populacional e áreas de pesca intensiva. Com uma área de aproximadamente 400 km 2, a Baía de Guanabara possui a profundidade média em torno de 5,7 metros. No interior da baía, o canal principal junto com os canais secundários tem a profundidade entre 5 e 20m metros. A conexão com o mar é feita entre as extremidades de Copacabana (Cidade do Rio de Janeiro) e Itaipu (Cidade de Niterói), com um volume médio de água de 2,2 x 10 9 m 3. A bacia hidrográfica da Baía de Guanabara inclui toda a área metropolitana do Rio de Janeiro, incluindo, integralmente as cidades de Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Nilópolis, São Gonçalo, São João de Meriti e Tanguá; e parcialmente as cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Petrópolis, Nova Iguaçu e Queimados. A área metropolitana do Rio de Janeiro apresenta a maior concentração populacional do país, com aproximadamente 7,3 milhões de habitantes. Seis das cidades listadas, incluindo o Rio de Janeiro e Niterói, possui uma densidade populacional superior a 3 mil habitantes/ km 2. Em termos de resíduos sólidos as cidades da Baía de Guanabara geram 700g de resíduos/habitante/dia. São dispostas 6700 toneladas/ dia no aterro metropolitano de Gramacho. Mais de 800 viagens diárias são realizadas por dezenas de caminhões de resíduos. A variação da composição gravimétrica dos resíduos depositados no aterro está apresentada na tabela 1. 2

Tabela 1 - Composição gravimétrica dos resíduos no Município do Rio de Janeiro nos últimos anos. Componentes/anos 1981 1986 1989 1991 1993 1995 1996 1998 2000 Papel (%) 41.72 38.54 31.54 27.11 23.95 24.05 22.26 22.22 19.77 Plástico (%) 6.56 9.63 12.55 12.71 15.27 15.07 15.09 16.78 17.61 Vidro (%) 3.7 2.84 2.83 2.19 3.03 2.62 3.63 3.68 3.22 Matéria Orgânica (%) 34.96 32.79 40.96 48.56 40.6 45.43 48.81 48.51 51.27 Total de Metais (%) 3.88 3.63 3.5 3.24 3.52 3.49 3.09 2.75 2.66 Inertes (%) 0.9 1.08 1.26 0.61 1.07 0.44 0.97 0.89 0.94 Folhas (%) 3.64 5.82 2.51 1.54 5.49 4.81 2.46 1.97 1.91 Madeira (%) 1.09 1.33 0.91 0.41 1.17 0.96 0.53 0.68 0.44 Borracha (%) 0.06 0.25 0.66 0.23 0.37 0.17 0.18 0.33 0.30 Têxteis (%) 3.05 3.63 2.4 2.66 4.53 2.43 2.5 1.92 1.61 Couro (%) 0.3 0.46 0.26 0.47 0.58 0.26 0.16 0.21 0.18 Ossos (%) 0.14 0 0.6 0.27 0.42 0.27 0.33 0.06 0.09 Composição Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Densidade (kg/m 3 ) 176.1 253.2 208.9 209.2 251.6 203.6 194.8 168.2 198.47 Umidade (%) 53.22 45.36 54.48 63.61 57.2 64.54 70.2 63.67 62.91 Fonte: COMLURB Cia. Municipal de Limpeza Urbana/ Rio de Janeiro Entre as cidades servidas pelo aterro de Gramacho, a do Rio de Janeiro contribuí com 71% do lixo recebido, Duque de Caxias com 11%, Nilópolis, São João de Meriti e Queimados com 18%. A cidade de Nova Iguaçu usa o aterro somente para disposição de resíduos hospitalares. HISTÓRIA DO TRATAMENTO DO CHORUME Os primeiros estudos desenvolvidos com o objetivo de tratamento do chorume gerado no aterro foram executados em 1992. Os resultados obtidos, através de monitoramento, indicaram que a camada de solo da base do aterro, é predominantemente de argila orgânica mole, com muita baixa permeabilidade, de aproximadamente 10-7 cm/s, a qual sobre pressão sobe para 10-9 cm/s (COPPE/UFRJ,1994). A presença da camada de argila orgânica evitou grandes danos ambientais durante este período, na área utilizada como solo para depósito de resíduos. Mesmo considerando-se as contaminações superficiais do aterro para poluir os rios Iguaçu, Sarapuí e a Baía de Guanabara, existem muitos riscos de contaminação de águas subterrâneas. O fato é que a presença de argila reduziu os custos de implantação do aterro, e reduz a