X Legislatura Número: 12 I Sessão Legislativa (2011/2012) Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2012 REUNIÃO PLENÁRIA DE 19 DE JANEIRO

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Transcrição:

Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa X Legislatura Número: 12 I Sessão Legislativa (2011/2012) Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2012 REUNIÃO PLENÁRIA DE 19 DE JANEIRO Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça Secretários: Exmos. Srs. Rui Miguel Moura Coelho Ana Mafalda Figueira da Costa Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 15 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região, interveio o Sr. Deputado Carlos Pereira (PS), o qual respondeu a pedidos de esclarecimento dos Srs. Deputados José Manuel Coelho (PTP), Lino Abreu (CDS/PP), Victor Freitas (PS), Carina Ferro (PS), Roberto Vieira (MPT) e Agostinho Gouveia (PSD). - Ainda neste período, foi apreciado um Voto de Protesto, subscrito pelo Partido Socialista, Pelas declarações do Exmo. Sr. Alexandre Miguel Mestre, Secretário de Estado da Juventude, quem apela à emigração dos jovens portugueses, deixando para trás uma faixa etária fracionada, fragilizada, hipotecando as gerações futuras, cada vez mais sacrificadas perante uma população envelhecida. Intervieram a propósito os Srs. Deputados Carina Ferro (PS), Edgar Silva (PCP), José Pedro Pereira (PSD), José Manuel Coelho (PTP), Roberto Vieira (MPT) e Rubina Sequeira (PND). Submetido à votação, este voto foi rejeitado com os votos contra do PSD, as abstenções do CDS/Partido Popular e os votos a favor do PS, PTP, PCP, PND e MPT. Produziu uma declaração de voto o Sr. Deputado Lopes da Fonseca (CDS/PP). PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciou-se a I Parte dos trabalhos com a apreciação na generalidade do projeto de decreto legislativo, da autoria do Partido Comunista Português, Sobre o estado da Democracia na Região Autónoma da Madeira, tendo usado da palavra, a diverso título, os Srs. Deputados Edgar Silva (PCP), Maximiano Martins (PS), Jaime Ramos (PSD), José Manuel Coelho (PTP), Tranquada Gomes (PSD), Teófilo Cunha (CDS/PP), Medeiros Gaspar (PSD), Lopes da Fonseca (CDS/PP), Roberto Vieira (MPT), Rubina Sequeira (PND) e Rui Almeida (PAN). Submetido à votação, o diploma foi rejeitado. - Na II Parte, foi rejeitado, após apreciação, um requerimento da autoria do Partido Socialista propondo a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito De modo a clarificar os termos da utilização das verbas de financiamento ao Centro Internacional de Inteligência Conetiva e seus resultados. Participaram no debate os Srs. Deputados Carina Ferro (PS), José Manuel Coelho (PTP), Edgar Silva (PCP), Roberto Vieira (MPT), Jaime Filipe Ramos (PSD), Carlos Pereira (PS) e Lopes da Fonseca (CDS/PP). - Finalmente, e na III Parte, deu-se continuação à apreciação do projeto de proposta de lei à Assembleia da República, da autoria do Partido Comunista Português, intitulado Terceira alteração ao Decreto-lei n.º 66/2008, de 09 de Abril, que regula a atribuição de um subsídio social de mobilidade aos cidadãos beneficiários, no âmbito dos serviços aéreos entre o Continente e a Região Autónoma da Madeira e na qual usaram da palavra, a diverso título, os Srs. Deputados Carlos Pereira (PS), Roberto Silva (PSD), Vânia Jesus (PSD) e Jaime Filipe Ramos (PSD). A continuação desta discussão ficou agendada para a próxima Sessão Plenária. O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 13 horas.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Bom dia, Sras. e Srs. Deputados. Façam o favor de ocupar os vossos lugares na sala. Pág. 2 Estavam presentes os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL-DEMOCRATA (PSD) Agostinho Ramos de Gouveia Ana Mafalda Figueira da Costa Pereira Ana Maria de Gouveia Serralha Edgar Alexandre Garrido Gouveia Emanuel Sabino Vieira Gomes Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos Jaime Filipe Gil Ramos José António Coito Pita José Gualberto Mendonça Fernandes José Jardim Mendonça Prada José Lino Tranquada Gomes José Luís Medeiros Gaspar José Miguel Jardim Olival Mendonça José Paulo Baptista Fontes José Pedro Correia Pereira José Savino dos Santos Correia Maria João França Monte Maria Rafaela Rodrigues Fernandes Miguel José Luís de Sousa Nivalda Nunes Silva Gonçalves Pedro Emanuel Abreu Coelho Roberto Paulo Cardoso da Silva Rui Miguel Moura Coelho Vânia Andrea de Castro Jesus Vicente Estevão Pestana CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS/PP) António Manuel Lopes da Fonseca Carlos Alberto Morgado Fernandes José Roberto Ribeiro Rodrigues Lino Ricardo Silva de Abreu Maria Isabel Vieira Carvalho de Melo Torres Mário Jorge de Sousa Pereira Martinho Gouveia da Câmara Rui Miguel da Silva Barreto Teófilo Alírio Reis Cunha PARTIDO SOCIALISTA (PS) Ana Carina Santos Ferro Fernandes Avelino Perestrelo da Conceição Carlos João Pereira Maximiano Alberto Rodrigues Martins Vítor Sérgio Spínola de Freitas PARTIDO TRABALHISTA PORTUGUÊS (PTP) José Manuel da Mata Vieira Coelho José Luís Gonçalves Rocha Raquel da Conceição Vieira Coelho PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP) Edgar Freitas Gomes Silva PARTIDO DA NOVA DEMOCRACIA (PND) Rubina Filipa Gouveia Jardim Sequeira PARTIDO PELOS ANIMAIS E PELA NATUREZA (PAN) Rui Manuel dos Santos Almeida MOVIMENTO PARTIDO DA TERRA (MPT) Roberto Paulo Ferreira Vieira Já dispomos de quórum, declaro aberta a Sessão. Eram 9 horas e 15 minutos.