necessidade da remoção dos resíduos acumulados ou da necessidade da aplicação de uma manta plástica impermeável para a remediação in situ. Durante o período de 1992 a 1998 quatro campanhas de caracterização do chorume foram executadas com o objetivo de caracterização do chorume gerados pelo aterro (COPPE/ UFRJ,1992; GEOPROJETOS, 1995; HIDROQUÍMICA, 1997; TECMA,1998). A Tabela 2 apresenta os principais parâmetros de poluentes de caracterização do chorume, tais como obtidos pelos estudos. Tabela 2 Principais parâmetros para a caracterização dos poluentes no chorume obtidos por 4 estudos. Parâmetros COPPE/UFRJ 1992 GEOPROJETOS 1995 HIDROQUÍMICA 1997 TECMA - 1998 Mínimo Médio Máximo Mínimo Médio Máximo Míni Médio Máximo Mínimo Médio Máximo mo Cloreto, mg Cl/L 4320 8169 15540 - - - - - - 1594 3534 4465 DBO, mg O 2/L 358 468 580-3232 - 170 857 1920 51 494 1636 DQO, mg O 2/L 5710 6924 9590-8805 - 740 3792 5220 1344 2694 4200 ph 8.1 8.3 8.5-7.9-8.0 8.2 8.4 7.7 8.0 8.3 STD, mg/l 13700 24575 45138 - - - - - - 3582 8240 11200 SDV, mg/l 3137 5881 10280 - - - - - - 508 1240 1600 Sulfatos, mg SO 4/L 1540 1871 2200 - - - - - - 70 500 3013 STD - sólidos totais dissolvidos SDV sólidos dissolvidos voláteis 3

As variações de concentração são atribuídas as profundidades de coleta do chorume, ou seja, à camada de percolação do chorume, sua idade no aterro e a taxa de recirculação. Antes de se definir o atual processo de tratamento, as seguintes alternativas de metodologias foram testadas para o tratamento do chorume: Com o objetivo de reduzir a concentração de matéria orgânica de acordo com os parâmetros da legislação local, um sistema de tratamento para o chorume foi utilizado de junho a agosto de 1996. O sistema consistia de tanques reatores trabalhando em sistema por batelada para tratar o chorume pelo processo aeróbio de lodos ativados. Utilizando análises nos pontos representativos do tratamento, foi observado que não havia formação de biomassa, e não havia redução de matéria orgânica (DBO) ou minerais. (TECMA, 1998). Em novembro de 1996 utilizando análises de amostras de águas dos rios Iguaçu e Sarapuí foram detectadas algumas mudanças em função do aterro. O rio Iguaçu, após a passagem pela área do aterro, teve um aumento de matéria orgânica em suas águas, como indicado a seguir, na Tabela 3. Tabela 3 -Qualidade do Rio Iguaçu próximo a área do aterro. Parâmetros Antes Depois DBO, mg O2/L 5 a 30 35 a 90 DQO, mg O2/L 60 a 120 19 a 680 As águas do rio Iguaçu antes de escoarem pela área do aterro já são poluídas por esgotos sanitários da baixada fluminense, sendo os coliformes (totais e fecais) um parâmetro sempre com valores acima do limite recomendável (5.000 nmp/100 ml). Os outros parâmetros, tais como fosfatos, cloretos, fluoretos, sulfatos, metais pesados, sólidos totais, ph, dureza total, óleos e graxas, sólidos dissolvidos e alcalinidade total não tem influência significativa na contaminação das águas do rio Iguaçu. Foram encontrados resultados da alcalinidade total (70-172 mg/l) e nitrogênio amoniacal (1-9 mg/l) acima dos valores analisados a montante do rio Iguaçu. Foi então necessário remover a amônia desde que se verificou que essa substância era tóxica para o tratamento biológico. Métodos físico-químicos foram listados para a remoção de amônia. O primeiro estudo incluiu a alcalinização com hidróxido de cálcio ou hidróxido de sódio, acidificação com ácido sulfúrico e aeração por difusão. Estes métodos envolvem uma grande quantidade de produtos químicos, e alguns apresentam baixa eficiência para remoção de nitrogênio amoniacal. O segundo estudo para tratamento incluiu: floculação, evaporação por aeração e aquecimento. A floculação quando testada separadamente não foi muito eficiente. Entretanto, boa remoção de nitrogênio amoniacal foi obtida, com evaporação na faixa de temperatura entre 50 e 80 o C. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE CHORUME Iniciada em dezembro de 1997, muitas combinações de métodos físico-químicos e biológicos foram testadas em escala de laboratório, e foram avaliadas com o objetivo de se definir o melhor processo de tratamento a ser utilizado, e os seus parâmetros de projeto. Os seguintes aspectos foram considerados: legislação ambiental, características do chorume, volume a ser tratado, tecnologias disponíveis, custos de instalação e operação, e confiabilidade do processo. Inicialmente três combinações de tratamento foram testadas em laboratório, usando o processo de ozonização. As análises de laboratório indicaram que o tratamento por ozônio apresentava um significativo aumento da DQO. Isto pôde ser justificado pela abertura de anéis aromáticos da matéria orgânica constituinte anteriormente não oxidável pelo método da DQO. Além disto, o tratamento por ozônio objetivava desestabilizar a matéria coloidal e torná-la biodegradável. Entretanto os resultados após o tratamento biológico não foram satisfatórios. Em um dos testes, a remoção de matéria orgânica foi próxima de 12% considerando-se a DBO, e a DQO efluente foi maior do que a DQO efluente dos reatores biológicos. Como conseqüência da baixa eficiência apresentada por estes processos nos estudos de laboratórios, foi proposta uma nova metodologia. Foi bastante testada a eletrocoagulação, sendo os resultados em escala de laboratório bem promissores. Foi inclusive implantada em escala real uma calha eletrolítica. Esta operação unitária foi abandonada, porque devido a alta taxa de recirculação a calha tornou-se ineficiente. 4

O processo final proposto foi composto das seguintes etapas: etapa preliminar (lagoa de equalização, peneira e tanque de homogeneização aerado); etapa primária (coagulação química com adição de cal, tanque clarificador primário, e correção de ph); etapa secundária (lodos ativados); etapa terciária (membrana de nanofiltração), como apresentado na figura 1. A seqüência final adotada apresentou boa eficiência para remoção de matéria orgânica, medida como DBO e DQO, e para os outros materiais tóxicos tais como nitrogênio amoniacal. TRATAMENTO PRIMÁRIO MISTURADOR LENTO ALIMENTAÇÃO DE CAL BOMBA HELICOIDAL TANQUE DE PREPARO DE CAL PENEIRA MECÂNICA AERADOR DECANTADOR DE CAL REAGIDA VAI P/ TRATAMENTO SECUNDÁRIO CHORUME CHORUME VEM DO ATERRO TANQUE DE HOMOGENEIZAÇÃO TANQUE DE MISTURA CALHA DE PRÉ- SEDIMENTAÇÃO LAGOA DE EQUALIZAÇÃO BOMBA CENTRÍFUGA DECANTADOR PRIMÁRIO ATERRO DE RESÍDUOS HOSPITALARES ( GRAMACHO ) LODO - VAI P/ POÇO DE LODO Figura 1 Processo proposto de tratamento do chorume do Aterro Sanitário de Gramacho/Etapa primária. TRATAMENTO SECUNDÁRIO (LODOS ATIVADOS, "AERAÇÃO PROLONGADA") DOSAGEM DE NUTRIENTES CORREÇÃO DE ph AERADOR VEM DO TRATAMENTO PRIMÁRIO TANQUE DE AERAÇÃO RETORNO DE LODO DECANTADOR SECUNDÁRIO REMOVEDOR DE LODO VAI P/ TRATAMENTO TERCIÁRIO Figura 2 Etapa secundária 5