Transitaram da sessão plenária de ontem, vários pedidos de esclarecimento à intervenção do Sr. Deputado Mário Pereira. E o primeiro Sr. Deputado inscrito é o Sr. Deputado Roberto Vieira. Mantém o pedido de esclarecimento? O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Prescindo. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Prescinde. O Sr. Deputado Tranquada Gomes não está. O Sr. Deputado Teófilo Cunha está. Deseja formular o pedido de esclarecimento? O SR. TEÓFILO CUNHA (CDS/PP):- Prescindo. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Também prescinde. Sr. Deputado Carlos Pereira? O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Prescindo. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- O Sr. Deputado José Rocha também prescinde. Sr. Deputado Roberto Rodrigues? O SR. ROBERTO RODRIGUES (CDS/PP):- Prescindo. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- O Sr. Deputado Savino Correia não está. Dou então a palavra, para uma intervenção política, ao Sr. Deputado Carlos Pereira. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cada dia que passa, sem uma solução, sem um plano de assistência financeira, requerida e necessária, para a Região Autónoma da Madeira, são mais 10 pessoas que vão para o desemprego. Ao fim de cada mês são 300 pessoas que vão para o desemprego. A cada dia que passa, são mais empresas que vão falindo. A cada dia que passa, são mais pessoas que são atiradas para uma vida de quase sobrevivência. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sem plano de assistência financeira, estamos com um problema grave, mas com expetativa relativamente ao plano. Com o plano de Jardim, de assistência financeira, agrava-se ainda mais o problema e desvanecem-se as expetativas e a esperança dos madeirenses. Sem plano de assistência financeira, a segurança dos madeirenses está em causa, como aliás referiu o Sr. Primeiro- Ministro. Mas com o plano de Jardim, o que está em causa é o nosso futuro coletivo. Os madeirenses foram atirados para o pior momento da sua história com aquilo que foi a governação do Partido Social-Democrata, do Governo do Partido Social-Democrata. Ao fim de 5 meses, depois de ter decidido, depois de ter anunciado a insolvência, o Governo Regional da Madeira ainda não tem plano, não tem solução, não tem dinheiro. Vale a pena aqui perguntar, depois do que temos vindo a ouvir por parte do PSD, vale a pena aqui perguntar por que razão chegamos aqui, se afinal isto é tudo igual, se afinal o que se passa na Madeira passa-se em qualquer sítio do País, em qualquer sítio da Europa? Ora, eu queria fazer um bocadinho de história sobre esta matéria, nomeadamente político-orçamental, porque é disso que estamos a falar. Ora, o que aconteceu na Madeira foi uma overdose de despesismo e irresponsabilidade por parte do Governo Regional. Reparem só alguns dados que me parecem absolutamente essenciais: a despesa corrente no ano de 2000, Sr. Presidente e Srs. Deputados, ascendia a 555 milhões de euros. Despesa corrente é aquilo que faz a máquina administrativa, a máquina do Estado se mexer. Ora, passados 10 anos, no ano de 2010, a despesa corrente é de 957 milhões de euros. Estamos a falar de um aumento de 72% em 10 anos, numa média de 7% de crescimento da despesa corrente. Foi esta a governação do Partido Social-Democrata! Mas não só. As despesas com pessoal no ano 2000 eram de 227 milhões de euros. Em 2010, passados 10 anos, é de 372 milhões de euros, mais 150 milhões de euros do que eram há 10 anos, sem, naturalmente, um aumento significativo da população, como aliás é do conhecimento de todos. Um aumento de 64% ao longo deste tempo. A despesa total era de 999 milhões de euros e, em 2010, 1.194 milhões de euros. Claramente um crescimento menor face àquilo que é o aumento da despesa corrente e da despesa de pessoal, a despesa menos desejável numa administração pública. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não foi só isto que aconteceu nos últimos anos, a par dito ainda aconteceu algo muito mais grave, que foi o crescimento do exponencial da dívida para financiar um modelo errado, um modelo que nos levou à situação em que estamos. E esse aumento da dívida foi feito sobretudo através de 4 coisas essenciais:. Encargos assumidos e não pagos. Uma irresponsabilidade significativa;. Dívida direta e indireta;. Parcerias público-privadas;. E o sector público empresarial. Ora, reparem! Os encargos assumidos e não pagos, ao longo deste tempo, destes 10 anos, cresceu em média por ano, ou teve em média por ano 250 milhões de euros, todos os anos, o Governo, em média, assumiu encargos de 250 milhões de euros e não pagava. Em relação à dívida direta e indireta, todos os anos eram assumidos mais de 200 milhões de euros por parte deste Governo Regional. Pág. 3

As parcerias público-privadas foi uma operação que ascendeu a 2 mil milhões de euros todos os anos. O sector público empresarial foi funcionando como veículo de endividamento que todos os anos dava prejuízos em média 53,6 milhões de euros, chegando a 2010 com um prejuízo acumulado, um passivo acumulado de mais de 600 milhões de euros. Assim, o que é que se verificou? Verificou-se que a dívida dos encargos assumidos e não pagos cresceram a uma média de 45% ao ano. Vou repetir, Sr. Presidente e Srs. Deputados, uma média de 45% ao ano. A dívida direta e indireta cresceu uma média de 66% ao ano. E, perante isto, quanto é que cresceu a nossa riqueza? Quanto é que cresceu o nosso PIB ao ano? Cresceu, o PIB real, a cerca de 3% ao ano e a receita fiscal, a receita dos impostos a 3,5% ao ano. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quem funcionou assim, quem governou assim, não é responsável. Esta equação que acabei de referir, de excessivo despesismo, de excesso de dívida sem receitas e sem contrapartidas de receitas só podia gerar o que temos hoje: uma falência, uma insolvência absolutamente inadmissível. É por isso que hoje o PIB, a dívida da Região corresponde a 127% do PIB. E se considerarmos as parcerias públicoprivadas, ascende a 160% do PIB. E, portanto, esta é a situação da Região, é por isso que estamos hoje na situação de insolvência, é por isso que hoje precisamos de um plano de assistência. Mas, respondendo à questão: Mas será que não há mais nenhum lugar no mundo, nenhum lugar no País, pelo menos, para ser mais claro, em que isto não se passou? Vou-vos dar um exemplo claro para que se perceba as diferenças. Na Região Autónoma dos Açores Pág. 4 Vozes do PSD:- Claro! O ORADOR:- Reparem como os Srs. Deputados sabem! Na Região Autónoma dos Açores a dívida, usando os mesmos critérios da dívida regional que a Inspeção Geral das Finanças usou, ascende a 1.654 milhões de euros. Protestos do Sr. Jaime Filipe Ramos (PSD). E, Srs. Deputados, destes 1.654 milhões de euros incluem 412 milhões de euros de dívida indireta, ou seja, de avales. Obviamente que se usarmos o critério que o Sr. Deputado Jaime Filipe Ramos utilizou ontem, a dívida da Madeira vai para 8 mil milhões de euros e a dívida dos Açores fica a 3,3 mil milhões de euros. Mas Sr. Presidente e Srs. Deputados, convenhamos que nos Açores, esta dívida de 3,3 mil milhões de euros tem uma particularidade relativamente à Madeira, é que além das parcerias público-privadas em que inclui algumas estradas, inclui uma parceria público-privada para um hospital, o Hospital de Angra, coisa que os senhores aqui nesta terra não foram capazes de fazer, foram muito céleres a fazer as parcerias público-privadas para as estradas, não foram capazes de fazer para aquilo que era essencial, que era para o Hospital da Região Autónoma da Madeira. Os compromissos da Região Autónoma dos Açores assumidos e não pagos são de 12,7 milhões de euros, os nossos são, em média, de 250 milhões de euros. Os pagamentos feitos às empresas por parte da Administração Pública são em média feitos a 22 dias, os nossos, no último dado que conhecemos, da Direção Geral do Tesouro, são de 335 dias. Portanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados, está claro que há diferenças substanciais em termos de governação. Mas o que é que diz o PSD perante isto? O PSD perante isto o que diz é que afinal os açorianos são mais atrasos, ainda bem que nós fizemos isto, porque nós estamos mais evoluídos!. Ora, em que é que estamos mais evoluídos? De facto os Açores não têm projetos ruinosos de 100 milhões de euros, não têm projetos, não conheço, ninguém conhece e desafio a qualquer deputado para me lançar essa novidade, não têm projetos ruinosos de 100 milhões de euros que nunca funcionaram; mas não têm também dezenas de piscinas que nem funcionam, nem servem a população e que foram construídas de forma completamente imponderada e irresponsável; mas também não têm, Sr. Presidente e Srs. Deputados, dezenas de restaurantes construídos na costa da Madeira e que foram dados à exploração do sector privado, que hoje não paga rendas e que foram feitos com dinheiro público, quando deviam ter sido feitos com dinheiro privado; mas também não desataram a construir estradas de forma imponderada, irresponsável e sem planeamento, sobretudo exagerando naquilo que são as necessidades de mobilidade da população; também não distribuíram dinheiro fácil, sem regras, para vários sectores da sociedade civil, nomeadamente muitos deles para assegurar o seu poder; não deslumbraram, como deslumbrou o PSD, com as facilidades da banca e com a dívida fácil, pensando como pensava o Dr. João Cunha e Silva neste Parlamento, de que a dívida que contraia não era para o povo pagar, alguém pagaria, mas não era para o povo pagar. Tinha o Dr. João Cunha e Silva uma perspetiva estranha daquilo que é a noção de endividamento. E foi isso que fez Alberto João Jardim, ao longo destes últimos dez anos teve disponível, Sr. Presidente e Srs. Deputados, 23 mil milhões de euros, incluindo obviamente dívida e esses 23 mil milhões de euros não serviram para melhorar a vida das pessoas. É bom lembrar que os açorianos não têm nada disto que eu referi, por isso, segundo a bancada parlamentar do PSD, são atrasados, mas os açorianos têm outras coisas. E permitam-me que vos diga o que é que têm. Burburinho na bancada do PSD. Por exemplo, pagam menos 1000 euros, em média, por ano, de impostos do que pagam os madeirenses, pagam menos 1000 euros em média por ano do que pagam os madeirenses.

E vale a pena perguntar, Sr. Presidente e Srs. Deputados: o que é que é a política? O que é que são as opções políticas? Para que servem as opções políticas? Não é para melhorar a vida das pessoas? Não é para garantir que as pessoas tenham mais rendimento, tenham mais estabilidade financeira? É para isso. E é isso que têm os açorianos. Mas não é só, os açorianos recebem mais salários do que os madeirenses, têm mais salários médios do que os madeirenses; temos metade do subsídio de insularidade do que têm os açorianos; não temos política social, os açorianos têm todos os anos inscrito no orçamento mais de 25 milhões de euros de política social, na Madeira e no PSD é um apagão a nossa política social; os nossos idosos não têm complemento de reforma, os idosos açorianos têm complemento de reforma; O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PTP):- A Madeira não precisa! O ORADOR:- A Madeira tem os piores dados em termos de coesão interna do País, os Açores estão à frente da Madeira; temos o pior índice de conforto do País, os açorianos têm melhor índice de conforto do que a Madeira, apesar de alguns continuarem a afirmar que ainda lavam a roupa na ribeira num ato de absoluta insensibilidade e irresponsabilidade; temos o pior rendimento do País, os açorianos têm melhor rendimento do que nós. E, portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados Protestos do PSD. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu percebo o reboliço dos Srs. Deputados do PSD, mas esta é a realidade, nós temos, de um lado, uma governação irresponsável que nos levou à situação em que estamos e temos um exemplo de uma governação responsável que hoje não pede assistência financeira, que hoje não está a braços com uma crise política, que hoje não está a braços com uma crise financeira. E foi assim que chegámos ao Orçamento de Estado, Sr. Presidente e Srs. Deputados, foi nesta situação, foi neste contexto que no final do ano passado chegámos à discussão do Orçamento de Estado. E o que é que nos aconteceu? No Orçamento de Estado começou a austeridade, no Orçamento de Estado com o Governo PSD e CDS começou uma austeridade absolutamente insustentável, com medidas que nós não vamos ser capazes de superar. E foi também assim que chegámos à carta de intenções. E nesta matéria queria falar sobre o que nos divide. Afinal, nesta carta de intenções, quais são as diferenças entre aquilo que defende o PS e aquilo que defende o PSD? Eu diria que quase tudo, a carta de intenções divide-nos em quase tudo. E aquilo que o PSD tem tentado dizer, de que o que está na carta de intenções iria acontecer de qualquer maneira, eu vou demonstrar que não é verdade. Mas antes disso quero dizer, sobretudo lembrar três coisas: A primeira é que esta carta de intenções é uma carta do Governo de Jardim ao Governo da República, assinada por Jardim. E eu devo dizer que ninguém no seu perfeito juízo assinaria uma carta destas. Mas é uma carta de Jardim assinada para o Governo da República. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Eu termino já, Sr. Presidente. Em segundo lugar, tenho que dizer que um Governo da República sério, moderado, que pensasse nos madeirenses, não aceitava esta carta de intenções. E o Governo da República aceitou esta carta de intenções. E, finalmente, um terceiro dado. Um Presidente da República, justo, justo e que tivesse sensibilidade por todos os portugueses, aplicava aquilo que disse quando se discutiu em Lisboa o memorando da troika: Há limites para impor austeridade!. Vozes do PSD:- Oh! Então, não há aplausos? Sr. Deputado José Manuel Coelho para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL COELHO (PTP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, eu ouvi com muita atenção a brilhante exposição do Sr. Deputado do Partido Socialista, Carlos Pereira, onde demonstrou, com números, por A mais B, a roubalheira que o PPD/PSD praticou ao longo destes 30 anos de desgovernação. E já agora eu queria pedir ao Sr. Deputado Carlos Pereira, que é um dos mais brilhantes deputados que temos aqui nesta Casa no que toca ao conhecimento destes números e destes valores macroeconómicos e de todos estes dados que ele aqui nos deu, depois desta importante lição de economia sobre o descalabro da governação jardinista, eu queria que o Sr. Deputado fizesse o favor de nos explicar o valor das parcerias público-privadas que o Governo Regional tem feito ao longo destes anos com os banqueiros e com as grandes empresas!? Quais são as parcerias público-privadas que o Governo jardinista estabeleceu nos últimos anos e os montantes envolvidos nesses negócios ruinosos que tanto prejudicam e asfixiam os madeirenses!? Sr. Deputado Carlos Pereira para responder, tem a palavra. Pág. 5

O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Manuel Coelho, na verdade a sua pergunta é muito perspicaz, porque se há alguma questão na Região Autónoma da Madeira do ponto de vista de opções políticas e nomeadamente de política económica que merece uma reflexão profunda e porventura uma mudança radical naquilo que foi feito há 10 anos atrás, é de facto as parcerias público-privadas. As parcerias públicoprivadas que foram desenhadas pelo Governo Regional do PSD são diferentes daquelas que se passam no resto do País, e sobretudo nos Açores, também, são parcerias que não implicam, como sabem, como é do conhecimento de todos, a construção das próprias infraestruturas, são parcerias em que está apenas em causa a transferência do dinheiro, ou seja, o empréstimo do dinheiro ao Governo, por um lado, e a manutenção das estradas. Ora, não foi isto que aconteceu no resto do País, no resto do País há a construção por parte das entidades que foram criadas e há obviamente, depois, a manutenção que é, digamos assim, um subproduto do ponto de vista dessa matéria. Ora, nós não temos isso, o que significa que hoje as parcerias público-privadas aquilo que têm que fazer é a manutenção. E diga-se, em abono da verdade, que se podia agarrar nessa manutenção e entregar ao Governo, porque o Governo tem condições para o fazer, tem pessoas, tem condições, tem uma empresa que se chama RAMEDM, a RAMEDM faz hoje a manutenção das estradas, e, portanto, pode fazê-lo a um custo bastante menor do que aquele que está a fazer hoje nesta matéria. Porque o que se passou com esta operação foi um empréstimo significativo de dinheiro ao Governo Regional, um empréstimo que nos custou muito dinheiro no fim disto tudo, um empréstimo que rondou os 600 milhões de euros nas duas parcerias, ou 800 milhões de euros, entre 600 a 800 milhões de euros, e que nos vai custar 2 mil milhões de euros. Nós, até agora, já pagámos 600 milhões de euros, os madeirenses já pagaram dessas parcerias 600 milhões de euros, mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, ainda falta pagar 1.400 milhões de euros, ou seja, 1.356 milhões de euros para ser mais preciso. E fazer este pagamento significa pagar por ano 120 milhões de euros a estas entidades. Perante um negócio desta natureza, que levanta sérias reservas da troika Pág. 6 O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- da Inspeção Geral das Finanças e do Governo da República, julgo que é uma matéria que tem que ser colocada nas prioridades, de maneira a resolvermos o nosso problema de insustentabilidade financeira. Sr. Deputado Lino Abreu para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. LINO ABREU (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Pereira, fez um diagnóstico da realidade financeira e económica da Região que nós já conhecemos e que também esta bancada já há muito tempo tem vindo a elencar, mas agora pedia-lhe, da sua parte, que nos dissesse o que é que falhou nestes últimos dez anos O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Ih! O que falhou!? O ORADOR:- os dez anos que levaram à dívida, a dívida enorme, dos 6,3 mil milhões de euros que a Região tem neste momento? O que é que falhou neste Governo? Quais foram as políticas erradas que este Governo não teve capacidade de fazer e que implementou, tornando a Madeira totalmente endividada? E quais as soluções que acha que deviam ser implementadas na nossa economia com o objetivo de obter mais recursos, de obter mais-valias, de forma a poder pagar a enorme dívida que temos neste momento? Sr. Deputado Carlos Pereira para responder, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Lino Abreu, é a pergunta do momento, o que o Sr. Deputado Lino Abreu questionou é de facto a pergunta do momento. Mas quando se olha para os dados que acabei de referir na minha intervenção e a forma como a evolução da política orçamental foi sendo conduzida ao longo dos dez anos que referi, para não falar nos 20 anos anteriores, percebe-se facilmente que aqui houve basicamente três coisas. Houve, em primeiro lugar, uma total falta de rigor na utilização dos dinheiros públicos. E isso é claro pelas dezenas de comissões de inquérito que a oposição tem trazido a esta Casa com, enfim, dúvidas sobre a lisura no tratamento destas matérias. E esta falta de rigor afeta seriamente aquela que é a situação atual da Região Autónoma da Madeira. Mas não só. A segunda questão foi o imponderado investimento público. Houve, a determinada altura, e porventura a partir do ano 2000, um investimento público que deixou de ser responsável, que deixou de ter em conta aquilo que são os princípios básicos de um bom investimento público, um investimento que defende as populações, que cria emprego, que de alguma maneira seja racional e que se possa pagar a si próprio. Naturalmente que nós concordamos que em alguns casos tem que existir algum investimento público que não tenha que ser pago, porque tem a ver com a função pública do Estado, que o serviço público da Região Autónoma da Madeira tem que fazer, mas o que não pode acontecer é um Governo Regional fazer restaurantes, construir quase uma centena de restaurantes. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não tem nenhum sentido que o Governo se substitua à atividade privada. É a atividade privada que tem que construir o que é tipicamente privado e o restaurante é tipicamente privado. Mas não foi só isso, houve um excesso de construções públicas numa lógica de injetar dinheiro na economia, para manter uma determinada sustentabilidade e um determinado nível de emprego.