TRATAMENTO TERCIÁRIO VEM DO TRATAMENTO SECUNDÁRIO FILTRO DE AREIA FILTRO CALHA PARSHALL TANQUE PULMÃO UNIDADE DE NANOFILTRAÇÃO CORPO RECEPTOR POÇO DE SUCÇÃO Figura 3 Etapa terciária. TRATAMENTO DO LODO TRATAMENTO DO LODO LODO - VEM DO DECANTADOR PRIMÁRIO LODO E DA - VEM CALHA DO DECANTADOR PRÉ-SEDIMENTAÇÃO PRIMÁRIO E DA CALHA DE PRÉ-SEDIMENTAÇÃO LODO - VEM DO DECANTADOR PRIMÁRIO E DA CALHA DE PRÉ-SEDIMENTAÇÃO POÇO DE POÇO LODO DE POÇO LODO DE LODO BOMBA HELICOIDAL BOMBA HELICOIDAL BOMBA HELICOIDAL ADENSADOR PRENSA ADENSADOR LODO DESAGUADORA PRENSA DE LODO ADENSADOR DESAGUADORA PRENSA DE LODO DESAGUADORA LODO SECO - VAI P/ LODO ATERRO SECO SANITÁRIO - VAI P/ ATERRO SANITÁRIO LODO SECO - VAI P/ ATERRO SANITÁRIO ELEVATÓRIA DE LODO ELEVATÓRIA SECUNDÁRIO DE LODO SECUNDÁRIO ELEVATÓRIA DE LODO SECUNDÁRIO LODO - VEM DO DECANTADOR LODO - VEM SECUNDÁRIO DO DECANTADOR SECUNDÁRIO LODO - VEM DO DECANTADOR SECUNDÁRIO Figura 3 Tratamento de lodo. DESCRIÇÃO DETALHADA DO SISTEMA O chorume é coletado através de um canal de drenagem periférico ao aterro, que o encaminha para uma lagoa de equalização com tempo de retenção superior a 70 dias Esta tem função de reservatório para absorver as grandes 6

variações de vazão do chorume ocasionadas pela precipitação pluviométrica na área do aterro. O chorume estocado na lagoa é bombeado para uma peneira mecânica onde os materiais sólidos finos são removidos e então, alimenta o tanque de homogeneização. A homogeneização é efetuada por um aerador mecânico flutuante de baixa rotação. Após a equalização e homogeneização, o efluente é bombeado para um tanque de reação no qual recebe suspensão de hidróxido de cálcio para coagulação da matéria orgânica e evaporação da amônia. Depois de coagulada, a mistura é sedimentada em três tipos de tanques em série, sendo o último um clarificador primário clássico. Após a clarificação o ph é corrigido para a faixa inferior a 9, a fim de compatibiliza-lo com o tratamento biológico subseqüente. O efluente do tratamento primário apresenta-se claro. No tratamento biológico são necessárias as adições de fonte de fósforo como nutriente e fonte de carbono para propiciar a remoção da amônia residual. O processo de lodos ativados pode ter sua eficiência comprometida pela alta concentração de sais no chorume, principalmente para concentrações de sólidos totais dissolvidos superiores a 10.000 mg/l. O efluente tratado do processo biológico é bombeado através de um filtro de areia para um tanque pulmão. Deste tanque o efluente é bombeado para um pré-filtro de celulose e daí para a membrana de nanofiltração. O efluente tratado é escoado para a baía de Guanabara apresentando ausência de cor e odor, além de estar compatível com todos os parâmetros da legislação ambiental, inclusive no que se refere à toxidade a peixes. O rejeito da nanofiltração era inicalmente 40% da vazão total. Atualmente, após o desenvolvimento do processo, a vazão do rejeito foi reduzida para 20%, com a conseqüente redução de custos operacionais. A vazão do rejeito é retornada para a lagoa de equalização. O lodo gerado é disposto no próprio aterro na área de resíduos hospitalares, não tendo apresentado nos testes de lixiviação e solubilização nenhuma característica diferente dos resíduos inertes. Tabela 4- Resultados do tratamento proposto- estudo de trabilidade utilizando a eletrocoagulação Parâmetros Chorume Efluente Eficiência Bruto Tratado Cálcio, mg Ca/L 187 23.2 88% Cloreto, mg Cl/L 3534 1285 64% Cor, mg Pt/L 2500 2.5 99.9 Condutividade,µmhos/cm 10276 4520 - DBO, mg O 2 /L 494 40 91% DQO, mg O 2 /L 3275 800 75% Magnésio, mg Mg/L 99.1 15.4 84% Nitrogênio Amoniacal, mg N/L 934 91 90% ph 8.0 7.6 - TDS mg/l 8240 2344 71% DVS, mg/l 1240 1236 - SS, mg/l 199 11 94% VSS, mg/l 107 7 93% SS sólidos em suspensão VSS sólidos em suspensão voláteis Tabela 5- Resultados do tratamento implantado. Parâmetros Chorume Efluente Eficiência Bruto Tratado Cálcio, mg Ca/L 241,3 58 76% Cloreto, mg Cl/L 5712 5331 - Cor, mg Pt/L 2000 2.5 >99.9 Condutividade,µmhos/cm 14110 12750 - DBO, mg O 2 /L 719 18 97% DQO, mg O 2 /L 1800 107 94% Nitrogênio Amoniacal, mg N/L 1104 78 93% ph 8.3 7.1 - TDS mg/l 8240 2344 71% DVS, mg/l 1240 1236 - SS, mg/l 95 2 98% Turbidez, u - 2-7