Ora, o problema é que, quando se injetou esse dinheiro, era dinheiro emprestado, e o dinheiro emprestado tem que ser pago algum dia. Ou se criam condições para O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- gerar receitas para pagar esse dinheiro, ou temos o buraco que temos hoje em dia. E, finalmente, só para terminar, fez-se dívida para pagar despesa corrente e o Sr. Deputado sabe tão bem quanto eu que quando é assim, quando se endivida para pagar despesa corrente, estamos de facto num buraco, ou num beco sem saída. Sr. Deputado Victor Freitas para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Pereira, a Região Autónoma da Madeira em vinte e tal anos criou uma dívida de 750 milhões de euros, entre 1976 até 1999, 21 anos, e a partir do ano 2000 a Região Autónoma da Madeira, além das receitas próprias, dos impostos dos madeirenses, das receitas do Orçamento de Estado, começou a recorrer à banca e a se endividar na ordem dos 500 milhões de euros por ano. Perante esta carta de intenções e perante aquelas que são as perspetivas de futuro, gostaria de saber que impactos terá uma Região Autónoma da Madeira sem ir à banca todos os anos buscar 500 milhões e com os efeitos do pagamento do serviço da dívida? E, por outro lado, também gostaria, da parte do Sr. Deputado, perceber como é que o PSD encontrou a carta de intenções dentro do acordo da troika? Ou seja, o Presidente do Governo Regional, que apresentou medidas de austeridade e que as assumiu aos olhos de todos os madeirenses, agora parece que é desmentido pelos deputados do PSD que vão tentando passar culpas para outro tipo de cartas, nomeadamente da carta da troika. O que eu gostava de saber de facto é onde é que encontrou Alberto João Jardim as suas medidas de austeridade para aplicar aos madeirenses e porque é que o PSD agora tenta empurrar essas medidas de austeridade para dentro dum baú fictício, um baú da troika? Sr. Deputado Carlos Pereira para responder, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Victor Freitas, de facto a situação de dívida da Região Autónoma da Madeira é um problema muito sério. Nós estamos a falar duma dívida de 6,5 mil milhões de euros que naturalmente, se a tivéssemos que a pagar toda agora, de repente, em 12 anos, e colocarmos isto a zeros, significa que se tivéssemos um juro de 4%, tínhamos que pagar 3,4 mil milhões de euros só em juros ao longo de 12 anos. Ora, isto dá para perceber que nós estamos perante uma situação impossível, quer dizer, nem vale a pena pensarmos que vamos poder pagar esta dívida e colocar isto a zeros, porque vamos poder, quanto muito, controlar a dívida, que é isso que está em cima da mesa e é isso que deve ser feito e esse controlo da dívida desse ser feito sob critérios claros e critérios que sejam comparáveis com os critérios internacionais e não um critério qualquer inventado pelo Sr. Presidente do Governo Regional que achou que de repente encheu o peito e sabe lá Deus onde é que vai buscar receitas, diz que vai pôr a dívida a 40% do PIB em 4 anos. Portanto, não percebemos muito bem como é que isso há-de ser feito, mas isso é a demência que hoje apita nas cabeças daquele Governo Regional. Mas, portanto, estava eu a dizer que de facto o que nós temos na carta de intenções do Governo Regional e do PSD é um lote de medidas, algumas delas que seguem a filosofia da troika, é verdade, mas que nada têm a ver com a troika. A primeira delas é exatamente esta que eu disse, que é fazer um ajustamento em 4 anos duma dívida de 6,5 mil milhões para 40% do PIB. Podem ler a troika onde quiserem e isto não está em lado nenhum e, aliás, isto até contraria as regras da União Europeia no pacto de estabilidade e convergência em que os critérios são muito claros, são 3% do PIB em termos de défice e é o rácio de 60% da dívida em termos de PIB. E, portanto, não compreendemos onde é que o Sr. Presidente do Governo, num qualquer momento de autoconfiança exagerada, como aliás é seu habitual, achou que tinha capacidade de, em 4 anos, pedir aos madeirenses para pagar a sua dívida, que contraiu de forma irresponsável, 1.113 milhões de euros por ano durante 4 anos. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Portanto, esta matéria é de facto absolutamente surrealista, para não dizer mesmo preocupante, que existam 250 mil almas no meio do Atlântico governadas por este senhor! Sra. Deputada Carina Ferro para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. A SRA. CARINA FERRO (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, nós sabemos, ouvimos com atenção a sua intervenção, Sr. Deputado Carlos Pereira, e num momento em que a Madeira vive com alguma incerteza sobre as medidas que vão ser implementadas a partir da Pág. 7

próxima semana, em princípio, se o acordo for assinado, num momento em que não há informação sobre o que é que se vai fazer ou o que é que não se vai fazer, num momento em que o desemprego começa a subir de forma galopante, em que os números são assustadores, em que, por exemplo, a primeira página dum diário regional fala sobre assaltos, facadas e mortes Pág. 8 Vozes do PSD:- Hi! A ORADORA:- que confirmam a instabilidade regional, eu gostava que nos esclarecesse sobre a agenda económica mencionada no plano alternativo apresentado pelo Partido Socialista e como é que esta agenda económica, num cenário de desemprego como este, pode ajudar a Madeira a recuperar o tecido económico empresarial regional e ajudar os madeirenses a voltar a ter condições de vida dignas? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Sr. Deputado Carlos Pereira para responder, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Deputada Carina, na verdade uma das questões que mais preocupa o PS e eventualmente os outros partidos da oposição, pelo que nós temos assistido, e talvez até o PSD, julgo eu, é obviamente a total ausência duma agenda para o crescimento económico. Não há, na carta de intenções, e obviamente estamos com a expetativa para perceber o que é que será o plano tão bem escondido por parte do PSD, mas naturalmente, por enquanto, não temos nenhuma indicação sobre essa matéria. E nós temos que ter de facto uma agenda para o crescimento económico, porque se há uma matéria que julgo que é relativamente consensual entre nós é que não há a criação de emprego sem a dinamização empresarial, não há criação de emprego sem um ambiente empresarial propício, um ambiente empresarial competitivo. E nessa matéria há muita coisa a fazer, ou quase tudo a fazer. E muito do que se fez no passado foi errado, contrariou aquelas que são as premissas essenciais de um bom desenvolvimento empresarial. Para começar, desde logo, por aquilo que eu referi há bocadinho, pela concorrência de um governo à atividade privada. Quando é um governo que concorre diretamente com a atividade privada nos seus investimentos, nós temos, desde logo, um problema sério e um problema de afastamento do investimento privado da nossa economia. Ora, é óbvio que qualquer empresário que perante o Governo Regional, com o Governo Regional a competir diretamente com as suas atividades, não concorre com o Governo Regional, porque não tem capacidade para concorrer com um Governo Regional. E, portanto, este é um primeiro problema que ocorreu no passado. Mas é preciso fazer muitas coisas. É preciso dinamizar o crescimento económico dando condições de crédito à economia, dando condições de crédito às empresas. Hoje há um corte significativo do ponto de vista de crédito às empresas e se esse crédito continuar a existir, não há investimento, e se não há investimento, não há emprego. Essa é uma questão fundamental. E isso significa criar linhas de crédito acessíveis, criar garantias para as empresas, criar condições para pagarem a dívida de impostos que têm todos os anos O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- porque não receberam dinheiro do Estado, é preciso, de facto, criar o ambiente adequado para as empresas. Mas é preciso também dinamizar o turismo, uma matéria que foi esquecida nos últimos tempos; é preciso olhar para os transportes, como se falava ontem, mas numa perspetiva integrada e não como pensos rápidos para tentar resolver coisas absolutamente pouco relevantes; é preciso olhar para as exportações; é preciso olhar pelo investimento direto estrangeiro. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Agradeço que conclua, Sr. Deputado. O ORADOR:- Nós não temos estratégia para nenhuma destas matérias que eu acabei de referir. Sr. Deputado Roberto Vieira para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. ROBERTO VIEIRA (MPT):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Pereira, falou no seu discurso, e bem, que o Governo Regional da Madeira não faz o pagamento a tempo e horas. O Sr. Deputado afirmou, e sabe, que esta questão fez com que o desemprego atingisse neste momento os 20 mil desempregados aqui na Região. O que é que acha o Sr. Deputado desta matéria e se não acha que o Governo Regional é o verdadeiro responsável deste aumento de desemprego? E outra questão que queria também deixar aqui é porque nos Açores pagam os açorianos menos 1000 euros por ano de impostos. Qual o mecanismo que os Açores têm que não tem a Madeira. É isso que eu gostaria de saber. Sr. Deputado Carlos Pereira para responder, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Roberto Vieira, deixe-me clarificar isto, para que as pessoas percebam bem.

Cada açoriano paga menos 1000 euros por ano, 1000 euros por ano. É um salário médio na Região Autónoma da Madeira. E esta tem sido a política fiscal nos Açores nos últimos 10 anos, os desgraçados que ainda lavam a roupa na ribeira pagam de impostos menos 1000 euros por ano, têm um maior rendimento do que os madeirenses na Região Autónoma da Madeira. E isto é sintomático daquilo que é a política fiscal do PSD, mas é sobretudo sintomático daquilo que são as dificuldades do PSD em transferir dinheiro para as famílias, em distribuir rendimentos para as famílias para que os madeirenses possam viver melhor. Os açorianos têm conseguido ter uma política, do ponto de vista financeiro, equilibrada, que lhes permite isso mesmo. E com certeza que não são só os açorianos, outras regiões que atuaram com moderação, com ponderação e responsabilidade, conseguem isso. Relativamente à questão do desemprego e do pagar a tempo e horas, é evidente que não se compreende que um Governo Regional que tem um orçamento de 1.200 milhões de euros tenha 2.000 milhões de euros às empresas, não se compreende, ninguém compreende, é demasiado mau para ser verdade e em qualquer sítio do mundo este governo não podia governar mais, não governaria mais com certeza, não poderia, era impossível, haveria uma indignação de tal maneira severa que era impossível este governo continuar a governar. Naturalmente que a Madeira tem problemas graves no quadro da democracia, que aliás será discutido hoje na fixação da ordem do dia, tem problemas graves de democracia e isso impede que haja esta indignação, porque há um medo instalado na sociedade madeirense e isso ainda impede estas mudanças necessárias. Protestos do PSD. Agora, eu quero lembrar que desde 2007, pelo menos, que o PS, e outros partidos também, mas falando do PS, que apresenta propostas nesta Assembleia, e nomeadamente em sede de Orçamento Regional, para que haja legislação para que o Governo passe a pagar a tempo e horas. Os senhores do PSD têm votado sempre contra, não querem saber de legislação, nem de regras, nem de pagar a tempo e horas O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- isso não é nada relevante. Mas quando surge o desemprego, ai!, ai!, ai!, que isto é culpa do Sócrates!, ai!, ai!, ai!, que isto é culpa da crise internacional!, mas do ponto de vista governativo, daquilo que é a sua responsabilidade, têm feito zero e são, obviamente, os principais responsáveis, porque estão sentados na cadeira do poder há 30 anos. Sr. Deputado Agostinho Gouveia para um pedido de esclarecimento, tem a palavra. O SR. AGOSTINHO GOUVEIA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Pereira, o Sr. Deputado fez uma intervenção acerca da dívida da Madeira e, aqui-d el-rei, que temos uma enorme dívida. Eu gostava de lembrar o Sr. Deputado que a dívida que temos na Região Autónoma da Madeira serviu para construir um aeroporto, portos, estradas, escolas, centros de saúde, foi dinheiro para obra feita na Região Autónoma da Madeira que também é um território português. E o Sr. Deputado faz comparação da dívida da Madeira com a dívida dos Açores, mas esquece-se de dizer, por exemplo, que o aeroporto não foi pago pelos açorianos, mas sim pelo Orçamento de Estado, ao contrário do que na Madeira, que somos nós madeirenses que temos que pagar o aeroporto. Mas se formos comparar também o que acontece a nível nacional, repare! Apenas 4 empresas públicas, só na área dos transportes, o Metro de Lisboa e Porto, a REFER e as estradas, têm uma dívida de 18 mil milhões de euros, 3 vezes superior à dívida que tem a Região Autónoma da Madeira. E estranhamente, nós verificamos que os madeirenses têm que pagar a dívida das obras que fizemos no território da Madeira, mas ninguém ouve dizer que os portugueses que vivem no Porto têm que pagar o metro do porto, que os portugueses que vivem em Lisboa são eles que pagam a dívida do metro de Lisboa, não são os residentes de Braga que pagam a autoestrada e o hospital de Braga. Então, por que razão, se toda esta dívida a nível nacional é paga pelo Estado a nível nacional, por que razão só as obras da Região Autónoma da Madeira é que têm que ser pagas exclusivamente pelos madeirenses? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- E é esta dualidade de critérios que eu gostava que o Sr. Deputado também esclarecesse um bocadinho. O SR. VICTOR FREITAS (PS):- Têm autonomia fiscal! Sr. Deputado Carlos Pereira para responder, tem a palavra. O SR. CARLOS PEREIRA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é uma pergunta oportuna e uma boa pergunta, devo dizer, Sr. Deputado, uma boa pergunta. E devo-lhe dizer isso por uma razão muito simples, Sr. Deputado, é que eu estava convencido, e julgo que todos os madeirenses estavam convencidos que o Dr. Alberto João Pág. 9

Jardim, o Presidente do vosso Governo, era o expoente máximo da capacidade negocial, que não havia mais ninguém na Madeira capaz de trazer dinheiro em malas para a Madeira, como eu cheguei ouvir falar, o Dr. Alberto João Jardim ia a Bruxelas e vinha com malas de dinheiro para os madeirenses. Eu estava convencido disso, a propaganda do PSD era tão grande que eu estava convencido disso. Eu estava aliás convencido que o Dr. Alberto João Jardim ia a Lisboa e tudo o que pedia trazia para a Madeira, mas eis que afinal o Sr. Deputado lembrou-nos agora que afinal os Açores eram melhores, o Dr. Carlos César ia a Lisboa e trazia um aeroporto na mala. Nós nunca conseguimos isso! Pág. 10 Protestos do PSD. Afinal nós temos um bluff na Madeira, o Dr. Alberto João Jardim andou-nos a enganar, andou-nos a enganar este tempo todo, o Dr. Alberto João Jardim não tem nenhuma capacidade negocial e agora compreendemos, temos 6,5 mil milhões de euros de dívida, mas são completamente incapazes de negociar. Muito obrigado por ter feito a pergunta, porque eu não me tinha recordado desse pormenor! Protestos do PSD. Mas há mais, há mais! V. Exa. fala no Porto, que o Porto não paga deixe-me também lembrar outra coisa. Eu estava convencido que a nossa autonomia, fantástica autonomia, era uma coisa que nós devíamos agradecer quase de joelhos ao Dr. Alberto João Jardim, eu estava convencido disso, mas V. Exa. desmentiu isso tudo, porque V. Exa. acabou de me dizer, acabou de dizer a esta Casa que nós ficamos, pagamos os impostos todos na Madeira, ficam todos na Madeira, todos, mas não dá para nada, isso não dá para nada, a gente fez uma negociação com o País O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- E eu termino já, porque isto é muito importante, Sr. Presidente. Nós fizemos uma negociação com o País, essa negociação era uma negociação para a nossa autonomia, para o nosso ego e queríamos ficar com as receitas todas, mas afinal não dá para nada. E quando começamos a ver isto e olhamos para Canárias, percebemos eh! Pá, afinal são mais espertos que nós, negociaram uma autonomia, as receitas ficam em Canárias, mas metade apenas, e o resto vai para o Continente!. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, agradeço que conclua. O ORADOR:- E sabe o que é que faz o Continente? Paga tudo o que são infraestruturas em Canárias. Isto é que é uma boa negociação. O Dr. Alberto João Jardim, acabou de dizer V. Exa. é um bluff, estragou a autonomia da Madeira e fez-nos pagar muito mais por esta dívida do que devíamos pagar! Protestos do PSD. Srs. Deputados, já excedemos o tempo da primeira parte do período de antes da ordem do dia, vamos entrar na segunda parte com a discussão e votação dum voto de protesto da autoria do Partido Socialista. Consta do seguinte: Voto de Protesto Pelas declarações do Exmo. Sr. Alexandre Miguel Mestre, Secretário de Estado da Juventude, quem apela à emigração dos jovens portugueses, deixando para trás uma faixa etária fracionada, fragilizada, hipotecando as gerações futuras, cada vez mais sacrificadas perante uma população envelhecida O Sr. Secretário de Estado da Juventude, na sua deslocação ao Brasil, defendeu que os jovens portugueses desempregados, devem sair da sua zona de conforto" e abandonar o país. É um claro apelo à emigração jovem, uma declaração inaceitável para alguém que desempenha um cargo institucional cujo objetivo principal está, ou deveria estar, na defesa dos interesses dos jovens. A grave situação de desemprego que o País e a Região atravessam, não se resolve com apelos à emigração. Estas declarações podem, inclusive, fazer diminuir o número de inscritos nos centros de emprego, mas tal facto não representa um aumento da empregabilidade em Portugal, pelo contrário. A atitude do Sr. Secretário de Estado é apenas reveladora da sua falta de capacidade, e do seu Governo, para resolver o problema do desemprego em Portugal. Os jovens madeirenses enfrentam não só dificuldades em entrar no mercado de trabalho, como também em ter condições de trabalho condignas. Além dos muitos casos de precariedade laboral em que cada vez mais jovens se encontram, mais de 20 mil estão desempregados na RAM. Quando a Secretaria de Estado da Juventude decide apelar à emigração dos portugueses, está a apelar também aos jovens madeirenses que por cá ficam. Não esqueçamos que muitos dos jovens madeirenses se veem obrigados a ir para o continente estudar, já não voltam. Quando contamos com tantos que já não voltam, e incentivamos os que cá estão a sair, qual pode ser o futuro da Região?