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES As análises realizadas em laboratório para caracterização do chorume do aterro de Gramacho ratificaram os seguintes aspectos: O chorume contém matéria orgânica tanto dissolvida como em suspensão coloidal. A característica principal é que a matéria orgânica do chorume após percolação em mais de 30 metros de camada do aterro apresenta-se com baixa biodegradabilidade. A DQO do chorume velho tem variado na faixa de 1200 a 2200 mg O 2 / L. O chorume contém sais, principalmente cloretos e bicarbonatos de sódio e potássio, e em menores concentrações bicarbonato de cálcio e magnésio. As concentrações de sólidos totais dissolvidos variaram de 10.000 a 20.000 mg/l, com e sem recirculação do chorume pelo aterro respectivamente. A presença de nitrogênio amoniacal é relevante introduzindo um caráter tóxico ao chorume (tóxico para peixes). A amônia, por sua solubilidade e altas concentrações é um importante traçador da contaminação do chorume nos corpos hídricos. O aumento da taxa de recirculação do chorume é responsável pelo aumento da concentração da amônia. No chorume de Gramacho foi encontrada concentração de detergente superior ao limite estabelecido pelo órgão ambiental (Surfactantes acima de 2 mg/l), possivelmente oriundo do descarte de embalagens de detergentes domésticos no aterro. O chorume de Gramacho não apresenta concentrações de metais pesados acima dos limites permitidos, nem próximos a estes, bem como baixa densidade de coliformes. A variação na qualidade do chorume está fundamentalmente ligada ao tempo de retenção no aterro, ao grau de recirculação, a qualidade dos resíduos depositados, a altura da camada de resíduos no aterro e fatores climáticos. Todas estas variáveis são pontos condicionantes no processo de tratamento. O custo do tratamento tem sido inferior a U$ 6.00/ m 3. O chorume tratado tem apresentado continuamente aspecto claro, ausência de odor, além de estar compatível com todos os parâmetros da legislação ambiental do Estado do Rio de Janeiro. Apesar da boa operação do sistema de tratamento de chorume, a previsão da vida útil do aterro de Gramacho é o ano de 2004. Atualmente outras alternativas de disposição de resíduos sólidos estão sendo analisadas pelos órgãos competentes. A experiência acumulada pela Comlurb, bem como a desenvolvida pela Tecma, foram fundamentais para se obter os resultados satisfatórios. Os investimentos referentes à implantação da estação de tratamento de Gramacho foram de responsabilidade de construtora Queiroz Galvão S.A. A experiência adquirida pela Tecma tem sido associada aos pesquisadores do Departamento de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, que com recursos do CNPq/RHAE tem objetivado desenvolver métodos apropriados para o tratamento de chorumes gerados em aterros de cidades de pequeno e médio porte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COPPETEC, Relatório Técnico Projeto de Controle Ambiental da Área do Aterro de disposição de Resíduos Urbanos de Gramacho, Duque de Caxias, RJ, novembro de 1992. H. Lisboa da Cunha Ltda, Relatório Técnico Plano de Monitoramento da Água e do Chorume, março de 1997. HIDROQUÏMICA, Relatório Técnico Estudo de Tratabilidade Físico-Químico em Laboratório, maio de 1997. TECMA, Tecnologia em Meio Ambiente Ltda, Relatório Técnico Estudo de Tratabilidade do Chorume do Aterro Metropolitano de Gramacho, dezembro de 1998. TECMA, Tecnologia em Meio Ambiente Ltda, Relatório Técnico Monitoramento do Chorume do Aterro Metropolitano de Gramacho, dezembro de 2001. 8