Não podemos compactuar com incentivos à emigração. Numa altura em que o país e a Região se encontram em profunda crise, numa altura em que se hipoteca o futuro das gerações futuras, o caminho deve ser o de incentivar ao empreendedorismo jovem, criando condições para que aqueles que saíram, voltem, e aqueles que ainda cá estão, possam cá ficar. Assim, a Assembleia legislativa da Madeira aprova este voto de protesto contra as declarações manifestamente inadequadas e alheias ao interesse dos jovens madeirenses. Funchal, 14 de Novembro de 2011 O Grupo Parlamentar do PS M, Ass.: Carlos Pereira.- Está à discussão. Sra. Deputada Carina Ferro para uma intervenção, tem a palavra. A SRA. CARINA FERRO (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o voto de protesto do Partido Socialista, em relação às declarações do Sr. Secretário de Estado, Alexandre Mestre, é muito claro. É inadmissível que o Secretário de Estado da Juventude apele, numa situação em que o País, o próprio País está em crise, crise cultural, crise, porque se chama crise, o Governo da República vem apenas manifestar uma completa incompetência para resolver o problema do desemprego e apela única e exclusivamente à emigração jovem. Não nos esqueçamos que os jovens são o futuro do País. E mais! Da Região, que é do que aqui se trata. Quando nós estamos numa ilha marcada pela ultraperiferia, marcada pela distância que está do resto do País, quando se diz que os jovens devem sair da sua zona de conforto e devem emigrar para nós termos que evitar os 19.016 desempregados que temos, dados de Dezembro de 2011, isto apela a que os jovens que cá estão optem por sair, porque não têm condições para cá ficar. E o nosso voto de protesto vai no sentido de criticar a atitude do Secretário de Estado da Juventude, que é um exemplo, a nível regional, ou deveria ser um exemplo a nível regional, mas que faz única e exclusivamente apelos à emigração jovem, quando nós sabemos perfeitamente que os jovens que saem da Região Autónoma da Madeira dificilmente cá voltam e com as condições que nós estamos a dar atualmente aos nossos jovens é completamente impossível que cá fiquem. É importante, por isso, evitar que surjam mais declarações deste tipo. O próprio Primeiro-Ministro cometeu a audácia de apelar no mesmo sentido O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sra. Deputada. A ORADORA:- daí o nosso voto de protesto, porque não podemos hipotecar o futuro das gerações futuras, não podemos hipotecar o futuro da Madeira e esperar que sejam os nossos idosos a trabalhar para pagar as nossas dívidas, temos que apostar nos jovens, porque são os jovens que vão ter que pagar, infelizmente, as obras que não são o nosso pão para a boca, são apenas estradas e túneis O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sra. Deputada, tem que concluir. A ORADORA:- Muito obrigada. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Sr. Deputado Edgar Silva para uma intervenção, tem a palavra. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aquilo que disse o Secretário de Estado da Juventude mais não é do que aquilo que pensam, não direi todos, mas grande parte daqueles que têm responsabilidades governativas, na República certamente, e eventualmente também nas regiões, isto porque, quer o Primeiro-Ministro em várias visitas, quer o Ministro de Estado da Defesa, particularmente o Primeiro-Ministro e o Ministro dos Negócios Estrangeiros e o Secretário de Estado, têm feito um conjunto de declarações que vêm exatamente neste sentido. Na verdade, o Sr. Secretário de Estado, Alexandre Miguel Mestre, mais não fez do que uma inconfidência, mais não fez do que dizer em voz alta aquilo que muitos dos governantes gostariam que acontecesse, ou seja, perante esta situação de pressão crescente, dum fenómeno galopante como é o do desemprego, perante o problema da economia e do desenvolvimento do País, aquilo que melhor lhes poderia acontecer para de alguma forma poderem sentir o alívio da pressão social era este escape da emigração como forma de amenizar, ou tentar apaziguar esta pressão social que a breve prazo será explosiva em Portugal. Não há sociedade que aguente, como aconteceu na Madeira, o aumento num curto espaço de tempo do desemprego, na casa dos 300%, não é possível um país continuar, como está a acontecer em Portugal, com mais de 13% de pessoas em situação de desemprego, e as previsões são do agravamento dos números de desempregados. E quando se sabe, e ainda ontem o Diretor do Instituto de Emprego na Região Autónoma da Madeira confirmava que mais de metade dos desempregados não recebe, dos cerca de 20 mil na Madeira, subsídio de desemprego, isto é explosivo do ponto de vista social, isto é de facto uma situação de ameaça gravíssima O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- à mínima coesão social ainda existente, isto é uma ameaça gravíssima, fortíssima á chamada paz social que a Madeira sempre alegou. Obviamente que estas declarações são reprováveis, merecem aqui ser condenadas, porque não é apelando à emigração que se resolvem os graves problemas da economia, do desenvolvimento e do futuro da juventude. Pág. 11